Sábado, 18 de Junho de 2011

LIÇÕES DE ETNOPSICOLOGIA DA INFÂNCIA - XVI, por Raúl Iturra

O comentário de Vitz é suficientemente explícito e provado, para apoiar a minha tese da análise terapêutica e procurar a unidade que Durkheim definia entre o grupo social. Era impossível que um intelectual, sem conhecer a teoria religiosa, pudesse criar uma análise sobre o tabu a partir, apenas, da teoria dos australianos. O que procura Freud é elucidar a mente ocidental e a das crianças, enquanto analisa comportamentos à luz do seu próprio saber da sua própria cultura. Os textos que trabalham esta temática estão fundamentados em formas bíblicas e patrísticas de Pater Famílias, como mostrei na lição Segunda. É possível advertir que a maior parte das análises terapêuticas estão baseadas em temas bíblicos que governam a nossa vida. Como o autor faz ao construir uma tábua analítica das definições Freudianas e das dos Evangelhos, como faz Françoise Dolto na sua obra, já referida.

 

Table 5-1. Jesus as the Anti-Oedipus: A Summary of the Ways in Which

The Life of Jesus is the Negation of the Life of Freud’s Oedipal Man

 

http://www.paulvitz.com/FreudsXtnUncon/169.html

Oedipal Man: The old man

(from Freud)

Jesus: The new man

(from Gospels)


 

1. 

The son hates the father.

1. 

The Son loves the Father.

2. 

The son shows radical disobedience to the father.

2. 

The Son shows radical obedience to the Father.

3. 

The son wants sexual possession of the mother (or all women of the group)

3. 

The Son renounces sexual possession of all women.

4. 

Radical disobedience results in death of the father, in fantasy or supposedly in fact in the ancient past.

4. 

Radical obedience results in death of the Son

5. 

Death of the father is caused by the son or by a band of brothers (sons) who hate the father.

5. 

Death of the Son is caused by a band of brothers who hate the Son.

6. 

Death of the father is followed by failed resurrection in the form of a created father-totem, by emotions of guilt and remorse, and by permanent separation and estrangement of father and son.

6. 

Death of the Son is followed by resurrection of the Son, by the emotions of joy and happiness, and by the complete reunion and identity of Father and Son.

7. 

Death of the father leads to the son’s identification with the father, now incorporated as superego, or to the band of brothers’ identification with the father-totem.

7. 

Resurrection leads to the sons’ identification with the Son, who is the center of morality and of ideals (a new Superego); the new band of brothers identifies with the “totem” Son.

8. 

The old sons identify with the father in a totemic meal in which the father is eaten

8. 

The new sons (or band of Christians) identify with the Son in a “totemic” meal in which the Son is eaten.

9. 

The new band, feeling guilt partly from their sexual motives, renounces the women and creates the rule of outmarriage (exogamy). Thus, the women take the name of some other group’s father.

9. 

The new band of sons and daughters takes the name of the Son (Christians);  women are not excluded from the “tribe” but were the same name.

10. 

In short: Hatred and disobedience leading to death of the father bring original sin.

10. 

In short: Love and obedience leading to death of the Son bring redemption.

 

 

 

publicado por João Machado às 14:00
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Terça-feira, 14 de Junho de 2011

LIÇÕES DE ETNOPSICOLOGIA DA INFÂNCIA - XII, por Raúl Iturra

(Continuação)

 

Parecia-me necessário entender certos conceitos, antes de entrar pelas duas temáticas que explicam a incompreensão entre adulto e criança. Especialmente, por estarem baseadas em ideias religiosas da vida pessoal dos autores, todos eles israelitas. O Édipo e o ante Édipo ou Jesus; e o comportamento erótico da infância. Por outras palavras, as ideias psicanalistas não são conceitos inventados, são retirados dos aspectos punitivos do que denominamos religião, definido por mim em textos anteriores como a lógica da cultura e a lógica da história, é dizer, o que orienta, define, incentiva e proíbe comportamentos entre seres humanos cuja base de agir é a felicidade e o desejo que leva à reprodução, à concorrência, ao lucro, à mais-valia. Conceitos todos já definidos nos textos denominados sagrados das várias culturas e invocados por mim em páginas anteriores. No entanto, a melhor definição de religião é proporcionada por Durkheim, conceito que contribui para o entendimento da terapia e as suas técnicas adaptativas ao comportamento definido pela Divindade, que os psicanalistas não denominam histeria nem neuroses, apenas alienação. Durkheim considera a religião como a representação sagrada que o povo tem de si próprio e define-a assim: “Uma religião é um sistema unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, ou seja, retiradas da sociedade e proibidas – crenças e práticas que unificam numa única comunidade moral chamada Igreja todos aqueles que a ela aderem. O segundo elemento que encontra assim lugar na nossa definição não é menos essencial do que o primeiro; porque mostrando que a ideia de religião é inseparável da de Igreja, torna claro que a religião deve ser um facto eminentemente colectivo”[1] Esta definição que tenho usado, na língua original noutros textos, porque define, praticamente, o que os terapeutas procuram: a sociedade e a interacção individual e dentro do grupo. Durkheim, ateu mas pertencente à religião judaica, procura o mesmo tipo de análise de comportamento que Freud e discípulos: uma análise ajustada a uma lógica exógama, não incestuosa, a reconhecer a realidade da libido e de todos os outros conceitos que defini antes. Conceitos entre os quais se encontra o Quarto Mandamento comum às religiões referidas em páginas anteriores: o amor aos ancestrais e o respeito, do qual nasce um conceito que já quase não é usado, o de Édipo, e que Freud analisa no seu texto sobre religião, a partir das seguinte tábuas:

 

 

 

publicado por João Machado às 14:00
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Terça-feira, 9 de Novembro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –21 por Raúl Iturra.

(Continuação)
Chegava ao fim o Paraíso encantado, sem barulho, longe da cidade, com carros para nos deslocar, ou com as nossas bicicletas ou, simplesmente, a pé ou a cavalo.

Com a minha amada irmã Blanquita, mal havia temporal, ou os bem conhecidos terramotos, normalmente um por ano, ou tremores de terra, quase diários, lá íamos à procura de asilo para os que sem casa ficavam solicitando aos ricos o empréstimo dos seus armazéns, das suas adegas ou terrenos abandonados para construir casas designadas meias águas, feitas em madeira com um tecto para a água da chuva, sempre muita, escorregar – daí, meias água (porque tinha apenas uma placa de madeira, para resguardo da água). O nosso crescimento fez-nos pessoas implicadas persistentemente na defesa dos direitos humanos. A minha doce irmã, nos Centros de Madres com a nossa Senhora Mãe, de uma simpatia e solidariedade impossível de descrever, doce e muito religiosa, de terço às tardes, de joelhos, a família toda, até que, a pouco e pouco, foi ficando apenas com os empregados de casa. O nosso irmão, a converter operários para o marxismo, eu a fundar sindicatos de pescadores e de operários da fábrica, outra a dançar andaluz o tempo todo enquanto criava uma escola para as raparigas operárias.

O primeiro sindicato a reclamar leveza no trabalho, organizei-o com quinze anos de idade e dois anos mais tarde, aos dezassete, criei o teatro; o Centro de Madre, foi fundado pela minha amada irmã apenas com catorze anos; o nosso irmão aos treze anos de idade formou centros marxistas de rebelião ao passo que a mais nova, completava os seus estudos.

Enquanto um era advogado para defender causas perdidas e apoiar os sindicatos (eu), outra formou-se como Assistente Social (Blanquita), mais tarde, já como analista, concebeu o Programa de Atención Integral en Salud, PRAISE, que hoje, após o terramoto da ditadura, coordena em quatro províncias do Centro do Chile, trabalhando desde as 8 da manhã até noite dentro, na constante procura de melhorar as depressões causadas pelo nefando assassínio que faleceu réu de crimes imensos, e em tribunal. O nosso irmão Jaime, Engenheiro Agrícola e Florestal, é hoje em dia membro do PC Chileno, enquanto Flor Maria foi educada, na mesma Universidade dos Senhores Pais, como de todos nós e dos nossos descendentes, para Ser Senhora. Assim, Senhora é, dedicando-se actualmente à pintura. Maria de los Ángeles estudou e criou família, filhos, netos e bisnetos – com esse programa, relatado por mim noutro livro.

Já não havia tempo para correr e cantar, como outrora. O teatro foi à vida, as danças andaluzas também, os Centros de Madres e de Escuteiras, orientados pela Senhora Mãe, e o Sindicato, pela lei que organizámos na segunda metade dos anos cinquenta do século XX. Agora, nos verões, dedicávamo-nos à alfabetização, recorrendo ao método de Paulo Freire, construíamos estradas, levantávamos escolas, ensinávamos higiene, lutávamos pelo nosso candidato, Dr. Salvador Allende e os seus ideais.

Nessa época, ganhei a mania de pregar nas homilias celebradas pelo nosso amigo Mário Erazo às 10 da manhã de todos os Domingos. Nessas manhãs dominicais, levado de carro até à Igreja, eu batia e batia o sino da solidariedade, até conseguir que paroquianos detentores de muitas terras oferecessem algumas das que não usavam, para construção de um bairro que, até hoje, tem por nome Don Raulito Iturra, tal como o que organizara em Viña del Mar, para os pescadores ou o de Caleta Abarca, que visitei em 2004, designado Raúl Iturra. Os santos padroeiros com muito dinheiro e terras comoviam-se com os meus sermões, especialmente quando, como um Lutero, um Calvino ou um Knox qualquer, afirmava que iam ganhar o Reino dos Céus. Foi com essa segurança que, o secretamente ateu Rir – eu – soube levantar a população, nomeadamente em alguns bairros de lata de Valparaíso. Foi assim que me formei em advocacia.

No decurso desses trabalhos de verão, conheci uma rapariga, doce como o mel; perdido de amores pela recém retornada ao Chile, vinda da Europa, solicitei ao meu Senhor Pai que a pedisse em casamento (para mim, claro). Foi longa a espera, mas a minha persistência foi tanta, que ela acabou por dizer sim. E porque sim, casámos. Partimos para a Europa, onde prossegui os meus estudos em Antropologia, e, como antropólogo, deslocámo-nos de novo para o Chile quando aconteceu o assassinato do nosso Presidente e da sua via chilena para o socialismo.

Tivemos duas filhas preciosas e extremamente bem cuidadas, especialmente pela mãe, a minha mulher, que, um dia, ficou farta de mim e pediu-me o divórcio. As suas perspectivas eram, afinal, bem diferentes das do radical revolucionário, com quem casara, que vivia para a prática do Direito e Lei e das Ciências Sociais. O resto, não é a minha história.

Paradoxalmente, a minha história de vida não me parece minha. Assim, para me entender, entre o Id, o ego, o superego, as fantasias e as relações sociais e porque um dia disseram-me que podia falecer por causas neurológicas, apressei-me a escrever as minhas memórias e as lembranças das minhas ultra amadas filhas e as dos seus filhos.

O resultado dessa escrita intensa, apareceu como Mis Camélias-Recuerdos de Padres intresados, texto pensado para ser escrito pela minha pequena família. Não aconteceu. Pelo contrário, criticam-no duramente, apesar de ter ganho um prémio. Esse livro fez-me perder a família. Louvores na escrita, profunda tristeza na vida familiar, solidão das solidões. Gostaria, no entanto, de realçar que pedi licença aos interessados, ao enviar-lhes um exemplar para lerem, sugerirem, darem a sua opinião e, naturalmente, autorizarem a edição. Mas os meses foram passando e uma vaga de silêncio instalou-se por um livro não lido.

Como Etnpsicólogo, como sujeito de uma psicanálise de dez anos para ser etnopsicólogo, decidi auto analisar-me. Por não saber qual o erro, recorri a Freud e aos seus discípulos.

Dir-me-ão porquê Freud? Porque ele, tal como Copérnico e Charles Darwin, revolucionaram a forma do ser humano se ver dentro do infinito Universo. Para Sigmund Freud, as acções e os desejos não são fruto da vontade e da vaidade humana, mas sim do Inconsciente, esta nova maneira de pensar a psique humana, abalou o mundo científico. Ansioso na obtenção de respostas plausíveis para aplacar o sofrimento dos seus pacientes, enveredou pela doutrina de Charcot e utilizou a hipnose nos seus estudos sobre histeria. Muito embora os seus estudos encontrassem resistência na ala conservadora da Medicina, que via nas teorias freudianas uma ameaça à primazia do ser humano, Freud prosseguiu a sua linha de pensamento e descobriu que o ser humano é dividido entre o Consciente e o Inconsciente, lançando as bases da Psicanálise.

É interessante observar como ao comparar etapas da vida de si próprio com a da sua descendência é possível articular as suas descobertas com as experiências pessoais do psicanalista. Como a teoria que desenvolveu sobre o Complexo de Édipo, fundamentando-se na relação com o seu pai morto, recorrendo a uma linguagem metafórica e onírica. O conflito interior que Freud viveu, enquanto tentava penetrar no obscuro Inconsciente dos seus pacientes, temendo encontrar o inefável, o impensável, era, na verdade, receio de encontrar a sua própria essência. Esta questão, também é parte do conflito da minha auto-análise para entender o que foi desastroso na minha escrita de Mis Camélias.

(Continua)
publicado por Carlos Loures às 15:00
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