Sábado, 25 de Dezembro de 2010

Ainda a Irlanda, ainda a União Económica e Monetária (1)

Um texto sobre a Irlanda, sobre a forma como se alimentou a dimensão da bolha, da crise, que agora a maioria de todos nós está a pagar. Viveu-se  e vive-se um período  em que para alguns tudo era ou é  permitido enquanto que a outros tudo  era ou passou agora a ser exigido, é o que texto também mostra. Estranha duplicidade de critérios, marca inegável do neoliberalismo que os governos dos Estados membros da UEM, de direita ou de esquerda apelidados, assim como  a Comissão Europeia tudo fazem para manter. Talvez por  isso ninguém viu, ninguém previu o que aí estava a acontecer, salvo por ironia ou por destino, James Joyce  quandon escreveu: “A casa de um irlandês é o seu caixão“..
Júlio Marques Mota

 Anglo Irish Bank- Um escândalo irlandês
Roche Marc
Como um pequeno banco de retalho criado em 1964  se  transformou  num imenso casino que desmoronou como um castelo de cartas? A História da ascensão e da queda do Banco que é símbolo dos erros  da economia irlandesa. Por Marc Roche
Simon Kelly é um jovem promotor imobiliário irlandês. Antes de ter estar falido, era frequentemente convidado a tomar o pequeno - almoço  com os  emissários do Anglo Irish Bank, o seu principal Banco para obtenção de fundos . O cenário: uma pequena sala do Shelboume Hotel forrado a  tecido almofadado, ao abrigo dos ouvidos  indiscretos. A ementa: ovos mexidos com bacon e chouriço. E também café. Uma primeira cafeteira, depois uma segunda. “Tudo se passava nesta fase da conversa, recorda-se o promotor. Um simples aperto de mão  selava um projecto de várias dezenas de milhões de euros. Anglo Irish Bank financiava, de olhos fechados,  os projectos mais loucos.
Simon Kelly fez destes encontros no velho Hotel  a base  do seu livro, Breakfast with Anglo, consagrado a  maior  falência financeira da verdejante Irlanda . O actual presidente do Anglo Irish Bank, Alan Dukes, terá sem dúvida todo o tempo de  se irritar  ao olhar para as vitrines dos livreiros. Os dias  do seu poder , símbolo dos erros e abusos da forte expansão imobiliária irlandesa entre 1997 e 2007, estão de facto contados.  Face ao falhanço da operação de resgaste financeiro e ao facto das perdas líquidas atingirem  uma profundidade abissal, a União Europeia e o Fundo Monetário internacional exigiram, com efeito,  o encerramento do banco, declarado em falência a 19 de Novembro de 2010, como uma das condições  para a concessão de uma ajuda internacional à Irlanda.
Como o céu de Dublin, Alan Dukes passa do sorriso o mais feliz a  uma tristeza latente: «os antigos dirigentes cometeram o grave erro de se concentrarem num único sector , a construção , violando assim todas as normas de prudência », explica este  ex-ministro da economia que alcançou este seu posto algumas semanas antes do banco ter sido colocado sob a tutela do Estado, em Janeiro de 2009.
O Estado-maior anterior deixou atrás de si o caos. Com a sua chegada, a nova equipa de direcção descobre um sistema gangrenado, cheio de conflitos de interesses e de compromissos . Na  primeira fila estavam  os antigos dirigentes  que encheram bem os seus  bolsos. O anterior presidente, Sean FitzPatrick, tinha uma gestão, no mínimo muito pessoal , como testemunham os empréstimos concedidos de 88 milhões de euros a si-mesmo,  a  título privado e no maior  segredo. Estes fundos foram investidos com associados seus numa  plataforma de exploração petrolífera  na Nigéria, num complexo hoteleiro na  Hungria, num  casino em  Macau. Por seu lado, o director geral, David Drumm, também levantou 8 milhões de euros sem o conhecimento dos outros  para comprar   duas vastas propriedades, uma em Dublin, a outra em Capa Cod, no Massachusetts.
Fazer crer que há  uma riqueza que  não existe e dissimular uma dívida que  existe: ao longo dos anos, a maquilhagem das contas do balanço tinha-se tornado a norma contabilística. Assim, uma instituição  financeira irlandesa que trabalhava sobre hipotecas , uma caixa que trabalhava no imobiliário, emprestou cerca de  7,3 mil milhões de euros através de  incríveis  acrobacias para esconder os prejuízos na véspera da  publicação dos resultados de 2007  do Anglo Irish Bank. Por último, recorrendo a  produtos financeiros sofisticados para confundir  as pistas, o banco financiou em cerca de  28%  o seu aumento de capital com as contas de um grupo de clientes . E isto  será apenas o princípio . Porque até agora, o inquérito da polícia  tem-se defrontado com uma sabotagem  dos códigos informáticos que permitem aceder aos documentos mais comprometedores.  Além disso, os faltosos transferiram os seus activos (casas, automóveis luxuosos, etc.) para as suas  esposas. Como é que uma  pequena sociedade criada em 1964, especializada no seu início no financiamento da compra de material electrodoméstico, se   conseguiu transformar  num imenso casino que se desmoronou como um castelo de cartas ?
(Continua)

publicado por Carlos Loures às 22:00
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