Quinta-feira, 14 de Julho de 2011

ENCONTROS IMAGINÁRIOS NA BARRACA - por Hélder Costa

 

 

Camaradas, amigos, companheiros

 

Penso que este escandalo Universal das agências de "rating"(talvez de ratice), tem um lado muito positivo. Acho que dá para perceber o lado discricionário e injusto de juris e concursos pretensamente sérios e impolutos, quando na verdade não passam de representantes de lobbies e máfias.

 

A Barraca sabe do que fala porque é perseguida e menorisada desde os anos 80!!! Mas, como não somos nem "pigs" nem marginais e nos habituámos desde sempre à luta, cá estamos com sorriso aberto perante esta ignominia socio-cultural. E por isso temos sabido responder a mais cortes da dita crise ( que, como sempre, só ataca alguns) . "As peugas d e Einstein", 3 meses em cena e digressões pelo país ; as Terças a ler ; os concertos de António Vitorino de Almeida e os Encontros Imaginários, quinzenalmente à 2ª feira. E ainda vai estrear no dia 20 "D. Maria, a louca", um trabalho de Maria do Céu Guerra. Muito trabalho e muito feliz trabalho. Em Agosto vamos de férias, mas queremos fazer uma despedida em grande dos nossos

 

Encontros Imaginários com Cervantes, Chaplin e Rasputin. Referencais a D. Quixote, Charlot e ao misticismo e imoralidade da Corte Czarista nas vésperas da Revolução Soviética. Reservas 213965360--- dia 18, 21, 30--- Bar

da Barraca.

 

E, já agora, vejam algumas cenas "Tempos Modernos":

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por João Machado em 13/07/2011 às 15:29
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Segunda-feira, 4 de Julho de 2011

Hoje na Barraca: debate entre o Marquês de Pombal e Inácio de Loyola, moderado por Cleópatra

Amigos e companheiros da grande festa que têm sido estes Encontros com grandes figuras da História da Humanidade : entramos no 6º e ultimio mês antes da interrupção para férias.Sim, porque essa gente importante também faz férias!

 

Hoje, dia 4 de julho aparecem Marquês de Pombal, Loyola ( dois inimigos de estimação) e a bela Cleopatra para amenizar o ambiente. E no dia 18, o 12º Encontro apresenta Cervantes , o alter-ego de D. Quixote, Chaplin e o seu Charlot e Rasputin , o bruxo místico e devasso da Corte Czarista pré-revolução bolchevique. Não faltem, avisem os distraídos, e venham divertir-se. Reservas 213965360

publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por João Machado em 03/07/2011 às 22:47
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Domingo, 3 de Julho de 2011

OS ENCONTROS IMAGINÁRIOS CONTINUAM

E aqui está uma polémica que muitos esperam :

Marquês de Pombal enfrentando Loyola o chefe da Companhia

 de Jesus a poderosa seita religiosa que o implacavél ministro

de D. José expulsou de Portugal. Para amenizar o ambiente ,

chega a bela e divina Cleopatra que assustou o Império Romano

 com os seus amores com Julio César e Marco António. Não percam

 e reservem por segurança : 213965360

 

 

publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por João Machado em 29/06/2011 às 18:26
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Sábado, 2 de Julho de 2011

"AS ´PEÚGAS DE EINSTEIN" EM ÚLTIMAS EXIBIÇÕES

 

 

 

ULTIMOS ESPECTÁCULOS de " AS peugas de Einstein" . 1,2,3 e 7,8 e 9 de JULHO. 5ª a Sabado 21, 30 , Domingo 16 horas. Não percam e avisem os amigos

 

“As Peúgas de Einstein”,  de Helder Costa expõe as teorias científicas do grande génio da Física de uma forma lúdica e acessível, ao mesmo tempo que traça um quadro de todo o século XX através da sua biografia social e humana. É fascinante o rol de algumas personalidades públicas que privaram com Einstein e que são personagens da peça: Lenine, com quem privou enquanto estudante em Zurique, os professores de Berlim Lenard e Max Planck, seguidores de Hitler, Roosevelt presidente dos USA, Marilyn Monroe e Arthur Miller, Paulette Godard e o seu grande amigo e companheiro de lutas contra o McCarthismo, Charlie Chaplin.

 

No vídeo, podemos ver um momento do espectáculo interpretado por uma companhia brasileira - no dia 07/11/09 no Teatro São João em Sobral-CE-Brasil, na estreia internacional.

 

publicado por Carlos Loures às 15:00

editado por João Machado às 11:50
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Sexta-feira, 1 de Julho de 2011

A BARRACA - AS PEÚGAS DE EINSTEIN EM ÚLTIMAS EXIBIÇÕES

ATENÇÃO!

 

"As peugas de Einstein" estão a terminar a temporada em Lisboa. Ultimo espectáculo é no Sábado, dia 9 de Julho às 21, 30. Como é hábito bem português deixa-se tudo para o fim. Por isso, não se distraiam e não percam este panorama do século XX através do olhar e da vida de Einstein, Chaplin, Paulette Godard, Marilyn e tantos outros.

 

Reservas : 213965360

 

 

publicado por Carlos Loures às 09:30

editado por João Machado às 02:23
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Domingo, 19 de Junho de 2011

ENCONTROS IMAGINÁRIOS NA BARRACA

 

 

 

 

O Encontro Imaginário nº 10 possibilita a grande oportunidade de recordar o
que pensa a Ku-Klux- Klan para percebermos a verdade politica da tal "
América profunda".

 

O confronto é com Luther King e também aparece a visão romantica de Maria Callas
, a vedeta da opera e do jet-set do século XX.

 

Reservas
213965360 ou  968792495

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado por Carlos Loures às 09:30

editado por João Machado em 15/06/2011 às 00:11
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Sábado, 4 de Junho de 2011

Encontros Imaginários - por Hélder Costa

 

Último aviso sobre os Encontros Imaginários para dia 6 às 21, 30 no Bar da Barraca

 

Jules Verne ( 1828 – 1905)

 

 

Escritor Francês do século XIX é considerado por críticos literários o precursor

do gênero de ficção científica, tendo feito predições  sobre o aparecimento de novos
avanços científicos, como os submarinos, máquinas voadoras e viagem à Lua.

 

Com uma produção prolifica de enorme qualidade, escreveu cerca de 50

romances tendo sido traduzido em mais de 150 línguas e levado ao cinema em

várias produções de Hollywood.

 

Nos últimos anos, Verne escreveu muitos livros sobre o uso erróneo da tecnologia e
os seus impactos ambientais, sua principal preocupação naquela época. Continuou
a sua obra até a sua morte em 24 de Março de 1905.

 

  Al Capone (1899 – 1947)

 

 

 

   Alphonsus Gabriel Capone, ou simplesmente Al Capone foi um 

 ítalo-americano considerado por muitos como o maior gângster dos

 Estados Unidos.  Al - como era chamado pelo seu círculo íntimo, tinha o apelido

 de Scarface ("Cara de Cicatriz"), devido a uma cicatriz que tinha no rosto.

 

 Capone controlava informadores, casas de jogo, bordéis, bancas de

 apostas em corridas de cavalos, clubes noturnos,destilarias e cervejarias. Chegou

 a faturar 100 milhões de dólares norte-americanos por ano, durante

 a Lei seca.

 

Em 1929 foi nomeado o homem mais importante do ano, junto com personalidades da importância do físico Albert Einstein e do líder pacifista Mahatma Gandhi.

 

Em 1931, foi condenado pela justiça americana por fuga aos impostos, com 11 anos de prisão. Sua pena foi revista em 1939, devido ao seu estado de saúde. Tinha distúrbios mentais e morreu de sífilis em 1947.

 

 

D. Dinis (1261 – 1325)

 

 

 

D. Dinis ficou conhecido como «O Lavrador», devido a uma série de medidas que tomou com vista à protecção da agricultura, da pesca e do comércio, orientadas para o desenvolvimento das várias regiões. Procurou ainda, através das inquirições, evitar as crescentes e abusivas usurpações sobre o património régio. A actividade piscatória e salineira registou igualmente um grande incremento durante o seu reinado, com a fundação de numerosas póvoas marítimas e a promoção da construção naval.Filho de D. Afonso III e de D. Beatriz de Castela. Foi aclamado em Lisboa em 1279, para iniciar um longo reinado de 46 anos, inteligente e progressivo. Lutou contra os privilégios que limitavam a sua autoridade. Quando subiu ao trono, estava a coroa em litígio com a Santa Sé motivado por abusos do clero em relação à propriedade real. Fomentou todos os meios de uma riqueza nacional, na extracção de prata, estanho, ferro, exigindo em troca um quinto do minério a um décimo de
ferro puro. Desenvolveu as feiras e foi o grande impulsionador da nossa marinha, embora fosse à agricultura que dedicou maior atenção. Deve-se ainda a D. Dinis, poeta de grande qualidade, um grande impulso na cultura nacional. Entre várias medidas tomadas, deve citar-se a Magna Charta Priveligiorum, primeiro estatuto da Universidade, a tradução de muitas obras, etc.

 

 


O monarca português nacionalizou ainda as ordens militares, criando em 1315 a ordem de Cristo, destinada a manter a cruzada religiosa contra os infiéis, cuja fundação viria a ser confirmada pela bula papal de Março de 1319 Ad ea ex quibus. Esta nova ordem militar viria a ter uma enorme projecção no reino, sobretudo na expansão ultramarina dos séculos XV e XVI.


O final do reinado de D. Dinis foi marcado por violentas guerras familiares,primeiro com o seu irmão (D. Afonso) e depois com o seu filho herdeiro (D. Afonso IV) e o seu filho bastardo (D. Afonso Sanches). Nestas guerras
sobressaiu a figura da rainha D. Isabel, que contribuiu, decisivamente, como medianeira em várias diligências, para restabelecer a paz entre pai e filho.

A D. Dinis se deve a fundação do Estudo Geral Português, em Lisboa (1290), onde se leccionavam artes, cânones, leis, medicina e teologia, e que constitui o primeiro núcleo de estudos universitários em Portugal. Durante o seu reinado, os documentos oficiais passaram a ser escritos no nosso idioma, e o monarca ordenou ainda a tradução para português de obras de renome como as Sete Partidas (conjunto de leis de Afonso, o Sábio) e a Crónica do Mouro Rásis. 

 

A sua corte foi um dos centros literários mais notáveis da Península.

 

 

publicado por Carlos Loures às 10:30

editado por João Machado em 03/06/2011 às 23:26
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Quarta-feira, 1 de Junho de 2011

A BARRACA - Dia 6 de Junho - recomeçam os Encontros Imaginários .

No dia 6 de Junho recomeçam os ENCONTROS IMAGINÁRIOS. Já vamos no nº 9, e a ceitação do público tem sido estimulante para o nosso projecto.

 

Dia 6 é a ressaca das eleições. É sempre bom, no dia seguinte às ressacas, sejam de tristeza ou de alegria, ouvir as vozes de sábios antigos ( Cada um na sua especialidade, claro!).

 

E o Encontro é entre o nosso grande Rei D. Dinis, o ficcionista e visionário Julio Verne  e o grande mito da Mafia Norte-Americana, Al Capone.

 

Não percam ,e , já sabem,.é bom reservar : 213965360 

publicado por Carlos Loures às 16:00

editado por Luis Moreira em 31/05/2011 às 15:29
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Domingo, 17 de Abril de 2011

Encontros Imaginários no bar da Barraca - 18 de Abril às 21:30

 

 

 

 

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publicado por João Machado às 09:00
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Domingo, 10 de Abril de 2011

Einstein e o século XX – por Hélder Costa

 

 

 

 

 

 

 


 

 

https://1.bp.blogspot.com/_sxspXXHoZgg/S9t3br3JWvI/AAAAAAAAAms/2eVqyLCaZmk/s320/albert_einstein.jpg

 

 

A biografia da Einstein constitui um retrato brilhante e lúcido sobre o século XX, o século das grandes guerras, catástrofes, Holocausto, e – simultaneamente , dos grandes avanços do saber humano.

 

Einstein foi um dos grandes motores responsáveis pelo extraordinário avanço cultural e civilizacional da Humanidade.

 

Testemunha privilegiada de conflitos, derrotas e sucessos, sempre esteve do lado bom da História lutando pela Paz, pela destruição de armas atómicas e pela liberdade de pensamento.

 

Como homem de inteligência que era, não aceitou o convite para ser o primeiro Presidente do Estado de Israel. Declarou que estava contra  a formação de um Estado e que era necessário falar com os Árabes para chegar a acordos territoriais, único caminho para evitar guerras eternamente insolúveis.

 

Como prova a actual situação no Médio Oriente.

 

É com enorme prazer que vemos chegar Einstein à família de intelectuais , artistas e “gente de Bem” que  A BARRACA foi juntando durante estes 35 anos.

 

Sinopse

 

“As peúgas de Einstein” de Helder Costa expõe as teorias cientificas do grande génio da Física de uma forma lúdica e acessível, ao mesmo tempo que traça um quadro de todo o século XX através da sua biografia social e humana.

 

É fascinante o rol de algumas personalidades públicas que privaram com Einstein e que são personagens da peça : Lenine, com quem privou enquanto estudante em  Zurique, os professores de Berlim Lenard e Max Planck, seguidores de Hitler, Roosevelt presidente dos USA, Marilyn Monroe e Arthur Miller, Paulette Godard e o seu grande amigo e companheiro de lutas contra o McCarthismo, Charlie Chaplin.

 

 

 

 

publicado por João Machado às 21:00

editado por Luis Moreira às 02:58
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Sábado, 9 de Abril de 2011

“AS PEUGAS de EINSTEIN”- Estreia dia 13 de Abril de 2011 às 21,30 na BARRACA

 

 

 


 


 

A ESTREIA no BRASIL


A peça “ As peúgas de Einstein” estreou no Brasil em Novembro de 2009 integrado nas comemorações do Ano Internacional da Astronomia da ONU.


Sinopse



As peugas de Einstein” de Helder Costa expõe as teorias cientificas do grande génio da Física de uma forma lúdica e acessivel, ao mesmo tempo que traça um quadro de todo o século XX através da sua biografia social e
humana.


É fascinante o rol de algumas personalidades públicas que privaram com Einstein e que são personagens da peça : Lenine, com quem privou enquanto estudante em  Zurique, os professores de Berlim Lenard e Max Planck, seguidores de Hitler, Roosevelt presidente dos USA, Marilyn Monroe e Arthur Miller, Paulette Godard e o seu
grande amigo e companheiro de lutas contra o McCarthismo, Charlie Chaplin.


 

Em cena : de 4ª a Sábado, 21,
30 e Domingo 16 horas


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RESERVAS : 213965360

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por João Machado às 23:36
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Sábado, 9 de Outubro de 2010

O Mistério da camioneta fantasma, de Hélder Costa -22 (última parte)

ANEXO 1


O MISTERIO DA CAMIONETA FANTASMA

A BARRACA volta a debruçar-se sobre um tema da História de Portugal. Desta vez, da nossa História recente: os crimes da “Noite Sangrenta”.




O ENQUADRAMENTO HISTÓRICO

1. No dia 19 de Outubro de 1921,desabou sobre Portugal uma horrível tragédia desmistificadora dos nossos tão celebrados brandos costumes.

Sendo presidente António José de Almeida, o governo presidido por António Granjo, heróico Republicano reconhecido “ Homem Bom “ respeitado por correligionários e adversários políticos.

A insatisfação provocada por algumas medidas necessárias e não demagógicas, era sistematicamente acirrada pela oposição monárquica e integrista através de vários órgãos de imprensa de que é essencial destacar “A Voz”, e a “Imprensa da Manhã”, propriedade de Alfredo da Silva, antigo deputado da ditadura de João Franco, industrial do Barreiro, e que se referia ao jornal como sendo “a sua amante mais cara”.

2. Foi por isso, com naturalidade, que os rumores de revoltas militares se concretizaram na manhã do 19 de Outubro, num putsh dirigido por Manuel Maria Coelho, antigo herói do 31 de Janeiro de 1891, primeira revolta Republicana, na cidade do Porto.

E foi ainda mais natural que o Presidente tenha acedido às exigências dos revolucionários, demitindo o governo e entregando-o aos revoltosos. António Granjo encarou também com naturalidade a sua demissão, retirando-se tranquilamente para casa.

Ao fim da manhã o golpe estava consumado e nem se tinha disparado um tiro.

3. Parecia chegado ao fim um período particularmente agitado da jovem Republica portuguesa.

Na verdade, o 5 de Outubro de 1910 não tinha significado a pacificação da sociedade portuguesa. Seguiram-se lutas e greves operárias e camponesas, golpes e invasões monárquicas, cisões no bloco republicano, sabiamente aproveitadas pelas forças mais reaccionárias, a ditadura de Pimenta de Castro recheada de revanchismo monárquico absolutista, a grande guerra de 14/18, a ditadura de Sidónio Pais e seu assassinato em Dezembro de l918, e mais pequenos golpes e intrigas.

Tudo isto convenientemente acompanhado por crise económica, bancarrota, corrupção, nepotismo e alienação progressiva da independência económica e financeira.

Parecia chegado o momento da pacificação, dado o prestígio ético e militar dos chefes da revolta.

Mas os Deuses tinham outros projectos


O DEZANOVE DE OUTUBRO

1. E, de repente, outra estória deu a volta à História.

Um grupo de marinheiros começou a percorrer a pacata e tranquila Lisboa com uma camioneta. A tradição anarquista e republicana da marinha permite-nos visualizar um grupo eufórico, gritando morras aos exploradores, talvez agitando bandeiras, e possivelmente com um pouco de álcool a mais. Nada de estranho, porque a revolução é uma festa e está longe dos cerimoniais académicos e professorais. É até de supor que tenham sido apoiados e vitoriados no seu épico percurso de triunfadores.

2.Para onde foram esses marinheiros, ao cair da noite?

Continuar a revolução, que tinha possivelmente ficado em águas mornas para os seus gostos?

São interrogações legítimas que permitem compreender o apoio ou a passividade com que o povo de Lisboa assistiu ao percurso dessa camioneta.

A primeira paragem foi na casa de António Granjo, na rua João Crisóstomo. Os gritos de vingança e de linchamento faziam-se ouvir e o primeiro-ministro deposto procurou refúgio, pelas traseiras, em casa do seu adversário político e vizinho, Cunha Leal, que vivia na avenida Miguel Bombarda.

Uma porteira, que teria ido buscar cebola e hortaliça à sua rica hortinha, avisou os marinheiros da fuga de António Granjo pelos quintais.

O cerco continuou à porta de Cunha Leal, e depois de telefonemas e insistências várias, a teimosia deu resultado, pois foram os dois para o Arsenal

À entrada quiseram matar António Granjo, Cunha Leal opôs-se, foi ferido com um tiro no pescoço, António Granjo fugiu, foi encurralado numa escada, abatido.com dezenas de tiros e trespassado pela espada de um “ corajoso” corneteiro da Guarda republicana.

O sangue espirrou à altura de metro e meio, e assim se silenciou para sempre um dos mais corajosos combatentes de Trás-os-Montes contra a invasão de Paiva Couceiro.

3.Os “bravos marinheiros” tinham começado a fazer justiça.

Chefiados por Abel Olímpio, cabo, conhecido por “Dente de Ouro”, retomam o percurso da vingança.

O próximo alvo chamava-se José Carlos da Maia, oficial da Marinha que tinha tomado o cruzador D. Carlos no 5 de Outubro , antigo ministro de Sidónio Pais em l917 e 1918, e de José Relvas em 1919.

Com informações de antigas vizinhas, chegam à sua nova residência na rua dos Açores.

São 11 horas da noite, e o casal, depois de beijar o filho de poucos meses, é assustado com fortes pancadas na porta.

Apesar dos esforços de Berta Maia, é arrastado e será assassinado à entrada do Arsenal.

Mas a “noite sangrenta”, nome por que ficaram conhecidas essas terríveis horas, tinha mais mortes a executar.


Seguiram-se Freitas da Silva, capitão de fragata, ex - chefe de gabinete do ministro da Marinha do Governo cessante de António Granjo, e o coronel de Cavalaria Botelho de Vasconcelos.

Os crimes continuavam, mas para os assassinos ainda faltava a chave de ouro.

4.São duas horas da madrugada, e a camioneta fantasma arranca do nº 14 da rua José Estêvão, no bairro da Estefânia, depois de arrancar Machado Santos, o herói da Rotunda, do sossego do lar.

No largo do Intendente, param a camioneta e fuzilam-no, sem dó nem piedade.

No mistério dessa noite surge um nebuloso empresário teatral, Augusto Gomes, que cede o seu táxi para que se leve o corpo à morgue.

Estes são os dados essenciais do que se passou no tristemente célebre 19 de Outubro.

O MISTÉRIO E AS DUVIDAS

Tanta barbárie, levantou suspeitas.

Claro que a imprensa reaccionária e monárquica imputava os crimes à Republica, à desordem, e à falta de autoridade e anarquia do Governo.

Mas...a quem interessavam esses crimes?

Era possível que os marinheiros tivessem actuado em plena impunidade e a seu belo prazer?

Foram estas dúvidas que persistiram na mente dos familiares das vítimas e na convicção da opinião pública.

A 1 de Junho de 1923,o Tribunal Militar Extraordinário de Santa Clara condena o bando assassino a adas penas e iliba os oficiais revolucionários.

Mas as dúvidas continuam, e Rocha Martins publica as grandes questões:

- Quem preparou a aura do terror?

- Trabalharam por sua conta estes carrascos?

- Saiu das suas cabeças essa ideia terrível de assassinar gente honrada e deixar com vida tantos miseráveis?


BERTA MAIA

A viúva de Carlos da Maia desenvolve uma actividade incessante tentando desvendar o mistério dos mandantes desse massacre.

A insistência com o Dente de Ouro acabou por dar resultado. Ele acabou por confessar a ligação com o padre Lima, o dinheiro que iam receber ao jornal “A Voz”, e que o plano da conspiração monárquica consistia muito simplesmente em “infiltrar um movimento revolucionário, e depois empalmá-lo”.

Táctica, como se sabe, de ampla e profícua aplicação histórica.

Confissão adquirida, nomes denunciados, e a justiça parou.

Entretanto, tinha-se dado o 28 de Maio, o tal “movimento purificador”, e para uma paz tranquila não há como calar assuntos incómodos.


A peça “O mistério da camioneta fantasma”(x)

O trabalho dramaturgico consistiu em desenhar o enquadramento do 19 de Outubro, focando a oposição monárquica, o importantissimo papel da imprensa -principalmente os jornais “ A Época” e “A Imprensa da Manhã” do industrial Alfredo da Silva - na formação de um clima anti-regime através de boatos e intrigas, a conspiração dos exilados e o seu apoio por parte do Rei de Espanha, a acção determinante –no terreno e na confissão do Dente de Ouro -, dessa figura sinistra ,o empresário teatral Augusto Gomes, e a incapacidade ou total impossibilidade de os Republicanos terem conseguido a total clarificação deste “mistério”perante a opinião publica.

Será talvez essa a razão de se continuar a intitular de “mistério”um golpe reaccionário suficientemente clarificado nos seus propósitos e objectivos.

E se todos esses dados ainda são considerados insuficientes, pois que se faça luz definitiva sobre um dos mais bárbaros e repugnantes acontecimentos que manchou a vida politica nacional.

A História e o futuro vivem de saber ler o passado.

Não será despiciendo saber toda a verdade sobre os crimes que se abateram sobre os dirigentes do 5 de Outubro, onze anos depois de terem conquistado a liberdade para o povo português.

Hélder Costa


Hélder Costa nasceu em Grândola. Estudou Direito nas universidades de Coimbra e de Lisboa. Em Coimbra fez parte do CITAC. Em Paris, onde estudou Teatro, fundou o "Teatro Operário de Paris". Regressou a Portugal em 1974 Actor, dramaturgo e encenador, dirigiu cursos de Arte Dramática. É o director do Grupo de Teatro " A Barraca".


Principais obras: : Liberdade, Liberdade, Lisboa, 1974; O Congresso dos Pides e Um Inquérito, in "Ao Qu'isto chegou", 1977; A Camisa Vermelha, Coimbra, 1977; Três Histórias do Dia-a-Dia (O Jogo da Bola, A Sorte Grande, A Vaca Prometida), 1977; Histórias de fidalgotes e alcoviteiras, pastores e judeus, mareantes e outros tratantes, sem esquecer suas mulheres e amantes: sobre textos de Gil Vicente e Angelo Beolco, o Ruzante, Lisboa, 1977; Zé do Telhado, Coimbra, 1978; D. João VI, Coimbra, 1979; Teatro Operário: 18 de Janeiro de 1934, Coimbra, 1980; É Menino ou Menina (dramaturgia composta a partir de textos de Gil Vicente), Lisboa, 1981; Um Homem é um Homem - Damião de Góis, teatro, Coimbra, 1981; O Príncipe de Spandau, Lisboa, 1997; Marilyn, meu amor, drama original em dois actos, Lisboa, 1997;

 O Mistério da Camioneta Fantasma, Lisboa, 2001.O Incorruptivel, Fernão, mentes?, Bushlandia, Obviamente demito-o!, O Professor de Darwin, A Balada da Margem Sul, As peugas de Einstein (estreada no Brasil, inédita em Portugal)


(x) O texto de "O Mistério da Camioneta Fantasma" foi o produto de um concurso de bolsas de criação literária do Ministério da Cultura ganho pelo autor;


A peça teve uma 1ª edição (esgotada) pela “Colibri” com patrocínio do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas

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publicado por Carlos Loures às 22:30
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Sexta-feira, 8 de Outubro de 2010

O Mistério da camioneta fantasma, de Hélder Costa -20 e 21

(Continuação)

Cena 20

Pesadelo e melancolia

(Musica e luz intermitente)

Berta Maia – Diz-me Dente de Ouro: quem te mandou matar o meu marido?

(esta fala é repetida por outras vozes a seguir a cada fala de BM ou de AO)


Abel Olímpio – Ninguém mandou. Desconfie a senhora daqueles que mais choram o seu marido.

Berta Maia – Tu hás-de falar. Tu falarás.

Abel Olímpio – Padre Lima, ... ia receber dinheiro ao jornal “A Época”...

Berta Maia – Eles vão-te matar. Não morras sem me dizeres a verdade.

Abel Olímpio – Minha senhora, a República não avança porque os monárquicos se introduzem nela e não deixam.

Berta Maia – Fala, Dente de Ouro... fala!

Abel Olímpio – Eu fui aliciado pelo Padre Lima, residente na Rua da Assunção, 56 – Direito.

Sou o cabo de artilharia da Armada, nº 2170, e estou a prestar declarações sem coacção, nem dádivas ou promessas, para efeitos de justiça e revisão do processo das vítimas de 19 de Outubro.

O Padre Lima dizia nas reuniões: “no próximo movimento revolucionário, depois de tudo organizado, como devia ser, lançavam-se no movimento para o empalmar, e donos da situação liquidavam-se os republicanos, em especial os do 5 de Outubro, e vingava-se a morte de el-rei D. Carlos”.

Berta Maia (com o filho nos braços) – Ninguém me pode dar o meu marido. Mas limpei a sua honra e o ideal dos republicanos honestos.

(Slide—morte de Carlos da Maia e reprodução ao vivo—Dente de Ouro dá tiro na nuca a Carlos da Maia)

Cena 21

O silêncio

(Salazar sentado numa cadeira É novo, entra senhora Maria. Mimam cálices de porto).

Senhora Maria – Aqui está o biscoitinho e o portinho, senhor doutor.

Salazar – Muito obrigado, senhora Maria. Olhe, não quer um cálicezinho?

Senhora Maria – Não vale a pena, muito obrigada, senhor doutor.

Salazar - Vá lá, tome lá um golinho... que é para não dizer que o Salazar é um sovina.

Senhora Maria – Valha-me Deus, se alguma vez eu era capaz de uma coisa dessas!

Salazar - É que eu estou satisfeito com umas coisas, quero comemorar, e também quero saber a sua opinião

Senhora Maria - Se eu souber dizer alguma coisa que se aproveite...

Salazar – O que é que pensa daquele caso do Dente de Ouro?

Senhora Maria – Olhe, senhor doutor, vê-se que Deus não dorme. Quem é que havia de dizer que passados tantos anos, aquele monstro ia começar a falar... grande mulher, aquela senhora...

Salazar – Pois olhe, eu acho que isto já deu conversa a mais e vou proibir que os jornais falem do assunto.

Senhora Maria – O senhor doutor é que sabe, mas olhe que agora, anda toda a gente a querer saber o que se passou... e parece que aquele bandido que matou a Maria Alves também estava metido nisso...

Salazar – O perigo disto é que há amigos nossos que estiveram metidos no caso, e se isso se sabe é uma carga de trabalhos.

Senhora Maria – Parece impossível. Então não foram esses republicanos, ou lá o que é, que mataram aqueles senhores?

Salazar – Está a ver... a coisa estava tão bem feita, que até a senhora acreditou... está-se a descobrir que foi a nossa gente quem organizou tudo; é por isso que tem de se pôr uma pedra sobre o assunto.

Senhora Maria – O que vai haver pr’aí de barulho...

Salazar – Está enganada. Esses republicanos, democratas e revolucionários e outros nomes que lhes quiser chamar, calam-se todos.

Senhora Maria – Oh senhor doutor!

Salazar – Mataram o Machado Santos e quem é que quer saber disso? O Carlos da Maia, com a mania da seriedade... e o Granjo...

Senhora Maria – O senhor Granjo parece que até estava a governar menos mal...

Salazar – Estava, estava. Estava a cortar no que a populaça exigia. Era para ficar bem visto pelos capitalistas. Esse ainda está pior. Primeiro, porque os seus antigos companheiros aproveitaram isso para dizer que ele tinha mudado, que já não merecia confiança, e que foi muito bem feito ter morrido como morreu. Os capitalistas e os monárquicos também não irão mexer uma palha, porque esse tipo de política é para ser feita por nós, e não por eles.

Está a perceber porque é que eles se vão calar?

Senhora Maria – Alguém há-de refilar.

Salazar – Senhora Maria, vai tudo ficar calado, até porque apanharam medo a sério. Já perceberam que a gente não está para brincar, e que as coisas vão mesmo endireitar. O reviralho acabou.
Umas prisões, uns safanões dados a tempo, umas deportações para bem longe... Timor, Cabo Verde, Costa de África... ficam a fazer a revolução com os pretinhos...eles é que gostam dessas algazarras… (ri)... os que nós deixarmos por aqui, a gente já os conhece... não fazem mal a uma mosca e até convém que digam as suas coisas para parecer que o nosso regime respeita a liberdade. Está tudo bem assim, e nem podia ser de outra forma.

Senhora Maria – O Senhor doutor Salazar é muito inteligente.



Salazar (bebe) – Olha traga-me a minha mantinha….

(Senhora. Maria põe-lhe a manta nos joelhos)

É muito bom este vinho do Porto...

(Som de máquina de escrever e voz)

- Condenados só vi, até agora, os executores, aqueles cujas culpas não oferecem dúvidas. Trabalharam por sua conta estes carrascos? Saiu das suas cabeças essa ideia terrível de assassinar gente honrada e deixar com vida tantos miseráveis?

Quem preparou a aura do terror? Das suas revelações é que depende a justiça, não a do tribunal republicano, que só condena marujos e soldados, mas a outra, a que algum dia, tarde ou cedo, se fará em nome da Nação.

Rocha Martins

(Som da camioneta. Faróis no ciclorama .)

Voz off (acompanhando a entrada dos personagens)


Os autores morais dos crimes nunca foram inquiridos.

Alfredo da Silva fugiu para Espanha, voltou a financiar outro golpe – o 28 de Maio – e foi recompensado com A Tabaqueira, o grande negócio dos tabacos.

Gastão de Melo e Matos, monárquico e investigador pertenceu à Comissão de Censura de Espectáculos

Carlos Pereira continuou a dirigir a sua Companhia das Aguas

O Padre Lima voltou para a terra, sendo pároco em Macedo de Cavaleiros e Mogadouro. Morreu em paz .

Augusto Gomes, preso pelo assassinato de Maria Alves

Abel Olímpio, o Dente de Ouro, foi degredado para Àfrica.

O sargento que assassinou Carlos da Maia nunca foi preso.

Tinha-se dado o golpe do 28 de Maio, e estes crimes foram cobertos com um oportuno manto de silêncio.

( 4 Actores (Alfredo da Silva, Gastão de Melo e Matos, Carlos Pereira e Padre Lima) atiram para os projectores que se vão apagando até se atingir o black – out)

FIM

Saída do publico com

One O’clock jump de Duke Elington

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Quinta-feira, 7 de Outubro de 2010

O Mistério da camioneta fantasma, de Hélder Costa -19

(Continua)Cena 19

A impunidade

(Gastão Melo Matos com Barbosa Viana)


BV – Senhor Gastão Melo Matos , como sabe foi referenciado como implicado no 19 de Outubro...

GMM – Sim, Sr. agente Belém. Fui referenciado nesse caso e com muito prazer.

BV – Sr. Gastão, não me parece que o caso seja para dar muito prazer. Foram crimes horríveis que se praticaram e a partir das confissões do Dente de Ouro, a acusação dirige-se ao vosso campo, o monárquico.

GMM – Houve um julgamento, criminosos foram condenados, e se há denúncias contra outros, prendam-nos. Não percebo o que é que o Sr. agente pretende investigar...

BV – Eu quero investigar os motivos desses crimes, quem foram os instigadores... é a opinião pública que exige ser esclarecida.

GMM – Mas se é só isso, eu informo-o. É evidente que a nossa táctica consistia em empalmar o movimento revolucionário republicano. Nem podíamos fazer outra coisa, depois das nossas invasões monárquicas de 1911 e 1919 terem falhado, da morte do Sidónio, da derrota em Monsanto (ri) ... era o único caminho que nos restava, e como vocês passavam a vida a dar-nos oportunidades sempre com golpes uns contra os outros... (ri) ... acabou por ser fácil.

BV – Mas para isso, é preciso dinheiro...

GMM – Oh, senhor agente, dinheiro é coisa que não nos falta, graças a Deus. Para esses marujos foram 100 contos dados pelo conde de Tarouca e pelo Carlos Pereira da Companhia das Águas, o palerma do tenente Mergulhão deu a camioneta a troco de trezentos mil réis e houve mais dinheiro que funcionou para outra gente... e quando for preciso mais, arranja-se...

BV – O Sr. Gastão sabe que as suas declarações são graves...

GMM – O que é grave é se o Sr. as quiser utilizar. Não percebeu que o país mudou? Não percebeu que o 28 de Maio foi feito para pôr ordem – de uma vez por todas – neste desgraçado país? O 19 de Outubro foi feito, foi bem executado, foi julgado, o caso está arquivado e acabou. Nunca mais se falará nisso. Daqui por cem anos ainda hão de dizer que foram os Republicanos que fizeram estes crimes. (Riso cínico) A você e aos seus correligionários só resta deixar esses mortos em paz e sossego, e acautelar as vossas vidas.

Porte-se bem, que não lhe acontece nada. Se alguma vez tiver um problema, diga-me. Passe muito bem.

Barbosa Viana - (Sai) Sacana!

(Continua)
publicado por Carlos Loures às 22:30
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Terça-feira, 5 de Outubro de 2010

O Mistério da camioneta fantasma, de Hélder Costa -16

(Continuação)



Cena 16

O golpe em marcha


(SLIDE ROTATIVA: Redacção “Imprensa da Manhã”)


Jorn. – está aqui o artigo, chefe.

Chefe – Muito bem, óptimo. É preciso publicar que o Machado dos Santos está riquíssimo, e que convinha saber onde arranjou o dinheiro. ( rasga o artigo)

Jorn. – Mas ele está rico?

Chefe - O que é que isso interessa? A gente tem de publicar isto, e mais nada. E poucas perguntas, faça favor.

Jorn. – mas eu não sei o que hei de escrever.

Chefe – não sabe? Se não sabe, invente. Olhe, que ele foi visto a comprar um fato novo nos armazéns do Chiado, que esteve na Brasileira a fumar charuto, que anda com putas e em festas de pederastas na Graça, sei lá...

Jorn. – Mas...

Chefe - E o senhor cala-se. Se não quer trabalhar, vá - se embora. Olhe que há muita gente à procura de um emprego destes...

(Vai ao escritório de Alfredo da Silva)

Alfredo da Silva – Bom dia, chefe. Tudo em ordem?

Chefe – Tudo em ordem, senhor Alfredo da Silva. As tiragens estão a subir, mas é preciso mais dinheiro para propaganda e para pagar a uns informadores.

Alfredo da Silva – Esta “Imprensa da Manhã” é a minha amante mais cara.

Chefe – Mas também vai ser a que lhe vai dar maiores prazeres. Espere, que logo vê.

Alfredo da Silva (dá notas) – chega?

Chefe – Chega e sobra. Abençoado seja o capital.

Alfredo da Silva – Abençoado seja o operariado do Barreiro! .. (ri-se) pelas conversas que tenho ouvido, as pessoas estão a gostar do jornal. Tem muitos escandalos. Muito bem, muito bem.

Chefe – Nós esforçamo-nos o máximo.

Alfredo da Silva – A ideia é não deixar os republicanos respirarem. Eles têm de perceber que não nos vencem com facilidade. Mesmo que estejam a fazer alguma coisa boa, é preciso atacá-la e destruí-la.

Chefe – pois claro. Se estes bolcheviques tomam asas, nunca mais conseguimos virar a situação. Mas dizer mal de uma coisa boa é mais difícil.

Alfredo da Silva – Puxe pela cabeça. É para isso que os revolucionários do Barreiro lhe estão a pagar... puxe pela cabeça... Deus o ajudará.

*

(Num cabaret. Padre Lima, Gastão Melo Matos, Alfredo da Silva)

Gastão Melo Matos – Finalmente, Alfredo! A hora da vingança aproxima-se.

Padre Lima – A revolta está marcada para daqui a dois dias, temos tempo de planificar a nossa acção. O golpe vai ser dado pelo Coronel Manuel Maria Coelho, tem o apoio da Guarda Republicana, da polícia...

Gastão Melo Matos – Esses ainda são piores que estes que estão no Governo.

Alfredo da Silva – Muito piores. O que quer dizer que este é que é o bom movimento para a gente empalmar... (ri)...oh padre, e há gente boa para usar do varapau e moer os ossos a estes bolcheviques?

Padre Lima – Gente do melhor... E até dentro da Guarda Republicana... e há o Dente de Ouro que anda cheio de raiva contra estes republicanos todos, por causa do que aprende com os marinheiros anarquistas... (ri)...é só atiçá-lo e ele aí vai arrastando os outros.

(Entra Augusto Gomes com 2 coristas que entram em dança e jogo com os homens enquanto falam)

Augusto Gomes – Os senhores dão licença? Há aqui umas senhoras que os querem cumprimentar. Artistas de teatro, a Piedade e a Maria Alves...

Alfredo da Silva – Grande Augusto Gomes, o grande empresário teatral da nossa praça! Sempre bem acompanhado

Alfredo da Silva – Muito bem, muito bem. Confirma-se a revolução para o dia 19? E quem é que vai dirigir as operações? Eu não vou , já estou a dar muito dinheiro, é para pagar a essa gente que gosta de brigas e pancadaria. A minha política foi sempre outra.

Gastão – Eu estou um bocado engripado. E se nos acontece alguma coisa? Quem é que dirigia o movimento?

Padre Lima – Com certeza. Os generais nunca vão para a guerra. A cabeça do movimento tem de ficar bem escondida. Não se preocupem, eu trato do assunto... com o sr. Augusto Gomes…

Augusto Gomes – Eu tenho que pertencer aos homens do terreno, até para orientar o que se deve fazer. E como sou um homem da noite, posso andar por todo o lado... vou falar com o Roque, o nosso banheiro de Pedrouços, é dos bons, pode dar uma ajuda.

Padre Lima – Depois combinamos as nossas zonas.

Augusto Gomes - Depois desta festa, padre...


(Padre é empurrado para o chão, coristas caiem em cima dele)

Irrompe dança ocupando toda a frente de cena)

CABARET

Festa.

Charleston

7º Slide / Filme - morte de A. Granjo(desenho)

Charleston

8º Slide - Corneteiro com espada, sangue e frase “Venham ver de que cor é o sangue do porco!”

Charleston

Dança c/ rasgar da bandeira Republicana

Charleston

CHUVA DE NOTAS, notas acendem charutos; faixas azul e branca percorrem o cenário



Charleston, faróis no ciclorama e som da camioneta acompanham os discursos

(Continua)
publicado por Carlos Loures às 22:30
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