Sexta-feira, 8 de Julho de 2011

8 - Terreiro da Lusofonia - por Carlos Loures

O nosso plano para esta rubrica é trazer gente de todas as áreas da cultura - a melhor gente, entenda-se. Flora Gomes é um grande realizador cinematográfico. É um dos tais vultos da lusofonia que nos fazem ter orgulho no universo que em torno da língua portuguesa se criou. Hoje o nosso espaço é consagrado a Flora Gomes.

Flora Gomes nasceu em Cadique (Guiné-Bissau) em 1949 e é um dos mais reputados cineastas africanos. Durante a Guerra Colonial, admirador de Amílcar  Cabral, esteve exilado. Estudou cinema em Cuba e no Senegal onde trabalhou com Paulino Vieira e com Sérgio Pina.

 

De regresso à Guiné, após a independência em 24 de Setembro de 1974, rabalha como operador de câmara colaborando com o Ministério da Informação, realizando documentários históricos.  A sua primeira longa-metragem data de 1987: Mortu Nega, sobre a luta da independência. O filme é bem recebido pela crítica internacional. Participa em festivais como o de Veneza e o de Cannes.

A sua filmografia principal é a seguinte: O Regresso de Cabral (1976); A Reconstrução (1977 - co-realização com Sérgio Pina); Anos no Oça Luta (1978 - co-realização com Sérgio Pina); Os olhos azuis de Yonta (1982); A máscara (1994); Po di Sangui (1996); Nha Fala (2002); As duas faces da guerra (2007). Mostramos cenas de Os olhos azuis de Yonta.


 

publicado por Carlos Loures às 11:00

editado por João Machado em 07/07/2011 às 20:44
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Sexta-feira, 1 de Julho de 2011

Fui ver um filme – Violência e Paixão (Gruppo de famiglia in un interno), de Luchino Visconti. Por João Machado

 

 

 

 

 

 

 

Ontem à noite fui ver um filme na sede do meu partido, aquiem Vila Francade Xira. Deixei-me dizer-vos, em primeiro lugar, que no concelho de Vila Franca de Xira, neste momento não há uma única sala de cinema a funcionar. O concelho tem 150.000 habitantes. É como vêem. É verdade que noutros concelhos da Grande Lisboa a situação é a mesma. Falaremos mais disto noutra ocasião.

 

O filme é, para classificar numa frase curta, bastante bom. Conheço mal a obra de Luchino Visconti (1906 – 1976), mas julgo não exagerar ao dizer que não será o melhor filme o dele. Contudo atinge uma craveira muito razoável. É de 1974. Os filmes mais famosos

 

O argumento é simples. Um professor (Burt Lencaster), já idoso, vive só, dedicando-se aos seus estudos. Após uma vida, que se entrevê ter sido com muitas contrariedades, dedica-se, como ele próprio diz, a estudar as obras do homem mais do que o próprio homem. Um belo dia, uma aristocrata (Silvana Mangano), frívola e corrompida, entra-lhe pela casa dentro e consegue alugar-lhe um apartamento no andar de cima, onde instala o amante (Helmut Berger), um jovem que vive à sua custa. No esquema entram também a filha (Cláudia Marsani, salvo erro) e o namorado desta. Ao longo do filme vão aparecendo os conflitos sócio-políticos italianos, incluindo referências a situações ocorridas na altura. Envoltos por esta cena, os personagens vão evoluindo mostrando as suas facetas humanas, com destaque para as suas fraquezas, e a indiferença pelo mundo real, onde circulam a maioria das pessoas, que não são privilegiadas. Simpatizam à sua maneira com o professor, que lhes retribue, também a seu modo.

 

A parte técnica está muito boa. Colorido excelente. Os actores, de primeira categoria (ou Luchino Visconti não os quereria). Vale a pena verem. Há versões em inglês eem italiano. Naprimeira parece que houve cortes por causa da linguagem, na segunda alguns actores (Burt Lencaster?) teve de ser dobrado.

 

publicado por João Machado às 15:20
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Domingo, 10 de Abril de 2011

Making of - a perda da inocência por Luis Moreira

 

 

 

Estes "Making of" deviam ser proíbidos, eu sempre acreditei em  heróis e princesas, sonhei com aventuras, com planicies sem horizontes, senti emoções de alegria, de solidão, de paixão...porque nos tiram tudo isto?

 

Fui o Paul Newman em "O Selvagem", Al Pacino no "Padrinho", e apaixonei-me perdidamente pela Hillary Swan; chorei baba e ranho com as canções da Marisol e do Joselito; brinquei aos polícias e ladrões com o Jack Palance e fui formidavelmente rápido com a pistola com Jonh Wayne ; acreditei que um gajo feio como o Belmondo era amado por paletes de mulheres de sonho...sempre era possível, a mim também...

 

Agora, tiram-me o sonho com estes vídeos, afinal nada é verdade, estes gajos mentem-nos com mentirinhas da treta, o hélio a voar por cima dos arranha céus não passa de um hélio em tudo igual ao que ofereci ao meu sobrinho Guilherme. Os beijos são técnicos, estão dezenas de técnicos a fazerem de "pau de vassoura" em cima (salvo seja) dos protagonistas e a maior parte das vezes os "cús de Judas" que se vêm nem sequer são da rapariga que, obrigatoriamente, eu levava para casa.

 

Ao cair da tarde, quando a noite se anuncia e o sol se vai,ainda não é noite mas já não é dia eu entrava no cinema e no meio da escuridão sonhava com heróis e princesas, tudo era possível, o "rapaz" salvava a "miúda" e ficava com ela, eu nem sequer me apercebia que uma miúda daquelas nunca está num sítio onde um rapaz a possa salvar, mas que importa, pormenores sem interesse nenhum, a verdade é que o destino "marca a hora" e só temos que aceitar essa inevitabilidade.

 

Mas não, até isso nos tiram, até a criança que eu guardo dentro de mim, ma querem roubar.

 

Resta o quê? Isto?

 

 

 

 

 

publicado por Luis Moreira às 13:00
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Sexta-feira, 25 de Março de 2011

Mostra de Cinema na Póvoa de Santa Iria

 

 

 

 

publicado por João Machado às 09:00
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Quarta-feira, 23 de Março de 2011

Elisabeth Taylor (1932-2011) – por Carlos Loures

 Elisabeth Taylor morreu esta manhã num hospital de Los Angeles. Tinha 79 anos. O lugar-comum que se usa quando desaparece alguém que prezamos, de que com a morte dessa pessoa, nós morremos também um pouco, faz algum sentido ser usado com Elizabeth Taylor. Desde a linda adolescente de Lassie Regressa a Casa (1943) e A Coragem de Lassie (1946), à bela mulher de Gata em Telhado de Zinco Quente (1958) e de Cleópatra (1963) ou á actriz consumada de Quem tem medo de Virginia Woolf? (1960) e de O Número do Amor (1961), nunca deixei de ver o seus filmes, nem sempre bons, embora as suas interpretações sempre os salvassem de ser muito maus. Sem ela, o mundo do cinema não é o mesmo

 

A sua vida privada, os seus oito casamentos, sobretudo os casamentos e divórcios com Richard Burton – outro excepcional actor, a cura de desintoxicação do álcool e drogas – sempre revelaram ser ela uma lutadora que não se rendia com facilidade. E uma corajosa defensora de causas - a solidariedade para com as vítimas da SIDA desde a morte em 1985 do amigo Rock Hudson e a sua presença no funeral de um Michael Jackson em Julho de 2009, sendo uma das poucas celebridades presentes no funeral de uma estrela caída em desgraça, acusado de pedofilia, demonstram que era uma pessoa em que as convicções estavam acima das convenções.

 

Foi operada cerca de 30 vezes (sem ser por razões estéticas, incluindo a a um tumor no cérebro). Sofria de osteoporose e deslocava-se em cadeira de rodas. Pensa-se que sofria de doença Alzheimer, embora o tenha desmentido categoricamente numa entrevista na televisão. Estava há dois meses internada com problemas cardíacos. Esta manhã, uma insuficiência cardíaca pôs termo à sua caminhada.

 

Acabo como comecei, com outro lugar comum – o mundo, sobretudo o mundo do  cinema, está mais pobre.

 

E deixo-vos com uma cena de Quem tem medo de Virginia Woolf?, que lhe valeu um dos dois Óscares da sua bem preenchida carreira.

 

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 22:00
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Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2011

A cinéfila - por Carla Romualdo

  

Ao Carlos Loures

 

Nos grandes armazéns da rua Preciados, a um sábado pela tarde, quando caem os primeiros pingos grossos de chuva – pérolas de gelo, prenúncio da neve que cairá nuns dias mais -, nos grandes armazéns, dizia, depósito sem alma de livros e música, empilhados em quatro andares sem um único recanto onde sentar-se, cruzo-me com a mulher que um dia imaginei e que afinal existia, ou talvez tenha passado a existir nesse momento em que a pensei, talvez tenha irrompido nesse dia pelo mundo, com cinquenta anos feitos, com uma biografia, uma infância que lhe enche as molduras de fotos que terá na sala, um passado que a trouxe até aqui, a este sábado à tarde em pleno Inverno, nos grandes armazéns da rua Preciados.


Chamar-se-á Gloria ou Rocío ou Blanca, ou outro nome luminoso e festivo, porque seria demasiado cruel chamar-lhe Soledad.


Coloco-me atrás dela na caixa e espreito sem vergonha os artigos que pousa sobre o balcão, menos por coscuvilhice do que para confirmar o que já conheço, o que imaginei certo dia, longe da rua Preciados e dos seus grandes armazéns.


“How green was my valley”, “It’s a wonderful life”, “The magnificent Ambersons”, “Meet John Doe”. Pousa-os um por um com carinho no balcão, como se desfrutasse já da sua companhia, como se sentisse já por cada um a ternura que nos une a um velho amigo, como se de cada um conhecesse as virtudes e as manias, e tomasse ambas com o enternecimento risonho que reservamos aos que nos são muito queridos.


O funcionário da caixa desliza-os suavemente pelo tapete e pousa-os com cuidado após o bip do leitor de código de barras, e Rocío (porque afinal me decidi chamar-lhe assim, Rocío, orvalho, frescura da manhã) olha o rapaz com gratidão, pressente-o conhecedor desses comuns segredos que outros não vêem, por mais que se desfilem frente aos seus olhos, estende-lhe o cartão com um quase imperceptível tremor nos dedos, ele passa-o na máquina, ela digita o código, a operação desenrola-se sem uma única troca de olhares, e quando a máquina debita o seu talão, já ele guardou tudo numa bolsa de papel reciclado, agora que os sacos de plástico se fizeram malditos, e só então se olham fugazmente, murmurando um agradecimento mútuo.

 

E eu perco Rocío para sempre, mas sei, porque a conheço, que ela passará o fim-de-semana em casa, com o iogurte de meio quilo sobre os joelhos, as persianas semicerradas para que a luz não entre, e porque o mundo de fora lhe interessa cada vez menos à medida que o outro, o seu, se vai ampliando.


E enquanto George Bailey corre a cidade em desespero, e Rocío se encolhe no sofá, reconfortada na sua tristeza, eu penso como seria o dia de hoje na rua Preciados se Rocío nunca tivesse nascido, se não houvesse esta tarde em que coincidimos nos grandes armazéns e eu a deixei fugir para sempre sem saber que a inventei. 

 

publicado por CRomualdo às 19:00
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