Quinta-feira, 6 de Janeiro de 2011

Uma Cronologia da Guerra Colonial - 3 - por José Brandão

ABRIL

?

- Chegada a Angola da 2ª Companhia de Caçadores Pára-quedistas.

- Chegam a Angola a 8ª e a 10ª CCE.

- Os ataques a fazendas e povoações continuam durante o mês de Abril e os reduzidos meios militares movimentam-se sem descanso, tentando salvar as populações mais ameaçadas.

- Os fazendeiros do Norte de Angola, atacados pela UPA, são ajudados por um grupo de civis de Luanda proprietários de pequenos aviões – que formaram a Esquadrilha de Voluntários do Ar (EVA). Descolavam da capital e levavam aos colonos sitiados mantimentos, medicamentos e armas. Regressavam a Luanda com refugiados. A Esquadrilha de Voluntários do Ar (EVA) foi fundada, em Angola, por Rui de Freitas, Carlos Monteiro, Afonso Vicente Raposo, Carlos Mendes, Jaime Lopes, Rui Manaças, Mário Dias e Pereira Caldas. Cada um fez centenas de horas de voo – em socorro dos colonos do Norte. Voavam muitas vezes em condições difíceis e aterravam nas picadas lamacentas.

1

Decreto da organização da Defesa Civil do Território, com criação nas colónias de uma comissão de coordenação de defesa civil.

2

Emboscada em Cólua, a uma coluna militar da 7ª CCE, sendo mortos 9 militares, dos quais dois oficiais: capitão Abílio Castelo da Silva e tenente Jofre Prazeres.

5

- São emboscadas, nos Dembos, em Angola, duas patrulhas militares.

- Os guerrilheiros da UPA emboscavam as tropas e, por vezes, atacavam em hordas, às centenas: enfrentavam as balas de peito aberto, armados de catanas, paus e canhangulos, alguns aos gritos de “bala não mata”. Os militares estavam mal armados: dispunham de poucas armas automáticas, apenas de velhas espingardas Mauser de repetição.

8

Primeira referência pública de Salazar à questão de Angola durante uma recepção aos agricultores do Baixo Mondego.

9

Falha o pronunciamento militar do general Botelho Moniz para depor Salazar.

10

Ataque à povoação de Úcua na estrada Luanda-Carmona, com o massacre de 13 brancos.

11

Ataque a uma patrulha portuguesa próximo de Tando Zinge, Cabinda.

12

Ataque à povoação de Lucunga, com massacre da maior parte dos seus habitantes brancos.

13

- Ataque de guerrilheiros provenientes do Congo-Brazzaville a Bucanzau, em Cabinda.

- Um furriel do BCaç 1 e dois soldados da CCaç 60 e CCaç 67 morrem em combate.

- Perante a evidente gravidade da situação e a necessidade de medidas militares de maior amplitude, o Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, que passara também a ocupar a pasta da Defesa Nacional, após a tentativa de golpe de estado que pretendia afastá-lo, ordenou o envio rápido e em força de expedições militares para Angola.

14

Declaração de Salazar: «A explicação é Angola, andar rapidamente e em força é o objectivo…».

15

Imposto o recolher obrigatório nos bairros suburbanos de Luanda.

17

Primeiro ataque da UPA à Vila de Damba, em Angola.

18

- Fundação, em Casablanca, da CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas).

- Partida dos primeiros contingentes militares, para Angola, formados por Pára-quedistas, por via aérea.

20

- Aprovação, pela Assembleia-Geral da ONU, da Resolução 1603 (XV), incitando o Governo português a promover urgentes reformas para cumprimento da Declaração Anticolonialista, tendo em devida conta os direitos humanos e as liberdades fundamentais.

- Morrem em combate 3 militares da 3ª Bat/GACL.

21

As primeiras tropas expedicionárias portuguesas partem para Luanda, via marítima.

23

- Partida de uma companhia de legionários para Angola.

- Parte de Lisboa o primeiro transporte de material de guerra no navio Benguela.

24

Tropas pára-quedistas são enviadas com a finalidade de suster a sublevação, proteger as populações ameaçadas, limpar itinerários mais importantes e libertar as pequenas povoações e fazendas ainda cercadas pelos guerrilheiros da UPA. Procedeu-se à recuperação de Ambrizete-Lufico, Mamarosa, 31 de Janeiro, Bungo, Úcua-Pango, S. Salvador, Quipedro, Nambuangongo, Maria Tereza, Mucaba, Quicabo, Canda, Dange, Sacandica, Quitexe, Bembe-Songo, Tendele, Aldeia Viçosa e tantas outras povoações e postos administrativos.

26

- A Força Aérea Portuguesa baseada no Engage, em Angola, multiplica as acções na Serra de Mucaba e nas áreas limítrofes de Damba, 31 de Janeiro e Bungo.

- Pela primeira vez aterra em Mucaba um avião Dornier, pilotado pelo tenente-aviador Durão. Trinta civis, um furriel e um chefe de posto, barricados na igreja de Mucaba, protagonizaram uma épica resistência aos ataques de centenas de sublevados.

28

Criação do Movimento Nacional Feminino.

30

- O Conselho Nacional de Segurança norte-americano é secretamente autorizado a financiar a UPA de Holden Roberto.

- Morre em combate um soldado pára-quedista do BCP 21.

- As baixas militares são já significativas neste mês de Abril. (18 mortos em combate).

MAIO

1

- A pasta do Ultramar é entregue a Adriano Moreira que, em 1 de Maio, acompanhado pelo Secretário de Estado da Aeronáutica, está em Luanda para assistir ao desfile das tropas do primeiro contingente expedicionário que ali chegaria no dia seguinte, via marítima.

- Morre em combate um soldado do BCaç 3.

2

- Desfile em Luanda do primeiro grande contingente militar transportado por via marítima composto por 2 Batalhões de Caçadores (BCaç 88 e BCaç 92), 9 Companhias de Caçadores (CCaç), 9 Companhias de Artilharia (CArt), 2 Companhias de Cavalaria (CCav) e 4 Pelotões de Polícia Militar (PelPM).

- Ataque a Sanza Pombo e novos ataques a Mucaba e à Damba, no Norte de Angola.

4

- Ataque ao Songo, a norte de Carmona.
- Salazar remodela o Governo. Franco Nogueira entra para Ministro dos Negócios Estrangeiros e o general Venâncio Deslandes é nomeado governador-geral e comandante militar de Angola.
- O Ministro do Ultramar, Adriano Moreira, inicia a publicação de 33 diplomas legislativos para Angola.

- Morre em combate um soldado da CCaç 82.

5

- Partem para Angola os BCaç 96 e 109.

- A mentalidade com que as tropas portuguesas entravam na guerra ficou bem patente no discurso de despedida de um contingente, proferido pelo ministro do Exército, general Mário Silva: «Vamos para combater, não contra seres humanos, mas contra feras e selvagens. Vamos para combater animais selvagens. Vamos enfrentar terroristas que devem ser abatidos como animais selvagens».

6

- Ataque a São Salvador do Congo.

- As tropas metropolitanas recém-chegadas começam imediatamente a reocupação militar de toda a região afectada com unidades de tipo batalhão e a acorrer às povoações que ainda continuavam isoladas e sem qualquer defesa militar.

- O transporte das companhias era feito tendo por base jipes Willes MB 4x4 mod. 1944, "jipões" Dodge 4x4 mod. 1948, camiões GMC 6x6 mod. 1952 e Ford mod. Canada 4x4 (rodado simples). Esta última viatura possuía no tejadilho da cabine, sobre o local ao lado do condutor, uma abertura circular na qual se podia colocar em operação uma metralhadora.

- Morre em combate um soldado da CCaç 61.

7

- O correspondente do jornal Observer, em Luanda, calcula que foram mortos mais de 20 000 africanos desde o início da revolta, em 4 de Fevereiro.

- Os guerrilheiros, nestes primeiros meses de guerra, acreditavam na ressurreição: mesmo que fossem mortalmente atingidos voltavam a viver – só morriam se lhes fosse amputada parte importante do corpo. Os militares receberam ordens para decapitarem os cadáveres e espetarem a cabeça em estacas – para provar aos vivos que morriam se atacassem os portugueses.

8

- Criação dos batalhões de Caçadores Pára-Quedistas n ° 21 (BCP 21), em Angola, e n° 31 (BCP 31), em Moçambique.

- Ataques a Sanza Pombo, Úcua, Santa Cruz, Macocola e Bungo, com utilização de novas armas.

- Morrem em combate um alferes e um soldado pára-quedista.

13

Os contingentes de reforço chegados a Luanda avançam para o Norte. A coluna é composta por 150 jipes, 20 camiões de quatro toneladas e 6 camiões-tanques. Em algumas das viaturas foram instaladas protecções em chapa de aço de 10 milímetros. A coluna que, chegada ao Negage, se divide por dois eixos: o primeiro, definido por Songo, Damba e Maquela do Zombo, está a cargo do BCaç 88; o segundo, por Púri, Sanza Pombo, Macocola, Quimbele e Santa Cruz, a cargo do BCaç 92. As suas companhias, algumas delas de reforço, ocupam todas as povoações das áreas onde iam estacionando.

14

- Chegada a Luanda do navio Vera Cruz arvorado em transporte de tropas, com mais dois batalhões e quatro companhias. O BCaç 96 parte para a região de Úcua, o BCaç 109 para Ambrizete.

- Sucedem-se os embarques para Angola de unidades incipientemente preparadas para o tipo de guerra com que vão defrontar-se, com mau equipamento e mau armamento.

16

Morrem em combate 1 alferes e 4 praças do BCaç 3.

17

Morre em combate um sargento do RIL.

18

Morre em combate um soldado do RIL.

21

Ataque frustrado ao nó de comunicações do Toto, a sul de Bembe.

24

- Ataque pela UPA a Quimbele durante treze horas consecutivas.
- Ataque ao posto de Porto Rico, próximo de Santo António do Zaire, com utilização de armas automáticas.

26

- Pedido de convocação urgente do Conselho de Segurança do ONU, por mais de 40 países afro-asiáticos, em face do agravamento da situação em Angola.
- Lord Home, ministro britânico dos Estrangeiros, visita Lisboa para conversações com Salazar.

- Morre em combate um 1º cabo da CCaç 94.

28

- Morre em combate um soldado do BCaç 3.

- Partem para Angola os BCaç 114, 155 e 156.

30

- Morre em combate um soldado da CCaç 82.

31

- Entrevista de Salazar ao New York Times.

- Chegada do Batalhão de Caçadores 88 à Damba.

- Separação da União Sul-Africana da Commonwealth, tomando a designação de República da África do Sul.

- Durante este mês as baixas das forças portuguesas totalizaram 16 mortos. Em acções de combate morreram 15 militares.

JUNHO

1

- Kennedy e De Gaulle discutem o problema de Angola.
- O governo cria um «imposto de consumo» com a finalidade de financiar o esforço de guerra nas colónias africanas.

- Morre em combate um furriel da CCaç 94.

2

- Ataques a fazendas em torno de Carmona, Negaje e Ambriz.
- Fuga de Portugal para o estrangeiro de estudantes ultramarinos, muitos dos quais virão a desempenhar papel importante na luta nacionalista.

5

Início do 1º Curso de Fuzileiros em Vale de Zebro.

6

Início do 1º Curso de Enfermeiras Pára-quedistas, das 11 candidatas que iniciaram o curso, 6 conquistam a Boina Verde. Pela primeira vez na história militar portuguesa as mulheres têm lugar nas fileiras.

8

- Desaparecido em Angola, um PV-2, avião da Força Aérea que apoiava as operações do BCaç 92, com três tripulantes a bordo.

- Morrem quatro militares da Força Aérea. Um tenente e um cabo em acidente; um sargento e um furriel em combate.

9

Aprovação, pelo Conselho de Segurança do ONU de uma resolução deplorando profundamente os massacres e demais medidas de repressão da população angolana, podendo comprometer a persistência desta situação a manutenção da paz e segurança internacionais.

11

Morrem em combate 2 militares. Um da CCaç 67 e um da Força Aérea.

12

Morre em combate 1 militar da CCaç 105.

13

- Lucunga, no dia 13 de Junho, foi o primeiro posto administrativo a ser reocupado.

- Morre em combate 1 militar da CCaç 93.

14

Forças da Marinha, desembarcadas em Ambrizete, ocupam Tomboco e Quinzau.

15

Partem para Angola os BCaç 132, 137 e 141.

17

A Grã-Bretanha anuncia a venda a Portugal de duas fragatas equipadas para a guerra em África.

18

Morre em combate 1 militar da CCaç 78.

19

- Ataque dos guerrilheiros da UPA à vila de Ambriz, com utilização de armas automáticas.

- Morrem em combate 2 militares. Um soldado pára-quedista do BCP 21 e um soldado da  5ª CCE/RIL.

- O rio Chitoango, em Cabinda, passa a ser regularmente patrulhado por uma embarcação armada e por botes de borracha da Marinha.

21

Morrem em combate mais três militares do BCaç 3.

22

Criação da Secretaria de Estado de Aeronáutica, que substitui a Subsecretaria de Estado, mantendo como titular KaúIza de Arriaga, que desempenhara um papel importante na denúncia do golpe Botelho Moniz.

24

- Reocupação de Cuimba, a este de São Salvador do Congo.

- Morre em combate 1 militar do BCaç 92.

26

Morrem em combate 2 militares da CArt 119 e do CmdAgr 2.

27

- Visita a Lisboa de Dean Rusk, secretário de Estado norte-americano.

- Morre em combate 1 militar da CCaç 99.

28

Partem para Angola os BCaç 158 e 159.

30

- Primeiro comunicado oficial das Forças Armadas, referindo a morte de 50 militares entre 4 de Fevereiro e 30 de Junho em Angola.

- Ainda e segundo a mesma fonte, durante este mês de Junho as baixas das forças portuguesas totalizaram 30 mortos. Em acções de combate morreram neste mesmo mês 17 militares.

publicado por estrolabio às 18:00

editado por Luis Moreira às 11:46
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