Carlos Loures
Agatha Christie morreu em 12 de janeiro de 1976, aos 85 anos de idade. Faz hoje 35 anos. A propósito de efeméride semelhante, há dois dias falei aqui de Dashiel Hammett e dizia que ele veio impor um novo paradigma de detective privado. Referia o exemplo de Agatha Christie com o seu Hércule Poirot e a sua Miss Marple – detectives perspicazes, que vão registando pequenos pormenores (que a autora sempre facultou aos leitores) e, geralmente no último capítulo, tudo desvendam deixando-nos de boca aberta, pois o assassino é sempre a menos suspeita das personagens. Quem leu esse texto que aqui publiquei, sabe que a minha preferência vai para os detectives como Sam Spade, Philip Marlowe, Pepe Carvalho … Vão acumulando equívocos e é de equívoco em equívoco que chegam à conclusão final. São homens comuns, sem as celulazinhas cinzentas de Poirot…
Aliás, Hammett, Chandler ou Vázquez Montalbán, não construíam os seus livros com base na engenhosidade do mistério – podemos logo na primeira página saber quem é o criminoso, sem que isso retire um grama de interesse ao romance. São dois tipos de romance policial diferentes – o de Agatha Christie arquitectado de forma clássica, na linha de Conan Doyle – Hércule Poirot é um Sherlock Holmes do século XX com um toque de exotismo – por ser um belga – o Dr, Watson, o palhaço pobre da dupla, é substituído pelo capitão Arthur Hastings.
De notar que, comparando datas, Agatha Christie foi contemporânea de Dashiel Hammett e de Raymond Chandler, tendo-lhes sobrevivido. Não se pode falar de épocas diferentes, mas de opções diferentes – a escritora inglesa optou por seguir a linha sherlockiana. Fê-lo de uma forma magistral e com um êxito fabuloso – nas diferentes línguas em que os seus 80 livros foram publicados, o número de cópias atinge os quatro mil milhões de exemplares. Este número apenas é ultrapassado pela Bíblia e pelas obras de Shakespeare.
Quando digo que prefiro Sam Spade, Marlowe ou Pepe Carvalho a Hércule Poirot, não significa tal preferência que não leia e releia os livros de Christie. Anos atrás, no El Corte Inglés de Badajoz, onde parei vindo de Madrid, comprei uma edição encadernada das obras completas – os 80 romances em 27 volumes compactos, volumosos, digamos. E não descansei enquanto não os li de enfiada, embora quase todos os tivesse já lido na Colecção Vampiro.
Tinha trinta anos quando conseguiu publicar seu livro de estreia, O Misterioso caso de Styles ( The Mysterious Affair at Styles,1921). 55 anos depois escreveu o último Cai o pano (Curtain). Pelo meio ficam dezenas de obras-primas. Entre esses 78 romances do meio, há dois que prefiro – Morte no Nilo (Death on the Nile ,1937) e O Crime no Expresso Oriente. ( Murder on the Orient Express, 1934) Numa viagem ao Egipto fiz um cruzeiro tendo oportunidade de percorrer os cenários do livro e do filme que em 1978 - Morte no Nilo, realizado por John Guillermin com Peter Ustinov, David Niven, Mia Farrow e Bette Davis. Recordemos esse filme e, sobretudo, o livro.
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