Terça-feira, 21 de Junho de 2011

Eduardo Galeano - Entrevista na Praça da Catalunha, em Barcelona

 

 

 

 

Sempre o poder da palavra:

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por João Machado em 20/06/2011 às 01:24
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Quarta-feira, 23 de Março de 2011

Admiramos o sucesso dos aldrabões - Prof. Manuel Sobrinho Simões

Prof. Manuel Sobrinho Simões  Entrevista

 

Nunca é demais ouvirmos o Prof. Sobrinho Simões, um prestigiado cientista que não fala só de ciência

 

Manuel Sobrinho Simões, médico, investigador, professor, contador de histórias.

O Norte e o Porto são o seu território, o Hospital de São João e a

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto a sua casa,

o Ipatimup (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular) a sua ilha.

Uma ilha que está ligada aos cinco continentes através da ciência e do ensino.

Manuel Sobrinho Simões, 63 anos, prémio Pessoa em 2002,

recebeu muitas outras distinções nacionais e internacionais

e é um dos mais consagrados peritos do mundo

em oncologia, sobretudo em cancro da tiróide.

Sobrinho Simões é um português ao serviço da humanidade.

 

 

 

Admiramos o sucesso dos aldrabões

 

O empobrecimento das famílias entristece-o. A desgovernação do país tira-o do sério.

 

Manuel Sobrinho Simões, médico, investigador e professor universitário, diz que Portugal continua a ser vítima do conflito de interesses que grassa entre as conveniências dos partidos e dos políticos e as necessidades do país e dos portugueses. Uma análise interessada para ajudar a sair da crise e a permanecer no euro. Nem que tenhamos de fazer o pino.

- Em três semanas tivemos quatro dias de descanso extra.

 

Ele foi a tolerância de ponto para Lisboa, a greve geral, um feriado civil e na próxima quarta-feira teremos um religioso. Como é que avalia a nossa relação com o trabalho?

 

No nosso país, uma pessoa que trabalhe todos os dias e que tenha de assinar ponto é visto como um falhado. Quando me tornei professor catedrático até os meus amigos de Arouca ficaram decepcionados quando perceberam que a minha vida ia continuar a fazer-se das mesmas rotinas. E mais recentemente, no Hospital de São João (Porto), a maior parte dos professores da Faculdade de Medicina foram contra a fiscalização do horário de trabalho dos médicos através da leitura da impressão digital - o dedómetro - mas eu fui a favor. É humilhante? É. Sobretudo para quem tem funções de direcção. Mas tem de ser assim, porque infelizmente muitos de nós não cumprimos. Caricaturando a coisa, pode dizer-se que em Portugal só quem não sabe fazer mais nada é que trabalha, isto é, tem uma rotina, cumpre horários, produz e presta contas.

 

- Esses traços são distintivos só dos portugueses?

 

Não, este problema não é só nosso. A Europa conseguiu garantir boas condições de vida aos seus cidadãos à custa da exploração dos povos e dos países da Ásia, da América Latina e de África. Uma boa parte do Estado Providência assentou na exploração das matérias-primas e do trabalho daqueles países. Com o aparecimento de economias emergentes muito competitivas e a deslocalização das fábricas, a Europa começou a criar menos riqueza e as dificuldades em conseguir manter o chamado estado social começaram a aparecer. Não é por acaso que a França tem de mudar a idade da reforma. É um sintoma.

 

- Prenúncio do fim do Estado social?

 

Com o crescimento da Índia, da China e do Brasil, a Europa ressentiu-se e as pessoas começaram a perceber que vão ter de mudar de vida, que o tempo das mordomias já passou.

 

- Mas para nós, portugueses, esse tempo mal começou...

 

Pois é, mas para nós vai ser ainda pior. Os portugueses, além de europeus, são culturalmente mediterrânicos, o que não nos afasta muito dos gregos, dos italianos e dos espanhóis do Sul, com todas as influências que são ditadas pela geografia, pelo clima e pela religião. Sermos judaico-cristãos é muito diferente de sermos calvinistas e protestantes. Além disso nunca corremos o risco de morrer de frio e estamos na periferia, não tivemos guerras e ninguém nos chateou. Na verdade, somos muito individualistas e estamos mais próximos dos norte-africanos do que dos povos do Norte da Europa.  Somos um país mais mediterrânico do que atlântico, com todas as implicações que isso tem até na nossa produtividade.

 

- Então a diferença entre nós e o resto da Europa, sobretudo os nórdicos, não está nos genes?

 

 Claro que não. A diferença entre nós e os nórdicos não está nos genes, é fruto da cultura e da educação, da geografia, do clima e da religião. Eles tinham frio, era-lhes difícil cultivar cereais e não tinham vinho. Para sobreviverem tiveram de estimular a inovação e a cooperação. Ao contrário de nós, que tínhamos um bom clima, uma agricultura fértil e peixe com fartura. E depois tivemos África, a seguir o Brasil e logo os emigrantes. Não precisámos de nos organizar e não precisámos de nos esforçar. Não era preciso. Não planeávamos, desenrascávamos. Continuamos assim, gostamos de resolver catástrofes.

 

- É sindicalizado?

 

Não.

 

- Fez greve?

 

Sim, eu e a maioria dos professores de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina. Fizemos greve e estamos furiosos mas assegurámos o serviço no hospital e demos aulas na Faculdade, onde também não  faltámos  por causa dos alunos. É uma questão de respeito.

 

- Estão furiosos com quê?

 

Com a desgovernação.  E o mais grave é que demos sinais errados às pessoas. Agora, vamos ter de evoluir de novo para uma sociedade com capacidade de produção real, com agricultura e pesca.

 

- Mas todos temos na memória os subsídios que foram concedidos aos agricultores para não produzirem.

 

Foi terrível. E para piorar as coisas, muitos ficaram deprimidíssimos e frequentemente alcoólicos. Destruíram as vinhas, a sua âncora, que lhes dava prestígio e dignidade pessoal nas suas comunidades, e começaram a passar os dias na taberna. Isto aconteceu em todo o Minho. E no Alentejo também.

 

- Podemos dizer que o nosso super-Estado tem descurado as necessidades reais dos cidadãos e da sociedade?

 

Desde o tempo do Dr. Salazar que o Estado faz questão de proteger os seus e nós temos aprovado esse amparo.  Por estas e por outras, nas últimas décadas, dominado por ciclos eleitorais curtos, o Estado passou a viver acima das suas possibilidades e a substituir-se à realidade. E, de repente, a realidade caiu em cima do povo.

 

- Os portugueses têm razões para se sentirem enganados ou não quiseram ver a realidade?

 

As duas são verdade. Podemos ofuscar o real durante algum tempo, mas não para sempre. As imagens da Grécia, com reformas aos 55 anos ou até mais cedo para as chamadas profissões de desgaste rápido, permitiram-nos perceber que se eles tinham entrado em colapso também nós corríamos o risco de vir a acontecer-nos o mesmo. Até essa altura, creio que muitas pessoas acreditavam, lá no seu íntimo, que nem os países, nem a segurança social, nem o Serviço Nacional de Saúde (SNS), nem as câmaras municipais podiam entrar em bancarrota. Agora já perceberam que isto pode mesmo entrar em ruptura. Para já reduziram até dez por cento o ordenado dos funcionários públicos, mas no ano que vem pode vir a ser necessário chegar aos vinte por cento. 

 

- Não há dinheiro para o Estado social mas tem havido para obras e infra-estruturas. O que pensa disto?

 

Eu não sei o suficiente para perceber quando é que é necessário um novo aeroporto em Lisboa ou em Beja. Mas como sou um prático, penso que se não é preciso no imediato e temos falta de dinheiro, então temos de investir na criação de riqueza e de emprego e não em obras que têm um retorno mais longínquo.

 

- Não quer um TGV para o Porto?

 

 

publicado por Augusta Clara às 19:00
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