Luis MoreiraFui uma das sete mil pessoas que foram para a Baixa de Lisboa ver correr centenas de atletas. Uns campeões nacionais (como a Jessica Augusta, recente campeã europeia) a esmagadora maioria homens e mulheres, jovens e crianças, a correrem por puro prazer. Frio? Ninguem o sentia, uma cidade em festa.
Impressionou-me a alegria dos participantes, correm por puro prazer, mães que ficam com os agasalhos das filhas, pais de cronómetro na mão a "apalpar" a passada dos filhotes, técnicos a aconselharem, televisões e rádios em grande azáfama, gritos de incentivo, palmas para as avozinhas que me dizem com o ar mais calmo deste mundo (sigo em frente porque eu estou nos 10 Kms, quando eu lhes indicava o sentido do final dos 3 kms) .
Vi a partida com as mulheres a iniciarem na frente e, quando ainda estava a ver partir os últimos homens, já a Jessica vinha feita gazela, a entrar na Praça do Comércio de onde partira, eram 3 voltas, avenida da Liberdade até ao Marquês e volta pela Rua do Ouro, corri em direcção ao rio lá vinha a campeã para a última volta, e o meu afilhado no meio dos concorrentes a passar por mim" porra, pá, é assim que me dás a agua?" lá tive que pôr o meu ar profissional de "abastecedor" tinha-me esquecido do Luis Miguel que deixara para trás os amigos mais pesados e me trocara as voltas com essa táctica que não era nada como combinado. Vai ter que me ouvir, não se fazem orelhas moucas ao treinador...
Na recta final a máscara de suor e cansaço era substituída por uma enorme alegria, o puro prazer de terem chegado ao fim, braços no ar, um objectivo cumprido, vamos lá ver quanto fiz, a subida era lixada não dá para bater o meu próprio recorde fica para a próxima, e todos falavam com todos, as incidências da corrida, o par de namorados que correu de mão dada corta a meta debaixo de uma cúmplice salva de palmas.
Lindo, ainda me doiem as pernas dos sprintes que tive de fazer para não perder pitada, mas valeu a pena, o desporto é uma coisa maravilhosa.