A demissão do Governo Sócrates - para quem acompanhava a situação político-econômica de Portugal, mesmo de longe, como é o meu caso - não provocou uma grande surpresa. Uma sensação de desilusão, isto sim. Certamente a posição do atual Governo socialista, desde o seu começo, não era das mais cômodas: minoritário em sede parlamentar; antogonista do Poder central guiado por uma política social-democrática que parece se perdida nos tempos, se por acaso jamais tenha existido. Porém, os problemas do Governo não se limitava tão somente a esses impecilhos. Tinha alguma coisa de mais profundo, algo de mais denso, vindo de dentro de si mesmo e alimentado por outras razões que lhe chegavam do exterior. Este algo eu, que desde sempre desejei ver na guia dos países democráticos a política socialista mais moderna possível, me via turbado por uma tendência geral dos governos socialistas europeus, ou das lideranças socialistas quando não diretamente na guia dos governos, tendência esta que inicialmente me parecia difícil definir.
Mas, com o continuar da minha indagação logo encontrei a explicação da razão das minhas intranquilidades. Tudo porque se via que as diversas lideranças socialistas, a partir de determinado momento da história contemporânea, e na política e no plano econômico, ia lentamente perdendo a sua identidade, num retorno que logo se revelou quase senil, às idéias liberais. Surgia assim o socialismo-liberal que, entretanto, não bebia das maiores lições históricas do liberalismo, mas se servia tão somente daquele liberalismo típico de um tempo que não sabia encontrar valores senão nas razões do mercado e do interesse dos grupos internacionais. O socialismo-liberal, principalmente a partir da explosão da recente Crise Econômica Internacional, poderia ter trazido para Portugal, assim como para outros países europeus, uma social-democracia avançada. Mas isto não aconteceu, a não ser em casos esporádicos, uns acabados como o de Blair, outros sempre em luta para não sucumbir definitivamente, como o de Zapatero. Infelizmente para Portugal, Sócrates não soube encontrar pelo menos a melhor estrada social-democrática. Hoje a situação é grave, como se sabe, ainda que muitos procurem escondê-la.
Haja vista, logo depois das decisões tomadas pelo último Conselho Europeu para o futuro da Comunidade, as resoluções da Standar&Poor’s (S&P) que rebaixa Portugal, quanto a categoria investimento, da anterior BBB àquela BBB-, o que quer dizer, apesar das contínuas negações de Sócrates, que o País deve pedir imediata ajuda à CE e ao FMI. A novidade é a imediata presença brasileira, através do Presidente Dilma Rousseff que declara estar o Brasil pronto a ajudar Portugal a sair da posição de grande devedor. E igualmente, creio que vem para ser escutada, a advertência do ex-presidente Lula que adverte Portugal a não cair nas mãos do FMI, e a ponderar muito sobre pedidos de ajuda a uma quase sempre inoperante, em casos semelhantes, CE. Quanto ao ambiente italiano, a não ser em breves notícias da sua melhor imprensa, a caída do Governo de Sócrates não causou maiores motivos de análises. Será porque, neste momento, a Itália se vê entre duas realidades: uma, aquela que vive e paga pela crise geral; a outra, a de um populismo político ao poder que sabe somente mostrar um mundo que não existe àquele que em outras épocas foi um povo tendente principalmente à realidade, ainda que a mais crua.
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