António A. Sales Todos os dias aparecem na comunicação social uns sujeitos economistas, outros políticos, a predizerem que isto vai ser pior e teremos de apertar mais o cinto. Depois vêm os no activo proclamar que não senhor, as medidas tomadas serão suficientes para atingirmos os 2,8% de défice em 2013. Mas logo avisam, se tiverem de ser prolongadas ou reforçadas tais medidas assim farão. Nada melhor que preparar o pagode para o pior de modo a evitar crises cardíacas.
Podemos estar descansados pois desde que me conheço, e já passei dos setenta, sempre ouvi falar de crise, salvo curtos períodos benéficos para preparar a próxima. Se formos analisar esse novelo das crises nacionais, económicas e financeiras, já em 1850 isto era um taradice e assim por aí fora.
Por isso afirmo que não saberemos viver sem crise. Aviso políticos e economistas para terem cuidadinho não façam muitos cortes no orçamento nem espremam o PREC em demasia pois pode acontecer que, por amaldiçoado acaso do destino, arranjemos um trinta e um de regularizar as contas públicas. Seria maior a tragédia de viver sem crise do que viver com ela. Deixávamos o perigo da bancarrota para entrarmos no da banca recheada. Então, em vez de mantermos o país num equilíbrio instável, arruinado mas decentezinho, transformaríamos isto numa caverna de vadios bem vestidos a gastar à tripa forra o caroço do euro milhões até espatifar tudo novamente.