Terça-feira, 14 de Dezembro de 2010
A Crise do Livro
Carlos Loures
A crise do livro é uma doença endémica. Quando, há muitos anos, cheguei ao meio editorial a crise do sector era já um dado adquirido. As causas apontadas para essa crise são numerosas. Umas crónicas, outras que vão surgindo. Há umas décadas, a persistência de uma larga percentagem de analfabetismo entre a população, o baixo poder de compra e a censura, eram três argumentos recorrentes (todos eles reais). A televisão não se usava ainda como desculpa, pois a oferta desse meio era escassa. As novas tecnologias ainda andavam às voltas com os electrodomésticos; computadores, só nas empresas – grandes como armários. A ameaça do livro electrónico, pura e simplesmente, não existia. Mas, não havia dúvida, o livro estava em crise.
Actualmente, o analfabetismo é residual, o poder de compra não é famoso, mas, sendo verdade que há uma grave crise económica, os concertos de música rock esgotam a lotação de recintos gigantescos e os bilhetes vendem-se com meses de antecedência e com gente a dormir junto das bilheteiras para os conseguir adquirir. Isto para falar só num dos concorrentes da leitura, pois há outros. Um livro, mesmo que não seja dos mais baratos, custa muito menos do que a ida a um desses concertos. Portanto, apesar da crise, trata-se mais de uma questão de opções e de prioridades culturais do que de um constrangimento económico.
Resumindo - não há censura, mas há televisão com múltiplos canais, computadores e Internet, concertos – as pessoas não ficam com tempo para ler, pois não podem perder os seus programas, os sites ou blogues favoritos. Para uma ampla maioria de pessoas, o livro e a leitura não entram na lista dos prazeres; estão na lista dos deveres . Como se vê, não havendo censura, há uma políitica cultural que, fora do contexto escolar ou da formação profissional, induz comportamentos avessos ao consumo de livros. Ou seja, não há uma política cultural.
Por outro lado, quando se anuncia a morte do livro impresso, derrotado pelo livro electrónico esquecemos que dentro do circuito editorial tradicional estão muitas das razões que conduzem à crise, não sendo necessário criar novos inimigos. Por exemplo, a falta de especialização das editoras médias e pequenas, a tentação generalista, a ausência de concentração em linhas editoriais específicas – direito, medicina, culinária, pedagogia, economia, ficção… - a busca de nichos de mercado, que seria a grande solução para as pequenas e micro editoras. Muitos pequenos editores, publicado vinte ou trinta títulos por ano, persistem em abarcar todo o imenso leque do conhecimento. Divertem-se, mas arruínam-se.. Vi algumas pequenas e médias fortunas desaparecerem, devoradas em negócios editoriais.
O pequeno editor não é um predador pronto a saltar sobre a obra do pobre e desprotegido autor. O pequeno editor, no circuito comercial da edição, é um herói. Um herói que, na maior parte dos casos, acaba derrotado. Escritores conhecidos começaram a publicar na chamadas editoras de vão de escada, passando-se, logo que a notoriedade chegou, para grandes grupos editoriais. Só os escritores menos conhecidos publicam as suas obras nessas editoras.
Nesta questão da crise do livro, a verdade objectiva assume contornos estranhos: há, de facto, uma crise. Sempre houve. Porém, nunca se vendeu tanto livro como actualmente. Não me perguntem se a qualidade média das edições subiu ou baixou. Estou só a falar de quantidade. Portanto, há quem ganhe dinheiro com a edição. Crise do livro? – Sem dúvida! Resultante de muitas crises: da crise estrutural do sector, sobretudo de uma deficiente articulação entre os diferentes agentes que intervêm – autores, editores, distribuidores, livreiros. Resultante, sobretudo, da ausência de uma política cultural que impede que haja leitores e que se crie uma massa crítica que suporte o funcionamento normal da indústria e comércio do livro.
Voltando atrás: não existe censura, mas a ausência de uma política cultural efectiva corresponde, na prática, a uma eficiente comissão de censura. Se uma pequena parte do potencial mediático utilizado para promover estrelas do futebol, por exemplo, fosse posto ao serviço da cultura, outro galo cantaria.
Voltarei a este tema. O tema de uma crise que não pode ser explicada de forma simplista.
Sábado, 25 de Setembro de 2010
Luís Moreira
O Manuel Maria Carrilho cometeu três pecados, três, o que é imperdoável para um PS amante da liberdade. Escreveu um livro, deu uma entrevista e recusou-se a votar num medíocre Egípcio lá na Unesco!
Quem o manda pensar, ter opinião, ter ideias? Não estava bem lá no lugarzinho dourado, em Paris, cidade eterna, museus para ver? Não pode é esperar ser nomeado para um lugar daqueles e não dar cavaco a ninguém, isso assim é ser mal agradecido. Será que já está posicionar-se para o que aí vem, chegou à conclusão que a situação já mudou ou está a mudar e é preciso dar mostras de independência? Ele é perito no assunto, com Guterres foi assim, adivinhou o lamaçal e começou a despegar-se a tempo e horas de apanhar o senhor que se seguiu.
Liberalizar os CTT
E quem é que vai levar uma carta à freguesia para lá de Mirandela ou de Serpa? Os CTT vão passar a ser uma unidade para ganhar dinheiro, logo, corta-se nas actividades que só dão prejuízos, levar uma só carta ou meia dúzia a um lugar distante só dá prejuízo, faz-se como? o estado nesses casos subsídia? Lá se vai mais um apoio à população, recebia o correio, pagava as pensões, ajudava nos telefones às pessoas mais velhas ...
Mobilidade
É desta que vamos ter carros a electricidade, as pessoas estão mais sensíveis ao ambiente,acredita-se que o petróleo entrou na fase descendente da sua vida económica,os governos apostam numa rede nacional de postos de abastecimento de electicidade, carros já há, mas as baterias ainda não estão afinadas, são pesadas e a tecnologia ainda não permite grande autonomia. Mas ver os 200 000 carros que hoje entram em Lisboa só com uma pessoa lá dentro quando cabem cinco, serem reduzidos a metade em tamanho e com muito menos poluição é um sonho que me agrada.
O novo cluster para a mobilidade congrega 50 a 60 entidades, dos centros de investigação às universidades, empresas industriais. Tudo pode começar com as frotas das autarquias e do estado, bem como as empresas de transporte urbano.
"Car sharing" , as famílias com um carro a combustão na garagem para as grandes viagens fora das cidades e o carro electrico para andar na cidade , uma frota urbana para alugar, pega no carro e vai entregá-lo no fim da viagem, com cartão electrónico é fácil e é seguro, como se faz com as bicicletas.
A outra metade da gente que se desloca para as cidades já não precisa de sair de casa para fazer o trabalho, o teletrabalho responde bem às necessidades da maioria das profissões que são intelectuais, não precisam de contacto pessoal, o arquivo pode estar à distancia de uma tecla e, basta marcar os compromissos que obrigam mesmo a deslocação para um mesmo dia.
Um dia vai ser assim, uma vida melhor, mais tempo para a família e para os amigos, menos custos, menos poluição, viver num quintal cheio de rosas...
Sexta-feira, 4 de Junho de 2010
Carlos Loures
A crise do livro é uma doença endémica. Quando, há muitos anos, cheguei ao meio editorial a crise do sector era já um dado adquirido. As causas apontadas para a crise são numerosas. Umas crónicas, outras que vão surgindo. Há umas décadas, a persistência de uma larga percentagem de analfabetismo entre a população, o baixo poder de compra e a censura, eram três argumentos recorrentes (todos eles reais). A televisão não se usava ainda como desculpa, pois a oferta desse meio era escassa. As novas tecnologias ainda andavam às voltas com os electrodomésticos; computadores, só nas empresas – grandes como armários. A ameaça do livro electrónico, pura e simplesmente, não existia. Mas, não havia dúvida, o livro estava em crise.
Actualmente, o analfabetismo é residual, o poder de compra não é famoso, mas, sendo verdade que há uma grave crise económica, os concertos de música rock esgotam a lotação de recintos gigantescos e os bilhetes vendem-se com meses de antecedência e com gente a dormir junto das bilheteiras para os conseguir adquirir. Isto para falar só num dos concorrentes da leitura, pois há outros. Um livro, mesmo que não seja dos mais baratos, custa muito menos do que a ida a um desses concertos. Portanto, apesar da crise, trata-se mais de uma questão de opções e de prioridades culturais do que de um constrangimento económico.
Resumindo - não há censura, mas há televisão com múltiplos canais, computadores e Internet, concertos – as pessoas não ficam com tempo para ler, pois não podem perder os seus programas, os sites ou blogues favoritos. Para uma ampla maioria de pessoas, o livro e a leitura não entram na lista dos prazeres; estão na lista dos deveres . Como se vê, não havendo censura, há uma políitica cultural que, fora do contexto escolar ou da formação profissional, induz comportamentos avessos ao consumo de livros. Ou seja, não há uma política cultural.
Por outro lado, quando se anuncia a morte do livro impresso, derrotado pelo livro electrónico esquecemos que dentro do circuito editorial tradicional estão muitas das razões que conduzem à crise, não sendo necessário criar novos inimigos. Por exemplo, a falta de especialização das editoras médias e pequenas, a tentação generalista, a ausência de concentração em linhas editoriais específicas – direito, medicina, culinária, pedagogia, economia, ficção… - a busca de nichos de mercado, que seria a grande solução para as pequenas e micro editoras. Muitos pequenos editores, publicado vinte ou trinta títulos por ano, persistem em abarcar todo o imenso leque do conhecimento. Divertem-se, mas arruínam-se.. Vi algumas pequenas e médias fortunas desaparecerem, devoradas em negócios editoriais.
O pequeno editor não é um predador pronto a saltar sobre a obra do pobre e desprotegido autor. O pequeno editor, no circuito comercial da edição, é um herói. Um herói que, na maior parte dos casos, acaba derrotado. Escritores conhecidos começaram a publicar na chamadas editoras de vão de escada, passando-se, logo que a notoriedade chegou, para grandes grupos editoriais. Só os escritores menos conhecidos publicam as suas obras nessas editoras.
Nesta questão da crise do livro, a verdade objectiva assume contornos estranhos: há, de facto, uma crise. Sempre houve. Porém, nunca se vendeu tanto livro como actualmente. Não me perguntem se a qualidade média das edições subiu ou baixou. Estou só a falar de quantidade. Portanto, há quem ganhe dinheiro com a edição. Crise do livro? – Sem dúvida! Resultante de muitas crises: da crise estrutural do sector, sobretudo de uma deficiente articulação entre os diferentes agentes que intervêm – autores, editores, distribuidores, livreiros. Resultante, sobretudo, da ausência de uma políitica cultural que impede que haja leitores e que se crie uma massa crítica que suporte o funcionamento normal da indústria e comércio do livro.
Voltando atrás: não existe censura, mas a ausência de uma política cultural efectiva corresponde, na prática, a uma eficiente comissão de censura. Se uma pequena parte do potencial mediático utilizado para promover estrelas do futebol, por exemplo, fosse posto ao serviço da cultura, outro galo cantaria.
Voltarei a este tema. O tema de uma crise que não pode ser explicada de forma simplista.