Luís MoreiraQuem ver e ouvir na televisão, o então ministro-adjunto de Guterres a gritar que os estádios de futebol de 2004 seriam a salvação do país,percebe o que deverá pensar do TGV, terceira ponte e aeroporto.
Com o cabelo ainda preto, mais jovem, mas já com aquela maneira convicta de falar do que não sabe, José Sócrates grita aos quatro ventos que tudo se vai pagar, autofinanciar, tirar as Câmaras locais da miséria, o desporto da mediocridade, enfim, vinha aí o céu...
Agora são as próprias Câmaras que querem implodir os estádios, não têm dinheiro para os pagar, nem sequer para manter a limpeza e a operacionalidade,não sabem o que lhes fazer. Aveiro, com um estádio novinho em folha a substituir o belo Mário Duarte, tem lá a jogar uma equipa de futebol que anda pelas divisões inferiores, o Beira- Mar da minha infância.
Coimbra, quer sair daquele estádio e construir um novo, com a dimensão recomendável, não tem dinheiro para aguentar o estádio socrático. Leiria, mete por jogo 200 pessoas, o presidente do clube diz que não pode pagar, quer jogar em Torres Novas.O do Algarve anda a ser chutado entre as autarquias, é alugado para corridas de automóveis e para eventos musicais.
As autarquias têm dívidas para 20 anos, por causa de estádios desnecessários e sobredimensionados,o Tribunal de Contas diz, em relatório, que houve derrapagens nos custos, elevadíssimas, dificeis de explicar, o Estado derreteu nos estádios 1 000 milhões de euros !
Se o homem tivesse um bocado de humildade e visse no que deram as certezas de ontem...