Dia 25 de Abril
11:30 – A força estacionada no Terreiro do Paço divide-se, avançando a Escola Prática de Cavalaria para o Quartel do Carmo, sendo, ao longo de todo o percurso, aclamada entusiasticamente pela população. Forças dos Regimentos de Cavalaria 7, Lanceiros 2 e Infantaria 1 - que contavam com 16 blindados vão para o Quartel-General da Legião Portuguesa.
No Rossio, uma companhia do Regimento de Infantaria 1, da Amadora, tenta barrar o caminho para o Quartel do Carmo, à coluna da EPC. Após diálogo com o comandante das tropas, estas passam para o lado de Salgueiro Maia.
COMO SE FOSSE UMA LENDA Rui Mendes (1937)
Eu sou daqui destas maré íngremes preia-mar de rosas
Abril vi cantar leda madrugada às raparigas frondosas
Às raparigas e às mulheres cegando o vento das enseadas
Abril fresas ribeiras sonho arável do sonho ruas amuradas
Amuradas murmúrios nessas bagas d’anil era o fogo alteado
Abril punhos ao alto podoas que o mar no Tejo tinha secado
O mar as lezírias do mar com todas as velas postas de lado
Abril rimas ao ombro réstias sou tamborileiro sou soldado
Sou soldado ou hortelão de navios o que for seja o que seja
Abril torno do povo irmão cativo de maio anel que viceja
Eu sou daqui destas maré íngremes preia-mar de rosas
Abril vi cantar leda madrugada às raparigas frondosas
(In Poemabril, 2ª edição , Coimbra, 1994)
Dia 25 de Abril
09:00 - A fragata Almirante Gago Coutinho fundeou em frente ao Terreiro do Paço, ameaçando as forças de Salgueiro Maia. A artilharia do MFA, colocada no Cristo-Rei, tinha ordens para afundar a fragata caso esta abrisse fogo.
TROVA DO MÊS DE ABRIL Manuel Alegre (1936)
Foram dias foram anos a esperar por um só dia.
Alegrias. Desenganos. Foi o tempo que doía
com seus riscos e seus danos. Foi a noite e foi o dia
na esperança de um só dia.
Foram batalhas perdidas. Foram derrotas vitórias.
Foi a vida (foram vidas). Foi a História (foram histórias)
mil encontros despedidas. Foram vidas (foi a vida)
por um só dia vivida.
Foi o tempo que passava como se nunca passasse.
E uma flauta que cantava como se a noite rasgasse
toda a vida e uma palavra: liberdade que vivia
na esperança de um só dia.
Musa minha vem dizer o que nunca então se disse
esse morrer de viver por um dia em que se visse
um só dia e então morrer. Musa minha que tecias
um só dia dos teus dias.
Vem dizer o puro exemplo dos que nunca se cansaram
musa minha onde contemplo os dias que se passaram
sem nunca passar o tempo. Nesse tempo em que daria
a vida por um só dia.
Já muitas águas correram já muitos rios secaram
batalhas que se perderam batalhas que se ganharam.
Só os dias não morreram em que era tão curta a vida
por um só dia vivida.
E as quatro estações rolaram com seus ritmos e seus ritos.
Ventos do Norte levaram festas jogos brincos ditos.
E as chamas não se apagaram. Que na ideia a lenha ardia
toda a vida por um dia.
Fogos-fátuos cinza fria. Musa minha que cantavas
a canção que se vestia com bandeiras nas palavras.
Armas que o tempo tecia. Minha vida toda a vida
por um só dia vivida.
(in Atlântico, Lisboa, 1981 e Poemabril, 2ª edição , Coimbra, 1994)
Dia 25 de Abril
08:45 - Sexto comunicado do MFA, des aos microfones da Emissora Nacional – Começando por afirmar que «As Forças Armadas iniciaram uma série de acções com vista à libertação do País do regime que há longo tempo o domina», repete os avisos às forças policiais e o pedido à população para se manter calma e recolhida nas suas casas.
25 ABRIL António Manuel Lopes Dias (1944)
que madrugada
trouxe estes signos estes presságios
– a outra face das coisas
que amei:
o peso das tardes azuis casas junto
da praia invernos tão íntimos – mas
que madrugada
assim de espada em riste
tensa de lágrimas cravos
descobriu no amanhecer
vilas tristes ao norte
com gente coagulada e campos
estagnados ao sul
que madrugada
vazou nas cidades o nome antigo
da liberdade
esta débil tangerina ferramenta
ou bússola
(In Poemabril, 2ª edição , Coimbra, 1994)
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