Sexta-feira, 3 de Junho de 2011

Oh estúpido, isto é a desigualdade - parte II - por Júlio Marques Mota

Júlio Marques Mota

 

Nota de entrada

 

De Wall Street escrito , com ternura,  da Main Street enviado, com  esperança, e do estrolábio ah,daqui, escutada, com temor,  a reacção de que os super-ricos da Troika este conselho não queiram mandar executar  nem, talvez,  sequer escutar. Se assim for,  é pena, cabe-nos a nós a outra resposta. Acordemos, oh, gente, é assim que acaba o artigo.

Júlio Marques Mota

 

 

Tributem-se  os ricos ou então enfrente-se  uma revolução : o delírio dos super-ricos está-nos a levar para a ruína.

 

Paul B. Farrell, MarketWatch, Wall Street  Journal

 

San Luis OBispo, Calif. (MarketWatch) — Sim, tributem-se os 1% mais ricos, os super-ricos. Tributem-se já.  Antes que os  outros 99 % restantes se levantem, desencadeiem  uma nova revolução na América, o caos social e a segunda Grande Depressão.

 

As revoluções são construídas durante longos períodos de tempo  - atinge-se a massa crítica, um simples acidente, um detonador. Então, tudo se  inflama, de repente, de forma imprevisível. Como o Egipto, que começou na página do facebook de um jovem executivo,  no Facebook da  Google . Então torna-se virose,  mudando de forma de forma incontrolável. Não pode ser parada . Aqui na América   o detonador podem ser a massa de delirantes super-ricos. " Os protestos dos trabalhadores na Inglaterra são violentos” dizem.

 

Um grupo dissidente na manifestação é acusado de partirem janelas  e atacarem a polícia enquanto dezenas de milhares protestam contra os cortes do governo.


Sabemos que os super-ricos não se importam. Não, não se importam nada  sobre  cada um de nós. Nem sobre o público americano. Eles não podem ver, não podem ouvir.  Mantenha-se apanhados pela  sua  posição na  classificação dos ricos na Forbes-400 . Estão isolados por uma câmara de eco. Eles vêem o público, como trabalhadores sem rosto, clientes, contribuintes. Vêem o poder do Partido Republicano em ascensão. A Reaganomics está de volta. Os sindicatos  estão na corrida. Vêem as  massas mal informadas como sendo facilmente manipuladas. Mesmo Obama está secretamente a trabalhar  com o Partido Republicano, nunca irá  tocar nos seus doadores super-ricos.  Sim, o delírio  dos super-ricos é de tal modo forte que está a contagiar  toda a América. 


Veja como um insider esclarecido nos descreveu este delírio dos super-ricos: "Os 1% mais  ricos vivem de modo  privilegiado, não estão preocupados com muita coisa.  As famílias passam férias nos melhores e mais caros locais . As suas maiores  preocupações estão centradas em encontrar o melhor professor de ginástica, o melhor massagista, os  melhores cirurgiões, as melhores escolas particulares. Eles não estão nada  preocupados com a degradação da base social da América ou do mundo, excepto em abstracto, porque não são directamente afectados por nada disto. Isso não quer dizer que não sejam simpáticos, conscientes ou que não falem  sobre as questões que nos trazem preocupados . Eles são amplamente empenhados nas questões ligadas à protecção e em melhorarem  a sua posição socioeconómica,  garantindo que as  suas famílias vivam bem. E nada do que eu venha a escrever sobre isto mudará as coisas. " 

Atenção, sinal de alarme em 2011, essa atitude é delirante, fatal, mas muito difundida nos Estados Unidos. 


Os super-ricos  estão a repetir os tempos de  "Great Gatsby", e talvez  só o venham a saber  demasiado tarde . 


Os nossos Top 1% sinceramente acreditam  que  estão imunes, protegidos das consequências involuntárias que estão a atingir  o americano médio desde há três décadas com o mercado livre, com as doutrinas do trickle-down dos tempos de Reagan que fizeram deles os  super-ricos. 


Eles acreditam honestamente que estas  mesmas doutrinas irão protegê-los na próxima depressão. Porquê? Porque eles têm fortunas bem escondidas . Provisões para muito tempo. Vivem em condomínios fechados guardados por  mercenários protegendo-os. 

 

Eles acreditam que vai continuar a viver muito bem numa situação de  depressão económica. Mas nós não vamos. Nem as nossas pensões de reforma . Nem o resto da América. E os super-ricos não se importam com nada disso ", excepto em abstracto, porque não são directamente afectados."


Atenção: O delírio  dos  super-ricos  levou-nos à beira de um grande precipício: Lembremo-nos  dos ruidosos anos 20? O crash de 1929? A Grande Depressão? Poucos dias antes deste desastre, um grande economista, Irving Fisher, previu que os alvores bolsistas tinham  "alcançado o que parece ser um patamar permanentemente alto".

 

Sim, foi-se apanhado  pelo  "Great Gatsby Syndrome", uma anterior versão do actual delírio dos Super-Ricos.  A  cegueira era tanta em 1929 que o presidente, Wall Street, toda a América tinha sugada ... até que a massa crítica atingiu um misterioso ponto de de calor, de ignição,  provocando o acidente.

 

Sim, estamos a reviver o passado – nunca aprendem, nunca ouvem. E estranhamente não são só os excessos do Partido Repúblicano, o Obama constantemente predisposto aos compromissos ou a excessiva arrogância incapaz de levar os banksters (banqueiros / gangsters) de Wall Street à falência, os multimilionários da Câmara de Comércio os arrogantes bilionários da Forbes 400. É toda a psique política, económica e financeira que está infectada, como se o nosso ADN, com esta lógica, à electricidade tivesse sido ligado.

 

O massa cinzenta da América está  prisioneira neste delírio dos super-ricos,  repetindo os preparativos para o novo grande crash de '29.

 

PS: continua amanhã 4/6

publicado por siuljeronimo às 20:00

editado por Luis Moreira às 00:36
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Quinta-feira, 2 de Junho de 2011

Oh estúpido, isto é a desigualdade - por Júlio Marques Mota

Oh  estúpido, isto é a desigualdade

 

Aos visitantes de estrolábrio sugiro a releitura do texto  de Farrel sobre os 1% mais ricos nos Estados Unidos e publicado pelo WSJ e sugiro igualmente  um olhar atento para os quadros que se seguem a este texto.

 

Depois  do texto de Farrel sobre o comportamento dos 1% mais ricos dos Estados Unidos , recebemos a compilação  de alguns dados da economia americana  feita por organismos oficiais  dos Estados Unidos.

 

O texto de Farrel pode, para o cidadão médio português  que anda a pagar e bem  por uma crise para a qual não contribuiu em nada e da qual não vê nenhuma saída, pode dar um  certo “ar” de muito à esquerda e merecedor de algum descrédito. Ao pensarem assim, lembro que o texto é publicado pelo  Wall Street Journal  e que eu saiba  por  aí e pela  natureza   que lhe é bem própria, a esquerda anda bem arredada. Deixemos cair então essa hipótese “de ar de muito esquerda”. Significa então que uma certa burguesia  bem esclarecida americana percebe claramente que o modelo neoliberal  em vigor pode levar  a nação americana para convulsões sociais de efeitos políticos muito complicados. o que por aqui ninguém fala.                                                                                                                                                                                                

 

Aliás, na velha Inglaterra, posição semelhante tem Martin Wolf, a  figura de proa do Financial Times, a bíblia da City, e a City, sublinhe-se, é o maior paraíso fiscal do mundo. Entretanto, por cá, a desigualdade gerada pelas políticas actuais é coisa que nem a Comissão Europeia, nem o Banco Central Europeu, nem o FMI, nem nenhum dos governos nacionais quer ver em discussão porque cada um deles afinal só pensa é  na sua eleição.  

 

As estatísticas acima referidas,   recebidas   poucos dias da publicação pelo estrolábio do texto de Farrel, ilustram  à evidência  e diríamos mesmo, milimetricamente, o artigo em questão pelo que decidimos voltar agora a publicar o referido artigo com os gráficos que elucidam a situação americana quanto às desigualdades sociais, quanto às desigualdades de  rendimento.

 

Alias ainda hoje , os dados comunicados pelo Boston Consulting Group sobre a evolução da riqueza sob gestão à escala dos países, das regiões, do mundo, diz-nos o seguinte: impulsionado pelo crescimento em quase todas as regiões, a riqueza global continuou uma sólida recuperação em 2010, com  um aumento de 8,0 por cento, ou seja de 9 milhões de milhões de dólares , para um recorde de 121.8 milhões de milhões de dólares 

 

Esse nível foi cerca de 20 milhões  acima do valor alcançado  apenas dois anos antes durante o aprofundamento  da crise financeira, segundo um novo estudo de  Boston Consulting Group (BCG).

 

A América do Norte teve o maior ganho absoluto de um mercado regional quanto ao aumento  de riqueza em activos sob gestão (Assets under management-AUM), em $ 3,6 milhões de milhões  e  a segunda maior taxa de crescimento, cerca de 10,2 por cento.

 

A crise portanto para os outros, para os países periféricos e para os contribuintes menos favorecidos de um lado e do outro do planeta, na Europa como nos Estados Unidos e estes são pura  e simplesmente a maioria dos trabalhadores. O silêncio é de ouro, enquanto as fortunas vão crescendo na razão directa  em que cresce igualmente a pobreza. Tudo isto dá que pensar!

Júlio Mota

 

Coimbra, 1 de Junho de 2011.

 

PS: continua amanhã e depois de amanhã à mesma hora

publicado por Luis Moreira às 20:00
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Sexta-feira, 15 de Abril de 2011

Otelo desiludido! Eu estou agradecido - por Luis Moreira

 

 

 

 

 

Eu bem compreendo o Coronel Otelo Saraiva de Carvalho, tivemos uma oportunidade única  para sermos um país respeitado, mais justo, mas apesar dos milhões que recebemos da UE não somos mais que um dos três países em recessão económica e para o ano vamos ser o único país em recessão em todo o mundo.( logo, cada vez mais pobre e mais injusto)

 

Somos o país mais pobre da UE, o mais desigual, o que cria menos riqueza e somos um fartote de gozo para toda a Europa. Percebo isso tudo, e a desilusão é muito grande, principalmente quando temos sido governados ´a vez por um partido que se diz socialista e por outro que se diz social-democrata.

 

Mas há muita coisa boa. Vivemos todos muito melhor que antes do 25 de Abril, a nossa esperança de vida passou de 68 anos para 79 anos, em 1974 homens e mulheres vestiam-se de preto ainda sem fazer 40 anos com a "mortalha" que os acompanharia na  grande viagem. As crianças , no verão morriam como tordos por falta de saneamento básico, hoje temos um dos índices de mortalidade infantil mais baixos  do mundo.

 

Na educação era preciso pertencer a um determinado estrato da população para ter acesso ´a escola, hoje há ensino obrigatório e a maioria dos jovens tem acesso a todos os níveis de ensino. Vivemos em democracia e não temos que olhar por cima do ombro quando emitimos opinião.

 

Não, Otelo, valeu a pena e está nas nossas mãos correr com esta pandilha que tem como primeiro emprego as "jotas" dos partidos e como segundo os gabinetes do Terreiro do Paço, ou da administração de uma qualquer empresa publica. Não e preciso fazer outra revolução, ou antes, preciso e´, mas passados uns anos estávamos na mesma, é preciso medir o mérito , é preciso deixarmo-nos de dogmas ideológicos que nos cegam, é preciso não ter medo, é preciso não nos vergarmos às corporações de interesses e profissionais que são hoje mais famintas do que nunca e que mamam o estado sem cessar..

 

E, claro, é preciso p^or freio nos dentes ao grande capital que já não recua perante os estados soberanos, destruir economias,  e mandar para o desemprego milhões de pessoas.

 

Já provamos que somos capazes de fazer isso tudo e muito mais, mas é necessário, hoje como ontem, resistir!

publicado por Luis Moreira às 13:00
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Segunda-feira, 10 de Maio de 2010

Mérito e Desigualdade

Luis Moreira

A introdução do mérito como avaliação gera desigualdades.Se as pessoas e as instituições não forem avaliadas segundo o mérito,vão ser todas mediocres (ou excelentes ) gerando o “igualitarismo”!</p>

No primeiro caso,as pessoas querem fazer melhor,produzir mais,serem melhores por forma a serem apreciadas.No segundo caso,as pessoas não têm interesse em melhorar por saberem que esse esforço não é apreciado pelos seus pares e/ou sociedade.

É por isso que haver desigualdades é uma coisa boa!

O Estado desenvolveu uma área social, com o intuito de aplanar as desigualdades ,mas fê-lo da pior maneira.Criando a partir do aparelho de Estado e da Administração Pública,uma elite que se revela egoísta,irresponsável,avessa á inovação e que se constitui como o maior entrave á criação de novas oportunidades,com evidente prejuízo de quem é menos “dotado”.

Para aplanar as desigualdades o Estado deveria criar condições para que todos os seus cidadãos,com as suas qualidades e os seus defeitos,pudessem contribuir da melhor forma, para o bem de todos.

A verdadeira questão é a desigualdade de oportunidades, em que o Estado é o principal responsável.O nosso país é disso paradigma.Temos uma Administração Pública e uma economia tutelada,com empresas públicas, semi-públicas e “apadrinhadas”que usufruem de condições

que as empresas privadas não conseguem acompanhar.Por razões de mérito?Antes fosse,mas não é. A maioria são empresas e serviços que nunca foram avaliadas.Actuam no mercado em posição dominante,se não mesmo como monopólios !

Este Estado alargado é hoje uma das principais barreiras sociais.É aqui que encontramos as elites,os filhos das élites,os netos das élites...

Enquanto não conseguirmos romper este círculo vicioso o nosso país não sairá da cauda da UE!

Então que fazer? Tal como propomos no nosso manifesto introduzir o MÉRITO como forma de avaliar a nossa contribuição para o bem comum!

Em que condições o devemos fazer para que as desigualdades geradas sejam o “humus” da competitividade, da concorrência e da criação de riqueza?

Para que as desigualdades sejam uma coisa boa,devemos prosseguir as seguintes condições :

Que a sociedade enriqueça no seu todo (acreditamos que a melhor forma de o fazer é apoiando a iniciativa privada e a economia de mercado )

Que exista uma rede de segurança social que apoie os mais pobres (acreditamos num sistema assente em dois pilares- o distribuitivo e o da poupança individual)

Que exista a oportunidade de qualquer pessoa crescer dentro do sistema (acreditamos numa educação independente do “igualitarismo” do Ministério da Educação,numa Justiça livre de corporativismos e acessível a todos, independentemente da capacidade financeira de cada um e acreditamos no abrandamento das barreiras socias)

Existindo estas três condições a desigualdade nada tem de errado,sendo potenciadora do mérito!

Ora, no caso do nosso país, o que se verifica é que sendo governada há trinta anos por um partido socialista e por outro que se intitula social-democrata (ambos com preocupações sociais) nenhuma daquelas condições foi alcançada!

Bem pelo contrário, a distância entre os mais pobres e os mais ricos é cada vez maior ,as oportunidades escasseiam á medida em que há cada vez mais gente no desemprego e a rede de segurança social vai deixando cair os mais débeis (os jovens e os idosos.)

O MMS quer tornar esta sociedade tutelada numa sociedade mais livre,mais justa e mais rica.

A chave do êxito está na introdução de políticas que potenciem a contribuição do que há de melhor em todos nós,para o bem comum!

Essa contribuição deve ser medida e avaliada segundo o MÉRITO!

Eis a ciclópica tarefa a que o MMS meteu ombros!

Em boa hora! Todos somos poucos!

PS: contribuição do autor para o congresso do MMS

publicado por Luis Moreira às 14:44
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