O Governo avança com agenda do crescimento, lançando o Congresso das Exportações no inicio do próximo ano, e aposta na requalificação urbana.
Os principais pontos da agenda são as exportações, a redução dos custos de contexto (alterações administrativas que facilitem a actividade económica) a requalificação urbana e as mexidas no mercado laboral.
Com as obras públicas travadas a fundo, todo o esforço do sector vai ser dirigido para a requalificação urbana, de mãos dadas com as empresas de construção civil que têm sido as principais beneficiadas com os ciclos de obras públicas que o país tem conhecido. Com um peso excessivo na economia nacional!
Esta agenda aparece assim, como se fosse a coisa mais natural do mundo, quando todos sabemos que o governo anda há pelo menos dois anos a tentar levar em frente os mega investimentos que muitos o aconselharam a não concretizar. Não arrancou com os mega investimentos e perdeu a oportunidade de estar neste momento com um programa avançado de criação de riqueza e de postos de trabalho que, conceda-se, conseguiu numa pequena parte com a requalificação das escolas públicas.
A teimosia é uma virtude se estivermos certos ou tivermos razão mas a margem que a separa da burrice é muito ténue. Muita gente com responsabilidades, especialmente os economistas que em oposição a uma lista pública também de economistas, apoiou as bravatas do governo, mostra que há muita gente disposta a vender a alma por "um prato de lentilhas".
Em relação com a requalificação urbana esperemos que o governo e os parceiros acertem de vez políticas urgentes na área do arrendamento urbano puxando para dentro das cidades gente jovem, o que iria facilitar os transportes de acesso às cidades com todas as vantagens inerentes ambientais, qualidade de vida e as milhares de horas perdidas nos acessos de entrada e saída.
Quanto à flexibilidade laboral resulta da intromissão dos orgãos europeus, politicamente errada, pois em ambiente recessivo não é prioridade nenhuma e contribui para encher a taça de veneno que o liberalismo nos tem obrigado a engolir até à última gota. É, mais ou menos, como os partidos comunistas que dizem que a URSS soçobrou por não ter adoptado suficientemente o socialismo. O PPE, liberal e de direita que domina o parlamento europeu encarrega-se de abrir a cova à pazada, por onde se enfiará a UE e o Euro, um e outro tão laboriosamente construídos.
Face às boas notícias do crescimento das exportações percebe-se bem que o governo se agarre à tábua de salvação do naufrago, tentando surfar a onda vitoriosa para a qual não contribuiu. Mas mais vale tarde que nunca!
„Desenvolver uma nova ideia de crescimento seria a tarefa mais importante da nossa política económica. Mas isto não se discute. Em lugar disso as classes médias burguesas são acometidas por um mal-estar perceptível. Será que se deve ficar satisfeito quando o Ministro da Economia se compraz com a retoma após a crise financeira? Hurra, podemos continuar a fazer, irreflectidamente, os mesmos disparates que antes?...
... Não devemos, com cada vez mais dívidas, fomentar o egoismo.Devemos, sim, implementar um juízo de vistas largas na política e não continuar a intermediar com um juízo de vistas curtas entre necessidades sistémicas aparentes”
Richard David Precht, escritor e filósofo alemão em „Soziale Kriege“ – “Guerras Sociais”
DER SPIEGEL 39/2010
Olhando para a „casa sem pão” da Alemanha descobri um excelente ensaio do jovem escritor e filósofo Richard David Precht que corrobora as minhas teses e os meus vaticínios. Apenas traduzi o núcleo duro – acima referido – da afirmação central de Precht que, aliás, diz respeito a todas as “casas sem pão” da Europa e não só.
Ora vejamos: a grande crise de sentido, económica e financeira continua sem resolver; o velho e caduco paradigma cartesiano ainda não mudou. Por isso, o que hoje se passa na Alemanha, a aparente e alegadamente definitiva retoma, deve ser visto como uma “Flor de Pânico”, ou seja, sol de pouca dura. Já escrevi sobre este fenómeno. É disso que Precht se refere ao escrever: “Será que se deve ficar satisfeito quando o Ministro da Economia se compraz com a retoma após a crise financeira? Hurra, podemos continuar a fazer, irreflectidamente, os mesmos disparates que antes?” Claro que não deviamos continuar a fazer os mesmos disparates que antes. Deviamos, sim, „desenvolver uma nova ideia de crescimento”. Mas enquanto no sistema em declínio ainda aparecerem – junto do mais ricos – “balõezinhos de oxigénio”, os seus líderes continuarão linearmente e com cada vez mais esforço as coisas de ontem. De facto, quando no Titanic já condenado à morte, no bojo do navio já começam a afogar-se as pessoas da classe turística, na 1ª classe – ainda elegante e seca – as farras de sempre continuavam com cada vez mais frenesim. É o que se vive actualmente a todos os níveis.
Ainda vou falar de outro fenómeno que tendo a ver com os tempos de grande crise é observado – anos antes – por todos nós: alguns poucos ricos ficam cada vez mais ricos quanto o número de pobres cresce exponencialmente, encontrando-se a classe média em vias de destruição. A causa é – naturalmente – o comportamento linear. Este faz, através das crescentes resistências sociais que causa, com que uma sociedade primariamente sócio-cêntrica vire quase imperceptivelmente egocêntrica. Quando, assim, uma sociedade fica virada às avessas, todo o crescimento passa para pseudo-crescimento. Com outras palavras: todo o produto assim obtido, deixa de ser produto do fomento prestado entre uns e outros e passa a ser produto de saque tirado da substância – todos contra todos. E quando não há mais substância, aparecem os diversos PEC’s que tratam de tudo menos crescimento.
Resumindo: todos os membros da UE que ainda dispõem de “balõezinhos de oxigénio”, em vez de aproveitá-los para “desenvolverem novas ideias de crescimento”, como sugere Precht, aproveitam-nos para continuar a fazer os jogos de soma nula de antes. Meu Deus, que saudade. E o resto dos que já não têm os “balõezinhos” ao seu alcance, sonha com eles. E se porventura os apanhassem fariam exactamente o mesmo que os grandes exemplos fazem (que já há muito deixaram de ser exemplos): investir a energia ganha através de empréstimos cada vez mais mais caros, no egoísmo – o que acaba por atiçar e recrudescer a infernal luta de todos contra todos.
Para Portugal, já sem “balõezinhos” e no meio de estéreis discussões que apontam todas para a direcção errada, só existe uma saída válida: „Desenvolver uma nova ideia de crescimento” ... uma que nada tenha a ver com os jogos de soma nula e engenharias financeiras de costume. Não só os analistas das Rating Agencies notariam então a tentativa séria de uma mudança de estratégia posta em prática por HOMENS DE ESTADO com agrado. Nessas condições, a fatal atracção do inútil pelo desagradável acabaria por ceder o lugar à natural atracção do útil pelo agradável. Basta apenas recuperar o são juízo humano e sair do círculo vicioso.
Entre o próximo Domingo,28 de Novembro e Sábado, 4 de de Dezembro, promovemos entre os colaboradores e os visitantes do Estrolabio um amplo debate sobre os principais temas da Economia nacional. Começaremos por analisar a Dívida Externa.
Entretanto, brinquemos um pouco. Tristezas não pagam dívidas....
E não me refiro às corporações organizadas que vão voltar a descer a avenida exigindo não se sabe bem o quê, exigem sempre, mesmo que os seus protegidos tenham um nível de vida muito acima dos restantes portugueses.
Refiro-me aos que não têm que comer, como pagar os medicamentos, a escola e o infantário, aos que vão imitar o que se está a passar em França. Chega cá sempre com uns meses de atraso, mas chega. É sempre em França que começa, é a primeira a lançar-se à água e gritar que não está fria, a seguir atiram-se os outros.
Reduzir os salários e aumentar os impostos é reduzir duas vezes o rendimento das famílias e, isso, lá para o meio de 2011, vai colocar muita gente em situação precária e não vai contribuir em nada para o crescimento da economia e para a melhoria da competitividade, embora se tente pela redução dos salários repor alguma competitividade esfrangalhada em anos anteriores por aumentos de salários muito superiores aos ganhos de produtividade.
O consumo privado e público vão contrair-se , o investimento vai descer, ficam as exportações e mesmo essas fortemente dependentes do comportamento das economias que nos compram. O desastre está montado, há muito que se desenhava este cenário mas os mensageiros de más notícias não são levados a sério, há sempre quem nos salve com uns subsídios.
Hoje falei com um amigo que explora um restaurante numa aldeia nos arredores de Santarém, as vendas já caíram 40%, fruto dos subsídios que terminaram e dos postos de trabalho que se perderam, as pessoas encolhem-se com medo do futuro o que não ajuda nada.
A verdade é que o empobrecimento atinge já camadas da classe média, as organizações de ajuda humanitária não têm mãos a medir, o número de pedidos de auxílio não cessa de aumentar mesmo entre gente qualificada. Jovens famílias com ambos os conjuges a trabalhar , atulhados até ao pescoço por empréstimos , recorrem à ajuda humanitária.
A seguir os jovens que não têm emprego atingem uma taxa de 25%, a geração dos 500 euros que, licenciados, aceitam os empregos que pertenceriam aos menos qualificados. É uma "pescadinha de rabo na boca" todos empobreceram, incluindo os menos jovens que cobravam bons vencimentos mas que a falência das empresas empurra para o desemprego definitivamente aos 50 anos.
Mas o parque automóvel não cessa de crescer como um dos mais luxuosos, indicando que o país é um dos mais desiguais e injustos da Europa.
„Desenvolver uma nova ideia de crescimento seria a tarefa
mais importante da nossa política económica. Mas isto não se
discute. Em lugar disso as classes médias burguesas são acometidas
por um mal-estar perceptível. Será que se deve ficar satisfeito
quando o Ministro da Economia se compraz com a retoma após a crise
financeira? Hurra, podemos continuar a fazer, irreflectidamente, os
mesmos disparates que antes?...
Não devemos, com cada vez mais dívidas, fomentar o egoismo.
Devemos, sim, implementar um juízo de vistas largas na política e não
continuar a intermediar com um juízo de vistas curtas entre necessidades
sistémicas aparentes”
Richard David Precht, escritor e filósofo alemão em „Soziale Kriege“ – “Guerras Sociais”
DER SPIEGEL 39/2010
Olhando para a „casa sem pão” da Alemanha descobri um excelente ensaio do jovem escritor e filósofo Richard David Precht que corrobora as minhas teses e os meus vaticínios. Apenas traduzi o núcleo duro – acima referido – da afirmação central de Precht que, aliás, diz respeito a todas as “casas sem pão” da Europa e não só.
Ora vejamos: a grande crise de sentido, económica e financeira continua sem resolver; o velho e caduco paradigma cartesiano ainda não mudou. Por isso, o que hoje se passa na Alemanha, a aparente e alegadamente definitiva retoma, deve ser visto como uma “Flor de Pânico”, ou seja, sol de pouca dura. Já escrevi sobre este fenómeno. É disso que Precht se refere ao escrever: “Será que se deve ficar satisfeito quando o Ministro da Economia se compraz com a retoma após a crise financeira? Hurra, podemos continuar a fazer, irreflectidamente, os mesmos disparates que antes?” Claro que não deviamos continuar a fazer os mesmos disparates que antes. Deviamos, sim, „desenvolver uma nova ideia de crescimento”. Mas enquanto no sistema em declínio ainda aparecerem – junto do mais ricos – “balõezinhos de oxigénio”, os seus líderes continuarão linearmente e com cada vez mais esforço as coisas de ontem. De facto, quando no Titanic já condenado à morte, no bojo do navio já começam a afogar-se as pessoas da classe turística, na 1ª classe – ainda elegante e seca – as farras de sempre continuavam com cada vez mais frenesim. É o que se vive actualmente a todos os níveis.
Ainda vou falar de outro fenómeno que tendo a ver com os tempos de grande crise é observado – anos antes – por todos nós: alguns poucos ricos ficam cada vez mais ricos quanto o número de pobres cresce exponencialmente, encontrando-se a classe média em vias de destruição. A causa é – naturalmente – o comportamento linear. Este faz, através das crescentes resistências sociais que causa, com que uma sociedade primariamente sócio-cêntrica vire quase imperceptivelmente egocêntrica. Quando, assim, uma sociedade fica virada às avessas, todo o crescimento passa para pseudo-crescimento. Com outras palavras: todo o produto assim obtido, deixa de ser produto do fomento prestado entre uns e outros e passa a ser produto de saque tirado da substância – todos contra todos. E quando não há mais substância, aparecem os diversos PEC’s que tratam de tudo menos crescimento.
Resumindo: todos os membros da UE que ainda dispõem de “balõezinhos de oxigénio”, em vez de aproveitá-los para “desenvolverem novas ideias de crescimento”, como sugere Precht, aproveitam-nos para continuar a fazer os jogos de soma nula de antes. Meu Deus, que saudade. E o resto dos que já não têm os “balõezinhos” ao seu alcance, sonha com eles. E se porventura os apanhassem fariam exactamente o mesmo que os grandes exemplos fazem (que já há muito deixaram de ser exemplos): investir a energia ganha através de empréstimos cada vez mais mais caros, no egoísmo – o que acaba por atiçar e recrudescer a infernal luta de todos contra todos.
Para Portugal, já sem “balõezinhos” e no meio de estéreis discussões que apontam todas para a direcção errada, só existe uma saída válida: „Desenvolver uma nova ideia de crescimento” ... uma que nada tenha a ver com os jogos de soma nula e engenharias financeiras de costume. Não só os analistas das Rating Agencies notariam então a tentativa séria de uma mudança de estratégia posta em prática por HOMENS DE ESTADO com agrado. Nessas condições, a fatal atracção do inútil pelo desagradável acabaria por ceder o lugar à natural atracção do útil pelo agradável. Basta apenas recuperar o são juízo humano e sair do círculo vicioso.
O Vitor Bento, economista, e Conselheiro de Estado publicou ontem um livro sobre o Orçamento de todas as desgraças. Vou trazê-lo aqui com textos diário, mas para já há que registar.
Temos um Nó Cego que é a Dívida Externa que, ao contrário dos US em 1913, não conseguiremos pagar sem empobrecer porque a nossa economia não cresce, e não crescendo, não produz riqueza, e não produzindo riqueza temos que poupar onde não devemos nuns casos (investimento reprodutivo de melhoria de produtividade) e onde não podemos ( custos estruturais fixos). Só pagamos se empobrecermos.
O Presidente do Banco de Portugal, António Costa, homem independente e sabedor, vem dizer-nos que só saímos desta recessão com investimentos com retorno assegurado, nada de TGVs, nem aeroportos ( ao contrário dos milionários estudos o afluxo de passageiros na Portela baixou milhões de 1998 para 1999 ).
Daniela Bessa, confirma, o maior problema é a dívida externa, se não produzirmos riqueza para a pagar entramos no "ciclo infernal" económico" fazemos dívida para pagar dívida.
Andamos sete anos a jogar "ao poder" nas enpresas públicas e nos bancos, agora para sairmos a solução são "os filhos bastardos" as empresas que produzem bens e serviços para exportação que, de tão esquecidas nenhum de nós é capaz de citar dez que sejam e, no entanto, representam 80% das exportações, 70% do PIB, 60% do emprego...
Há três meses atrás o TGV , autoestradas, pontes e aeroporto eram a prioridade agora ,não só não são a prioridade como se percebe que vão ficar no papel por muitos anos e maus. Ou não se tem prioridades estratégicas nacionais nenhumas ou os interesses particulares ultrapassam o interesse nacioal. Não há outra explicação para tanta incoerência.
Luís Moreira Os porugueses estão rendidos ao neofrugalismo», diz o Público.
O que é o neofrugalismo? Uma nova tendência musical, uma vanguarda literária, um sistema ocidental de feng-shui?
Não: uma coisa sensata, «a tendência mundial de consumo que foi prevista em finais de 2008 num relatório do falido banco de investimento Merril Lynch».
Há males que vêm por bem. Mas há coisas que convém situar no tempo.
O «neofrugalismo» é, realmente, o modo como vivem os povos do Norte da Europa, muito longe dos padrões de consumo norte-americano e, convenhamos, português nas últimas décadas.
Ir ao restaurante uma vez por semana, ou menos; pensar bem antes de entrar numa loja de electrodomésticos, fazer contas antes de imaginar o novo computador, não acumular objectos desnecessários, jantar em casa — aquilo que o «neofrugalismo» propõ é, antes de mais, um modo de vida de país desenvolvido.
Quantos dos meus amigos suecos ou noruegueses vão jantar fora por mês? Muito, muito menos do que os portugueses. Quantas vezes trocam de carro ao longo da vida? Muito menos do que tem sido o padrão de consumo português e infinitamente menos do que é a norma norte-americana.
Ao ler as estatísticas queixosas da indústria automóvel, por exemplo, não é possível evitar um encolher de ombros quando se lê que «este ano se venderam menos xxx carros do que no ano passado»; a doutrina do crescimento infinito, boa para excel e para gestores saídos da Procter & Gamble, tinha de ser posta em causa algum dia. Não só por causa da crise demográfica e porque os recursos do planeta são moderadamente finitos mas porque não é sensato imaginar um mundo em que o destino de todas as economias é a delapidação contínua do património familiar em bens de consumo insensatos.
A chamada mediocridade nórdica (que não é apenas assunto de poesia mas, já agora, está lá, desde o Havámal) tem a ver com isto: consumir menos, sujar pouco, contentar-se com a modéstia, produzir melhor. É um modo de vida que não pode ser confundido apenas com o «neofrugalismo», ou seja, como uma tendência irremediável de consumo.
Menos iPods por ano, menos carros, menos desperdício, saber cozinhar, aproveitar o tempo para ler, menos idas ao cinema, etc.; ou seja, estar menos dependente, viver de acordo com as possibilidades.
O que são os testes de stress aos Bancos. Trata-se de uma avaliação de como se comportam as contas dos Bancos (os seus activos ou a sua capacidade de financiamento) em situações-limite no mercado.
A base da análise deverá ter como principais indicadores: - A dívida soberana (dividas dos governos); - A dívida das empresas - A dívida dos particulares - A estimativa do crescimento económico (positivo ou negativo) na zona EURO
O tema tem vindo a ser tratado nos jornais e em toda a comunicação em geral, incluindo até debates televisivos.
O último a que assisti foi ontem na “SIC notícias” e das intervenções feitas a que considerei mais sensata, face à realidade portuguesa, foi a de um Professor do ISG. Das suas opiniões, registei as que me pareceram mais realistas em conformidade com a situação actual e a prevista a médio/curto prazo, sobre a evolução da economia europeia e em particular da portuguesa.
Resumo em seguida as ideias base que retive e com as quais estou totalmente de acordo: - Sobre o resultado do teste de Stress à Banca Europeia (90 Bancos, que inclui 4 Bancos portugueses que representam cerca de 80% do mercado financeiro em Portugal) ele opinou o seguinte:
- Em primeiro lugar e independentemente do tipo de análise efectuada, os resultados não deveriam ser divulgados publicamente. Deveria ser dado conhecimento a cada País, com as recomendações que os analistas entendessem adequadas;
- A divulgação pública dos resultados da análise pode ter várias leituras e consequências como sejam:
- A Análise não considera a chamada divida soberana (divida dos Estados) e apresentará um resultado falseado. Ou seja, todos ou quase todos os Bancos vão ter nota positiva, o que redundará numa desconfiança do mercado;
- A Análise considera os factores principais atrás referidos, mas com estimativas optimistas (não credíveis) para o crescimento económico nos próximos anos. Daqui resulta uma conclusão ilusória, que pode ser positiva para uns Bancos e negativa para outros;
No caso português por exemplo as perspectivas de crescimento do PIB para 2010 são de 0.9 % e em 2011 de 0,2%. A dissecação deste crescimento advém do aumento previsível das exportações face ás importações e da diminuição do consumo interno.
Resultarão assim para Portugal, maiores restrições no crédito a conceder pelos Bancos às empresas, ao Estado, diminuindo portanto a capacidade de Investimento Público e aos particulares, com maior incidência na área da habitação, afectando assim também o sector da construção, com o consequente aumento do desemprego e diminuição do consumo interno já referido;
Ainda em relação a Portugal o Professor levanta a questão sobre o crescimento das exportações, tendo como base a situação que se tem vindo a verificar nos últimos anos de a Alemanha, que era o país que mais importava, ter vindo a diminuir o valor das mesmas, voltando-se para os países do leste Europeu onde os custos são mais baixos e até dos países chamados emergentes (China e Índia);
Sobre as importações da China e a Índia o professor, levanta a questão de a Comunidade Europeia correr o risco de estagnar em termos de crescimento económico, se não levantar barreiras ou estipular limites ás importações daqueles países;
A publicação pública dos resultados da análise (seja quais forem) pode assim ter como consequências:
- Falta de confiança no mercado da Banca e provocar riscos sistémicos que abalarão ainda mais as potencialidades da Europa sobre o seu crescimento futuro e de Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha (PIGS) em particular.
Entretanto o Jornal Expresso do dia 17 de Julho de 2010 anuncia que a linha de crédito do Estado Português para Angola será usada para pagar dívidas a empresas nacionais entre as quais se destacam, entre outras a Mota - Engil, Soares da Costa e Teixeira Duarte.
Em contrapartida a exportações para Angola, entre Janeiro e Abril deste ano, caíram 23%. Estão a importar da África do Sul, Brasil, China, Índia e outros países
Afinal o que e quem estamos a financiar? Onde vamos buscar o dinheiro?
Uma das eventuais recomendações, resultantes dos resultados do Teste de Stress, será obrigar os Bancos com dívida soberana suspeita nas suas carteiras, a reforçar os seus capitais. Claro que a Comissão que está a fazer a análise, espera que isso seja feito com capital obtido no mercado ou por injecções financeiras dos governos nacionais. Mas qual é o Investidor privado (incluindo os actuais sócios maioritários dos Bancos) que vai investir mais na Banca? E qual a capacidade dos governos sem dinheiro, se financiarem internacionalmente e endividarem-se ainda mais?
VAMOS AGUARDAR PELO DIA 23 DE JULHO DE 2010 (sexta-feira)