Terça-feira, 26 de Abril de 2011

A propósito de um texto de Álvaro Pereira e a resposta deste - por Julio Marques Mota

Júlio Marques Mota

 

É a primeira vez que de facto me dirijo criticamente a um antigo aluno meu, aluno que nos tempos em que o foi bastante o estimei, como a todos aliás, com a diferença bem particular que estava perante um aluno de longe acima da média e por isso um dado a nunca esquecer. Há no estrolábio, uma carta  que por ironia é dirigida a si, meu caro Álvaro, e de há tempos. Por ironia, mas com respeito, em que este ponto é bem esclarecido.

 

Mas eis que no dia em coloco um texto no estrolábio a querer provar, com argumentos,  discutíveis mas  que  são argumentos,  de que Sócrates e Passos Coelhos são filhos intelectuais da mesma fornada, a da falta de respeito por quem trabalha e a da ignorância também em que o país mergulhou e que com o tipo das Universidades privadas como aquelas em que ambos se formaram esta  se ampliou;.                                    

 

Nesse mesmo dia, um antigo aluno também , mandou-me excertos de um texto seu,  onde um outro tipo bem diferente do que podemos continuar ainda agora  a chamar de “ignorância”, indirecta,  igualmente se manifestou, mais perigosa que a dos primeiros, porque a daqueles subsiste e vai subsistir por apoios múltiplos e pela força imposta por  outros ignorantes, sejam eles representados pela Troika, sejam eles representados por Durão Barroso ou sejam eles representados por um representante de um paraíso fiscal, o Luxemburgo e  que dá pelo nome de Claude Juncker, que é  simultaneamente  Presidente também do Eurogrupo, estrutura esta concebida, que eu saiba por um socialista de gema, hoje director geral do FMI, .Dominique Strauss-Kahn.                                                                                                                                                                     

 

 

situamo-nos dentro de um modelo que a todos está a destruír dirigido  por mãos eticamente criminosas, as mãos da Comissão Europeia. E sem que deste colete se possa saír, porque saír da zona euro é saír da beira do abismo para nos atirarmos para o próprio abismo. Sobre isso veja os nossos textos no estrolábio ou o próximo artigo  de Delpla a publicar no mesmo blog. Disso ficaremos todos esclarecidos, mas esclarecidos estamos nós que é por aqui TAMBÉM e sobretudo talvez por aqui que passam as grandes questões.

 

                                           Projecções sobre défices :

 

 

                     Source : stability programmes, Reuters for updates

 

 

                                                 Projecções sobre Dívida:

 

Table 3: evolution of debt-to-gdp. Sources : Eurostat, IMF growth forecasts (oct. 2010),

stability programs (dec 2009), own calculations

 

 

Não queremos com isto dizer que estamos bem, mas com a crise não deixámos de estar perto da média como os quadros acima nos mostram, e repare-se que nestes dados estimados já se incluem efeitos da crise que não foram iguais para todos como se sabe.

 

Como sabe há paises que se refinanciam na casa dos 3% enquanto que para Portugal na semana passada os títulos negociavam-se à taxa de 9,3%, para a Irlanda negociavam-se a cerca de 10% enquanto que para a Grécia os titulos negociavam-se à taxa, pasme-se meu Deus  que  de contas  parece não saber nada, negociavam-se à taxa de 14,5%.  Não há défices que não aumentem, dívida que não dispare. Passámos a não estar perto da média, mas aqui seria bom explicar porquê. E seria fácil, dados os ataques especulativos a que temos estado sujeitos.

 

 

 

A resposta do Professor Álvaro Pereira

Olá, como está?

Obrigado pelo extenso texto e pela crítica, que muito aprecio. Como sabe, eu gosto do diálogo e da crítica, e, por isso, as suas palavras são muito bem recebidas, ainda por cima porque, como menciona, vêm de um professor meu.

O texto que refere é apenas um texto de blogue, que tem de ser muito mais directo e incisivo do que um livro.
As explicações destes factos e das grandes tendências da economia nacional estão no livro, que tem quase 600 páginas e é bastante detalhado na análise dos efeitos internos e externos da crise portuguesa. O livro até inclui uma análise bastante pormenorizada dos institutos e demais entidades do Estado. Foi exactamente por isso que participei no livro do DN que menciona no seu texto.

Dito isto, gostaria de dizer que é natural que não tenhamos uma visão semelhante dos problemas da economia nacional. Porém, não sou certamente um neoliberal (apesar de não ter grandes problemas com o termo), apesar de ser verdade que defendo medidas como a liberalização do mercado de trabalho e o corte das despesas públicas. Aliás, se tiver oportunidade de ler o livro ou críticas do mesmo, verá que defendo muitas outras políticas que blogues como o Ladrões de Bicicletas advogam, incluindo a reestruturação da dívida, e um combate sem tréguas ao desemprego.
Ou seja, verá que as medidas propostas são ecléticas e pragmáticas, e não estão confinadas a um quadro ideológico estanque.
 
No entanto, sou muito crítico das políticas dos últimos anos, pois, como espero que o livro demonstre, penso que o modelo económico seguido pelos nossos governos está simplesmente errado e deve ser invertido o quanto antes. As propostas de um modelo alternativo estão descritas em 4 capítulos do livro.

Mais uma vez obrigado pelo seu texto e pela atenção.

Abraço,

 

publicado por siuljeronimo às 23:00

editado por Luis Moreira às 20:58
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Quarta-feira, 5 de Janeiro de 2011

Carta aberta a Durão Barroso - 3 - por Júlio Marques Mota

(Continuação)

 

Dizem-nos ter “modernizado” a função pública

 

E multiplicaram-se os institutos, com as remunerações fora das carreiras da função pública, multiplicam-se as comissões de regulação que na desregulação em que se funciona não sabemos o que se regula então, a começar pela Alta Autoridade da Concorrência. Multiplicaram-se os organismos públicos com remunerações fora das carreiras da função pública. Multiplicaram-se os contratos individuais de trabalho, destrói-se a lógica das carreiras na Administração Pública, vive-se e trabalha-se fundamentalmente para se ser avaliado, como os professores no ensino secundário e a partir de agora os do ensino superior também, e muitas vezes sob critérios estabelecidos de forma avulsa por dirigentes nomeados politicamente. Externalizam-se serviços, privatizando-os no plano dos factos; recorre-se cada vez mais aos serviços privados até para a elaboração de legislação fundamental, sendo disso um bom exemplo a Sérvulo Correia e Associados a quem o recurso à elaboração de pareceres e de assessoria jurídica é frequente. Parecem igualmente evidentes as conexões entre os grandes consultórios de advogados e o poder político, que os alimentam com tarefas do foro jurídico que poderiam ser do domínio da função pública, havendo até quem insinue que algumas das transposições de directivas para o direito português lhes terão sido bem pagas. Seria bom ter-se a dimensão exacta, em valor e em substância, quanto às despesas gastas pela Administração Pública com consultorias privadas e com escritórios de referência, não muitos. São bem ilustrativas as despesas gastas na mesma linha no BPN enquanto banco nacionalizado, a dar crédito à notícia publicada pelos meios de comunicação nacionais. Compromissos anteriormente havidos, anteriormente estabelecidos, compromissos mantidos, neste caso pelo que podemos inferir de quem conhecemos, nada mais que isso certamente.

 

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 15:43
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