Domingo, 3 de Julho de 2011

A impossibilidade material de pagar a dívida - uma explicação realista de quem não "tapa o sol com a peneira"

Apresentamos a seguir um texto, enviado por uma pessoa nossa amiga, que aborda um ponto muito concreto e determinante da situação em que vivemos, dando uma opinião muito clara sobre as opções a tomar no curto prazo. É mais um contributo para a discussão, que esperamos que seja franca, intensa e muito participada, mas também cordial e serena.

Pagar a dívida é ser egoísta <http://ingenea.gualter.net/?p=355>  / A impossibilidade material de pagar a dívida <http://ingenea.gualter.net/?p=355>
Tuesday, 31 May, 2011
 <http://ingenea.gualter.net/?p=355>  


Publicado em Economia <http://ingenea.gualter.net/?cat=10> , Polí­tica <http://ingenea.gualter.net/?cat=7>  | 

A tentativa de  pagar a dívida, ainda que renegociada, poderá vir a figurar entre um dos  actos de maior egoísmo da história portuguesa. A narrativa em que  assenta esta afirmação não se baseia tanto numa questão subjectiva de  legitimidade, mas sim na impossibilidade material do seu pagamento e nas  consequências sócio-ecológicas de tal gesto.

As teorias económicas que sustentam o pensamento político actual, da  direita até à esquerda foram concebidas durante um período de expansão económica, associado ao aparecimento de fontes de energia com uma  qualidade e intensidade extraordinárias – o carvão e, posteriormente, o petróleo e o gás natural. É a capacidade de utilizar estas energias no  processo produtivo que abre espaço à industrialização, assente numa transformação profunda do trabalho e da cultura geral, resultando num  enriquecimento da burguesia (cada vez mais ampla) e na expansão espacial do capitalismo.

Marx fez um excelente trabalho de análise dos processos do capitalismo.  Ao mesmo tempo que lhe lança louvores – sobretudo pela sua capacidade de  romper com as dinâmicas do sistema feudal – aponta as suas  contradições, que inevitavelmente geram a divisão de classes e o  acentuar da exploração das classes trabalhadoras pela burguesia  detentora do capital. Não vou aqui entrar em detalhes sobre a  actualidade e utilidade de tal análise ou divisão nos tempos  contemporâneos, apesar de a considerar útil e relevante em muitos  contextos, além de conter conceitos, como o fetichismo das comodidades,  que são fundamentais para compreender como se estimulam hábitos de  consumo insustentáveis e até irracionais. Contudo, o pensamento marxista (salvo algumas excepções, como o caso de marxistas verdes como John  Bellamy Foster), em particular a teoria económica sofre das mesmas  limitações do que a economia neoclássica ou outras teorias económicas  associadas ao capitalismo: os seus pressupostos, válidos num contexto de expansão suportado por uma abundância energética crescente, deixam de o ser quando entramos num período de contração, marcado designadamente  pelo pico do petróleo e de muitos outros recursos.

Frederick Soddy, um radiologista galardoado com o Nobel da Química,  escreveu, em 1926, um famoso livro intitulado Wealth, Virtual Wealth and Debt. O ponto central de Soddy era bastante simples: é fácil, para o  sistema financeiro – que representa uma esfera da economia totalmente virtual – aumentar as suas dívidas (privadas ou públicas) através de uma expansão de crédito. Esta expansão de crédito confunde-se com uma geração real de riqueza, o que aliás se tornou  bastante claro na actual crise. Soddy alerta para o facto de que a  velocidade a que o sistema financeiro se expande está totalmente  desfasada da capacidade de a economia “real” (produtiva, actualmente  medida pelo PIB) gerar riqueza para repagar as dívidas. Tal sucede  devido ao facto de a produção estar dependente do seu sustento material e  energético, onde o ritmo de crescimento é distinto e limitado, em  particular, pela velocidade dos ciclos dos ecossistemas e que, por sua  vez, estão limitados pela capacidade de aproveitamento da energia  (essencialmente solar) que atinge a atmosfera terrestre.

A expansão industrial e o aparecimento de um capitalismo capaz de  crescer exponencialmente, só foi possível devido à descoberta de combustíveis fósseis, que não são mais do que energia solar acumulada  numa escala de tempo geológica e armazenada graças a fenómenos biológicos e geológicos muito particulares. A sua extracção e uso  permitiram desenvolver as sociedades abundantes do ocidente, sobretudo, uma classe média planetária capaz de disseminar (supostas) democracias e de estabilizar uma hegemonia de pensamento, independentemente dos seus problemas e contradições. Foi também esta abundância energética que  permitiu a construção de um dos mais ambiciosos projectos da Humanidade, o Estado Social, capaz de garantir condições de vida dignas para  qualquer cidadão de um estado-nação. O Keynesianismo, transformado em  modelo para um crescimento económico de longa duração, permitiu  sustentar e alargar o Estado Social, e alimentar o crescimento económico e transformar sociedades ocidentais numa quase omnipresente classe  média. Contudo, teve uma moeda de troca: um endividamento crescente, ao  ponto de se ter tornado insustentável. A insustentabilidade da dívida  não ocorre apenas ao nível dos estados-nação. Ela é verdadeiramente  insustentável à escala global e esse é, aliás, uma das razões pelas  quais as economias mais vulneráveis e periféricas são submetidas à  pressão internacional especulativa. Alguém tem que ceder, para que  outros continuem a crescer (até quando é outra questão).

A situação geopolítica de Portugal – e da própria Europa, ou mesmo dos  EUA – está longe de permitir a continuação da usurpação crescente de recursos planetários. As economias dos BRIC crescem como nunca antes visto e, tratando-se de territórios bastante vastos e povoados, é natural que não sobre para todos. O pico do petróleo está aí – e traz a  acompanhá-lo a escassez de uma série de outros recursos, desde as terras raras, até ao fósforo. Ignorar isso e continuar a aplicar as mesmas  teorias dos tempos de abundância, é como ter um elefante a caminhar na direcção de um abismo, pensando que a força da sua mente pode contrapôr a  lei da gravidade. Neste caso não é a lei da gravidade que está a ser  ignorada, é a segunda lei da termodinâmica, o princípio da entropia, a  seta do tempo. A crescente incidência de conflitos ecológicos e sociais nas periferias e a recente Primavera Árabe, são sinais de que esses  povos não estão dispostos a ser crescentemente expoliados. A cada avanço das fronteiras dos recursos, há uma reacção cada vez maior.

Perante esta situação, discutir os contornos e a legitimidade da dívida <http://www.esquerda.net/opiniao/extremismo-de-gravata>  torna-se relativamente secundário. Sim, é imoral que nos façam pagar <http://acampadalisboa.wordpress.com/2011/05/30/paguem-nos-o-que-nos-devem> , com juros  especulativos e nacionalizações de bancas corruptas <http://5dias.net/2011/05/31/assembleia-popular-de-hoje-a-mais-importante/> . Contudo, ainda que  essa dívida fosse totalmente legítima, ela seria, ainda assim,  impagável. Tal pagamento não depende de uma maior ou menor produtividade  laboral. Na verdade, se bem feitas as contas, aumentar a produtividade  decorre de duas coisas: a exploração laboral (aumento da carga horária,  redução de salários, aumento da idade de reforma, redução do tempo de  educação, etc.) e, sobretudo, a exploração dos recursos materiais e  energéticos capazes de sustentar essa produção. Isto é, ir buscar, com  termos de troca mais favoráveis, coisas que não existem cá (nem em  Portugal, nem na maioria do território europeu). Para usar palavras  sinceras, aumentar a pilhagem colonialista, ou Raubwirtschaft (economia  de pilhagem), como enunciaram géografos franceses e alemães do  final do séc. XIX.

Hoje, pagar a dívida significa acentuar a exploração neocolonialista ou  hipotecar as gerações futuras. O mais provável é que ambas aconteçam: na  tentativa absurda de aumentar o PIB a níveis que permitam pagar uma  dívida com juros muito acima de 3% (o que nem a melhor das previsões  económicas prevê como crescimento para os próximos anos), aumentará a  pressão sobre os recursos do país e do exterior – sendo de esperar uma  pressão particularmente forte sobre os PALOP (que aliás já se verifica  nalguns campos como as plantações florestais industriais ou os  agrocombustíveis). O resultado disso será apenas uma deterioração da  base material da economia nacional e global e um aumento progressivo do  valor da dívida – a que se associa a renegociação, geralmente  condicional (sinónimo do fim da democracia ou da ditadura financeira).

Pagar a dívida é, por isso, o acto mais egoísta que se pode ter, quer para com os povos de todo o mundo, quer para com as gerações mais novas e  que nos seguirão.

 <http://ingenea.gualter.net/wp-content/uploads/ingenea/2011/05/hp_world_peak_2005.png>

A famosa curva de Hubbert, que descreve aproximadamente o pico do petróleo. As teorias económicas que sustentam as decisões políticas actuais foram construídas na fase ascendente da curva.

Para maior detalhe técnico e histórico, recomendo a leitura deste artigo  de Joan Martinez-Alier <http://www.eoearth.org/article/Herman_Daly_Festschrift:_Socially_Sustainable_Economic_Degrowth> , o qual usei como inspiração para esta breve  abordagem à questão da dívida. Mais seguirão, se o tempo o permitir.
Fonte:  http://ingenea.gualter.net/

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publicado por João Machado às 17:00
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Quarta-feira, 16 de Março de 2011

Tripolias - por Augusto Gil

 

 

 

Os cartoonistas, tal como os humoristas, têm esta capacidade de resumir tudo a uma só frase .

 

publicado por Luis Moreira às 22:00
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Quinta-feira, 10 de Março de 2011

Troca de dívida "azul" e da dívida "vermelha" por reformas por Júlio Marques Mota

Os tecnocratas  falam: Um texto a ler, um texto a pensar e a perguntar o que  andaram as Instituições Europeias a fabricar nesta Europa que aos abutres dos mercados financeiros agora querem entregar.

JMota

Europa: troca da dívida “azul” e da dívida “vermelha” contra reformas
Jacques Depla, Sciences Po, Paris

 

Versão alongada da versão publicada em Les Echos em 10.0.2010.

 

A crise actual dos países da Periferia da zona euro (Grécia, Portugal, Espanha, Itália, Irlanda - a que chamo aqui os `Perifs', i.e. um terço do PIB da zona euro) exige  ao mesmo tempo  reformas orçamentais, mas sobretudo as reformas de competitividade e de crescimento. Para lhe dar  tempo e possibilidades de ter sucesso, proponho uma troca da dívida pública destes países decomposta em dívida sénior Azul, de hierarquia superior e dívida júnior Vermelha, sem pagamento de juros  durante o período de reformas (10 anos), sob condição de reformas essenciais.

A crise actual da zona euro é primeiramente  e sobretudo uma crise de competitividade dos países periféricos,  onde  os preços, salários e custos aumentaram muito mais que a sua produtividade, dando origem a défices da balança dos pagamentos de 10% do PIB - o que são  níveis insustentáveis. Estes défices foram permitidos por empréstimos maciços contraídos no resto da zona euro, sob forma de dívida pública e privada (o que deram a ilusão de crescimento  e de  riqueza), e que hoje os investidores hesitam cada vez mais em  refinanciar. Desde 1998, os Perifs  viram  os seus custos salariais unitários aumentar de 40% (Espanha, Itália) de 57% (Grécia), contra +2% na Alemanha. Idem para os seus preços à exportação, que aumentaram de 20% (Portugal) de 35% (Espanha, Itália) e mesmo de 45% (Grécia) a mais do que na Alemanha desde 1998. É aqui que está  a raiz da crise actual: os perifs são hoje demasiado caros! Os mercados sabem que vão ter que  ajustar os seus preços de cerca de -25% e estão cada vez menos dispostos  a refinanciar a sua dívida enquanto não se este tipo de ajustamento. Porquê investir em dívida espanhola (pública ou privada), enquanto a taxa de desemprego é já de 20% antes mesmo da contracção orçamental e enquanto que a Espanha deve ainda reduzir os seus custos na ordem de 25%? É desta realidade que os líderes da UE e o seu plano europeu de 750 mil milhões não tratam.
 
O ajustamento feito excusivamente através do orçamento de cada Estado  não será suficiente. Deverão   estes países serem  acompanhados por fortes programas de crescimento (reformas pelo  lado  da oferta) e redução nos preços e nos salários. Sem isto,  estes países  não poderão permanecer de modo duravel  na zona euro, porque não poderão  indefinidamente estarem a  financiar défices externos tão garndes. Os mercados  sabendo-o  precipitar-se-ão rapidamente sobre os seus incumprimentos e pela  sua saída da zona euro. Resumidamente, sem empenhamentos  credíveis  a partir de hoje para  reformar maciçamente a sua competitividade, os mercados não continuarão a financiar  mais este conjunto de países  que então, apesar do FMI e da UE, correm o risco de terem de deixar a zona euro e de faltar ao cumprimento sobre as suas dívidas privadas e públicas. Como evitar tudo isso?

Em primeiro lugar, as reformas nestes países vai exigir  de 5 a 10 anos. Trata-se bem aqui de revolucionar o seu sistema económico. Para retomar André Sapir (Globalisation and the Reform of European Social Models, BRUEGEL, 2005), o modelo económico e social Mediterrânico, assenta em fraca concorrência, em rendas, fraca inovação e com um  Estado social injusto e mal orientado, . A escolha para os países Mediterrânicos será então optar por um modelo  Anglo-saxão eficaz e pouco justo , ou um modelo eficaz e justo, mas com muitos impostos (modelo Escandinavo). É ilusório acreditar  que este ajustamento se  pode fazer  em 3 anos como diz o FMI para a Grécia. Como por conseguinte comprar então tempo para efectur  as reformas necessárias?

 

A minha ideia aqui é combinar reformas essenciais da oferta, com ajustamentos dos orçamentos e da competitividade, o todo com uma reestruturação voluntária e um alongamento da dívida pública destes países. Estes países, se levassem à prática  as suas reformas, poderiam não ter de pagar o serviço da sua dívida, durante a fase de reformas essenciais. Como fazer tudo isso de  maneira credível e sem más incitações (risco moral)?

 

 

planos de rigor de hoje - cegos e sem esperança

publicado por Luis Moreira às 20:00
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Quarta-feira, 9 de Fevereiro de 2011

Neoliberalismo ou Democracia: O Debate Está Aberto - por Júlio Marques Mota - 2

(Continuação)

  1. 1. Os mercados e a manipulação

Michel Delobel, 7 Março de 2010 7

07

IIGS: Prétexte ou réel danger pour les marchés ?

 

PIIGS: pretexto ou perigo real para os mercados ?

Há algumas semanas, aquando da contracção dos mercados logo a seguir ao discurso de Obama, evocámos a hipótese de um meio de pressão contra o governo americano pela parte dos bancos de negócios, opostos às medidas tomadas.

Seguiu-se uma nova vaga de desconfiança nos mercados com a questão da dívida da Grécia, rapidamente alargada ao que se chamou os PIIGS, Portugal, a Irlanda, a Itália, a Grécia e a Espanha.

 

A dívida dos estados europeus no centro da actualidade

Para além da significado pelo menos duvidoso desta denominação que é e pode ser muito reveladora do objectivo procurado (Pigs = Porcos), gostaria de me apoiar sobre o artigo de Gilles Caye de 11 de Fevereiro passado, e nomeadamente sobre a sua chamada de atenção muito importante para os princípios fundadores da zona euro e do pacto de estabilidade, nomeadamente um défice orçamental inferior à 3% do PIB anual, e uma dívida limitada à 60% deste mesmo PIB.

Se estes critérios voarem claramente em estilhaços com a crise, é nomeadamente sobre a dívida recorde da Grécia, que atinge actualmente 125% do PIB para um défice orçamental de aproximadamente 13% do PIB que se focalizaram, de repente, o mercado! Números que levaram certos analistas a anunciar que a Grécia estava à beira da falência.

Para além de números certamente inquietantes, e de uma situação que não poderá durar eternamente assim e que necessitará de medidas draconianas, estamos no direito de nos interrogar-mos porque é que estas apreensões chegam agora à mesa, e qual pode ser, de resto, o seu impacto real a prazo sobre e nos mercados financeiros.

 

E porquê um efeito nos mercados agora mesmo, enquanto a alerta já deu a 9 de Dezembro passado, alguns dias apenas depois do episódio Dubaï, com uma degradação da nota da Grécia pela agência de notação Fitch, seguida alguns dias depois por Standard and Poors e seguidamente Moody's, o que não impediu os mercados de fecharem o ano com uma força avassaladora.

A dívida exagerada da Grécia não terá, com efeito, ter sido criada de modo repentino, não atingiu estas proporções de forma imediata. Assim, em 2007, esta atingia já 97% do PIB, e ninguém na época parecia realmente incomodar-se com este nível.

 

Mas como se isto não fosse suficiente, e não tivesse feito baixar significativamente os mercados, eis que os analistas se puseram a evocar o caso dos famosos PIIGS, os maus alunos da zona euro. Se a Irlanda e a Itália também estão eles numa situação tão claramente delicada de um ponto da vista dívida (mas também já não é novo), o caso da Espanha é ligeiramente mais suspeito.

 

A dívida da Espanha é certo que quase duplicou desde 2007, mas deveria atingir apenas cerca de 66% do PIB no fim do ano, ou seja um nível muito inferior à média europeia, e muito distante do nível da dívida Grega em 2007 por exemplo, que não na altura não pareceu levantar problemas a ninguém.

Em 2008 de resto, a dívida da França, julgada por muitos como mais séria e mais segura que a Espanha, atingia já quase 70% do PIB, e deveria atingir quase 80% do PIB fim 2009, enquanto a da Alemanha é apenas ligeiramente inferior.

Esta “crise da dívida”, que fez mergulhar o euro e os mercados europeus de acções tem, por conseguinte, faz-nos levantar algumas interrogações.

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 21:02
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Quarta-feira, 15 de Dezembro de 2010

Natal - bela época sem açucar

Luis Moreira

Faltar o açucar nas prateleiras dos supermercados é no mínimo estranho, então com as rabanadas aí à porta e não terem o cuidado de aprovisionar o suficiente? E a seguir falta a aletria, o arroz, o bacalhau? Ou não há açucar nos mercados internacionais? Ou as nossas fábricas de beterraba estão em greve? Ou acabou a beterraba? Ah, pois, as fábricas e o cultivo da beterraba foram "trocadas" por uns "fundos europeus a fundo perdido..."

Há aqui algo de muito estranho, será que é o ínicio da falta de muitas mais coisas, já que importamos quase tudo o que consumimos, já não conseguimos importar por ser necessário dinheiro "à frente" e não temos dinheiro nem quem no-lo empreste? Os empréstimos que o Estado e os bancos têm conseguido obter são para colmatar falhas de tesouraria, é dinheiro para pagar as coisas do dia a dia, importações, vencimentos...

Entretanto, vamos sabendo que a Polícia Judiciária não tem nem papel para tirar fotocópias, outros serviços há que não pagam a água e a luz e o Ministro da Defesa, foi-se aos saldos que restavam das unidades a seu governo e rapou tudo ( indignação escrita de um oficial superior na reserva, os militares na reserva dizem o que os que estão no activo não podem dizer).

O Ministro das Finanças foi para a China com o objectivo de convencer os nossos amigos Chineses a comprarem a nossa dívida, ora se estivéssemos sem problemas de dinheiro e sem problemas credíticios, haveria por aqui quem nos emprestasse o dinheiro ,afinal os que sempre emprestaram.

Parece que nos últimos tempos só o BCE é que ainda nos emprestava dinheiro, mas
com a Grécia a arrear e a entregar-se nas mãos dos Alemães e agora a Irlanda a dar-se por vencida, será que os nossos parceiros estão a enviar sinais para os nossos estadistas que é tempo de deixarem andar a armar ao "pingarelho"?

Eu bem sei que esta é a situação do "medo" impera a insegurança, vemos índicios onde só haverá coincidências, mas estamos em Dezembro, o orçamento está rapado, pagou-se o 14º mês, a tesouraria está debaixo de uma grande pressão...

Talvez o Pai Natal...
publicado por Luis Moreira às 13:00
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Terça-feira, 30 de Novembro de 2010

Semana da Economia - A terceira Ponte é demasiado cara.

Luis Moreira

Um engenheiro que percebi ser quadro da Brisa, veio à TVI explicar que a Terceira Ponte sobre o Tejo para servir o TGV é demasiado comprida e cara, pelo que a solução é a Ponte 25 de Abril, onde já lá temos comboios a 60 Kms/hora.Mas vamos à matéria:

De alguém que me mandou este texto, onde se colocam interrogações apropriadas.Poderá ser conhecido por alguns dos leitores mas, sendo simples e comparando com países que todos conhecemos, ajuda a compreender as dúvidas acerca da rentabilidade dos investimentos públicos.

· Estádios de futebol, hoje às moscas,
· TGV,
· novo aeroporto,
· nova ponte,
· auto-estradas onde bastavam estradas com bom piso,
· etc. etc.

A quem na verdade serve tudo isto? A quem vai servir o TGV?

1. aos fabricantes de material ferroviário que já não existem em Portugal, por isso há que os comprar lá fora.
2. às construtoras de obras públicas (sempre elas...)
3. e, claro, aos bancos que as financiam

Ao contrário os portugueses ficarão mais endividados!

Experimente ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio.Comprado o bilhete, dá consigo num comboio que só se diferencia dos nossos 'Alfa' por não ser tão luxuoso e ter menos serviços de apoio aos passageiros.(é verdade, eu próprio já fiz esta viagem)

A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas. Não fora conhecer a realidade económica e social desses países,daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemáticos pelos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos.

Se não os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza. A resposta está: . na excelência das suas escolas,
· na qualidade do seu Ensino Superior,
· nos seus museus e escolas de arte,
· nas creches e jardins-de-infância em cada esquina,
· nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade.

Percebe-se bem porque não construíram :
· estádios de futebol desnecessários,
· nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.

O TGV é um transporte adequado a países de dimensão continental, extensos,
onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro,
competitivo com o transporte aéreo.

É por isso que, para além da já referida pressão de certos grupos que
fornecem essas tecnologias, só existe TGV em França ou Espanha
(com pequenas extensões a países vizinhos).

É por razões de sensatez que não o encontramos
· na Noruega,
· na Suécia,
· na Holanda
· e em muitos outros países ricos.

Tirar 20 ou 30 minutos ao 'Alfa' Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não trará qualquer benefício à economia do País. E quem tem pressa em chegar a Madrid viaja num dos muitos aviões que a todas as horas partem de Lisboa, do Porto ou de Faro.

Para além de que, dado ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que,
com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.

Com 7,5 mil milhões de euros podem construir-se:

- 1000 (mil) Escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo
que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas existentes ,(a 2,5 milhões de euros cada uma);

- mais 1.000 (mil) creches (a 1 milhão de euros cada uma);

- mais 1.000 (mil) centros de dia para os nossos idosos (a 1milhão de euros cada um).

E ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências,como, por exemplo,na urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária e, também na reabilitação dos centros urbanos.

Cabe ao povo ver que tudo isto é um negocio entre partes, que ninguem sabe quais, tendo a certeza que essas mesmas partes irão tirar os dividentos de tal negócio megalómano endividando as proximas três ou quatro geraçoes deste país. Qualquer pessoa minimamente inteligente e sem interesses directos no negócio vê que Portugal nao necessita de um tgv para nada!!

PS: Soube-se por estes dias que a Terceira Ponte sobre o Tejo é da tal maneira comprida e cara que está fora de questão construí-la, pelo que se procuram alternativas. A mais provável é a Ponte 25 de Abril, a tal que já lá tem os comboios sub-urbanos a andar a 100 Kms/hora.A bitola das linhas é diferente pelo que o comboio ao entrar na linha já existente e que serve a Ponte muda automaticamente de bitola,tudo a 300/hora. Imaginação é o que há mais só é pena andarem-nos a vender a ideia que estava tudo estudado e afinal descobriram agora estes pormenorzitos, sem importância nenhuma.

Estou em crer que sempre se consegue meter 3/4 comboios/dia a 300/hora entre os "pastelões" que em cima da ponte andam a 60Kms/hora. Como se vê está tudo estudado, os concursos seguem o seu caminho, dinheiro não há, ponte também não, alguma coisa se há-de arranjar.

Entretanto, o parque escolar tem já centenas de escolas a serem recuperadas, criando emprego e puxando pelas construtoras e por todas as empresas subempreiteiras, em plena crise que é quando o investimento é necessário.

É esta a diferença entre os investimentos públicos de proximidade e os mega-investimentos que só dão resultados (se derem) daqui a 4/5 anos.
publicado por Luis Moreira às 13:00
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Domingo, 28 de Novembro de 2010

Semana da Economia - temos mesmo que ser pobres?

Luis Moreira

A verdade é que a grande maioria dos países é bem menos abastada que nós. Portugal encontra-se entre os 25% dos países mais ricos do mundo. Mais concretamente, em 2000, entre 207 países, Portugal era o 49º mais rico. De facto, se à grande maioria dos povos fosse dada a oportunidade de emigrar para Portugal, milhões de seres humanos viriam bater-nos à porta.

Então porque pertencemos ao grupo dos PIGS da Europa? Porque na Europa há bem melhor do que nós e não há razão nenhuma de não estarmos ao nível deles. A verdade é que ainda temos bolsas de pobreza que nos envergonham, mas globalmente estamos longe de ser um país pobre.

Mas a história ensina-nos coisas muito curiosas. Nunca tivemos um supéravit na balança comercial (diferença entre exportações e importações)isto é, comemos sempre mais do que produzimos. E como equilibramos nós as contas? Primeiro com as especiarias das índias, depois com o ouro do Brasil, mais tarde com as remessas dos emigrantes, a seguir com os fundos vindos da UE e, agora, com os empréstimos que pedimos lá fora, mas que não há mais.

Como sair daqui? É isso que queremos discutir. São as grandes obras que nos safam? Ou é um tecido empresarial moderno e virado para a produção de bens transaccionáveis? É cortar nos vencimentos dos trabalhadores, reduzindo a procura interna? É piorar a vida aos pensionistas?

A dívida não representa o mesmo para países que crescem a 4% ou para outros, como o nosso, que cresce abaixo dos 1%. É nessa (in)capacidade de criar riqueza e de ter excedentes para pagar a dívida, que Portugal representa para os credores um risco e, claro, aproveitam-se disso para nos fazerem pagar altas taxas de juro.

A verdade, é que desde a entrada dos fundos comunitários que temos tido ciclos sucessivos de obras públicas, de dez em dez anos, construímos infraestruturas que não dão o retorno necessário para a economia crescer.Há que mudar de modelo económico, apostar na produção de bens transaccionáveis, fortalecer a exportação e substituir importações. Este modelo exige perseverança, estratégia, é bem mais dificil do que dar à manivela das betoneiras.
publicado por Luis Moreira às 13:30
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Quarta-feira, 10 de Novembro de 2010

China - o resultado da minha visita

Luís Moreira



       

Entra a EDP com ar e vento...



O encontro já em terras Lusas... ( após 15 dias da minha chegada )

Logo no primeiro dia começam a estragar tudo!

LISBON (Reuters) - President Hu Jintao said on Sunday China will back Portugal's efforts to deal with fallout from the world financial crisis, but stopped short of promising to buy Portuguese bonds as the debt-ridden country had hoped.

Não sei se alguém considera a minha visita ao imenso país como "diplomacia paralela" mas julgo que nesta situação em que Portugal se encontra, não é tempo de "se limparem armas". Entretanto, aquela questão do cavalo deitar por terra o cavaleiro também não ajudou nada.

Cavaco, ao contrário do habitual nele, ainda não se pronunciou e pensa mesmo que "não é tempo de o presidente da República dizer em público o que diz em privado". O buraco do BCP nunca explicado vai parar às mãos da China ? E quanto a fábricas e a transferencia de tecnologia, criação de postos de trabalho? Estava tudo acordado quando saí de lá.

Não saio de perto do telefone à espera de receber o número do voo para voltar a Tianamen,antes que os nossos excelsos políticos fechem de vez os canais de contacto, afinal quem é que quer falar com eles depois daquele "numero" de circo da aprovação do orçamento?

E o dinheiro para a entrada no capital da EDP e BCP vão buscá-lo à CGD como fizeram os investidores angolanos? E, depois, pagam com o que recebem da remuneração accionista, muito mais elevada que o juro que pagam à CGD financiadora? Grande ajuda!E se nos comprassem macãs, peras,uvas,laranjas,já que lá, na China, só há melancia e melão?

Entretanto, já andamos todos a sonhar que desta vez quem nos tira do atoleiro é a China. Pois sim,isso é tanto verdade que a taxa de juro a que colocamos a dívida já vai nos 7%, tal é a certeza da China ser o anjo redentor. E o FMI, vem ou não vem?

Faço tudo o que for preciso, a bem da nação!
publicado por Luis Moreira às 02:00
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Sexta-feira, 16 de Julho de 2010

Juros da dívida duplicam!

Luís Moreira

Em três meses os juros da dívida pública duplicaram!

As agências de "rating" não deixam de desmentir o nosso primeiro, desvalorizam a situação do país, está muito mal, o Krugman, prémio Nobel da economia, diz que a Grécia e Portugal podem acabar por ter que sair do Euro.

Se as previsões da macroeconomia foram feitas numa determinada base como se acomoda este aumento desmesurado do serviço da dívida? Mais impostos? Mais cortes nos salários e pensões, atirando a economia para uma mais que provável recessão?

Durante muito tempo, cego pelas obras públicas, o governo não quiz ver o "monstro" que nos devora, foi preciso os bancos dizerem não para que o "fartar vilanagem" terminasse. Sem aumento do PIB, sem dinheiro, sem empréstimos e os poucos que temos a juros proíbitivos, caminhamos para onde?

Desorientação total e absoluta do governo, tanto fala no TGV e na terceira ponte, e no aumento do PIB, como a seguir é obrigado pela UE a apresentar um PEC ( programa de empobrecimento central)e a pagar juros elevadíssimos.

E, o pior, é que as Presidênciais não deixam tomar decisões políticas de fundo. Mais seis meses a navegar à bolina!
publicado por Luis Moreira às 11:00
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Sexta-feira, 14 de Maio de 2010

Sócrates devia ser chamado à Justiça!

Luís Moreira

Mentiu mil vezes aos portugueses e às instituições financeiras internacionais, mil vezes negou o que era uma evidência, arrastou as obras públicas até que os mercados financeiros internacionais lhe negaram o dinheiro necessário! Dinheiro que a semana passada chegou a custar 9% para o nosso país, tal é o crédito, a confiança e a credibilidade de que gozamos!

Colocou o país na pior situação de sempre, a saída é a do costume, mais impostos e cortar nas despesa social, o que está em jogo são 2 Mil Milhões de euros qualquer coisa como dois meses em doze de despesa!

A partir de Maio vamos começar a trabalhar para nós e para a família, até agora estivemos a trabalhar para os gestores mais caros do Mundo, para os políticos mais incompetentes, para a Justiça mais ordinária, para as empresas mais "sugadoras"...

O que é preciso para chamar à responsabilidade um homem público? Sabemos das obras entregues sem concurso aos amigos, os Contentores de Alcântara cujo contrato é um assalto à mão armada, a adjudicação de autoestradas à socapa, o TGV de Caia ao Poceirão que não serve para nada, os negócios BCP, BPP,BNP, PT/TVI nunca explicados, a OPA anulada da Sonae à PT, sucatas...

O que estará escondido e que virá à luz do dia quando, enfim, se for sentar num qualquer lugar de Administração numa destas empresas monopolistas, com o seu diploma de engenheiro tirado ao Domingo?
publicado por Luis Moreira às 10:00
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