A prova da bondade da Justiça americana está neste processo que envolve DSK. A Justiça americana foi célere e eficaz. Prendeu quando devia prender ( terão sido escusadas aquelas imagens com o DSK algemado), a acusação foi constituída em poucos dias, o tribunal decidiu em primeira instância com prisão e depois para prisão domiciliária com uma alta caução financeira e, quinze dias depois, face ao desenvolvimento das provas orientadas para o processo concedeu a liberdade.
A acusação permanece, o Ministério Público americano mantem a acusação, mas mais vale três culpados em liberdade que um inocente na prisão.
Numa viragem surpreendente DSK foi ontem libertado, a defesa apresentou provas de contradições no testemunho da vítima, a empregada do hotel que terá sido violada . Há escutas de telefonemas entre a acusadora e membros de gangs que apontam para uma cilada concertada a DSK e, o passado da empregada do hotel não é abonatório.
Cyrus Vance, o procurador geral quis fazer do caso um caso exemplar. Para já foi derrotado, mas mostrou que a justiça americana funciona. Um caso destes em Portugal, queima para sempre o arguido, com sorte, só cinco anos depois é que o assunto sobe à barra dos tribunais.Claro, que esta ineficácia tem uma influência decisiva na qualidade da democracia e, até, na capacidade de atracção de novos investimentos e no desenvolvimento da economia.
Quem está disposto a investir num país cuja justiça demora cinco anos a tomar uma decisão?
Entretanto, DSK e a mulher não perderam tempo e já foram jantar a um restaurante da moda. A imprensa Francesa, Le Fígaro, adianta que estava outro homem no quarto quando a mulher da limpeza entrou e, que esta, terá perguntado se poderia começar a limpar o quarto julgando que estava vazio. Como se sabe DSK estava no banho.
No meio desta trapalhada há que prestar a devida homenagem à Justiça americana , actuou sem medo do poder do acusado e não teve medo de recuar face às provas apresentadas.
PS: e, funciona assim quando não há dinheiro e poder? Lembro-me do presidente Jimmy Carter, antes de tomar posse ter ido conhecer o país real e, também as prisões. Disse: Nas prisões só vi negros e hispânicos!
Primeiro foi o delírio do concluio. Dominique Strauss-Kahn evocara na última entrevista ao jornal Libération a possibilidade de lhe apontarem algum assédio sexual. Logo metade dos franceses berraram: maquinação! Jack Lang, ex-ministro da Cultura e da Educação, o mais cintilante membro da esquerda caviar, escandaliza-se na televisão: il n'y a pas mort d'homme! (Ou seja: não há drama nenhum!) Indignação pública. Jack Lang fez marcha atrás, quisera dizer que, se não havia homicídio, DSK não devia ser preso. Houve uma manifestação para protestar contra o machismo dos políticos.
Todos, na rádio, na televisão, nas famílias, à mesa, no padeiro, ao telefone, na bicha do supermercado, falavam de DSK. Surgiu o embaraço: mamã, o que é uma felação? O humorista François Morel socorreu as famílias com a história do Ursão que queria comer a gazela preta.
Sucederam-se a caução, a residência vigiada de DSK, a descoberta da pólvora: o candidato socialista à presidência da república, presidente da câmara numa cidade com bairros problemáticos, é um socialista milionário. Grande debate nacional. O milionário que abusa de uma pobre imigrante. O director do FMI que agride a criada de quarto. O branco que viola a negra. O judeu que não respeita a muçulmana. O velho que estupra uma jovem. And so on.
Entretanto numerosos socialistas se declaram candidatos à presidência da república. François Morel faz uma crónica na qual avisa que, quanto aos socialistas, especialistas da derrota improvável, todo o desespero é ainda possível.
E agora, outro sismo. Afinal a vítima de DSK terá mentido quando emigrou para os USA e terá até cumplicidade com um traficante de droga. Mais uma vez: o delírio. Por aquela mulher ter mentido antes e depois de ser violada, é como se o acto de DSK não tivesse a menor gravidade. São de imediato entrevistados os amigos de DSK, Jack Lang fala do regresso de DSK, da eleição de DSK... DSK é o novo Edmond Dantès (herói de O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas).
Pergunta um auditor perplexo da rádio France-Inter: Então é permitido violar as mentirosas?...
Em França parece que sim.
Na manhã de 14 Maio, o dia em que foi preso, Dominique Strauss-Kahn (DSK) tinha sido aconselhado pelos serviços secretos franceses (DGSE) a abandonar os EUA e regressar rapidamente à Europa, descartando-se do telemóvel para evitar que pudesse ser localizado. A delicadeza da informação secreta que lhe tinha sido entregue por agentes "d...elatores" da CIA justificava tal precaução. Strauss-Kahn tinha viajado para os Estados Unidos para clarificar as razões que levavam os norte-americanos a protelar continuamente o pagamento devido ao FMI de quase 200 toneladas de ouro. A dívida, com pagamento acordado há vários anos, advém de ajustes no sistema monetário - "Special Drawing Rights" (SDR's).
As preocupações do FMI sobre o pagamento norte-americano ter-se-iam avolumado recentemente. Nesta viagem Strauss-Kahn estaria na posse de informação relevante que indiciava que o ouro em questão já não existem nos cofres fortes de Fort Knox nem no NY Federal Reserve Bank.
Mas Strauss-Kahn terá cometido um erro fatal: ligou para o hotel, já da plataforma de embarque, pedindo que o telefone lhe fosse enviado para Paris, o que permitiu aos serviços secretos americanos agir nos últimos minutos. O resto dos factos são do conhecimento público.
Já em prisão domiciliária, em Nova Iorque, DSK terá pedido ajuda ao seu amigo Mahmoud Abdel Salam Omar, um influente banqueiro egípcio. Era muito importante, para fundamento da defesa, que o egípcio lhe conseguisse obter a informação privilegiada sobre a "mentira" do ouro, que DSK tinha deixado "voar" em NY, para justificar a teoria da perseguição.
No entanto a intervenção voluntariosa do banqueiro egípcio saiu gorada. Dias depois Salam Omar foi igualmente preso nos Estados Unidos, também ele acusado de assédio sexual a uma empregada de hotel. Relatórios de diferentes serviços secretos internacionais convergem na conclusão: os factos que motivaram a prisão do egípcio são altamente improváveis, Salam Omar é um muçulmano convicto e um homem com 74 anos de idade.
A inversão de sentido na história da suite do Sofitel de NY começava aqui a ganhar consistência e outros factos viriam ajudar.
Em Outubro de 2009, Pequim terá recebido dos EUA cerca de 60 toneladas de ouro, num pagamento devido pelos americanos aos chineses, como acerto de contas no balanço de comércio externo. Com a entrega, Pequim testou a genuinidade do ouro recebido tendo concluído que se tratava de "ouro falso". Eram barras de tungsténio revestido a cobertura de ouro. As 5.700 barras falsas estavam devidamente identificadas com chancela e número de série indicando a origem - Fort Knox, USA.
O congressista Ron Paul, candidato às eleições presidenciais de 2012, solicitou no final do ano passado uma auditoria à veracidade das reservas do ouro federal que foi rejeitada pela administração Obama. Numa entrevista recente, questionado sobre a possiblidade de ter desaparecido o ouro federal de fort Knox, o congressista Ron Paul gelou os interlocutores respondendo liminarmente: "É bem provável!"
À "boca fechada" têm vindo, aqui e ali, a escapar informações, a avolumar-se incertezas sobre as reservas de ouro norte-americanas. Mas as notícias referentes aos fortes indícios que de o ouro seja apenas virtual têm colhido uma tímida atenção na comunicação social americana.
A "verdadeira história" por detrás da prisão de DSK, agora pública, consta de um relatório secreto preparado pelos serviços de segurança russos (FSB) para o primeiro-ministro Vladimir Putin. Talvez por isso Putin tenha sido o primeiro lider mundial a assumir publicamente a ideia de que DSK terá sido "vítima de uma enorme conspiração americana".
Estes factos, a confirmarem-se, em nada ilibam DSK na suspeição que sobre si recai do eventual crime de assédio sexual a uma empregada do hotel mas, quem sabe, essa possa revelar-se como a pequena e ingénua ponta de um grande iceberg. A ser verdade, os serviços secretos norte-americanos, seguramente bem informados, terão sabido tirar partido das fraquezas do inimigo-alvo, aniquilando-o com eficácia cirúrgica - um pequeno crime de costumes, tão ao gosto do imaginário popular, pode bem ter contribuído para abafar crimes de contornos bem mais sérios, por eliminação de testemunha ou de prova.
Entretanto DSK prepara activamente a defesa em tribunal arregimentando já um verdadeiro "crack team" de ex-espiões da CIA, investigadores, detectives e media advisors.
The Times:
http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/us_and_americas/article5989271.ece
CNN: http://money.cnn.com/2011/06/24/news/economy/ron_paul_gold_audit/index.htm
Fox News:
http://www.foxnews.com/politics/2010/08/31/rep-paul-calls-fort-knox-audit-suggests-gold-gone/
The Daily Bail:
http://dailybail.com/home/is-gold-in-fort-knox-real-ron-paul-demands-official-audit.html
View Zone:
http://viewzone2.com/fakegoldx.html
American Free Press:
http://www.americanfreepress.net/html/fort_knox_conundrum__208.html
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A revista francesa Le Point informou que as últimas palavras de Dominique Strauss-Kahn, antes de ser transportado para fora do avião da Air France AF023 para Paris por dois detectives da New York Port Authority , foram dirigidas a uma das hospedeiras do avião "em voz alta e descaradamente" e em frente de testemunhas: "Quel beau cul!"
É certo que essa expressão soa melhor em francês do que em Inglês. Camille Clovis Trouille (1889-1975) - um decorador e pintor menor nos tempos livres , surrealista e anti-clerical - utilizou um trocadilho com esse tipo de expressão francesa para o título de um quadro seu sobre as nádegas de uma mulher nua: "Oh! Calcutá! Calcutta! ". E Kenneth Tynan usam ambos, o título e a pintura no seu show da Broadway de 1969, em que apresentava extensas cenas de nudez total, que naquele tempo se tornou o mais longo espectáculo em cena e ainda hoje é considerado o sexto espectáculo de maior duração na história da Broadway.
No entanto, a observação não é nem agradável nem encantadora, é antes mas grosseira e agressiva. DSK está sob a alçada da justiça, sub judice, e os tribunais vão decidir se ele é culpado e de quê. Mas não pode haver nenhuma dúvida, independentemente da eventual decisão dos tribunais - especialmente se for o caso, que a sua linha de defesa é a natureza de actos sexuais consentidos com a camareira de Sofitel - que ele é "um homem com um problema que pode fazer ele dificilmente capaz de dirigir uma instituição onde muitas mulheres trabalham sob as suas ordens "
. Estas são as palavras usadas por uma sua colega, com quem teve um caso, numa carta que endereçou ao Conselho Executivo do FMI em 2008. Um inquérito público externo para esse caso inocentou DSK porque não houve "assédio ", mas considerou-se que ele tinha feito "um erro grave de julgamento". O Fundo não tinha - e ainda não tem - "disposições claras e seguras para se considerarem comportamentos que possam ser considerados de má conduta" e " disposições disciplinares claras " para lidar com isto se isto ocorreu.
Infelizmente, o último erro de DSK o último pequeno erro de julgamento já teve as mais devastadoras consequências, não só para ele e para a sua família, mas também para o FMI, que nos três anos e meio do seu mandato, tinha levado a alcançar um muito maior papel e a uma muito maior escala na governança global durante a maior crise económica mundial desde 1929; para o tratamento da crise da dívida soberana na zona euro e para o futuro do euro, para as eleições presidenciais francesas em que ele era considerado um favorito que poderia levar os socialistas à sua primeira vitória desde a reeleição de Mitterand em 1988.
DSK é um keynesiano, tal como o seu economista-chefe Olivier Blanchard (MIT). Ele convenceu os accionistas do FMI para aumentar em 500 mil milhões de dólares de capital adicional, portanto, triplicando assim os seus recursos. Na cimeira de emergência dos líderes do G20 em 15 de Novembro de 2008, ele propôs e obteve, um grande estímulo fiscal à escala global, da ordem de 2% do PIB global, e promoveu igualmente uma expansão monetária Este opôs-se com diversos apelos à estratégia de saída precoce da luta contra a crise (por exemplo, a estratégia da chanceler alemã Angela Merkel e do presidente do BCE, Jean-Claude Trichet), que ele considerava prematura e, sobretudo, opôs-se à estratégia de saída colectiva considerada pelo G-8 ocorrida a 8-10 de Julho de Aquila, que teria sido um verdadeiro desastre.
Foi com ele que se repudiou o "consenso de Washington", que havia inspirado as operações do FMI nos anos 1980 na América Latina e na década de 1990 nas economias em transição pós-socialista. DSK estava bem consciente das questões de sustentabilidade da dívida, mas também estava muito consciente do impacto de austeridade fiscal sobre a pobreza e sobre distribuição. Sob s sua direcção houve a preocupação de gradualismo e para os países clientes sujeitos a programas de estabilização. Em nome do progresso traçava objectivos bem mais altos do que onde poderia chegar; por exemplo terá sido a sua argumentação para um novo papel do FMI como credor em última instância, que era inadequado, relativamente ao qual não apresentou nenhum estudo desenvolvido e que deixou cair.
A sua revolução ficou inacabada. DSK foi reconhecido como um bom diplomata, que sabia ouvir tanto o Norte como o Sul, em quem os gregos confiavam , era o único não-alemão, com influência sobre Ângela Merkel.
Ele é praticamente insubstituível. O problema com Christine Lagarde não é o caso Tapie, de que ela poderá vir a ser ilibada a 10 de Junho, mas - como Martin Wolf o escreveu no FT de 25 de Maio - mas sim o "seu conhecimento limitado da economia". DSK na sua carta de renúncia ao cargo de Director Geral do FMI terminava, de forma incongruente, com a expressão "Au revoir". Infelizmente, DSK claramente queria dizer "Adeus".
Mário Nuti, OH, Calcutà, Maio de 2011, Roma..
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