Sábado, 21 de Maio de 2011

A chantagem do BCE : uma bomba atómica sem material radioactivo por Julio Marques Mota

A chantagem do BCE : uma bomba atómica sem material radioactivo  (Prof. Mario Nuti ) e aqui:



O tom é fora dom comum. Esta quinta-feira, o Banco Central Europeu deixou de utilizar a sua linguagem bem organizada para passar à ameaça.

 

Enquanto que a possibilidade de uma reestruturação da dívida grega está ao centro de todas as discussões europeias que se realizam nos  bastidores, a instituição monetária repetiu a sua oposição a este projecto. Mas desta vez, os membros do BCE não se satisfizeram em agitar o espectro de uma catástrofe bancária em série, empenharam-se num braço de ferro. Jürgen Stark, o chefe economista do BCE, indicou que se houvesse uma reestruturação da dívida grega, apesar da oposição do Banco Central Europeu, este cessaria de imediato de  comprar títulos da dívida grega e deixava de estar a apoiar  o mercado. Mas sobretudo, o BCE recusaria aceitar  as obrigações gregas como garantia, como colateral,  nas operações de refinanciamento bancário.

 

Em linguagem bancária, a isto chama-se a arma atómica. Porque recusar aceitar  títulos em garantia, é privar os bancos de liquidez, é fazê-los saltar. . No caso dos bancos gregos, que dependem totalmente do banco central desde há meses, o mercado interbancário está-lhes totalmente  vedado  e é então a falência assegurada. A crise sistémica tão frequentemente agitada tornar-se-ia assim   uma realidade.                                                                                                                                                             Prof Mario Nuti

 

Porque é que o BCE, geralmente tão cuidadoso,  assumiu o risco  de tais posições limite  que poderiam criar um verdadeiro pânico bancário na Grécia? Já os bancos gregos devem fazer face a  uma fuga maciça de capitais: em poucos  meses, mais de 20 mil milhões de euros de depósitos foram retirados. Numa situação tão tensa, esta posição assemelha-se à uma estratégia de bombeiro pirómano .

 

Se a instituição monetária chega a um tal extremo, é porque tem urgência: está  isolada cada vez mais na sua estratégia de firmeza sobre o processo grego. Durante meses, teve êxito em  convencer o conjunto dos Europeus da necessidade sobretudo de não reestruturar. Mas hoje, os seus apoios não cessam de estar a diminuir. O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, está ainda ao seu lado, da mesma maneira que a França, que afirma, pela voz de Christine Lagarde, que “o assunto não está em discussão  ». Mas esta é efectivamente a única.

 

Mesmo Jean-Claude Juncker, o presidente do Eurogrupo, está a mudar de posição. Há quinze dias ainda, aquando da reunião secreta do Luxemburgo, este  afirmava alto e forte que “a  reestruturação da dívida para a Grécia não era uma solução ». Hoje, evoca uma reestruturação suave ou alteração dos eu perfil. Em suma,  propõe diferir uma parte ou a totalidade dos reembolsos que se  devem realizar  em 2012 e 2013: o montante total das dívidas para estas maturidades, para  estes prazos,  é avaliado em  66 mil milhões de euros. Se uma tal medida não for tomada, explica ele em voz baixa, a Grécia que está na incapacidade de libertar o mais pequeno  recurso excedentário , tendo em conta o desmoronamento da sua economia e as suas finanças públicas, será condenada a contrair empréstimos  junto do FMI e dos outros países da zona euro para reembolsar os credores privados.

 

Pedir aos credores privados que assumem uma parte desta carga mais do  que se  fazer com que esta seja paga somente pelo  Estados e pelos contribuintes europeus, é o cenário defendido pela Alemanha desde  há meses. O seu ministro das finanças, Wolfgang Schaüble, ainda o repetiu  esta semana. E Berlim acabou  por convencer por uma larga maioria dos membros da zona euro.


Grèce: le chantage du BCE , Martine Orange, Mediapart, 21 de Maio de 2011

publicado por Luis Moreira às 20:00
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Sexta-feira, 28 de Janeiro de 2011

Submarinos - advogado de defesa ameaça juiz .

Luis Moreira

 

Submarinos - Juiz decide levar todos os arguidos a julgamento acusados de burla qualificada e falsificação de documenos.

 

Para além da história que todos conhecemos o que é verdadeiramente extraordinário é que o Juiz diz "estar consciente do risco da sua decisão", que leva pela primeira vez responsáveis da Man Ferrostaal, a poderosa multinacional que integra o consórcio alemao que vendeu dois submarinos a Portugal, a sentarem-se no banco dos réus.

 

No despacho o juíz reagiu a uma ameaça velada do advogado de defesa da Terrostaal, Godinho de Matos, "de que caso avançasse para a pronúncia estaria a beber um veneno. "... o juiz escreveu:" estou pronto então, para beber a cicuta que me foi assinalada, se for essa a decisão de quem pode"

 

Fantástico! Por isto podemos perceber o que está em jogo, as influências, as quantias, o poder dos que se sentem capazes de arrostar o Estado de Direito e a Lei! A Ferrostaal está a ser investigada em vários países onde vendeu material militar e na própria Alemanha corre um processo por corrupção que a empresa poderá ver resolvido com o pagamento de 200 milhões de euros.

 

Estes são os poderes que estão acima da Lei e do Estado de Direito, que manipulam governos e governantes, que cercam o muito dinheiro concentrado em Estados cada vez mais anafados e ineficazes. Se a melhor maneira de roubar um banco é pertencer à sua administração, a melhor maneira de roubar um país é fazer negócios com o respectivo estado.

 

 

 

 

 

 

publicado por Luis Moreira às 13:00
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