O desemprego entre os jovens não cessa de crescer.
Jovens são os mais afectados pelo drama do desemprego em Portugal.
Segundo os dados do INE, a taxa de desemprego entre os jovens até aos 25 anos subiu em Portugal para 27,8% no primeiro trimestre de 2011, o que se traduz em 123,9 mil indivíduos sem trabalho.
Ontem, o IEFP revelou que, em Abril, estavam inscritos 541.974 desempregados, o que representa uma quebra de 5% face ao mesmo período de 2010, e um recuo mensal de 1,8%. São números que contrariam os valores hoje anunciados pelo INE e que indiciam que muitos desempregados já não estão a recorrer aos centros de emprego.
A nova metodologia aplicada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no Inquérito ao Emprego permitiu estimar mais 55.600 pessoas à procura de trabalho. Com as novas regras, a taxa de desemprego apurada em Portugal saltou para 12,4%, o que corresponde a 688,9 mil desempregados.
Claro que o desemprego tem a ver com isto :
Clima e actividade económica pioraram até Março.
A economia portuguesa já engatou a marcha-atrás. No primeiro trimestre deste ano o indicador de actividade económica voltou a contrair, à semelhança do que já tinha acontecido no final do ano passado. Os dados revelados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística mostram uma retracção para os 2 pontos, o valor trimestral mais baixo do último ano.
Claro que há sempre resposta para tudo :
O secretário-geral do PS diz que a taxa de 12,4% para o desemprego resulta das alterações metodológicas do INE.
O líder do PS considerou que o indicador de uma taxa de desemprego de 12,4% em Portugal é resultado da nova metodologia do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da crise internacional.
Portugal ser o único pais que vai estar dois anos seguidos em recessão também deve ser culpa das novas metodologias...
O FMI reitera que o País sofrerá o segundo maior agravamento de desemprego do mundo em 2012. Pior só na Venezuela.
Júlio Marques Mota
Entrevista com Denis Fougère, director de investigação em economia do trabalho no CNRS
“O CDD não é mais um período à experiência, mas sim uma variável de ajustamento "
LE MONDE ECONOMIA | 21.02.11 |
P. A precariedade ficou estrutural?
R. Denis Fougère: Nos anos 1980 e 1990, dois fenómenos a priori contraditórios coexistiram.
Por um lado, as passagens para o desemprego (despedimentos e fins de contratos precários) tiveram tendência para seguir a curva da actividade económica: quando o ciclo conjuntural melhorava, a probabilidade era maior em permanecer com um emprego, e vice-versa.
Por outro lado, a proporção de pessoas em situação de “de precariedade ” conhecia um aumento regular e tornava-se estrutural. Já não era apenas os indivíduos que passavam pela etapa do contrato com duração determinada (CDD), mas as pessoas que alternavam, durante vários anos, períodos de desemprego e períodos de CDD não conseguindo sequer arranjar um contrato de duração indeterminada (CDI).
A sua proporção praticamente quadruplicou, passando de 2% para 3% da população activa em 1982 à quase 10% vinte anos depois . E não diminuiu.
Está-se hoje numa situação de dualismo do mercado de trabalho: uma maioria de assalariados vive numa relativa protecção, e “um núcleo duro” crescente vive cada vez mais a precarização. Pode-se doravante temer que haja cada vez mais indivíduos que não acedam, não acederão durante a sua vida profissional, a um emprego estável.
Porque é que o crescimento não é suficiente para evitar a precariedade?
Isso está em primeiro lugar ligado à utilização crescente das tecnologias. Em numerosos domínios, as máquinas substituíram os homens. A informatização em massa altera os dados do problema. A segunda causa é que as empresas francesas enfrentam uma forte concorrência internacional que tem ainda aumentado . Vivemos num mundo e numa economia mais aberta, com custos da mão-de-obra muito diferentes de um país par o outro e com os custos de transporte que se reduziram fortemente.
Qual é a parte de responsabilidade dos empregadores neste aumento da precarização ?
Constata-se que a possibilidade para os empregadores de recorrer maciçamente aos CDD pode favorecer a precariedade. As empresas não utilizam os contratos temporários como um período probatório mas como uma variável de ajustamento, sem estar a perpetuar as pessoas no emprego.
É um cálculo de muito curto termo porque as empresas não podem construir duravelmente a sua mão-de-obra. Na França, quase cinco em cada seis contratações fazem-se pois sobre um emprego dito precário.
As pessoas em contrato temporário têm dificuldade em valorizar esta experiência profissional. Não podem frequentemente adquirir direitos ao subsídio de desemprego, ou então de direitos curtos, que lhes não permitem de procurar eficazmente um emprego bem remunerado.
A ideia segundo a qual o CDD permite evitar o desemprego é contradita pelo caso espanhol, onde os empregos precários atingem cerca de um terço dos trabalhadores assalariados e onde a taxa de desemprego é uma das mais elevadas da Europa.
Dito isto, a precarização é apenas o facto de decisões unilaterais das empresas. A natureza dos empregos, a dos mercados e a concorrência internacional alteraram-se. As sociedades são confrontadas com mercados muito voláteis. Estas recorrem ao emprego precário para fazer assim enfrentar essa volatilidade , porque nada lhes permite actuar sobre mais nenhuma outra variável.
A criação de contratos ajudados suplementares que foi anunciada a 10 de Fevereiro por Nicolas Sarkozy será eficaz?
Sabe-se pelos números que o emprego ajudado é uma das formas de emprego mais “precarizantes”. Os empregos ajudados só se finalizam basicamente em contratos CDD clássicos sobre um período de desemprego, e muito menos se concluem com a obtenção de um CDI. Trata-se por conseguinte, em certa medida, de uma arma de dois gumes : retiram-se temporariamente as pessoas do desemprego, para mais tarde para aí as reenviar, de novo.
Vai-se de Charybde em Scylla : as empresas de numerosos sectores, forçadas pelos mercados, não podem fazer crescer o emprego. Favorecendo os empregos ajudados, o governo presta-lhes uma ajuda, mas favorece uma certa forma de precariedade. Isso não significa que o Estado não deva intervir, mas os contratos ajudados não resolvem o problema.
Afirmações recolhidas por Pauline Turuban
(Continuação)
1.3. Os jovens em emprego: empregos frequentemente de curta duração e às vezes de fraca qualidade
Quando estão em situação de emprego, os jovens estão frequentemente mais tempo do que os seus pais estiveram em situação de empregos precários, de fraca qualidade. Perto dos três quartos das contratações dos jovens com menos de 25 anos efectuam-se sob a forma de contrato de duração determinada. Para os jovens de menos de 30 anos, um emprego em cada quatro será do tipo CDD (contra menos de um sobre seis para o conjunto da população activa). Por outro lado, 5% dos de menos de 30 anos são temporários contra apenas 2% no conjunto da população nesta situação. O emprego de duração determinada também se refere ao emprego público, com 38% dos jovens com menos de 30 anos a trabalharem no sector público na situação de terem um contrato temporário ou um contrato ajudado, contra 14% para o conjunto dos assalariados da função pública.
É necessário contudo ter conta que muitos contratos em alternância se fazem sob a forma de CDD: nem todos os empregos em CDD são pois empregos “de fraca qualidade”.
1.4. A inserção no emprego é frequentemente marcada por ida e voltas frequentes entre emprego e desemprego.
As fases de inserção dos jovens no mercado o emprego são caracterizadas por múltiplas entradas e saídas do emprego
Devido ao acesso maioritário a empregos de duração determinada, as fases de inserção dos jovens no mercado do emprego são caracterizadas por uma forte “mobilidade”, com entradas e saídas do emprego mais numerosas que para os outros activos.
O turn-over é definido aqui como a média das probabilidades de entrada e de saída do emprego quando se está respectivamente no desemprego ou em situação de emprego. Fonte: inquérito Emprego, cálculos DG-Tesouro.
Mas se as passagens pelo desemprego são mais frequentes para os jovens, são em contrapartida menos longas do que para os assalariados mais velhos. Assim, apenas 4% dos desempregados dos 15 aos 29 anos tinham em 2009 uma antiguidade no desemprego de mais de 3 anos (e 6% entre os 25-29 anos), enquanto que eram 13% entre os desempregados de 30 para 49 anos nessa situação.
As taxas de entrada e saída do emprego são mais fortes para os jovens, e os períodos de desemprego são mais curtos. Vários factores podem para isso estar a contribuir:
- a proporção importante dos empregos curtos (CDD, temporários) no conjunto dos empregos ocupados pelos jovens traduz-se mecanicamente em passagens mais frequentes pelo desemprego ;
- a fase de inserção sobre o mercado de trabalho é, para o jovem, um período de procura de um emprego em adequação com as suas expectativas e também um período de confrontação com as expectativas dos empregadores; o ajustamento entre as esperas dos jovens e as dos empregadores pode em parte explicar a frequência das mudanças de empregos;
- menores constrangimentos ligados à vida pessoal (família, alojamento…) podem igualmente explicar uma mobilidade mais importante que para activos mais velhos.
É necessário cerca de dois anos para que uma geração veja a sua taxa de emprego e a sua taxa de desemprego estabilizar-se.
Medida a partir dos inquéritos Generation do Cereq, a taxa de emprego a seguir à conclusão da formação aumenta rapidamente: atinge 50% cerca de três meses após o fim da formação inicial, seguidamente estabiliza-se num patamar cerca de um ano e meio depois do fim da formação. A duração ao fim da qual este patamar é atingido depende da conjuntura económica, mas esta última influencia pouco o nível final da taxa de emprego.
Paralelamente, a taxa de desemprego dos jovens em função do tempo passado desde o fim da formação inicial decresce rapidamente no decorrer destes dois últimos anos . Medida em 2007 a partir do inquérito Emprego, esta taxa é de 25% para as pessoas que saíram desde há menos de um ano da sua formação inicial, seguidamente diminui em seguida de modo rapidamente dado que é de 18% para as pessoas saídas desde há um até dois anos, e é de 12,5% para as que saíram desde há 2 a 3 anos. Além disso, o decrescimento prossegue-se mas a um ritmo mais reduzido. A taxa de desemprego dos jovens permanece ligeiramente superior à da do conjunto da população, mesmo 10 anos após o fim da formação inicial.
Esta evolução ilustra que a inserção profissional é relativamente rápida para a grande maioria dos jovens (menos de dois anos), mas que para alguns deles a inserção permanece duravelmente difícil.
O acesso ao primeiro emprego é relativamente rápido, mas o acesso ao emprego duradouro pode levar vários anos
De acordo com o inquérito do Cereq sobre a geração 2004, “pelo menos metade dos jovens acedem ao seu primeiro emprego em menos de três meses após o fim da sua formação inicial. No entanto, uma parte significativa dos diplomados e dos titulares de um CAP ou de um BEP leva mais tempo mais a encontrar um primeiro emprego.
Só em 30% dos casos é que este primeiro emprego não é um CDI. E 38% dos primeiros empregos são CDD, 19% dos contratos de trabalho temporário e 9% são contratos ajudados. Em 20% dos casos, trata-se de contratos a tempo parcial.
(Continua)
INTRODUÇÃO
Enquanto que os efeitos da crise sobre o emprego estão ainda bem visíveis, com uma taxa de desemprego que, mesmo tendo diminuído ligeiramente, atingiu os 9,3% no 3º trimestre de 2010, ou seja 2,2 pontos a mais do que no ponto baixo do primeiro trimestre de 2008 (7,1%), a situação dos jovens sobre o mercado de trabalho aparece nitidamente mais degradada, dado que a taxa de desemprego dos jovens dos 15 aos 24 anos passou sobre o mesmo período de 17,7% para 24,2%.
Estes números recentes confirmam a que ponto a situação dos jovens no mercado do emprego é sensível à conjuntura económica. Estes lembram também, em comparação com os do conjunto da população, que a inserção dos jovens no emprego é um processo complexo, frequentemente sinónimo de desemprego e de precariedade.
Neste contexto, a questão do emprego dos jovens aparece naturalmente como uma questão prioritária para os parceiros sociais e para o Governo que anunciou a sua intenção de lançar novas acções em prol do emprego dos jovens.
A taxa de desemprego dos jovens (menos de 25 anos) está em França a um nível elevado desde o final dos anos 70. Desde esta data, com efeito, a taxa de desemprego dos menos de 25 anos representa cerca de dobro da taxa de desemprego do conjunto da população, às vezes mais em período de recessão ou de crescimento fraco ; nunca desceu abaixo dos 15% desde 1982; está hoje, em período de crise, a um nível nunca atingido anteriormente (24,2% no terceiro trimestre 2010).
O simples gráfico acima dá já a ideia dos dois fenómenos características do desemprego dos jovens:
- o nível de desemprego dos jovens não deixa de estar relacionado com o nível de
desemprego do conjunto da população ;
- o desemprego dos jovens é caracterizado por uma sensibilidade à conjuntura
económica mais marcada que o resto da população : aumenta mais rapidamente que o dos outros activos em período de recessão ou de fraca taxa de crescimento e diminui também mais rapidamente em período de retoma económica
Os gráficos seguintes dão uma visão esclarecedora da situação dos jovens perante a formação inicial e o mercado de trabalho, de acordo com a idade e o sexo.
Actividade e estudos iniciais por idade e por sexo em 2009
Falar da taxa de desemprego dos jovens de maneira geral e compará-la com a taxa de desemprego dos mais de 25 anos sem estar a tomar mais precauções, é pois querer assumir o risco de passar ao lado da especificidade dos jovens, ou seja, de um estado de transição entre a formação inicial e o trabalho; é também assumir o risco de considerar que os cerca de 11 milhões de jovens de idade entre os 15 e os 24 anos na França formam um grupo homogéneo, sem distinções de percursos escolares, de origens (sociais, geográficas ou étnicas), ou sem distinção de idade de chegada ao mercado de trabalho, o que é evidentemente um non-sens.
A primeira necessidade para descrever o desemprego dos jovens é portanto dever ter em conta de modo mais detalhado a realidade da situação dos jovens face ao emprego e à multiplicidade das trajectórias de inserção profissional.
(Continua)
Carta enviada a diversos jornais sobre o texto abaixo relativo ao desemprego na juventude portuguesa e à ausência de mecanismos de controle e de apoio aos nossos jovens licenciados. Os documentos falam por si e que haja alguém neste país que fale por eles, pelos nossos estudantes e a favor deles. Vale a pena relê-los de novo agora na versão integral.
O presente trabalho aqui apresentado, fruto de circunstâncias e de vários azares de outros muito mais novos que eu e cujas situações aqui se retratam, foi concluído a 12 de Fevereiro. Quis o acaso também que no dia 13 o jornal Público venha com uma grande reportagem sobre a geração actual de licenciados. Coisas independentes, portanto. Neste meu texto de acasos e azares feito e sem nenhuma pretensão a querer ter, creio que num detalhe, pelo menos nesse, vem dar uma outra dimensão à muito boa reportagem sobre a geração a que se refere o trabalho dos Deolinda: aqui e agora é mesmo necessário ir para além do espelho de Alice, não basta estar-lhe junto, atingir o seu limite, não, é necessário ir para além dele, é necessário ir para dentro da realidade que os apontamentos pelos alunos a mim deixados nos dão a entender: quando se fala de licenciados recentes agora empregados não se fala do ajustamento ou do desajustamento entre o que da formação que é adquirido e o posto de trabalho que foi conseguido. E disso também é preciso saber. Se é o que pensamos, se o que os documentos nos mostram tende a ser geral, não tenhamos então dúvidas, estamos a arrasar uma grande parte desta geração que para nada disto está preparada. e possivelmente e por essa mesma razão a deixá-la depois irrecuperavelmente desamparada. E é também aqui que Bolonha se transforma num verdadeiro desastre.
Tomo a liberdade senhores jornalistas de vos propor que partam o espelho de Alice e nos devolvam à luz da realidade e das nossas consciências o que de trágico a esse nível se estará a passar e ao mesmo tempo também a silenciar.
De como vai o mercado de trabalho para os licenciados deste país, para os licenciados de Bolonha, pois estes casos referem-se a três jovens recém-licenciados, e uns embaraçados comentários que se lhes seguem.
Um documento em duas partes portanto. Na primeira parte colocamos testemunhos de vários licenciados a entrarem no mercado de trabalho, o seu primeiro contacto com o mundo dos empregadores. Uma segunda parte que consta de uns comentários desajeitados por causa da brutalidade do que nos testemunhos anteriores é exposto. Face a estes depoimentos, face à violência não visível ao público a que cada um dos nossos estudantes, indefesos, está sujeito, nunca senti tanta dificuldade em escrever, apenas tinha vontade de não me mexer, ficar parado, a olhar, de olhar vazio para o ecrã do computador. Leiam, vejam, indignem-se. Sublinhe-se que vários nomes de empresas, mesmo subcontratadas, são fictícios, apenas mantivemos os nomes correctos quando se trata de empresas bem conhecidos do público.
A) Vias de desemprego, os relatos
Primeiro Candidato a emprego
Empresa Ganhar Desafios pertencente ao Grupo KF
Actividade Comercial - Comercial porta a porta, door-to-door.
Venda de telefones Optimus Remuneração de base - ZERO; Apenas comissões variáveis portanto com as vendas.
Deslocações de serviço. No meu carro pessoal e caso fosse com outros colegas nas suas viaturas teria de dar 5€ ao proprietário da viatura por dia.
Preparação para actividade : Depois da entrevista tive um dia de formação no terreno, para dar a minha resposta final
Resultado desta oferta de emprego:
Não, não aceitei, porque os métodos de venda que presenciei não me pareceram eticamente recomendáveis . Como ideia: grande maioria do nosso público-alvo contactado, eram pessoas acima dos 65 anos de idade. Pessoas fragilizadas, sem qualquer hipótese de defesa, com baixas reformas, a viver em aldeias bastante afastadas dos centros urbanos, às quais eram ocultadas informações importantes, ou eram fornecidas falsas informações.)
Segundo candidato a emprego, uma outra empresa,
Empresa de recrutamento Os Talentosos, e o local de trabalho era a Portugal Telecom
Actividade : Comercial door-to-door, sobre venda de telefones, internet e televisão
Na entrevista de selecção foi-me devidamente explicado que antes da resposta final iria ter um dia de formação no terreno.
Na hipótese de aceitar , a minha remuneração seria da seguinte forma, a partir somente do segundo mês, pois havia um mês para formação profissional:
SMN (pago pela empresa de recrutamento) + subsídio de refeição e comissões (pagas pela PT)
Aceitei, uma vez que tudo me pareceu profissionalmente muito limpo em que se apresentavam todas as condições dos serviços. E devemos sublinhar que o público-alvo contactado era bastante amplo.
1º mês era de formação profissional
- frequentar curso de formação profissional nas instalações da PT, 8h por dia.
- caso ocorra algum imprevisto (alheio à empresa de recrutamento) que impeça a frequência (a minha) ou que implique alteração de local ou horário do curso, não me seria conferido a qualquer título o direito de indemnização
- a minha admissão ficaria dependente do meu aproveitamento até ao final do mês de formação.
-apesar de poder ficar com um contrato de trabalho a 6 meses, este seria mensalmente sujeito a reapreciação face à quantidade de contratos de serviços vendidos e seria despedido se esta ficasse abaixo dos objectivos previamente marcados. E assim se transforma um contrato de 6 meses renováveis em contrato mensal renovável.
- até ao final da formação não poderia desempenhar trabalho subordinado
- seria pago um valor inferior a 3€/hora, que apenas seria processado se obtivesse bom aproveitamento e se permanecesse na empresa pelo um período mínimo de um mês após a conclusão do curso.
Este mês de formação profissional, na realidade consistiu em ir para o terreno no carro da empresa vender porta a porta, door-to-door, como se eu já fosse um comercial normal.
De como vai o mercado de trabalho para os licenciados deste país, para os licenciados de Bolonha, pois estes casos referem-se a três jovens recem-licenciados, e uns embaraçados comentários que se lhes seguem. A) Vias de desemprego, os relatos Primeiro Candidato a emprego Empresa Ganhar Desafios pertencente ao Grupo KF Actividade Comercial - Comercial porta a porta, door-to-door. Venda de telefones Optimus Remuneração de base - ZERO; Apenas comissões variáveis portanto com as vendas. Deslocações de serviço. No meu carro pessoal e caso fosse com outros colegas nas suas viaturas teria de dar 5€ ao proprietário da viatura por dia.
Preparação para actividade : Depois da entrevista tive um dia de formação no terreno, para dar a minha resposta final Resultado desta oferta de emprego: Não, não aceitei, porque os métodos de venda que presenciei não me pareceram eticamente recomendáveis . Como ideia: grande maioria do nosso público-alvo contactado, eram pessoas acima dos 65 anos de idade. Pessoas fragilizadas, sem qualquer hipótese de defesa, com baixas reformas, a viver em aldeias bastante afastadas dos centros urbanos, às quais eram ocultadas informações importantes, ou eram fornecidas falsas informações.) Segundo candidato a emprego, uma outra empresa, Empresa de recrutamento Os Talentosos, e o local de trabalho era a Portugal Telecom Actividade : Comercial door-to-door, sobre venda de telefones, internet e televisão
Na entrevista de selecção foi-me devidamente explicado que antes da resposta final iria ter um dia de formação no terreno. Na hipótese de aceitar , a minha remuneração seria da seguinte forma, a partir somente do segundo mês, pois havia um mês para formação profissional: SMN (pago pela empresa de recrutamento) + subsídio de refeição e comissões (pagas pela PT) Aceitei, uma vez que tudo me pareceu profissionalmente muito limpo em que se apresentavam todas as condições dos serviços. E devemos sublinhar que o público-alvo contactado era bastante amplo. 1º mês era de formação profissional - frequentar curso de formação profissional nas instalações da PT, 8h por dia. - caso ocorra algum imprevisto (alheio à empresa de recrutamento) que impeça a frequência (a minha) ou que implique alteração de local ou horário do curso, não me seria conferido a qualquer título o direito de indemnização - a minha admissão ficaria dependente do meu aproveitamento até ao final do mês de formação. - até ao final da formação não poderia desempenhar trabalho subordinado - seria pago um valor inferior a 3€/hora, que apenas seria processado se obtivesse bom aproveitamento e se permanecesse na empresa pelo um período mínimo de um mês após a conclusão do curso. Este mês de formação profissional, na realidade consistiu em ir para o terreno no carro da empresa vender porta a porta, door-to-door, como se eu já fosse um comercial normal.
(Enviado por Júlio Marques Mota)
Poucas instituições do mercado de trabalho são mais controversas que a regulamentação da protecção no emprego.
As empresas não só se queixam do custo directo, mas mais ainda da incerteza, dos prazos introduzidos por uma regulamentação que eles apreendem como pesada, complexa e, muitas das vezes, arbitrária. A protecção no emprego, afirmam elas, impede-as de reagir eficazmente aos ajustamentos tecnológicos e às variações da procura que caracterizam a economia moderna. Isto, por sua vez, diminui a sua competitividade e dissuade a criação de empregos.
Os trabalhadores, por seu lado, insistem sobre o custo humano do desemprego. A protecção no emprego é necessária, afirmam eles, para obrigar as empresas a terem em conta este custo, quer quando pensam despedir trabalhadores ou quando pensam fechar uma fábrica.
Apanhados entre a pressão dos trabalhadores a das empresas, os governantes europeus agiram muito timidamente, procurando fazer reformas politicamente aceitáveis. Na maioria dos países, estas reformas assumiram a forma duma extensão do papel dos contratos temporários, contratos a partir dos quais as regras de separação são simples e relativamente pouco custosas.
Esta solução parece, à primeira vista, hábil, tanto política como economicamente. Politicamente ela mantém um elevado nível de protecção dos trabalhadores empregados e não provoca necessariamente a sua oposição. Economicamente, a facilitação ao recurso a contratos temporários oferece às empresas mais flexibilidade no seu ajustamento às condições de mercado, em constante variação.
Mas, depois de quase duas décadas de experimentação em diversos países da Europa, os efeitos destas reformas parecem muito menos favoráveis do que se poderia esperar. A existência de duas classes de trabalhadores (os que têm contrato permanente e os que têm contrato temporário) desembocou num mercado de trabalho cada vez mais dual e desigual.
As empresas estão pouco dispostas a manter os trabalhadores no final do seu contrato temporário, porque isso implicaria mudar o seu «estatuto e conceder-lhes uma protecção no emprego elevada. O resultado, bem visível nos números, é que os que recentemente chegam ao mercado de trabalho passam por uma série de empregos sem perspectivas de futuro e alternados com períodos de desemprego antes de conseguirem um emprego estável. Uma experiência que não é certamente a melhor forma de começar a sua vida profissional. Dum ponto de vista político, o alto nível de protecção de que continua a beneficiar a maioria dos trabalhadores e a flexibilidade acrescida de que dispõem as empresas diminuem a pressão para uma reforma coerente e sistemática.
Que forma assumiria esta reforma? A resposta é simples. Quando pensa despedir alguém, uma empresa deveria ter em conta os custos sociais desta sua decisão. Em especial os subsídios de desemprego que o Fundo de Desemprego deverá pagar ao empregado. E, depois, sobretudo para os empregados desde há muito tempo na empresa, isto implica igualmente que se devem também ter em conta os custos psicológicos associados à perda de um emprego de longa duração.
Como é que se poderia pôr a funcionar este tipo de “contabilidade social”? De novo, a resposta é simples. Se uma empresa despede um empregado, ela deveria pagar um imposto sobre os despedimentos igual, pelo menos, aos subsídios que serão pagos ao empregado despedido; para compensar os custos psicológicos deveria pagar indemnizações proporcionais ao tempo de trabalho do empregado.
Em troca, se, sob estas condições, uma empresa decide despedir alguém, ela deve ser livre de o fazer. Por outras palavras, se as empresas consideram mais rentável destruir um posto de trabalho ou mesmo fechar uma fábrica depois de terem pago os custos sociais da sua decisão, não tem sentido manter este emprego ou a fábrica em actividade.
Como é que estes princípios se comparam à protecção no emprego tal como existe na realidade? A resposta varia de um país para outro, mas o caso da França é representativo.
Em França, as contribuições para o Fundo de Desemprego são pagas pelas empresas, através de um imposto baseado na massa salarial, e não por um imposto baseado nos despedimentos. Isto significa que as empresas que despedem um maior número de empregados não pagam mais do que aquelas que despedem pouco. Isto é um erro: as empresas que despedem mais deveriam pagar mais.
Ao mesmo tempo, o processo judicial desempenha um papel muito importante. Os tribunais de trabalho são os juizes últimos do bem-fundado de uma decisão de despedimento. Esta situação é igualmente inaceitável: não somente ela desemboca sobre um processo longo, mas também não há nenhuma razão para pensar que os juizes tenham a competência económica e o conhecimento da empresa necessários para tomarem as boas decisões.
Assim, a reforma da protecção no emprego deve incidir em dois níveis, ambos essenciais. Ela deve ser acompanhada, por um lado, por uma mudança de financiamento (o imposto sobre o salário deveria ser substituído por um imposto sobre os despedimentos) e, por outro, por uma diminuição do papel desempenhado pelos juizes. Os juizes devem assegurar-se que as regras são cumpridas, mas se uma empresa está pronta a satisfazer as regras administrativas, a pagar as indemnizações dos despedimentos, ninguém deveria ter o direito de pôr em causa as suas decisões.
A passagem de um imposto sobre a massa salarial a um imposto sobre os despedimentos será ela complicada? Ironicamente a resposta encontra-se nos EUA, em que o financiamento do Fundo de Emprego é, de facto, assegurado pelos impostos sobre os despedimentos. A generosidade do sistema americano (e consequentemente a carga dos impostos sobre os despedimentos) é limitada. Os subsídios e os impostos seriam mais elevados na Europa, mas o sistema americano indica que isto pode ser feito.
Uma tal reforma é ela politicamente possível? Eu penso que sim. Os impostos mais elevados sobre os despedimentos, que obrigariam as empresas a pensarem duas vezes antes de despedir, seriam bem acolhidos pelos trabalhadores, enquanto uma regulamentação mais flexível e mais previsível das relações de trabalho seria seguramente melhor acolhida pelas empresas. A via política é estreita, mas ela existe. E os efeitos favoráveis, simultaneamente económicos e sociais, seriam substanciais.
Olivier Blanchard, “Oui, les licenciementos doivent être taxés”, Le Monde de 27 de Janeiro de 2004.
Olivier Blanchard é professor de Economia no Massachusets Institut of Technology (MIT).
. Ligações
. A Mesa pola Normalización Lingüística
. Biblioteca do IES Xoán Montes
. encyclo
. cnrtl dictionnaires modernes
. Le Monde
. sullarte
. Jornal de Letras, Artes e Ideias
. Ricardo Carvalho Calero - Página web comemorações do centenário
. Portal de cultura contemporânea africana
. rae
. treccani
. unesco
. Resistir
. BLOGUES
. Aventar
. DÁ FALA
. hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
. ProfBlog
. Sararau