A rosa flor de Crato terá muitos espinhos pela Frente e o novo Ministro da Educação se quiser protagonizar uma verdadeira revolução nesta pasta terá que cortar os muitos espinhos vícios que fazem sangrar os dedos há já mais de vinte anos. Coexistente com um ensino de qualidade o que se vê é um verdadeiro “ensino para Atrasados Mentais” para se fazer a populaça passar por inteligente quando não está a ser “formada” para tal.
Nos últimos vinte anos proliferaram Universidades privadas de qualidade duvidosa e servindo o interesse de alguns; proliferaram cursos superiores de fraca qualidade nessas mesmas universidades em relação às principais universidades públicas. Mais, proliferaram formações que foram promovidas a cursos superiores quando nunca o deveriam ter sido. Acresce a isto o problema que Crato terá de enfrentar que é falácia das Novas oportunidades, Um 9 º ano ou 12º neste regime tirado em escassos meses e por formadores que nunca foram ou serão professores e não possuem aptidões para tal, nunca poderá se equiparado em termos de intensidade e exigência ao de um regime em escola normal para apenas se argumentar que a população está mais culta.
Chamem-lhe outra coisa mas não ensino normal e equiparado. Doa a quem doer nem toda a gente pode ser doutor e há que apostar no ensino técnico profissional e este ficar-se por aí. Doa a quem doer exigir exigência aos cursos superiores das privadas ou o fecho delas. Doa a quem doer despromover formações ou nomes de cursos que nunca deveriam ter sido promovidos a cursos superiores. A culpa não está no ensino básico onde se vê crianças vivaças e despertas de curiosidade para a ciência. A culpa está no ensino secundário onde o sistema está feito para os professores não terem condições para dar aulas pois muitas vezes nem segurança têm. A culpa está num sistema educativo que promove no ensino superior verdadeiros ignorantes a que chamam doutores para depois lhes dizerem agora não tens trabalho mas vais apanhar lixo.
Em nome do politicamente correcto e dos falsos argumentos que isto era esquerda caímos nisto. Na mentira. Isto nunca foi Esquerda. Esquerda é outra coisa. Educação não é caridade. É algo Universal mas É rigor, transparência, honestidade intelectual, disciplina, trabalho e criatividade. Mas sobretudo humildade e vontade de aprender sempre com orgulho… E honestidade realço. è com isto que se pode afirmar ser Cidadão. Então aí falaremos de números para as estatísticas. Tudo isto Crato terá que resolver, tirando os espinhos à sua rosa porque é no sistema educativo e na Cultura ou falta dela que reside a base do que somos e no que nos tornámos enquanto País e Sociedade. Ultimamente numa bandalheira e obviamente que isto também se reflectiu em alguma classe política. Mas acredito, independentemente do campo ideológico.
Júlio Marques Mota
Recentemente a fraude dos candidatos a juízes que frequentaram um curso no Centro de Estudos Judiciários (CEJ) foi uma grande caixa nos media.
Foi uma grande caixa o relato dessa notícia, a fraude, foi uma grande caixa a decisão que à volta da questão foi deliberada, a passagem de todos com dez valores, foi uma grande caixa a reacção posterior a este mesmo facto.
Quanto à decisão na altura tomada, declarou o director-adjunto desta Instituição: “O CEJ não tem o mesmo calendário de uma escola ou universidade. O ano termina em Julho e não há época de exames em Setembro. Por isso, a direcção ponderou várias alternativas: anular o teste, obrigando à sua repetição, mas tal era incomportável com a marcação de outros testes. Deixar o assunto passar sem fazer nada ou classificar a turma com 10. Foi o que fizemos”.
O mal menor dir-se-á até porque um 10 corresponde na carreira profissional a uma reprovação. Como se o problema fosse apenas esse, ou se esse é o problema e cremos que claramente não é. E vejamos então como esse é apenas o sintoma de que muita coisa no ensino está mal, muito mal mesmo, neste país virado de costas para o destino ou para o futuro da nossa juventude, o que acontece desde há vários anos e com o silêncio de muita gente. A decisão, segundo esta instituição do Governo deste nosso país, estava apenas na alternativa “Deixar o assunto passar sem fazer nada ou classificar a turma com 10”, o que mostra bem o estado das nossas instituições ao ensino ligadas. Punição exemplar, reprovação da cadeira e portanto do ano, expulsão mesmo, nada disso.
Para lá destas duas opções, a de nada fazer ou a de fingir que se fazia alguma coisa, nada mais havia nos quadros mentais daquela gente como o atestam as opções de solução consideradas como sendo as possíveis. É portanto a expressão bem clara de que neste país pela modernidade neoliberal bem marcado o que temos de fazer é não levantar ondas, é estar a favor do vento, e estar a favor do vento é fazer crer que tudo vai bem neste nosso mundo de Pangloss.
A explicação da incapacidade de acção é ainda maior quando o método de avaliação era o de perguntas de resposta múltipla. Sobre isso, segundo um relato da imprensa, Luís Eloy diz que quando assumiu funções no CEJ este era o modelo já instituído naquela cadeira. Por isso, a direcção decidiu não alterar o formato do teste a meio do ano. Para o próximo curso, já não será bem assim.
in Expresso
"Em vez de instar as escolas e os professores a competirem uns com os outros em prol dos alunos, muitos insistem em defender o monopólio dos professores na educação" (in Expresso).
" Um sistema de ensino que funcione bem é a forma mais eficaz de equipar as pessoas com os conhecimentos e as competências que necessitam para aumentar o seu rendimento e competir numa economia globalizada.E a chave de sucesso de um sistema assim é abraçar o papel que a concorrência pode desempenhar numa melhor formação dos alunos."
À esquerda muitos vêm com preocupação que Obama, David Cameron, o seu homólogo Sueco Frederik Reinfeldt e outros governantes, estejam concentrados no aumento da responsabilização e encaram com desconfiança que os professores sejam tratados como parte do problema. Mas os progressistas da esquerda e da direita deviam juntar esforços para encontrarem um território comum. Se é verdade que aos reformistas é comum uma antipatia generalizada contra o monopólio das grandes empresas, a verdade é que "perderam o fio à meada" no que diz respeito à concorrência.
Por outro lado há países onde os sindicatos têm poder para resistir a reformas que possam corroer o seu poder monopolista.
Certas medidas que em muito contribuiriam para o sucesso do ensino, como uma maior restrição ao direito à greve e maiores facilidades no despedimento de professores incompetentes, foi travada no último momento pelo sindicato dos professores de Chicago. Claro, que estas medidas não chegam é necessário que os reformistas de esquerda e de direita continuem a "tentar descobrir a maneira certa de aferir os padrões - para garantir que os professores competem na dimensão correcta - e de oferecer muitos outros tipos de inovação organizacional e apoio que as escolas os professores e os alunos precisam."
Uma maior concorrência é uma medida que faz parte do pacote de medidas necessárias para caminhar em frente.
O jornal Correio da Manhã organizou uma conferência sobre “O Estado da Nação”, dedicando um painel à Educação e Competitividade. O FLE fez-se representar por Francisco Vieira e Sousa.
Colocou-se a votação pública a seguinte questão: Estará o nosso sistema de ensino a criar capital humano de qualidade? Dois terços dos votantes afirmaram que não.
Portugal tem graves problemas estruturais de aprendizagem e de qualidade educativa, índices educativos que ganham dimensão social. Numa frase, diríamos que hoje já temos escola para todos os jovens mas ainda não conseguimos que todos, mesmo os que a frequentam, aprendam na escola.
São vários os indicadores internacionais que nos alertam para este problema de eficiência do nosso sistema educativo, nomeadamente:
- No PISA, embora tenhamos melhorado, e a despesa do Estado ser semelhante aos de outros sistemas educativos, os jovens Portugueses ainda não conseguem chegar à média da OCDE nos conhecimentos básicos de matemática, ciências e literacia (aqui estamos perto);
- Estudos internacionais evidenciam que Portugal desperdiça o potencial humano dos seus alunos porque mesmo em relação aos jovens com elevado percentil de aprendizagem, a nossa escola não está a dar resposta e a utilizar o seu potencial de aprendizagem. Vejam como nas disciplinas de ciências os alunos Portugueses aprendem sempre abaixo do seu potencial de aprendizagem, agravando-se à medida que são alunos com maior capacidade de aprendizagem.
- A taxa de repetição denuncia que apenas um em cada três alunos faz a sua escolaridade sem chumbar;
- A elevada taxa de alunos que chumba de forma repetida ilustra a dificuldade de aprendizagem de muitos milhares de jovens portugueses;
- A nossa taxa de abandono escolar é de cerca de 37,1% a maior da EU e longe da média da EU.
- A escolaridade média dos portugueses 2010 é de 7,89 anos, mantemos a mesma posição relativa que ocupávamos em 1960.
Por isso, analistas internacionais caracterizam o nosso sistema educativo como produtor de cábulas e de capital humano pouco preparado para os desafios que temos de enfrentar. Veja-se o comentado artigo publicado recentemente no Finantial Times Weak Educational System Hobbles Portugal - A Nation of Dropouts Shakes Europe.
Para os intervenientes na conferência, as razões que levam a estes fracos resultados encontram-se na excessiva intervenção estatal no ensino, na partidarização do sector, sendo a escola estatal altamente ideológica.
Esta redução da função de Ministro a um Director de Escola permite a ausência de uma política educativa de longo prazo e que aposte na qualidade e não na quantidade. Uma máquina centralizadora que aposta na quantidade está a acentuar um sistema de escola bipolar, com uma cada vez maior desigualdade social. É pois urgente alterar o paradigma das políticas educativas de massificação do ensino para uma política para um sistema de qualidade sob pena de agravar o fosso social. Junto enviamos alguns trechos e um curto vídeo sobre as intervenções.
O FLE tem acompanhado a reforma educativa do Ayuntamento de Madrid na implementação da liberdade de escolha da escola pelos pais e na consagração de maior autonomia, dinamização e aumento do número de escolas com contratos de associação.
Recentemente, a Presidente da Comunidade Autónoma de Madrid, Esperanza Aguirre, num reconhecimento da fraca qualidade do sistema educativo defendeu acerrimamente o direito dos pais poderem decidir sobre a educação dos seus filhos, admitindo a hipótese da consagração do cheque escolar como um dos instrumentos para a implementação da escolha da escola.
Para saber um pouco mais sobre esta reforma visite o portal
Para melhor informação, juntamos três importantes documentos que descrevem o mecanismo e os benefícios do cheque escolar:
No último Encontro do FLE, “Que Serviço Publico de Educação Queremos para Portugal?” o professor Fernando Adão da Fonseca recordou-nos alguns direitos constitucionais muito relevantes. Um deles, o da gratuitidade do ensino, merece-nos hoje uma reflexão particular. De acordo com a nossa Constituição, todos os alunos têm direito ao ensino gratuito enquanto frequentam o ensino obrigatório. A gratuitidade é um direito dos alunos e não das escolas, pelo que o direito à gratuitidade beneficia todos os alunos, independentemente da escola que frequentam, seja ela estatal ou não estatal. Ou seja, todos os alunos deveriam aceder ao ensino gratuito mesmo quando frequentam escolas privadas.
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Mas porque será que estamos longe desta realidade?
Considerando as dificuldades económicas do país, estabeleceu-se, em 1990, que a Lei da Gratuitidade viria a ser implementada de forma gradual e, assim, o ensino gratuito começou por ser assegurado apenas aos alunos que frequentam as escolas oficiais e as escolas com contratos de associação. Contudo, reforçamos que o direito à gratuitidade do ensino para todos os alunos que frequentam o ensino obrigatório está consagrado na Lei Portuguesa e a sua concretização pode ser reclamada. É um direito de todos os alunos, independentemente da escola que frequentam mas, a título transitório, foi implementado para a escola estatal e para as escolas com contratos de associação como ofertas públicas de ensino.
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Tendo em conta estes preceitos constitucionais, a Lei de Bases do Sistema de Ensino (Lei nº 46/86) no seu artigo 58º nº 2, já estabelecia que “no alargamento ou no ajustamento da rede, o Estado terá também em consideração as iniciativas e os estabelecimentos particulares e cooperativos, numa perspectiva de racionalização de meios, de aproveitamento de recursos e de garantia de qualidade”.
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Isto significa que o Estado Português deve pautar a sua política no sentido tornar em realidade o ensino gratuito a todos os alunos que frequentem o ensino obrigatório e em todas as escolas. Aliás, este é também o entendimento do CNE no seu Parecer nº 1/89 que aqui recordamos alguns excertos a branco.
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Assim, aos pais portugueses é lícito reclamarem ao Estado:
- A regulamentação da Lei no sentido de o ensino gratuito ser estendido a todos os alunos que frequentam o ensino obrigatório; “Assim, como direito fundamental que é, a gratuitidade do ensino obrigatório tem de ser facultada a todos, sem excepções, isto é, sem condições discriminatórias negativas. Logo, não podem dessa gratuitidade ser excluídos os alunos das escolas particulares e cooperativas, tenham ou não contrato de associação”;
- Que o apoio ao aluno seja feito de forma equitativa, independentemente da natureza jurídica do estabelecimento de ensino que frequenta; “Em matéria de direitos fundamentais, pode haver discriminação baseada na distinção entre estabelecimentos estatais e privados? A resposta só pode ser negativa” escreve o CNE;
- A implementação da gratuitidade do ensino obrigatório não colhe no argumento da escassez de meios financeiros; “A este propósito, deve rejeitar-se o argumento, por vezes invocado, da escassez de meios do Estado. Este argumento, a merecer aceitação, só poderia conduzir à repartição por todos os cidadãos igualmente, das restrições que houvesse de impor; ou, no máximo, a discriminações dos cidadãos com base na diferença das suas condições materiais. Mas nunca a qualquer discriminação com base na distinção entre escolas, pois que estas não indiciam nenhum critério que justifique uma discriminação fundamentada. É inegável que muitos cidadãos, sem necessidades materiais e até mesmo ricos, frequentam escolas públicas e outros, modestos e até mesmo pobres, frequentam escolas particulares” lê-se ainda no Parecer do CNE.
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Caso o Governo não tenha intenção de implementar a letra e espírito da Lei, pautando a sua política educativa no sentido de uma única oferta de ensino gratuita, de gestão fortemente centralizada e consumidora de recursos públicos, aos pais é legitimo questionarem-se se a gratuitidade do ensino obrigatório não estará em perigo.
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Para quem pretende aprofundar um pouco mais pode ler o DL 35/90 e o Parecer nº 1/89 do CNE, que considera inconstitucional o projecto legislativo que pretendesse eliminar esta gratuitidade, com o argumento de que seria inconstitucional a aplicação da gratuitidade apenas aos alunos das escolas estatais.
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Para isso, juntamos um excerto de um texto do professor Mário Pinto dedicado a esta problemática , bem como o seu recentíssimo texto, “A Crise na Educação e a Infidelidade à Constituição".
A Equipa do FLE
coordenação de Augusta Clara de Matos
Hoje Falamos de...Educação, Humanidades e Artes
Martha Nussbaum
Um dos grandes nomes da filosofia norte-americana contemporânea. Professora de Direito e Ética na Universidade de Chicago, é conhecida pelos seus trabalhos sobre questões do desenvolvimento.
Martha Nussbaum e Amartya Sen [economista, Prémio Nobel em 1998], na década de 80, criaram o conceito de The Capability Approach que permite medir o desenvolvimento de um país, não em termos de PIB mas em função da liberdade dos indivíduos, culminando no trabalho The Quality of Life (1993).
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(Mirando el Cielo - Pastor Outeiral, Ourense)
Martha Nussbaum Uma crise planetária da educação
Atravessamos actualmente uma crise de grande amplitude e de grande envergadura internacional. Não falo da crise económica mundial iniciada em 2008; falo da que, apesar de passar despercebida, se arrisca a ser muito mais prejudicial para o futuro da democracia: a crise planetária da educação.
Estão a produzir-se profundas alterações naquilo que as sociedades democráticas ensinam aos jovens e ainda não lhe aferimos o alcance. Ávidos de sucesso económico, os países e os seus sistemas educativos renunciam imprudentemente a competências que são indispensáveis à sobrevivência das democracias. Se esta tendência persistir, em breve vão produzir-se pelo mundo inteiro gerações de máquinas úteis, dóceis e tecnicamente qualificadas, em vez de cidadãos realizados, capazes de pensar por si próprios, de pôr em causa a tradição e de compreender o sentido do sofrimento e das realizações dos outros.
De que alterações estamos a falar? As Humanidades e as Artes perdem terreno sem cessar, tanto no ensino primário e secundário como na universidade, em quase todos os países do mundo. Consideradas pelos políticos acessórios inúteis, numa época em que os países têm de desfazer – se do supérfluo para continuarem a ser competitivos no mercado mundial, estas disciplinas desaparecem em grande velocidade dos programas lectivos, mas também do espírito e do coração dos pais e das crianças Aquilo a que poderíamos chamar os aspectos humanistas da ciência e das ciências sociais está igualmente em retrocesso, preferindo os países o lucro de curto prazo, através de competências úteis e altamente aplicadas, adaptadas a esse objectivo.
Procuramos bens que nos protegem, satisfazem e consolam — aquilo a que [o escritor c pensador indiano] Rabindranath Tagore chamava o nosso «invólucro» material. Mas parecemos esquecer as faculdades de pensamento e imaginação que fazem de nós humanos e das nossas interacções relações empáticas e não simplesmente utilitárias Quando estabelecemos contactos sociais, se não aprendermos a ver no outro um outro nós, imaginando-lhe faculdades internas de pensamento e emoção, então a democracia é votada ao malogro, porque assenta precisamente no respeito e na atenção dedicados ao outro, sentimentos que pressupõem que os encaremos como seres humanos e não como simples objectos.
Hoje mais que nunca, dependemos todos de pessoas que nunca vimos. Os problemas que temos de resolver – sejam de ordem económica, ecológica, religiosa ou política – têm envergadura planetária. Nenhum de nós escapa a esta interdependência mundial. As escolas e as universidades do mundo inteiro têm, por conseguinte, uma tarefa imensa e urgente: cultivar nos estudantes a capacidade de se considerarem membros de uma nação heterogénea (todas as nações modernas o são) e de um mundo ainda mais heterogéneo, bem como uma noção da história dos diferentes grupos que o povoam.
Capacidade de referenciar culturas
Se o saber não é a uma garantia de boa conduta, a ignorância é quase infalivelmente uma garantia de maus procedimentos. A cidadania mundial implica realmente o conhecimento das humanidades? 0 indivíduo necessita certamente de muitos conhecimentos factuais que os estudantes podem adquirir sem formação humanista – memorizando, nomeadamente, os factos em manuais padronizados (supondo que não contêm erros). Contudo, para ser um cidadão responsável necessita de algo mais: de ser capaz de avaliar os dados históricos, de manipular os princípios económicos e exercer o seu espírito crítico, de comparar diferentes concepções de justiça social, de falar pelo menos uma língua estrangeira, de avaliar os mistérios das grandes religiões do mundo. Dispor de uma série de factos sem ser capaz de os avaliar, pouco mais é que ignorância. Ser capaz de se referenciar em relação a um vasto leque de culturas, de grupos e de nações e à história das suas interacções, isso é que permite às democracias abordar de forma responsável os problemas com os quais se vêem actualmente confrontadas. A capacidade – que quase todos os seres humanos têm, em maior ou menor grau – de imaginar as vivências e as necessidades dos outros deve ser amplamente desenvolvida e estimulada, se queremos ter alguma esperança de conservar instituições satisfatórias, ultrapassando as múltiplas clivagens que existem em todas as sociedades modernas.
«Uma vida que não se questiona não vale a pena ser vivida», afirmava Sócrates. Céptico em relação à argumentação sofista e aos discursos inflamados, pagou com a vida a sua fixação neste ideal de questionamento crítico.
Hoje, o seu exemplo é o fulcro da teoria e prática do ensino da cultura geral da tradição ocidental, e ideias similares estão na base do mesmo ensino na Índia e noutras culturas. Se insistirmos em dispensar a todos os estudantes do primeiro ciclo uma série de ensinamentos da área das Humanidades, é porque pensamos que essas matérias os estimularão a pensar e a argumentar por eles mesmos, em vez de se resumirem simplesmente à tradição e à autoridade; e porque consideramos que, como proclamava Sócrates, a capacidade de raciocinar é importante em qualquer sociedade democrática. É-o particularmente nas sociedades multiétnicas e multiconfessionais. A ideia de que cada um possa pensar por si próprio e relacionar-se com os outros num espírito de respeito mútuo é essencial à resolução pacífica das diferenças, tanto no seio de uma nação como num mundo cada vez mais dividido por conflitos étnicos e religiosos.
O ideal socrático está hoje submetido a uma rude prova, porque queremos promover a qualquer custo o crescimento económico. A capacidade de pensar e argumentar por si não parece indispensável para os que visam resultados quantificáveis.
(…)
Para compreenderem efectivamente o mundo complexo que os cerca, os cidadãos não têm suficientes conhecimentos factuais nem de lógica. Necessitam de um terceiro elemento, estreitamente ligado a esses dois, a que poderia chamar-se imaginação narrativa. Noutros termos, a capacidade de se pôr no lugar do outro, de ser um leitor inteligente da história dessa pessoa, de compreender as emoções, os desejos e os sentimentos que ela pode sentir. Essa cultura da empatia está no centro das melhores concepções modernas de educação democrática, tanto nos países ocidentais como nos demais. Isso deve fazer-se em grande parte no seio familiar, nas escolas, e mesmo as universidades desempenham também um papel importante. Para preenchê-lo correctamente, devem atribuir um espaço nos seus programas para as Humanidades e as Artes, visto que melhoram a capacidade de ver o mundo através dos olhos do outro – capacidade que as crianças desenvolvem por meio de jogos de imaginação.
(…)
Devemos cultivar os «olhares interiores» dos estudantes. As artes têm um duplo papel na escola e na universidade: enriquecer a capacidade de jogo e de empatia, de uma maneira geral, e agir sobre os pontos cegos, em especial.
Esta cultura da imaginação está estreitamente ligada à capacidade socrática de criticar as tradições mortas ou inadaptadas, e fornece-lhe um apoio essencial. Não se pode tratar a posição intelectual do outro com respeito sem ter pelo menos tentado compreender a concepção de vida e as experiências que lhe estão subjacentes. Mas as artes contribuem também para outra coisa. Gerando o prazer associado a actos de compreensão, subversão e reflexão, as Artes produzem um diálogo suportável e até atraente com os preconceitos do passado, e não um diálogo caracterizado pelo medo e pela desconfiança. Era o que Ellison queria dizer quando qualificava o seu Homem invisível como «jangada de sensibilidade, de esperança e de divertimento».
(…)
As Artes, diz-se, custam demasiado dinheiro. Não temos meios, em período de dificuldades económicas. E, no entanto, as Artes não são necessariamente tão caras como se diz. A literatura, a música e a dança, o desenho e o teatro são poderosos vectores de prazer e de expressão para todos, e não requerem muito dinheiro para os favorecer. Diria mesmo que um tipo de educação que solicita a reflexão e a imaginação dos estudantes e dos professores reduz efectivamente os custos, reduzindo a delinquência e a perda de tempo induzidas pela ausência de investimento pessoal.
Como se apresenta a educação para a cidadania democrática no mundo actual? Bastante mal, temo eu. Ainda se porta relativamente bem no lugar onde a estudei, nomeadamente nas disciplinas de cultura geral dos currículos universitários norte-americanos. Esta faixa curricular, em estabelecimentos coma o meu [a Universidade de Chicago], beneficia ainda de um apoio generoso de filantropos. Pode-se mesmo dizer que é uma faixa curricular que trabalha melhor hoje para a cidadania democrática do que há 50 anos, época em que os estudantes não aprendiam muito sobre o mundo fora da Europa e da América do Norte, ou sobre as minorias do seu próprio país. Os novos domínios de estudo integrados no tronco comum aumentaram a sua compreensão de países não ocidentais, de economia mundial, de relações intracomunitárias, de dinâmica de género, de história das migrações e de combates de novos grupos para o reconhecimento e a igualdade. Após um primeiro ciclo universitário, os jovens de hoje são, no seu conjunto, menos ignorantes do mundo não ocidental que os estudantes da minha geração. O ensino da literatura e das artes conheceu uma evolução similar: os estudantes são confrontados com um leque de textos claramente mais vasto.
Não podemos, contudo, afrouxar a vigilância A crise económica levou numerosas universidades a cortar nas Humanidades e nas Artes. Não são, certamente as únicas disciplinas abrangidas pelos cortes. Mas sendo as Humanidades consideradas supérfluas por muitos, não se vê inconvenientes em amputá-las ou em suprimir totalmente certos departamentos. Na Europa, a situação é ainda mais grave. A pressão do crescimento económico levou muitos dirigentes políticos a reorientarem todo o sistema universitário – o ensino e a investigação, em simultâneo — numa óptica de crescimento.
(…)
Numa época em que as pessoas começaram a reclamar democracia, a educação foi repensada no mundo inteiro, para produzir o tipo de estudante que corresponde a essa forma de governação exigente: não se pretendia um gentleman culto, impregnado da sabedoria dos tempos, mas um membro activo, critico, ponderado e empático numa comunidade de iguais, capaz de trocar ideias, respeitando e compreendendo as pessoas procedentes dos mais diversos azimutes. Hoje continuamos a afirmar que queremos a democracia e também a liberdade de expressão, o respeito pela diferença e a compreensão dos outros. Pronunciamo-nos a favor destes valores, mas não nos detemos a reflectir no que temos de fazer para os transmitir à geração seguinte e assegurar a sua sobrevivência.
Excertos do texto publicado no Courrier Internacional, n.º 175,
Setembro de 2010 (ed. portuguesa), com Trad. de Ana Cardoso Pires
[o texto publicado no Courrier Internacional, é uma versão condensada do primeiro capítulo do livro Not for Profit: Why Democracy Needs Humanities]
Talvez Shakespeare pudesse ter formulado a famosa dicotomia deste modo – To have or not to be – that is the question. Para que assim tivesse sido, teria de conhecer a sociedade actual onde, para se ser, para se existir, é preciso ter. Nos nossos dias, introspecções sobre o ser ou o estar? Perda de tempo – uma olhadela à conta bancária resolve a questão. Se tem, é e está. Não tem? Não existe, é como se não estivesse.
E, no entanto, o bom William já vivia na época em que os dados estavam a ser lançados. O protestantismo vinha impor o dever da riqueza, o pecado de ser pobre e de um homem não poder prover todas as necessidades da sua família, por oposição ao catolicismo que defendeu sempre (e persiste) na pobreza como virtude. Esta mentalidade, plantada no Novo Mundo, resultou naquilo que sabemos – uma nação que impõe os seus valores, em última instância a ferro e fogo.
No entanto, no interior da sociedade norte-americana, todos os estigmas que a mentalidade ianque espalhou estão presentes – consumismo feroz e acéfalo, marginalidade, tóxico-dependência, violência, subvalorização da cultura. Tudo o que de nefasto os E.U.A. exportam, existe no seu interior. É o que se chama provar do próprio veneno.
Quando se fala tanto no magno problema do Ensino, pareceu-me oportuno lembrar Être et avoir (Ser e Ter) um filme realizado por Nicholas Philibert em 2002 e interpretado por George López. Vi-o em DVD, não me recordo, mas penso que não foi exibido comercialmente. Conta a história de um ano lectivo numa pequena escola de aldeia, em França. Um jovem professor candidata-se ao lugar e é aceite. O seu objectivo é ensinar, mas um problema se lhe depara – tem de ministrar o ensino numa sala onde há crianças de várias idades (entre os quatro e os onze anos), graus de conhecimento e de educação diferentes, etnias também distintas, pois há filhos de emigrantes.
A maneira engenhosa, metódica, profissional, como resolve o problema (os problemas), constitui uma lição magnífica sobre a arte de ensinar. Há outros filmes como, por exemplo, o «Clube dos Poetas Mortos» que nos chamam a atenção para essa dimensão de qualquer espécie – transmitir os conhecimentos adquiridos ás crias. Generosidade é um conceito humano. Deveria ter dito antes, o sentido da sobrevivência. Só sobrevivem as espécies que transmitem o saber acumulado às novas gerações. Nesta medida o que está em perigo não é a sobrevivência do homo sapiens, é a sua transformação em homo ignarus ou em homo nescius.
No filme de Nicholas Philibert, narra-se de forma exemplar a forma como este professor programava as aulas e as preparava, sempre sem esquecer as capacidades de cada um dos alunos, fixando objectivos, prazos. É evidente que tem consciência de que os mais velhos o deixarão no Verão para acederem ao segundo ciclo, ao liceu.
Sabendo que o acompanhamento aos seus alunos estava limitado no tempo, o professor conversava com cada um deles, ajudava-os a vencer a angústia de enfrentar o grupo nas idas ao quadro e as risadas que cada erro despertava nos que sabiam, com os mais pequenos fazendo eco. O pânico de enfrentar multidões, de falar em público, acompanha-nos muitas vezes até à idade adulta.
Naturalmente que este professor dispunha de autoridade, não enfrentava um grupo disposto a incinerá-lo. Esta sociedade de grandes superfícies, sexo e violência, transpira ódio à cultura. É uma atitude da imbecilidade perante a inteligência, um confronto em que a estupidez procura vencer o saber, tornando-o ridículo e risível. É um sentimento que passa de pais para filhos. O professor enfrenta pequenos energúmenos arrogantes, crianças que podiam ser normais, mas que a falta de educação em casa, substituída pela função deletéria da televisão, transforma em aberrações.
Em «O Clube dos Poetas Mortos», outro exemplo de como ensinar, o professor John Keating, ensaia a sua pedagogia pouco ortodoxa perante um grupo de alunos com características pessoais diferentes, mas não existem exemplares como os que o professores actualmente enfrentam. A exortação do verso de Horácio, carpe diem quam minimum credula postero (Colhe o instante, sem confiar no amanhã), teria nas colmeias suburbanas, uma leitura diferente e de efeitos imprevisíveis, pois os conceitos de fruição são completamente diferentes.
Ter ou não ser. Se não tens um carro topo de gama não és ninguém.
IGUALDADE E DEMOCRACIA
Movimento Escola Pública, 1 de Fevereiro de 2011
PS: como sabem, pessoalmente, não estou nada de acordo com este conceito de "escola pública" mas no estrolabio pratica-se a democracia.Como me enviaram este documento não quiz deixar de o publicar como, aliás, faço a outros de sentido contrário.
Ontem no Prós & Contras,para além das naturais divergências corporativas e ideológicas, verificou-se que há matérias absolutamnete consensuais que foram muito bem resumidas pelo professor Nuno Crato.
As famílias têm o direito de escolher as escolas para os seus filhos; as escolas devem ser apoiadas segundo o mérito e não por serem estatais ou privadas; não se fecham boas escolas sejam elas estatais ou privadas.
E os consensos foram mais longe: descentralizar o ME, esse ministério que deveria acabar como disse o professor Nuno Catro, para se criar um novo, mais pequeno, mais transparente, mais eficaz. Os concursos centralizados dos professores são uma imbecilidade, só por demagogia é possível dizer que através desse método se pode encontrar o professor certo para a escola certa . A valiação dos professores é ponto assente.
Nem Mário Nogueira, o alucinado sindicalista, se atreveu a discordar da existência da escola privada apoiada pelo estado. Quanto aos custos houve para todos os gostos, provando-se que o ministério não sabe esse valor tão essencial para gerir o sistema, ao ponto de Nuno Crato dizer que o ME é de longe, o mais opaco dos ministérios, escondendo a informação, não a colocando ao dispor da sociedade civil para que os cidadãos possam fazer juízos informados.
Contra ao que a corporação dos professores nos quer fazer crer, há consensos essenciais já obtidos que estão muito para além dos bacocos principios corporativistas , como os "traques" de certos mentecaptos que defendem o monopólio da escola estatal , da não avaliação, que tentam impedir e desvalorizar os rankings das escolas. Ali foi, também afirmado, sem contestação, que países como a Holanda, Alemanha, Suécia, a Espanha , já têm percentagens de 30/40% de escolas privadas em associação, permitindo a livre escolha da escola pelas famílias.
Este país vive da e na contra-informação, no obscurantismo, tudo se pode pôr em causa porque o estado não dá a informação credível que deveria prestar, no lamaçal há espaço para tudo, todos podem dizer o que quiserem e ninguém vai preso. Afinal, ao nível da decisão, já ningém põe em causa os principios por onde se regem a escola numa sociedade que se quer democrática.
É preciso avançar para a autonomia da escola, retirar do centro do debate os burocratas que não servem para nada! O Professor Nuno Crato diz que o Ministério da Educação (este) devia acabar! Há mais quem pense assim!
Luis Moreira
O movimento de pais SOS vai avançar com uma "acção pública" a entregar na Assembleia da República para que o ME informe o país do custo efectivo por aluno na escola estatal.
"O SOS - Movimento Educação pondera avançar com uma acção popular contra o Ministério da Educação (ME) para que este apresente um estudo sobre os custos reais de um aluno na escola pública. A acção popular pode ser feita por um conjunto de cidadãos que, angariando assinaturas suficientes, podem obrigar a que a mesma seja apreciada no Parlamento. "
O primeiro número que apareceu pela mão do secretário - geral da Associação das Escolas Privadas dava o custo por aluno da escola privada mais baixo que o aluno da escola estatal em cerca de 1 000 euros/ano. Apareceram outras leituras dos números que, ao contrário, dão o custo por aluno na escola privada mais elevado ( veja-se o texto no estrolabio de Rui Oliveira). Há mesmo quem, simplesmente, divida o custo total do ME inscrito no Orçamento do Estado, pelo número de alunos das escolas estatais e chegue a um custo mais alto que o custo por aluno da privada. Não sei se o metodo é aceitável, mas é uma conta que se pode fazer.
Quanto ao custo por aluno na escola privada é fácil de fazer, basta ler os contratos entre o ME e as escolas e não há discussão possível, é aquele e mais nenhum a não ser que o estado, nas costas do orçamento, desvie umas verbas "a pedido", o que é frequente como sabemos.
É, tempo, de o ME dar as informações necessárias para que os cidadãos possam saber de fonte fidedigna se sim ou não há diferenças significativas e, a par dos rankings das escolas, todos podermos falar mais correctamente informados . É , inaceitável, que o ME ainda não tenha apresentado, preto no branco, quanto custa um aluno, para lá das profissões de fé que vem efectuando .
O custo ( 3 752 euros/aluno) por aluno apresentado pelo Secretário de Estado na discussão do Orçamento incorpora todos os custos ? Estão lá os custos da manutençao física das escolas? Por trás do movimento dos pais estão os directores das escolas que ganham mais de 5 000 euros/ mês? As escolas privadas dizem que com o custo / aluno indicado pelo ME não têm possibilidade de se manterem operacionais e que o custo real é bastante mais elevado. Não se pode discutir sem informação completa e credível a que todos temos direito. Hoje, no "Prós & Contras", vamos ter de um lado a Ministra e do outro quem contesta esta política, talvez se descubra onde está a verdade, ou se estamos só perante opções políticas e ideológicas.
Note-se que o custo que o Secretário -Geral das escolas privadas apresenta, quer o custo apresentado pelo nosso companheiro Rui Oliveira, são retirados de um estudo da OCDE, que será o mesmo ao que presumo. Por sua vez o custo apresentado pelo ME não é igual a nenhum dos dois.
Podem ler o artigo e os comentários no Público.
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Luis Moreira
As declarações de Eric Hanushek no encontro na Gulbenkian e promovido pela FLE continuam a gerar reacções. Nuno Lobo, Lisboa, no Publico de hoje, " a qualidade dos professores é o elemento mais valioso da educação" e, por outro lado observa que " os pais não escolhem escolas onde os professores são ineficazes".
"Os pais têm o direito de saber quais são as escolas e os professores que mais contribuem para o progresso académico dos seus filhos assim como têm a responsabilidade de escolher para eles as escolas e os professores que garantem uma boa educação."
Mas o ME que mandou efectuar um estudo ao ISEG, "não autoriza a divulgação da lista "das escolas que são classificadas como de "elite", "à sombra da bananeira", "que surpreendem" e "fatalistas". Bons estudos para serem base de boas políticas educativas são de apoiar mas que as suas conclusões não sejam reveladas ao país, reservando para si (ME) a informação relativamente à qualidade da escola e dos professores, mantendo os pais à margem desse conhecimento, é uma medida que tem que ser criticada.
Também Augusto Kuttner de Magalhães,do Porto, no mesmo jornal, referindo-se ao mesmo encontro diz que os estudantes " que tiveram bons professores conseguirão num prazo de três a cinco anos, anular os constrangimentos associados à situação socioeconómica dos seus familiares." E quanto ao nosso país, Eric Hanuschek, chegou à mesma conclusão "a diferença está nos professores e os salários destes devem basear-se, única e exclusivamente, no desempenho".
" os salários na maioria dos casos em todas as profissões, quer no público quer no privado,...estão directamente relacionados com o "posto, a categoria profissional, o patamar" ... e não nas competências e no desempenho..."
E Santana Castilho, também no Publico de hoje: "Os portugueses politicamente mais esclarecidos poderão divergir na especialidade, mas certamente acordarão na generalidade: os 36 anos da escola democrática são marcados pela permanente instabilidade e pelo infeliz desconcerto político sobre o que é verdadeiramente importante num sistema de ensino. Durante estes 36 anos vivemos em constante serviço de reformas e mudanças, ao sabor dos improvisos de dezenas de ministros, quando deveríamos ter sido capazes de estabelecer um pacto mínimo nacional de entendimento acerca do que é estruturante e incontornável para formar cidadãos livres. Sobre tudo isto, o silêncio de Cavaco Silva é preocupante e obviamente cúmplice."
PS: Quanto ao que é "estruturante e incontornável" , creio que a autonomia da escola, entregue a quem nela labuta e a quem nela aprende e suas famílias, retirar as escolas do "centralismo do ME e dos sindicatos", tratar as escolas segundo o ambiente socioeconómico de cada uma delas ( ter um fato feito para as cerca de 3 200 escolas do país,é de doidos...) privilegiar os curriculuns e o desempenho, conceder o direito de escolha, ter um quadro de professores estável e escolhido pela direcção da escola e, retirar as consequências todas dos resultados atingidos, teríamos de certeza absoluta, como nos países mais adiantados, uma escola de excelência.
Raúl Iturra, professor catedrático do ISCTE, dirige uma segunda carta ao primeiro-ministro na sequência de uma outra que lhe endereçou em 23 de Junho de 2010. Os problemas do Ensino são o tema central da carta.
Logo às 22 horas.
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Interessa defender as boas escolas, as que apresentam resultados, baseadas no mérito e na avaliação de todos os que nela trabalham. É, nestes principios, que temos que centrar o debate e não na escola estatal versus privada. Soubemos hoje que os professores das escolas privadas, para assegurarem o seu emprego aceitam baixar o vencimento, por forma a que as despesas sejam contidas de acordo com o financiamento definido pelo Estado. Esta posição mostra bem como são diferentes as realidades de quem tem emprego assegurado para toda a vida, seja qual for o resultado do seu labor ou o seu comportamento quanto à assiduidade e os que têm que lutar pela vida. |
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