Terça-feira, 1 de Março de 2011
Haverá alguma razão aceitável, compreensível, razoável para que o cidadão comum seja tão maltratado nas suas viagens aéreas? Para que lhe dêem ordens com maus modos, para que o obriguem a despir peças de roupa ou a descalçar-se, para que o mandem parar ou avançar como se fosse um recruta em plena inspecção? Haverá, pergunto, algum outro prestador de serviços que cobrando, e frequentemente não pouco, por esses serviços que presta, possa dar-se ao luxo de tratar os clientes com semelhante desrespeito e sobranceria?
Em que outro lugar, que não um aeroporto, há semelhante aglutinação de funcionários mal-encarados? Em que outro lugar nos é imposto que caminhemos por corredores semelhantes aos que são destinados ao exercício físico dos hamsters, percorrendo a fila em ziguezague, enquanto somos vigiados por seguranças de cara fechada prontos a gritar-nos se não fazemos o circuito com a rapidez e correcção que se espera de nós? Onde mais somos obrigados a despir casacos e camisolas, a remover cintos, anéis, óculos, sapatos, a ser revistados em frente a dezenas de pessoas, só porque algum obscuro componente das roupas que nos sobram insiste em fazer o detector de metais disparar? Haverá no mundo criaturas mais antipáticas, mais prepotentes, do que aquelas que revistam os passageiros nos aeroportos? E para quê tanto escrúpulo? Por acaso algum terrorista da Al-Queda se lembrou de esconder explosivos na fivela do cinto? Já ouviram algum caso em que um avião tivesse sido desviado com recurso a um par de sapatos, como os que me fez descalçar uma insolente inspectora com tom de voz e gestos de quem passa as noites a cantar o “Deutschland über alles”?
Quem mais se atreveria a chamar um passageiro com maus modos por ter descoberto uma garrafinha de água na sua bagagem de mão?
- TEM RECEITA MÉDICA PARA ESTA GARRAFA?
- nã… não, é só para matar a sede…
- NÃO PODE!
publicado por CRomualdo às 18:00
editado por Luis Moreira em 28/02/2011 às 18:08
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Quarta-feira, 22 de Setembro de 2010
Luis Moreira
Contra tudo e contra todos, lançaram um concurso para o TGV, sabendo à partida que não tinham condições para cumprirem com o vencedor do concurso. O Poceirão, fica longe de Lisboa e longe de Badajoz, alguem percebia para que interessava aquele troço de TGV sem ínicio e sem fim?
Sofregamente, lançaram o concurso da terceira Ponte sobre o Tejo, contra tudo e contra todos, não há dinheiro, nem os privados têm dinheiro, agora nem os bancos, a dívida cresce assustadoramente, os juros já na altura, trepavam e hoje estão a roçar a impossibilidade de serem pagos, o serviço da dívida é incomportável, uma herança maldita que vamos deixar às próximas gerações.
Felizmente que quem empresta o dinheiro não está para palhaçadas, a Alemanha obriga o governo a mostrar o Orçamento antes de ser aprovado, o que provoca um sem fim de protestos. a nossa soberania, está em perigo, mas a humilhação não, quando andamos de mão estendida.
Antes destas desgraças, não se conseguiu evitar a tempo outra, mil milhões para uma outra autoestrada algures ali pelo centro, à Motta-Engil, a tal que viu a PJ entrar-lhe mais uma vez pelas portas dentro por causa do contrato dos contentores de Alcântara, tambem anulado, mais uns milhões de indemnização.
Quem aprova estas decisões contra tudo e contra todos, sabendo à partida que vai falhar, que não pode cumprir e que isso obriga o Estado a pagar milhões de indemnização, não devia ser chamado à Justiça? Claro que daqui a uns anos tudo não passa de mais uma campanha negra, não houve má-fé, tudo legal, feito nos conformes e dentro da lei. Os actuais governantes, tal como tantos outros, no passado, ocupam grandes cargos nessas mesmas empresas a quem deram de mão beijada milhões? Nada de importante, já passaram os três anos da praxe.
Alguem acredita que estes processos não têm em vista favorecer as empresas do regime? Alguem acredita que não é trafulhice da pior, quando sabendo todos que não é possível e mesmo assim adjudicam-se as obras, acabando tudo em milionárias indemnizações?
O aeroporto, que já andava aí impante em modelos 3D para português ver, não é para agora, as razões são as mesmas, o transporte aéreo do próximo futuro é de tal forma nebuloso que ninguem se arrisca a navegar em céus tão enevoados, o HUB já foi e Alcochete tem que esperar, o Presidente da TAP puxa pela privatização, o governo nuns dias sim, noutros não, como convém a quem vê as grandes empresas do sector a "casarem-se" e a feiínha a ficar para tia.
Ora, quando cada um de nós paga 2,3 euros /mês o que corresponde a 30 euros /ano/contribuinte e que isso tudo somado dá 2,5 milhões /hora de juros e que esse dinheiro é retirado às famílias e à economia e vai direitinho lá para fora (só para pagar juros que a dívida alguem a vai pagar...) não está na hora de nos indignarmos? Como é que se põe o país a convergir com os outros países da Europa com uma dívida destas que não cessa de crescer?
Mas as obrinhas públicas são uma tentação...
Quinta-feira, 16 de Setembro de 2010
Luis MoreiraOs colossos do transporte aéreo afadigam-se em se juntarem em fusões de que vão resultar as quatro ou cinco companhias do futuro. A Ibéria juntou-se à British Airwais a Swissair à Lufthansa, os franceses e os italianos namoram-se mas a mais pequena de todas não se casa.
Apesar de bem gerida por uma equipa de grande experiência são incontáveis os milhões que já "voaram" na TAP. Elevam-se as vozes para a privatização, que nem é para mim o que está em jogo nem sequer é o problema do momento, a não ser a entrada de mais milhões de receita para acalmar a despesa que não cessa de crescer. O que me parece fundamental é que a TAP encontre um ou mais parceiros .
As hesitações têm a ver, na minha maneira de olhar para este resurgimento do "orgulhosamente sós", com o aeroporto, que numa fusão deixaria de ter veleidades para ser um "HUB", um aeroporto que acolhe os grandes vôos internacionais e a partir do qual, se distribui o transporte de proximidade. Jogamos uma e outra vez a carta das ligações para o Brasil e para os PALOP, mas se isso fosse suficiente, éra-o já agora e a TAP não estaria afogada em prejuízos.
O HUB é um aeroporto que exige uma dimensão e condições que custam muito dinheiro, palpita-me que a nossa proverbial demagogia sonha com altos vôos, se fossemos pragmáticos o aeroporto da Portela estaria aí para muitos anos. A ANA continua sem um caminho definido, privatizar a gestão de todos os aeroportos nacionais é solução que não agrada a muitos, especialmente a Norte e ao Centro, já apareceram publicamente a propor actividades civis nas bases militares em Beja e em Vila Real, não há um rumo, uma estratégia.
Ou há, e nós é que não a conhecemos nem a compreendemos, é o que acontece com a estratégia do "orgulhosamente sós". Vem de longe!
Quarta-feira, 28 de Julho de 2010
Luís MoreiraOnde vai o "jamais"? Quando os negócios estavam apontados para a OTA, eram só impactos negativos em Alcochete, ele era o aquífero, eram as aves, o sapal, o rio, tudo impedia a construção do aeroporto na banda de lá.Agora que está tudo apontado para Alcochete, os estudos mostram o contrário dos estudos anteriores. Os impactos negativos são minimizados " não terá impactos significativos que possam comprometer os objectivos de conservação da Zona de Protecção Especial (ZPE) do Estuário do Tejo".
Agora o que o estudo salienta é que os habitantes estão todos "contentinhos" porque vai haver muito turismo e muito emprego, e que se lixe " a mudança comportamental da comunidade avifaunística presente", embora ainda imprevisíveis, e termina com uma promessa "que os efeitos negativos para a zona envolvente podem ser minimizados para níveis aceitáveis."
Como se vê estes estudos são a pedido, pois se são pagos pelo interessado, o que dirão os estudos? Na OTA, foi preciso um comandante da TAP chamar a atenção para o facto de nunca terem pedido a opinião a quem ía pilotar os aviões e dizer, alto e bom som, que a operação de subir e descer se fazia pelo mesmo corredor aéreo, constituindo um perigo !
Em Alcochete com as inúmeras aves existentes, pode ser que tenhamos sorte e o comandante seja tão frio como o americano que "aterrou" no rio Hudson.Pode ser!
Muitos milhões para pagar a consultores para dizerem o que é necessário a quem paga!