Depois de France Télécom, dos suicídios dos seus trabalhadores, depois da análise da situação de precariedade a mais absoluta a que dezenas de milhares de trabalhadores estavam submetidos no quarto operador mundial das telecomunicações, resultante do modelo a que os nossos neoliberais chamam agora de modernização das relações de trabalho, sejam eles de direita dura ou de socialistas encapotados, depois de descobrirmos que do outro lado do mundo está um outro regime, uma ditadura, mas o mesmo modelo a funcionar em pleno, depois de vermos como é que de um lado ou de outro através da exploração e desregulação da economia global se levam as pessoas a uma situação de stress que as conduz, por vezes, e não poucas , à violência brutal do suicídio.
Seja na France Télécom seja na Renault ou algures, depois do longo estudo de Foxconn e dos suicídios dos jovens, depois de termos apresentado sobre a Europa e sobre a França, em particular, situações em que legalmente se pode ir até às 72 horas semanais, com a publicação de dois pequenos textos a esta Europa dedicados em que com estes se explica que no quadro do modelo social europeu, mas agora já ninguém sabe muito bem o que isso é, o que é o modelo social europeu representa, uma vez que no mundo do trabalho aí desregulado e contra quem trabalha tudo é hoje possível, afinal, depois de tudo isto, voltemos à análise do trabalho na economia global com uma série de textos a que demos o título Sobre a China, sobre o estatuto do trabalho na Economia Global.
Depois de tudo isto voltemos à China, ao país onde se é migrante ilegal no próprio país, e aos milhões nessa qualidade sem direitos quase de cidadão, e falaremos desse elixir que neste país se descobriu para poder ter as cidades eternamente jovens. Mas que ninguém queira beber desse cálice, desse elixir, bem amargo afinal.
Desta forma esperamos deixar bem claro por onde passa então a nossa incapacidade em exportar, a nossa incapacidade em empregos arranjar, perceberemos afinal, a dureza do testamento de Maurice Allais, percebemos também o absurdo das medidas da Troika que é descobrir excedente económico onde ele não se produz.
A concluir esta série fá-lo-emos a três níveis: o primeiro sobre a problemática dos suicídios como sendo uma problemática ligada directamente ao estatuto do trabalho no capitalismo globalizado, (os suicídios vindicativos); o segundo nível dando um olhar sobre o consumo de bens de luxo na China, possíveis pela profunda desigualdade inserida na reprodução social nesse sistema, o que será feito na base de um relatório da McKinsey; e com o terceiro nível daremos uma olhadela ao futuro próximo que com esta profunda crise, que vários anos vai durar e com ela nos amargurar, os nossos políticos nos estão já cinicamente a criar.
Fá-lo-emos através de um estudo americano onde se questionam os custos futuros brutais de nada agora se estar verdadeiramente a fazer, de nada verdadeiramente estarmos a contrariar, talvez até de tudo estarmos a calar. Cinicamente, é o que dizemos dos nossos belos exemplares na política .
A liberdade de escolha nas nossas eleições recentes, a de escolha de coisa nenhuma, de entre dois programas cujas diferenças cabiam à vontade numa mortalha de papel de cigarros, como nos dizia o Le Monde, são disso um claro exemplo, mas simplesmente trata-se de exemplo por Bruxelas bem pretendido e por ela muito bem gerido, com a lógica dos PEC, com a lógica dos semestres de Primavera a sobreporem-se aos Parlamentos nacionais. De cinismo um outro exemplo, a nível global bem mais grave, é o que neste sistema de economia globalizada nos mostram agora com a nomeação para o cargo de director-geral do Fundo Monetário Internacional, onde há que escolher entre a incompetência em Economia, Christine Lagarde, ou a incompetência em Democracia, Agustín Carstens, quando a ausência das duas qualidades em conjunto significa que não se verifica depois nenhuma delas separadamente.
Não pode aqui haver meio termo, não pode aqui, neste cargo, haver uma qualidade sem a outra, pela simples razão de que nas funções do cargo em questão a ausência de uma qualidade anula a presença da outra, e portanto tudo se vai tratar como se vá estar à frente de uma das instituições mais importantes à escala mundial alguém que para o futuro da democracia já agora virou as costas.
De cinismo, mais do que isto nunca vi, mas não deixemos que esta sociedade até os nossos netos esteja já a destruir, e o quadro das nossas escolas primário disso é já um bom exemplo. E as crianças de hoje serão elas os trabalhadores de depois de amanhã , se depois de amanhã muitas delas por esta via chegarem a ter, e portanto elas mesmas se inscrevem desde já nesta óptica do trabalho na economia globalizada.
É uma nova viagem ao mundo infernal do trabalho que aqui vos proponho e dizê-lo desta maneira é tanto mais paradoxal quando milhões de jovens tudo serão capazes de dar, e logicamente, para passarem a porta da empresa que direito ao trabalho lhes vai possibilitar.
E boa viagem, portanto, esperando assim que nela me façam companhia.
Coimbra,12 de Junho de 2011
Júlio Marques Mota
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