Estou farta de beijinhos. Recebo dúzias por dia e já não sinto nada. É que não são só os beijinhos, são também os beijos e os bêjotaesses, esses velozes e incansáveis estafetas, cavaleiros andantes, caixeiros viajantes…o sequeira, como diz o Carlos Loures com o seu fino humor, que, para que as mensagens não percam tempo nem oportunidade, percorrem as nossas caixas de correio em loucas correrias de megabytes, para cá e para lá, de manhã à noite. Por isso são magrinhos e não anafados como os beijinhos e os beijos.
Esta minha insensibilidade perante a beijoquice que passamos o dia a trocar com uns e outros – sim, porque eu também caí na armadilha -, só é comparável ao que me aconteceu quando tive que fazer uma intervenção cirúrgica a uma perna e, devido à posição do gesso, tinha que ser injectada na coxa. Também já não sentia nada, embora quem assistia fizesse caretas como se aquilo fosse alguma tortura. Assim se passa com os beijinhos, beijos e bêjotaesses. Gerou-se uma insensibilidade total.
Onde andam aqueles reconfortantes abraços que nos deixavam mais quentinhos e com uma sensação de terna amizade? Pois é, passaram de moda.
O problema põe-se é quando queremos mandar um beijo a sério, especial, daqueles que não se esquecem. Mas como é que se explica isto a alguém no mundo virtual quando a inflação das osculações ultrapassa em muito a da moeda? É que um a sério, como todos nós sabemos, não é brincadeira nenhuma e, para além das questões anatómicas, tem integrada muita sabedoria de vários quadrantes. Ainda por cima quando as camadas cronológicas se foram acumulando.
Já imaginaram o que é explicar por escrito, e não pelas vias de que a Mãe Natureza nos dotou para tão nobre e, já agora que ando nesta, tão deliciosa tarefa? Nada mais, nada menos do que um mundo de incomensuráveis complicações e de grande complexidade.
Como é que eu me vou despedir dando a entender a alguém que lhe estou a mandar um beijo-beijo e não um simulacro? Podia fazer alusão à técnica, mas não chega porque isto das camadas cronológicas implicam muito do antes e não só do durante, e todas as subtilezas, e a neurobiologia…que falta me faz o Damásio que ainda não li até ao fim! E, depois, técnica é técnica, virtuosismo é outra coisa.
Fica mais fácil sair de casa e ir levar o beijo ao destinatário, sob pena da despedida por escrito ser maior do que a mensagem propriamente dita e da polícia dos costumes me vir bater à porta.
Mas continuem a mandar-me beijinhos, beijos e bêjotaesses porque agora já estou viciada.
Estou farta de beijinhos. Recebo dúzias por dia e já não sinto nada. É que não são só os beijinhos, são também os beijos e os bêjotaesses, esses velozes e incansáveis estafetas, cavaleiros andantes, caixeiros viajantes…o sequeira, como diz o Carlos Loures com o seu fino humor, que, para que as mensagens não percam tempo nem oportunidade, percorrem as nossas caixas de correio em loucas correrias de megabytes, para cá e para lá, de manhã à noite. Por isso são magrinhos e não anafados como os beijinhos e os beijos.
Esta minha insensibilidade perante a beijoquice que passamos o dia a trocar com uns e outros – sim, porque eu também caí na armadilha -, só é comparável ao que me aconteceu quando tive que fazer uma intervenção cirúrgica a uma perna e, devido à posição do gesso, tinha que ser injectada na coxa. Também já não sentia nada, embora quem assistia fizesse caretas como se aquilo fosse alguma tortura. Assim se passa com os beijinhos, beijos e bêjotaesses. Gerou-se uma insensibilidade total.
Onde andam aqueles reconfortantes abraços que nos deixavam mais quentinhos e com uma sensação de terna amizade? Pois é, passaram de moda.
O problema põe-se é quando queremos mandar um beijo a sério, especial, daqueles que não se esquecem. Mas como é que se explica isto a alguém no mundo virtual quando a inflação das osculações ultrapassa em muito a da moeda? É que um a sério, como todos nós sabemos, não é brincadeira nenhuma e, para além das questões anatómicas, tem integrada muita sabedoria de vários quadrantes. Ainda por cima quando as camadas cronológicas se foram acumulando.
Já imaginaram o que é explicar por escrito, e não pelas vias de que a Mãe Natureza nos dotou para tão nobre e, já agora que ando nesta, tão deliciosa tarefa? Nada mais, nada menos do que um mundo de incomensuráveis complicações e de grande complexidade.
Como é que eu me vou despedir dando a entender a alguém que lhe estou a mandar um beijo-beijo e não um simulacro? Podia fazer alusão à técnica, mas não chega porque isto das camadas cronológicas implicam muito do antes e não só do durante, e todas as subtilezas, e a neurobiologia…que falta me faz o Damásio que ainda não li até ao fim! E, depois, técnica é técnica, virtuosismo é outra coisa.
Fica mais fácil sair de casa e ir levar o beijo ao destinatário, sob pena da despedida por escrito ser maior do que a mensagem propriamente dita e da polícia dos costumes me vir bater à porta.
Mas continuem a mandar-me beijinhos, beijos e bêjotaesses porque agora já estou viciada.
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