Quarta-feira, 15 de Junho de 2011
Assistimos cada vez mais a situações em que as pessoas parecem agir como se fossem apenas uma parte daquilo que são e o resto ficou noutro lado. Diz-se uma coisa e faz-se outra. Tudo é verdade como o seu oposto. Terá a palavra o valor de uma insignificante casca de ovo? Acabaram-se os cavalheiros?
Ainda não há muito tempo, o que tinha palavra era considerado um cavalheiro.
Isso era mais importante do que ter muito dinheiro ou uma conta elevada no banco. Fazia os negócios que queria. Palavra era palavra. Era uma espécie de pedra tocada, pedra jogada no xadrez.
Não era preciso ter carisma, poder de convicção, ou pôr entusiasmo no discurso.
O que era preciso era cumprir o combinado.
Como as coisas mudaram. Os meios de comunicação puseram a nu a charlatanice, as tramas, as intrigas, dos que têm responsabilidades de dirigir. Dá-se o dito pelo não dito, sem qualquer receio do ridículo. Uns fazem-no com todos os pormenores, outro com vastas generalizações, o curioso de tudo isto é que há responsáveis que afirmam que quem é fiel à palavra, não vai longe. É impressionante esta constatação de que quem se quiser assumir por inteiro terá grandes dificuldades.
Esta situação reflecte-se no trabalho e no dia a dia e reclama normas, autoridade. No tempo dos cavalheiros as normas e a autoridade eram dispensadas, porque quando os costumes fazem quase tudo, aquelas só atrapalham.
A situação actual conduz à irracionalidade, ao erro, ao esquecimento de quem se é, de onde se vem. Quando se passará a apreciar os que se dão ao trabalho de ser decentes?
publicado por Carlos Loures às 11:00
editado por João Machado às 11:05
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Domingo, 27 de Fevereiro de 2011

António Mão de Ferro
Ainda não há muito tempo que a integração na comunidade era feita através da família.
Quando se fala nisso recorda-se esse tempo com agrado, amargura ou saudade, mas normalmente com emoção. Essa transmissão de usos e costumes permitia a interiorização de valores socialmente aceites e a sua submissão a eles. A família nuclear era a base da primeira acção formativa.
Neste momento assistimos a uma desagregação da família e a acção que se verificava, está a diluir-se. Será isso preocupante? Penso que não.
Não raras vezes, no seio da família nuclear, o chefe de família, “cabeça de casal”, punha em situação de dependência e submissão a mulher e os filhos. O controlo que era exercido e o conceito de honra, limitavam o acesso a outras formas de cultura, dificultando a inovação e a criatividade, desde que não se coadunassem com as regras que a família veiculasse.
Talvez isto explique o facto de muitas empresas ainda funcionarem na base dos mesmos princípios da família nuclear tradicional e, como tal refugiarem-se na segurança de um sistema fechado, cujas verdades são defendidas como uma espécie de porta estandarte. Esse modo de funcionamento dificulta o desenvolvimento dos colaboradores e a sua capacidade de adaptação porque os alicerces em que assenta acabam por ruir.
O importante nos dias que correm não é acatar uns tantos conceitos, umas tantas normas. O fundamental é ter capacidade para raciocinar, para fazer coisas. Não raciocinar é o mesmo que ter os olhos fechados sem fazer esforço para os abrir. É preciso duvidar das certezas, eliminar a apatia e provocar uma reviravolta nos modos de ser e de fazer.
Sexta-feira, 12 de Novembro de 2010
Texto de António Mão de Ferro eFotografia de José Magalhães
Muitos idosos vivem extraordinários dramas. Muitos não têm casa vivem com os filhos e sentem-se como estranhos, como se estivessem a mais, vivem amargurada solidão, sem ninguém que lhes dê apoio, nem afeto.
A dispersão que se verifica cada vez mais nos meios urbanos, acentua as dificuldades para um acompanhamento do idoso, dentro do seu núcleo familiar. Por isso é importante que se criem condições para que ele se sinta útil e possa participar na comunidade, transmitindo a sua experiência, sendo para isso necessário encontrar metodologias que envolvam a participação de idosos, crianças e jovens desenvolvendo assim a solidariedade intergeracional
Quinta-feira, 14 de Outubro de 2010
António Mão de Ferro
Por muito estranho que pareça e por muito más que a pessoa tenha achado as diferentes fases da vida, é normal falar delas, especialmente aos mais novos e dizer que no seu tempo é que era bom: respeitavam-se os valores, era-se mais feliz, a autoridade era respeitada, as regras eram mais claras e a escola é sempre recordada com agrado, amargura ou saudade, mas sempre com emoção.
Isso explica em parte o facto de haver quem dirija apelos aos sectores que antes desprezava. Isto é tanto mais notório quando os valores a que a pessoa se habituou, vacilam e quanto mais ela vir os pilares em que eles assentam tombarem. Quando assim acontece, procura encontrar portos de abrigo onde possa atracar.
Em períodos de insegurança não é raro, o refúgio no passado e ter-se visões que apontam para o desmoronamento e considerar que as ideias fundamentais em que assenta a sociedade actual estão caóticas. Daí argumentar-se que se raciocina cada vez menos e que se está a atingir um ponto em que começa a haver um convencimento de que não vale a pena agir, porque fazê-lo é o mesmo que conduzir um carro velho e ainda por cima travado!
Não se nega a importância do passado, mas a ânsia de comparar tudo com as experiências anteriores e julgar tudo á luz dos seus valores pode impedir que se faça uma análise coerente do aqui e agora e se verifique que existe uma grande necessidade de ação . Necessita-se de raciocínios claros para que tenhamos organizações com regras, disciplina, capacidade de previsão do futuro, que restituam o sonho e a ilusão e transformem as ideias em actos
Domingo, 30 de Maio de 2010
António Mão de Ferro
Ainda não há muito tempo que a integração na comunidade era feita através da família.
Quando se fala nisso recorda-se esse tempo com agrado, amargura ou saudade, mas normalmente com emoção. Essa transmissão de usos e costumes permitia a interiorização de valores socialmente aceites e a sua submissão a eles. A família nuclear era a base da primeira acção formativa.
Neste momento assistimos a uma desagregação da família e a acção que se verificava, está a diluir-se. Será isso preocupante? Penso que não.
Não raras vezes, no seio da família nuclear, o chefe de família, “cabeça de casal”, punha em situação de dependência e submissão a mulher e os filhos. O controlo que era exercido e o conceito de honra, limitavam o acesso a outras formas de cultura, dificultando a inovação e a criatividade, desde que não se coadunassem com as regras que a família veiculasse.
Talvez isto explique o facto de muitas empresas ainda funcionarem na base dos mesmos princípios da família nuclear tradicional e, como tal refugiarem-se na segurança de um sistema fechado, cujas verdades são defendidas como uma espécie de porta estandarte. Esse modo de funcionamento dificulta o desenvolvimento dos colaboradores e a sua capacidade de adaptação porque os alicerces em que assenta acabam por ruir.
O importante nos dias que correm não é acatar uns tantos conceitos, umas tantas normas. O fundamental é ter capacidade para raciocinar, para fazer coisas. Não raciocinar é o mesmo que ter os olhos fechados sem fazer esforço para os abrir. É preciso duvidar das certezas, eliminar a apatia e provocar uma reviravolta nos modos de ser e de fazer.