Relatórios Sobre a Revolução de 5 de Outubro
Carlos Ferrão
Lisboa, 1978
É reduzida a bibliografia respeitante aos aspectos militares do movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910, do qual resultou a proclamação da República e, com ele, se pôs fim a uma Monarquia que durara mais de sete séculos e que, na sua última fase, a do constitucionalismo monárquico, dava inequívocas provas de decomposição e exaustão Apesar disso, dispunha ela de uma vasta rede de interesses criados, cujos representantes se recusavam a abdicar dos seus privilégios e da força pública que, passivamente, obedecia às ordens recebidas do poder político e da hierarquia militar, parte da qual reconhecera o seu carácter parasitário mas não se mostrava disposta a renunciar às suas regalias. Foi por isso longo e difícil o caminho percorrido pelos revolucionários republicanos. Estes montaram uma conspiração cujo principal objectivo consistiu em conquistar, entre militares, adesões e cumplicidades dispostas a colaborar…
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Repórteres e Reportagens de Primeira Página II
1910-1926
Jacinto Baptista – António Valdemar
Lisboa, 1990
Abrimos o volume com uma reportagem da revolução de Outubro de 1910, que transcrevemos de O Mundo daquela data: reportagem anónima, mas atribuída a um grande repórter: Hermano Neves. E, a propósito, referiremos que este jornalista confiou um dia, na revista ABC ao seu camarada de ofício Fausto Vilar, ponderações que de algum modo ajudam a compreende, a incorporação, mesmo a diluição da achega individual do jornalista na tarefa colectiva que é construir uma edição jornalística; que ajudam a compreender, em última instância, a opção pelo anonimato. Para Hermano Neves, do mesmo modo que «o personagem mais importante num hospital não é o director nem nenhum dos clínicos – é o doente (.,.) – num Jornal também o principal personagem não é o directo, nem nenhum dos repórteres. É o leitor».
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Nova História – 1ª República Portuguesa
A. H. de Oliveira Marques
Editorial Estampa, 1984.
A instituição militar não existia como organização unificada no Estado imperial português quando a monarquia foi derrubada em 1910, e convém desde já arredar uma das muitas ideias feitas com curso legal assegurado, a saber, a opinião de que os militares tiveram uma continuada intervenção na sociedade portuguesa durante todo o século XIX.
Nada de mais falso no que respeita à segunda parte desse século em Portugal. Com efeito, após as últimas veleidades do Marechal Saldanha e com o advento de Fontes Pereira de Melo, a instituição militar desaparece dos centros de decisão políticos para se tornar um instrumento relativamente dócil e sempre subordinado ao monarca, fosse ele D. Luís, D. Carlos ou D. Manuel II.
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A Obra da República
Carlos Ferrão
Editorial O Século, 1966
O título «A Obra da Republica» é demasiado ambicioso para o conteúdo deste livro. Embora abranja apenas parte dele pareceu-nos o mais ajustado à sua intenção. Por aquela expressão deve entender-se a acção dos que, em seguida à proclamação do regime republicano, assumiram o encargo de dirigir a Nação e reparar os estragos legados pela monarquia e pelos que a serviram em cargos de direcção e responsabilidade, na política e na administração. Os republicanos do nosso tempo, depositários do pensamento que presidiu à propaganda do ideal democrático, sobretudo desde que teve ao seu serviço, como força política organizada, o Partido Republicano, por ignorância, algumas vezes, por má fé, na maioria dos casos, separaram, mutilando-a, a obra realizada antes e depois de 1910 pelos que serviram o interesse nacional sob a bandeira da República.
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Memórias Políticas
Volume – 1
José Relvas
Terra Livre, 1977
Estas rápidas páginas são o depoimento duma testemunha, que acompanhou a Revolução portuguesa, desde o seu período de preparação mais activa até à proclamação da República.
Na sucessão vertiginosa dos acontecimentos, decorridos desde o advento de João Franco, frequentes vezes verifiquei como se originavam versões erradas, como se desvirtuavam intenções, ideias e factos, que mais tarde podem concorrer para uma falsa noção histórica desse período de gestação, tão atormentada, da democracia republicana. Para reconstituir com exactidão a História são indispensáveis as Memórias redigidas com a serenidade de quem está já isento de paixões, alheio às lutas, que, após a Revolução e em todos os países, sempre acompanharam os primeiros tempos dum regime novo.
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Memória Políticas
Volume 2
José Relvas
Terra Livre, 1978
Escrito sob a forma de «Cartas a um amigo», o III e último capitulo deste volume é a narrativa dos trabalhos e canseiras em que o autor se consumiu, como chefe de Governo de curta duração que se encarregou do rescaldo da tentativa de restauração monárquica que naquele ano foi o epílogo do consulado sidonista, período laivado de sangue e luto que ia destruindo a República e cavou entre os republicanos um fosso jamais colmatado.
José Relvas pôs, na execução dessa tarefa, a sua capacidade de conciliador e muito conseguiu no meio da tempestade que era a herança de uma época – o sidonismo – das mais tristes e sangrentas da nossa história. Foi essa a última e assinalada contribuição que prestou ao regime.
A República contou-o, com razão, entre os seus mais dedicados obreiros.
Carlos Ferrão
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História da República
Carlos Ferrão
Editorial Século, 1960
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. EM 5 DE OUTUBRO DE 1910 foi um acontecimento de decisiva importância na história de Portugal. Com ele se iniciou, na vida e na evolução do povo português, uma época nova, assinalada por episódios relevantes. Meio século decorrido sobre esse acontecimento, é possível avaliar a sua significação, na perspectiva do tempo, e medir as suas profundas consequências. As gerações, que surgiram depois dele, nem sempre puderam fazê-lo com a indispensável atenção e o interesse que merece, o que não impediu que o regime então implantado se consolidasse e criasse raízes indestrutíveis na alma e na consciência dos homens da nossa época.
Uma larga campanha de doutrinação e esclarecimento, realizada na Imprensa, em reuniões públicas, no Parlamento, nas escolas, mo convívio dos cidadãos, preparou a mudança das instituições políticas... (do texto introdutório)
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História da República
5 Volumes
Raúl Rêgo
Círculo de Leitores, 1986
História da República Portuguesa que agora nos oferece representa decerto um enorme labor de pesquisa, de investigação original e de interpretação, mas não pode também deixar de reflectir essa vivência profunda do homem que toda a vida amou entranhadamente a liberdade e foi obrigado, décadas a fio, a viver em ditadura, animado tão-só pelo exemplo honrado dos homens da Primeira República, eles também, na sua esmagadora maioria, fiéis até ao fim aos seus ideais patrióticos de liberdade e de justiça social.
Mário Soares
Presidente da República
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História da Primeira República Portuguesa
A. H. de Oliveira Marques
Iniciativas Editoriais/Figueirinhas, 1978
A presente História da 1.ª República Portuguesa conheceu muitas vicissitudes que explicam a demora na sua conclusão. Concebida como um trabalho de equipa, veio a ressentir-se da destruição dessa mesma equipa sem possibilidade de reconstituição. De facto, só os primeiros três capítulos resultaram do esforço conjunto do autor-coordenador e dos quatro colaboradores do grupo inicial (Irene Serpa, Arlindo Manuel Caldeira, José Mariz e Manuel Roque Azevedo), Os acasos da vida fizeram sair de Lisboa, e de Portugal mesmo, os três primeiros destes colaboradores, ficando apenas o último a investigar até ao fim.
Por volta de 1974 achava-se a investigação concluída, pelo menos nas suas linhas gerais. Mas logo veio o 25 de Abril, com suas consequências nas editoras e nas tipografias, atrasar a publicação normal dos fascículos.
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História da 1ª República
Carlos Ferrão
Terra Livre, 1976
A vigência da primeira República Portuguesa correspondeu ao período compreendido entre 5 de Outubro de 1910 e 28 de Maio de 1926, portanto quinze anos, sete meses e alguns dias. Este espaço de tempo foi perturbado por acontecimentos internos e externos de grande relevância, entre os quais avultou a intervenção de Portugal na primeira guerra mundial em que o País se envolveu para acautelar os seus interesses nas colónias e a sua própria sobrevivência. Os governos republicanos, que assumiram a responsabilidade da intervenção armada no conflito travado na Europa e em África, exigiram do povo português grandes sacrifícios feitos pela maioria da população e contestados por uma minoria que procurou explorar, em proveito das suas paixões e preferências partidárias, a crise que, sob diversas formas afectou a Nação.
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Em Defesa da Verdade
Carlos Ferrão
Editorial Século, 1961
Durante mais de trinta anos, os monárquicos portugueses caluniaram e afrontaram os seus adversários políticos lançando sobro a República e os republicanos uma torrente de agravos e cientes falsidades. Esse procedimento cujas dolorosas consequências se fizeram sentir no rebaixamento do nível cívico da Nação e ao desaparecimento de todas as manifestações de convívio entre indivíduos nascidos na mesma Pátria e cidadãos sujeitos à mesma lei, só foi possível graças à impunidade de que gozaram. Ao mesmo tempo que desenvolveram uma campanha de ódio e injúrias na Imprensa e em reuniões públicas, no desempenho de funções diversas procederam, com uma sem-cerimónia completa e uma ama ausência de escrúpulos inquietante, à revisão da História segundo os seus cânones e objectivos transparentes. Graças aos seus esforços esta acabou por se transformar numa contrafacção da verdade e numa caricatura que era a negação dos factos averiguados.
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Em Plena República
António Cabral
Lisboa, 1932
Nas lutas aspérrimas da política brava, conservei-me sempre do mesmo lado da barricada. Nunca transigi ou colaborei com adversários da Monarquia, como, a pretexto do bem público ou nacional, encobridor de interesses e conveniências pessoais, fazem aqueles que de monárquicos só têm o nome. Falei sempre aos Reis, que servi, com acatamento, sim, mas com dignidade, também, e fiquei na brecha, correndo perigos e desprezando comodidades, para lhes defender os direitos feridos e postergados. É convicção minha, arreigada e firme, que só um Rei, chefe permanente, rodeado por homens bons e dedicados, pode salvar o país da ruína e da perdição. Por isso, quero, de novo, um Rei em Portugal.
Quem assim pensa, ao escrever acerca da república, é possível e até provável que seja tido em conta de parcial, apaixonado e injusto, Será assim? – Não sei. O leitor dirá.
Desfazendo Mentiras e Calúnias
Carlos Ferrão
Editorial O Século, 1967
Neste livro se reuniram elementos e documentos para esclarecer os portugueses do nosso tempo sobre um aspecto relevante da política nacional. O partido republicano, que preparou a implantação da República e justificou a urgente necessidade dela, e o regime cujo advento foi precedido pela sua campanha de dignificação cívica e valorização do povo, nunca deixaram de ser objecto de ataques servidos por métodos que é preciso conhecer para compreender muitos acontecimentos que, de outra forma, ficariam envoltos no véu de um denso mistério. Na vigência da monarquia avultou a luta dos republicanos para verem respeitadas os direitos consignados na Constituição e na lei, entre as quais o da sua condigna presença nos órgãos de representação nacional. Sistematicamente perseguidos, durante largos anos, a repressão tornou-se, por fim, sistema corrente, usado pelos adversários, detentores do poder…
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