Domingo, 10 de Julho de 2011

Isto não deveria ser sobre a austeridade - por Ariana Huffington

Enviado por Julio Marques Mota


Dado que foram os gregos que inventaram a democracia, é justo que lhes seja agora dada a oportunidade de a  reinventar. Ah, sim, eu sei que os gregos têm uma reputação de criação de mitos e de  dramas - mas, como eu descobri durante a minha viagem à Grécia na semana passada, esses são realmente os seus apoios.

Até  ter ido à Grécia  e testemunhado o que aí está a acontecer , também estava convencida de que os grandes problemas reais eram aqueles que os meios de comunicação estavam obsessivamente a cobrir: os efeitos de uma potencial situação de um  incumprimento  soberano sobre o euro e as grandes preocupações sobre a crise se espalhar  para os outros países europeus.

 

Mas é aqui que está o maior problema: pode um movimento verdadeiramente democrático romper o ciclo da elites corruptas e das poderosas forças institucionais anti-democráticas que têm vindo a caracterizar não só a política da Grécia, mas a maioria das democracias ocidentais, incluindo a nossa própria democracia, a americana? A Grécia é apenas um exemplo extremo de um  vir claramente à luz do dia esta  sísmica mudança  social que é também um desafio às democracias em todo o mundo.

O que está a acontecer na Grécia, pode muito bem dizer-nos se a democracia se irá  recuperar da crise de legitimidade exacerbada  pela crise financeira ou se ela   vai ainda piorar  - minada pelas enormes  forças que em primeiro lugar nos trouxeram esta  crise.

É muito cedo para se dizer se as forças da democracia irão  prevalecer, mas saí extremamente comovida e sensibilizada com a coragem, a paixão, o empenho e a dedicação que testemunhei durante uma viagem em que três diferentes perspectivas são convergentes.

Em primeiro lugar, havia a Praça.

Os acontecimentos na praça Tahrir Square no Cairo  foram as  grandes notícias  durante semanas no início deste ano, mas pelo que nos estão a mostrar  na América, não saberíamos  que há uma cena muito semelhante está a verificar  em Atenas. Não são apenas  uma questão de semelhança de espaço físico , não são apenas  os dados demográficos dos participantes  e a forma   como que se estão a organizar, de modo  similar a Tahrir Square, mas são também as exigências que estão a  ser feitas. Em Atenas, o lugar do momento que atrai  milhares de pessoas por dia é Syntagma Square, situada  mesmo em frente ao parlamento grego.

O movimento tornou-se um acampamento permanente em Syntagma, com um número crescente de pessoas que se instalam na praça, prometendo não a deixar até que as suas exigências sejam  satisfeitas. É claro, os jovens estão aí bem representados - nenhuma surpresa quando o desemprego entre os jovens gregos se situa à altura de  40 por cento -, mas fiquei impressionada  com o vasto leque de participantes. Jovens, velhos, activistas, pensionistas, desempregados, trabalhadores por conta própria, todos eles estão lá, todos os dias e todas as noites. Como seria de esperar, vários partidos políticos e grupos organizados - alguns apelando  à violência - estão a tentar  cooptar a praça. De facto, na terça-feira, uma manifestação de 20.000 manifestantes que começou pacificamente desintegrou-se  quando um grupo na sua maioria constituído por  jovens começou a atirar pedras contra a polícia.

Como foi recentemente o caso em todo o mundo, os protestos estão a ser  alimentados pelos meios de comunicação social. Dado que os gregos sempre foram o máximo em  expansividade, em ligações  e intimidades, não é nenhuma surpresa que os media  sociais  se combinem bem maneira de ser dos gregos  para criar uma vaga  perfeita de empenho,  expressão e de  democracia. De acordo com Hellas MRB, de 2008 a 2010, o número de gregos a usarem  redes sociais cresceu cerca de  350 por cento. Actualmente, quase 92 por cento têm pelo menos uma conta nos  media  sociais, tornando muito mais fácil a coordenação dos  protestos através da página  de  Facebook - "Indignados  em Syntagma" (nome tirado do protesto espanhol, "Os indignados") - em  que mais do que 152 mil pessoas carregam na tecla “liked”.

Embora os media  sociais estejam a ser utilizados ​​para se conectar a praça ao o resto do país e ajudar  as pessoas, uma vez na praça, as pessoas estão a utilizara uma muito boa  interacção de uns para os outros para se conectarem  e se organizarem. Como Costas Douzinas, professor de Direito na Universidade de Birkbeck Institute de Londres, escreveu no The Guardian, "os paralelos com a ágora ateniense clássica, que se reuniu a algumas centenas de metros de distância, são mesmo  impressionantes."
A maneira  como funciona, explica Renee Maltezou da Reuters, é a seguinte:

Todas as noites, a "assembléia do povo" reúne e decide, por votação de mão  no ar,   o que será discutido. Um "comité de coordenação" voluntário e rotativo dá então um pedaço de papel com um número de ordem a  quem deseja  falar. Os oradores falam  durante dois minutos seguindo a ordem indicada no papel entregue . As pessoas , em seguida, votam, com os  resultados a serem rapidamente colocados num site. Como observa Douzinas, "nenhum problema está além da proposta e da discussão "  e nos participantes incluem-se  não apenas os estudantes, activistas e pensionistas, mas os economistas, professores e filósofos. Quando não há debate  nem votação , eles formam equipes para lidar com os primeiros socorros, para a recolha do lixo e nas comunicações - até há mesmo  uma equipa encarregada de serenar  eventuais ânimos e  para resolver uma ou outra disputa que possa surgir. .

Onde quer que eu fosse, fiquei sempre espantada  com o nível de empenho e dedicação  - não são apenas aqueles que estão fisicamente na praça que estão envolvidos.  O sentimento com que eu fiquei é de que toda a gente estava empenhada, jovens, taxistas, lojistas, vendedores, alguém que esteja sentado ao seu lado ou à sua frente ao jantar - todos eles estão a falar da mesma coisa.

"A experiência de ficar diariamente em pé e enfrentar  em oposição o  Parlamento mudou a política da Grécia para o bem e fez com que as  elites ficassem pela primeira vez preocupadas,", escreve Douzinas.  "A exigência que lhes é comum é que as elites políticas  corruptas  que têm governado o país desde há  cerca de 30 anos e o levaram agora até à beira do colapso devem  ir embora."

O que acontece na Grécia não é  muito  diferente do que tem vindo   a acontecer na América: um poucos ganham , mas quando as galinhas voltam para o poleiro,  os custos não são  distribuídos  de modo  igual - e de repente tudo o que aconteceu é culpa de todos nós.

Então, sim, há muita raiva e  muito ressentimento na praça - muito de tudo isto bem  justificado - mas há também uma incrível onda de esperança, e, considerando-se  que  as coisas estão muito  difíceis para milhões de pessoas na Grécia, há também aqui uma incrível ausência  de cinismo. Tudo isto  não é apenas um protesto "anti" - há também gente do  "pro" nisto."O que eu gosto desta praça é ver que as pessoas discutem  as coisas, que se exprimem sem medo", disse Stavroula Koloverou, estudante com  18 anos  "Queremos que o sistema   mude  e queremos também que todos os políticos tradicionais se vão embora. Queremos que as pessoas jovens que sofrem com este sistema ainda possam tem sonhos para assumir."

 

Ainda tenho sonhos - é uma prova do carácter grego quando muito do que agora  estão a viver  é verdadeiramente  um pesadelo." Eles não representam o povo grego, eles são o povo", disse Peter Bratsis, professor de teoria política na Universidade do Reino Unido de Salford. "Tudo isto está  fora do controle dos partidos políticos e isso é algo bem diferente."

 

A segunda perspectiva que eu tenho desta  minha viagem aconteceu durante o jantar com o primeiro-ministro grego, George Papandreou. Mesmo para aqueles que não seguem a política grega, provavelmente, reconhecem  o seu nome. Isso porque, como Tony Barber do Financial Times explica, Papandreou é um membro da " politikos kosmos ", a" casta semi-hereditária dos  entranhados  na política que tem governado e mal governado  a Grécia durante tanto tempo quanto a gente se possa lembrar . " Não foi só o seu  pai Andreas primeiro-ministro por dois mandatos, foi o seu avô que ocupou o cargo por três mandatos.

E a tarefa de confrontar o filho / neto é bem  digna dos grandes dramaturgos gregos. Como Barber  escreve , Papandreou deve agora salvar  o seu país através do  "desmantelamento do sistema de patrocínio verdadeiramente glutão e do parasitismo bem presente na Administração Pública  que  o seu pai  Andreas construíu."  Até agora tem sido uma estrada feita de pedra  bem dura  . Assumir o cargo no meio da crise, em 2009, a posse de Papandreou foi um acto de equilíbrio precário  a  tentar satisfazer as exigências draconianas da UE ao lidar com a agitação crescente e com a miséria económica do  seu povo. Conheci-o uma  semana antes, ele tinha acabado de sobreviver  a um voto de confiança.

 

Nós encontramo-nos  para jantar no Kastelorizo, um restaurante em Kifissia, um subúrbio de Atenas, onde o primeiro-ministro vive e onde, como aconteceu, foi onde eu nasci. Estávamos  juntos com a sua  esposa, Ada, que conheceu  há mais de 20 anos atrás, quando ele estava em campanha em Patras, no Peloponeso, onde ela nasceu.Comêmos  peixe fresco seguido de fruta fresca, falamos sobre os profundos problemas do país, mas também sobre todas as suas incríveis possibilidades. O ditado "a crise é uma coisa terrível a gastar" nunca foi tão   verdadeiro como agora na  Grécia. A decadência  levou tanto tanto  tempo a minar a sociedade  que só uma  grande crise poderia ter à  exigência generalizada de reformas. .

E embora muitos dos manifestantes acampados em Syntagma estejam claramente a  direccionar   as  suas frustrações em direcção à sua responsabilidade, o primeiro-ministro falou sobre elas com compreensão e com uma clara consciência não apenas da sua força e autenticidade, mas também do seu potencial. Poderá ele poder    aproveitar a sua energia, o seu  idealismo, a sua ingenuidade,  a sua  paixão?

"O que eles dizem está  correcto, temos que mudar", disse-me ele . "A corrupção está em toda parte - e mesmo quando mudamos as nossas leis não se pode erradicar a corrupção do dia   para a noite."  Ele está , foi que o me disse, a  tentar tornar  o governo mais transparente, colocando tudo o que  manda para aprovação no Parlamento  on-line antes mesmo que  chegue e seja  votada pelo parlamento. Ele também publicita as propostas de emprego disponíveis.  "Publicamos 87 aberturas de concursos", disse-me, "e recebeu 28.000 candidaturas  o que criou os seus próprios problemas na forma como se lidou com esta avalanche."

Mas o grande problema é que, como ele me disse, "A Grécia precisa de uma nova narrativa." Se ele pode  dar-lhe esta narrativa, não é certo,  mas este é claramente um homem que se irrita   com a imagem que os media estão a dar do seu povo . "Há tanta coisa boa que está a ser  feita, há tanta criatividade e  tanta inovação, que não estão a receber toda a atenção que merecem ", disse ele, "enquanto toda a gente está apenas a olhar para o que está disfuncional. "

Ele começou a falar-me de uma  mulher que começou com uma pequena propriedade a criar caracóis  em Milatos e que agora exporta caracóis para todo o redor do mundo. Ele também me falou de  um agricultor que plantou  olivais  em  Kritsa em Creta, cuja marca é  Lambda  e que agora é vendida  no Harrods. "Somos superabundantes em recursos", disse-me ele. A questão que ele está agora a enfrentar  é a de saber se qualquer  político remotamente associado à velha guarda - por mais bem-intencionado - pode ser aquele que se vai aproveitar  destes recursos e tirar partido daquilo que foi suscitado.  Sim, a Grécia é corrupta, e os problemas existem  e a todos os níveis. É um lugar onde viver com e pelas  regras passou a ser vistos como apenas como um comportamento de otário, criando-se  um sistema de clientelismo, em que cada um se fixa  a um indivíduo poderoso ou a uma máquina política para ganhar bem e  isto é   visto  como a única coisa inteligente a fazer.

Mas agora as pessoas andam a correr, literalmente, para retomar uma vida civicamente digna . As pessoas  querem começar de novo e refazer o que é bem público. As pessoas  querem novamente viver uma democracia real. E os meus contactos do dia a dia com os gregos  durante a minha visita permanecem na minha memória como expressão do incrível talento, das  capacidades  e dos recursos que estão a ser desperdiçados.

 

No entanto, a atenção  dos meios de comunicação social  fixa-se  no desagradável  e  circunscrito  debate   sobre a  austeridade. Em vez de um debate sobre a maneira de aproveitar os recursos humanos e naturais em que a  Grécia é rica, tudo o que se ouve é sobre a dimensão da redução dos serviços devem  ser reduzidos.  Bem, os gregos, esses não sabem ser mesquinhos.  São  muito  expansivos, e se há pessoas que  podem, com a sua humanidade, forçar a abertura neste debate perigosamente limitado, são os gregos. Porque este não é apenas uma  debate político - é um debate sobre o que vão ser as grandes linhas  daquilo a que chamamos democracia para o próximo século. As forças do status quo querem-nos  fazer acreditar que  a austeridade é a resposta - que é a resposta na Grécia, a resposta em Espanha, a resposta no Reino Unido e a resposta nos  EUA.  Mas também é claro que não são  só os gregos que querem algo mais da vida cívica do que estão realmente a receber actualmente.

Na verdade, a austeridade não é a resposta, mesmo no debate puramente económico. Como o mostra Michael Burke do Guardian, o problema que a  Grécia está a enfrentar  não é devido a ter gasto muito  . "As receitas fiscais em queda são o verdadeiro problema", escreve ele  da mesma forma  ", como os próprios cortes nas despesas têm   colocado a  economia numa   espeiral descendente. " Isto faz  também explodir um outro  mito grego (de  tipo recente ) prevalecente na Europa neste momento - que os gregos são preguiçosos, e que é daí  que  lhes advêm  os seus problemas de hoje. Como ele nos sublinha,  os gregos são  os segundos na Europa com mais horas por semana trabalhadas e são os primeiros na Europa em número de horas trabalhadas em fim-de-semana .

O que me leva à terceira perspectiva da minha viagem - inspirado pela Special Olympics. Tive o privilégio de participar no dia de abertura dos Jogos Mundiais de Verão como convidado do director da  Coca-Cola, Muhtar Kent, que faz parte do Conselho da Special Olympics. Se alguma vez  tiver a chance de ir a um evento da Special Olympics, faça-o, e vai ver como a sua vida ficará  muito mais rica por isso. Fiquei especialmente impressionada  com as palavras de Sua Santidade, Bartolomeu I, o chefe da Igreja Ortodoxa Oriental. Numa  pequena reunião que manteve com alguns dos atletas, ele chamou os jogos "um convite extraordinário para a cura."

 

E ao assistir às cerimónias de abertura, ficou para mim claro que ele não estava apenas a falar para  os atletas. A participação no triunfo do espírito humano em superar a adversidade é realmente uma cura. E o é que está a acontecer  na Grécia agora, parafraseando o Patriarca, é um convite extraordinário para se voltar a ganhar força de vontade, empenho . É um momento para  explorar o que há de melhor  em  nós, para cada um se  ligar  com aqueles que, como o estudante na Praça Syntagma, dizem  "ainda tenho sonhos", e, juntos, superarem os enormes desafios que se tem pela frente.

Como Tim Shriver, que dirige as Olimpíadas Especiais, colocou  ao acender a tocha olímpica no Kallimarmaro, um  estádio de  45.000 lugares, que foi sede dos  primeiros  Jogos Olímpicos modernos em 1896: "Apesar de todas as dificuldades e de todos os desafios que este país está a enfrentar, a Grécia não deixou de apoiar-nos, e os atletas da Special Olympics não deixarão de apoiar a Grécia. " Ele, então, apelou para  uma "revolução com dignidade, onde não haja  mais nós e eles" - um sentimento que claramente tem uma mais ampla ressonância dado tudo o que está a acontecer  na Grécia, como quando fez a sua declaração um dia antes sobre o Parthenon: "Há aqui um vento muito forte e frio, mas nós vamos vencer."

 

Espero com todo o meu coração que a Grécia, também. E não apenas porque é onde eu nasci e cresci, mas porque a luta dos gregos - a luta para recuperar a democracia - é a nossa própria luta também.

 

Ariana Huffington,  This Should Not Be About Austerity, 30 de Junho de 2011.

publicado por Luis Moreira às 20:00
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Sábado, 12 de Março de 2011

Eleições antecipadas inevitáveis - por Luis Moreira

Um discurso arrasador onde o Presidente da República avisa que o estado do país é muito pior  que o que nos é apresentado. O Orçamento de 2011 tão laboriosamente negociado com a oposição não aguenta 3 meses, já aí está outro PEC, e não me venham dizer que é incompetência.

 

O governo faz tudo o que lhe é indicado pela UE numa tentativa de controlar os estragos mas nem os juros deixam de crescer (atingiram 8%,) nem os mercados acreditam no governo e na sua capacidade de sair da situação.

 

Sócrates já nem sequer comunica as medidas que toma aos parceiros sociais, nem aos partidos da oposição e, muito menos ao presidente a quem vai atirar-se como "gato a bofe", esticando a corda o mais possível para obrigar a que o tirem de uma situação para a qual não tem soluções.

 

Os buracos e o "lixo" debaixo do tapete estão a aparecer a um ritmo frenético, as medidas de hoje representam 0,8% do PIB exactamente o buraco que os especialistas do BCE que cá estiveram anunciaram em Bruxelas e que Teixeira dos Santos diz desconhecer.

 

A tentativa de incluir o buraco BPN nas contas de 2008 não colhe junto das autoridades financeiras europeias e vai ter que entrar no exercício de 2011. Dito de outra forma as medidas de austeridade ainda não acabaram, vêm aí mais.

 

A economia está em recessão o que explica menor cobrança de impostos e estas medidas vão contribuir para o afundar ainda mais da economia.

 

Há uma distorção completa do programa de governo apresentado aos Portugueses e a sua prática e a proposta política apresentada por Sócrates nas recentes  reuniões do partido mostram que a realidade e a ficção são irmãs unidas pelo cordão umbilical do apego ao poder a qualquer preço.

 

É uma vertigem que vai mergulhar o país no empobrecimento, e na injustiça social, um governo que já não fala nas reformas prometidas e que apoiavam o orçamento, de melhor justiça, emagrecimento das diaposidades do estado, na racionalização dos institutos, fundações, empresas públicas e autárquicas, nos investimentos públicos duvidosos...

 

Tudo se resume a ir ao bolso dos que trabalham e que menos têm!

 

E o que diz a isto o PSD? ( do corta-fitas)

 

O «vasto conjunto de novas medidas de austeridade» e o método de ocultação escolhido traduzem uma «política de facto consumado» por parte deste governo, e evidenciam a sua «total falta de cultura democrática». O governo Sócrates evidencia, por estas subidas de impostos e mexidas nas pensões, na saúde, na educação, a sua «incapacidade» e «despudor ao transferir para os Portugueses o custo dos seus sucessivos erros». Todas essas medidas resultam de uma «obstinada inacção» e «são uma incompreensível insistência no erro».


«O governo está a denunciar o acordo que viabilizou o OE de 2011», a crise financeira e económica exigirá medidas duras ainda por vários anos, mas «este não é o caminho», e ele «não contará com o apoio do PSD». «Se o governo quer seguir por tal caminho, fa-lo-á sózinho, ou com outros, mas não contará com o PSD».


«O governo dispôs e continua a dispôr das ferramentas» para tirar o país da crise em que o lançou;

«O país precisa que o OE2011 seja cumprido» e o PSD mantém a palavra e apoia o OE, mas mais não.


O PSD não apresenta uma moção de censura, mas repõe a bola das culpas no campo do governo - diz que apoiará o cumprimento do OE2011, a que se comprometeu, mas que, sobre novas ocultações e austeridades, «o PSD tomou a sua decisão, cabe agora ao governo fazer a sua escolha.»

 

Os dados estão lançados!

publicado por Luis Moreira às 13:00
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1/3 do país não "leva" com medidas de austeridade. Adivinhe. - por Luis Moreira

 

 

Carvalho da Silva esqueceu-se do buraco "BPN" que o governo tentou levar ao exercício de 2008 a  que Bruxelas se opôs, exigindo que seja incluído em 2011. Se calhar é este o tal buraco que Bruxelas conhecia e o Ministro das Finanças, não...mas quem paga são sempre os mesmos.

 

publicado por Luis Moreira às 00:14
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Segunda-feira, 4 de Outubro de 2010

Opinião. Medidas de Austeridade.

Carlos Mesquita


O pacote de austeridade anunciado pelo governo não surpreende quem olha a realidade da vida económica e financeira do país. Tive ocasião de escrever que não percebia porque cá não eram tomadas nenhumas medidas, quando países europeus com problemas semelhantes o faziam. Quando Sócrates dizia que não era preciso aumentar impostos, escrevi que só acreditava nisso quem gostava de andar enganado. Os portugueses gostam de ser enganados? Penso que não, mas acreditam em milagres; mesmo os ateus crêem que alguma coisa irá acontecer para impedir o inevitável.

A divida externa e o deficit das contas públicas não param de subir, os juros da divida são incomportáveis, o crescimento económico é demasiado lento, e os portugueses, com muito ou pouco poder de compra, recusam alterar o seu modo de vida.

Agora diz-se que as medidas são duríssimas, é preciso perguntar, comparado com o quê? A verdade, e nós já vivemos essa situação, é que se tivéssemos escudos em vez de euros, já teriam desvalorizado tornando as importações mais caras, e a inflação nesta situação de pré-bancarrota seria galopante, engolindo boa parte dos ordenados e pensões de reforma.

Nunca saberemos se os remédios do PEC II, de Maio/Junho, bastavam para resolver o problema de 2010, nem sequer se o governo acreditava nisso, os credores e a Sra. Merkel, chanceler da Alemanha e arredores, exigiram medidas com visibilidade e impacto, elas aí estão para serenar os mercados, e consequentemente permitir financiar a economia portuguesa viciada em empréstimos externos.

Sem ir às medidas em concreto, parece que o encaixe do Estado com o fundo de pensões da PT dá uma folga (mesmo incluindo a despesa extraordinária dos submarinos) que permitiria não afectar os mais pobres e de menores rendimentos do trabalho. Para além de serem medidas anti-sociais, esses sectores não gastam em bens supérfluos, compram no mercado interno, fazem mexer a economia local. No fim do ano, quando se souber como foi a execução orçamental, se verá se foi errado economicamente (socialmente é) reduzir o poder de compra das classes mais baixas.

Mas o maior problema é as medidas agora tomadas serem, em princípio, recessivas, podendo levar à retracção do consumo e investimentos privados. Não é fácil conciliar a austeridade com a promoção do crescimento económico, e mais difícil será sem investimento público produtivo.

Como a banca já disse que vai reflectir nos clientes os “sacrifícios do sector financeiro” (o que esperavam?) eram preferíveis normas apertadas para os empréstimos particulares e fazer depender as ajudas do Estado ao sector, do volume de crédito às empresas.

Entretanto podemos ir falando do redimensionamento do Estado, do número de deputados, câmaras, juntas de freguesia, governadores civis, assessores, estudos externos etc. e dizendo o que deve fechar, reduzir ou implodir. Toda a gente tem ideias de como limitar o despesismo do Estado, até no papel higiénico, que tendo duas faces só usam uma.
publicado por Carlos Loures às 11:00
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