Segunda-feira, 23 de Maio de 2011

O testamento de Maurice Allais, por Júlio Marques Mota

Sobranceiramente ignorado  pelos meios de comunicação social, sem dúvida por causa das suas teses contra a doutrina neoliberal dominante, Maurice Allais  tornava efectiva  a cortesia e recusava todas as entrevistas. E ainda vivo uma  só entrevista e um só texto foram publicados, respectivamente  em  Fakir e em Marianne2. Aqui a publicação do texto publicado por  Marianne 2.

 

Ah, o bonito baile dos hipócritas! Ignorado enquanto vivo por todos os jornalistas económicos sem excepção, boicotado pelas cadeias de televisão enquanto que actualmente é honrado por aqueles mesmos que negavam a sua existência e olhavam  para outro lado sempre que eles publicavam um texto. Porque, recordam  estes embalsamadores à Macintosh, é mesmo assim o nosso único prémio Nobel de economia… Um economista brilhante e livre, reconhece Os Ecos que muito pouco dele se   lembraram  nas suas suas colunas! O liberal e socialista, nota Le   Figaro  como para justificar que o diário conservador lhe  tenha suprimido a sua única tribuna nos anos 90. La Voix du Nord considera Maurice Allais   um pensamento único (sim,  mas era necessário acrescentar contra O pensamento único).

Ironia da história, a morte de Maurice Allais  coincide com um momento da história económica que valida mais do que nunca as suas previsões. A guerra das moedas mostra que das três grandes zonas da economia mundial (América, Ásia, Europa)  a Europa é a  única incapaz de utilizar o seu mercado para proteger a sua moeda. Os Estados Unidos acabam de adoptar um dispositivo proteccionista para forçar a China a cessar o seu dumping monetário. Quanto à China, sabe-se e desde há  muito tempo que a sua adesão à OMC não a impediu de pisar aos seus  pés todos os princípios do comércio livre. De imediato,  a ideia proteccionista começa, ainda que timidamente, a alargar  a sua área de influência. A última convenção internacional do PS é já disso testemunho. Eis-nos pois perante o  que teria feito sorrir Maurice Allais  que fulminava frequentemente o liberalismo ingénuo dos socialistas.

 

 

 

publicado por João Machado às 23:00

editado por Luis Moreira às 22:02
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Domingo, 22 de Maio de 2011

Reflexão sobre a serena paisagem da ganância, por António Sales

 

 

 




Todos os dias deparamos com situações que conferem às relações sociais um carácter materializado por interesses desprovidos do mínimo de pudor e de carácter. Desde a criminalidade quotidiana em que bandidos vão para casa apesar de vítimas irem para o hospital, aos crimes de colarinho branco em que políticos, empresários, gente bem sucedida, chafurdam em negócios nas off-shores metendo milhões de euros ao bolso com ar tranquilo; os voluntários que ajudam nos mais diversos trabalhos sem pedir nada em troca até que alguém lhes dê um pontapé no cu. A sociedade actual elevou à mais alta potência a mentira, a ingratidão e a hipocrisia, desenvolvendo uma substancial quantidade de anti-corpos cuja missão é anular indivíduos tornando-os seres passivos de umbigo farto.


O sujeito idealista, generoso, pronto a sacrificar prazeres e afirmar a sua personalidade contra hierarquias estabelecidas está reduzido a pó de caca (mesmo dentro dos partidos políticos) se não respeitar normas de elogio e concordância que estabelecem o coro da glória venal. Discordar é blasfémia, recorrer à inteligência do eu (sem maiúscula) é ousadia, mostrar lucidez é vaidade, possuir capacidade de realização acima dos chefes é descaramento. A montanha é mais fácil de subir montado nas costas dos outros do que no esforço de si próprio.


Esta forma pouco recomendável de fazer carreira abençoando os amigos, acolhendo os compadres e pagando os favores leva à “moralização” de um Estado leproso que tudo contamina em nome de uma economia global assente no magnífico milagre do liberalismo das leis do mercado livre. O dinheiro, o poder económico, a do poder político, o cinismo, a majestosa importância da riqueza são factores provocatórios e desumanizantes da sociedade. Tal estado de coisas desperta a intolerância, o egoísmo, o culto individualista no pior sentido do termo.


Orgulho e arrogância colocam as suas máscaras. Escondem-se ambições e hegemonias antigas sob novas aparências. O réptil continua réptil, o imbecil continua imbecil, o oportunista continua oportunista. A mesquinhez humana – mais antiga do que a prostituição – conquista o estatuto da razão que a justifica na malha dos interesses instalados.


publicado por João Machado às 21:00
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Segunda-feira, 4 de Abril de 2011

A demissão do Governo - um depoimento vindo da Irlanda

 

Bit of friendly advice, Portugal

 

 

Sunday March 27 2011
Dear Portugal, this is Ireland here. I know we don't know each other very well, though I hear some of our developers are down with you riding out the recession.

They could be there for a while. Anyway, I don't mean to intrude but I've been reading about you in the papers and it strikes me that I might be able to offer you a bit of advice on where you are at and what lies ahead. As the joke now goes, what's the difference between Portugal and Ireland? Five letters and six months.

Anyway, I notice now that you are under pressure to accept a bailout but your politicians are claiming to be determined not to take it. It will, they say, be over their dead bodies. In my experience that means you'll be getting a bailout soon, probably on a Sunday. First let me give you a tip on the nuances of the English language. Given that English is your second language, you may think that the words 'bailout' and 'aid' imply that you will be getting help from our European brethren to get you out of your current difficulties. English is our first language and that's what we thought bailout and aid meant. Allow me to warn you, not only will this bailout, when it is inevit-ably forced on you, not get you out of your current troubles, it will actually prolong your troubles for generations to come.

For this you will be expected to be grateful. If you want to look up the proper Portuguese for bailout, I would suggest you get your English-Portuguese dictionary and look up words like: moneylending, usury, subprime mortgage, rip-off. This will give you a more accurate translation of what will be happening you.

I see also that you are going to change your government in the next couple of months. You will forgive me that I allowed myself a little smile about that. By all means do put a fresh coat of paint over the subsidence cracks in your economy. And by all means enjoy the smell of fresh paint for a while.

We got ourselves a new Government too and it is a nice diversion for a few weeks. What you will find is that the new government will come in amidst a slight euphoria from the people. The new government will have made all kinds of promises during the election campaign about burning bondholders and whatnot and the EU will smile benignly on while all that loose talk goes on.

Then, when your government gets in, they will initially go out to Europe and throw some shapes. You might even win a few sports games against your old enemy, whoever that is, and you may attract visits from foreign dignitaries like the Pope and that. There will be a real feel-good vibe in the air as everyone takes refuge in a bit of delusion for a while.

And enjoy all that while you can, Portugal. Because reality will be waiting to intrude again when all the fun dies down. The upside of it all is that the price of a game of golf has become very competitive here. Hopefully the same happens down there and we look forward to seeing you then.

Love, Ireland.
Sunday Independent

http://www.independent.ie/opinion/analysis/bit-of-friendly-advice-portugal-2596178.html

publicado por Carlos Loures às 23:00
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Sexta-feira, 9 de Julho de 2010

O Sucesso dos profissionais e das organizações

António Mão de Ferro



Para fazer face à conjuntura que atravessamos e inverter a situação é imperativo aumentar as competências das pessoas e das organizações.

A formação profissional ajuda certamente a consegui-lo, mas para que evidencie todo o seu valor é preciso ter presente que ela não consiste numa forma isolada de conhecimentos. As organizações bem sucedidas são as que estão atentas ao meio envolvente e que fazem diagnósticos das alterações que vão surgindo, porque elas se constituem como indicadores do que deve ser tratado nas acções de formação.

Para que se aproveite todo o potencial que a formação profissional pode proporcionar, os responsáveis das Instituições deverão fazer com que as suas orientações sejam inseridas em realidades complementares e interdependentes.

A formação deverá contribuir para a mudança de comportamentos e modos de actuação dos diversos colaboradores das organizações, pois só desse modo se conseguirá a obtenção de mais valias.

Os conteúdos a tratar não podem ser objecto do acaso, mas adaptados às diferentes situações. O surgimento de projectos viáveis de mudança com vista aos fins perseguidos pela organização, devem apoiar-se nas experiências passadas, porque o futuro não pode ser construído a partir do nada.

Partindo do potencial que as organizações possuem e apoiando-se nele, é mais fácil que as acções de formação ajudem a contribuir para que as pessoas evidenciem novas formas de ser, de agir, de cooperar de se relacionar e organizar para que suscitem entusiasmos e gerem sinergias que dêem um forte contributo para alcançar o que se pretende: O sucesso dos profissionais e da empresa.
publicado por Carlos Loures às 11:00
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