A propósito da realização deste mercado semanal, perguntámos ao nosso amigo e colaborador António Marques se, na sua opinião, os oliventinos apenas podem esperar de Portugal antiguidades e recordações. Respondeu assim: Uma ou duas notas sobre o que que se passa emn Olivença. Ou «no pasa nada»? Há por lá gente (portuguesa? talvez; mas perdida, abandonada por Portugal e pela opinião pública portuguesa, que nada vislumbra e nada procura, tudo esqueceu), há por lá gente que não deixa de mirar o pôr-do-sol, de buscar o Mar Ocidental, de fitar o horizonte português...
E vão organizando feiras, seja de «velharias portuguesas», seja ou de «artesanato e antiguidades».
Que, quem caminha por estas vias tão modestas e cautelosas, senão equívocas, em defesa da cultura portuguesa (ou da lembrança dela) em Olivença, saberá que o caminho é estreito e, na perspectiva de auto-regeneração cultural, talvez intransitável, porventura já irrecuperável...
De maneira que, não havendo de Portugal e suas autoridades qualquer iniciativa para reconstruir a memória e a comunhão, não havendo dos portugueses deste lado do Guadiana qualquer sinal, qualquer aceno, aos de Olivença só lhes resta assumirem eles a tarefa de tentarem restaurar esse caminho antigo, tateando, procurando, evitando obstáculos, em pequenos passos.
Consegui-lo-ão? E deste lado, da nossa parte, que fazemos? Que podemos fazer?
António Marques tem devotado grande parte da sua vida à causa da restituição de Olivença a Portugal, uma causa a que o
Estrolabio tem dedicado também muita atenção. Por isso, a sua adesão a este modesto projecto constitui um notável enriquecimento da nossa equipa.
António João Teixeira
Marques, nasceu em 1955 em Alcoutim, Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, é um reputado activista da causa da reintegração de Olivença no território português. Foi presidente do Grupo dos Amigos de Olivença entre 2003 e 2009.