O Centenário da Sociedade “A Voz do Operário”Fernando Piteira SantosLisboa, 1983Na mesma casa que em 1879 assistira ao nascimento do jornal «A Voz do Operário», num beco ali ao Menino Deus, no labirinto das ruelas populares e laboriosas da velha Lisboa, fundava-se quatro anos mais tarde, em 13 de Fevereiro de 1883, a Sociedade Cooperativa A Voz do Operário, precursora da actual Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário.
Ao cumprir-se o centenário desta instituição, que tanta importância teve na história social e cultural do Portugal contemporâneo e que continua a prosseguir uma obra digna no campo da educação infantil, da assistência social e da animação cultural e associativa, não podemos esquecer outro acontecimento significativo na vida da Voz do Operário. Nesse mesmo ano de 1883 falecia em Lisboa Custódio Braz Pacheco, figura ímpar de militante operário e entusiasta e abnegado, que à fundação do jornal e da Sociedade tanto do seu esforço dedicou.
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O Chiado Pitoresco e Elegante
Mário CostaLisboa, 1987Durante largo tempo ligou-se o nome de Chiado ao nome do poeta António Ribeiro Chiado que viveu no século XVI e que teria residido por ali perto. Um belo dia, Alberto Pimentel encontrou um documento datado de 1567, mencionando um tal Gaspar Dias, de alcunha o «Chiado», como possuidor de uma taberna que se situou um pouco acima da esquina da actual rua do Carmo para a rua Garrett. Será o Chiado-poeta ou será o Chiado-taberneiro o tronco genealógico do Chiado-artéria alfacinha? Não sei ao certo e longe de mim meter-me a discutir, quer a genealogia do Chiado, quer, até, a sua maior ou menor beleza panorâmica. O que sei é que o Chiado adquiriu, entre as artérias de Lisboa, particular notoriedade. Pode São Bento ter-se convertido no símbolo da Política, o Terreiro do Paço no símbolo da Burocracia, a Rua dos Capelistas no símbolo da Finança: o Chiado alcançou o privilégio de os superar a todos porque se converteu no símbolo do Bom Tom.
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Chicago 1886 Lisboa 1986
100 Anos Por Um DiaJosé BrandãoEditorial Inquérito, 1987Cem anos do 1° de Maio são evento histórico de considerável importância mesmo num país como Portugal, onde nem sempre a presença operária e sindical se mostrou historicamente com suficiente afirmação.
Pretende-se nestas páginas rememorar alguns aspectos mais salientes da nossa história recente e com eles ilustrar, ou enquadrar, aquilo que tem sido o 1º de Maio e a história do sindicalismo em Portugal.
Mais que a descrição exaustiva de uma data anualmente revisitada, este trabalho apresenta-se com intenções que em caso algum se esgotam numa cansativa e pouco convincente cronologia do historial sindicalista.
Talvez suceda que, afinal, à falta de maior e melhor história para o nosso movimento operário e sindical, seja forçoso o recurso aos acontecimentos gerais, e, através destes, falar então da nossa história sindicalista ou daquilo que é tido como tal.
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Da A25A recebemos o seguinte convite:
No próximo dia 30 de Setembro (quinta-feira), às 18.30 horas, no auditório da FNAC Chiado, vai realizar-se uma sessão de apresentação do livro “Sérgio Valente – Um Fotógrafo na Oposição”, da Editora Afrontamento. Trata-se de um livro que é não apenas o testemunho de vida de um amigo pessoal de muitos anos, comprometido com o combate contra a ditadura e pela democracia, como contém largas centenas de fotos que constituem um rico património e um testemunho visual de uma parte relevante da actividade oposicionista no Porto nos anos 60 e 70 do século passado, de que ele foi, não apenas activo militante, mas também o fotógrafo constante. O livro contém ainda um excelente texto de Manuel Loff de enquadramento historiográfico da actividade oposicionista e da realidade de Portugal sob o fascismo naqueles anos e um outro trabalho de Hélder Marques sobre o percurso de vida e de luta de Sérgio Valente.
Esta sessão contará com a participação e intervenção, além do próprio Sérgio Valente, de Manuel Carvalho da Silva (secretário-geral da CGTP e sociólogo) e de Manuel Loff (historiador), e constituirá certamente uma oportunidade valiosa para uma abordagem testemunhal e historiográfica de uma realidade (a intensa actividade oposicionista e a luta antifascista na segunda cidade do País) normalmente menos conhecida e referenciada, mas que foi um enorme contributo para engrossar o caudal de resistência e de lutas (políticas, operárias, sindicais, da juventude trabalhadora e estudantil) que desaguou na revolução libertadora do 25 de Abril.
Junto por isso o convite para esta iniciativa, agradecendo igualmente a sua divulgação, pelo interesse intrínseco da sessão e também porque muitos dos factos de que o livro dá testemunho fazem igualmente parte da minha vida e de muitos outros amigos e companheiros que viveram essas jornadas no Porto e nelas forjaram a sua consciência cívica e política.
Saudações cordiais.
Henrique Sousa
Cordiais saudações
A Direcção