Sexta-feira, 5 de Novembro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –17: por Raúl Iturra.

(Continuação)

Se o saber das crianças é uma análise do processo ensino – aprendizagem definido por mim, ao queremos entrar nesse processo, parece-me necessário não apenas ultrapassar essa barreira do nada saber, no primeiro dia de vida, nesse minuto em que se começa a aprender. Apesar da opinião de Bion, comentada antes, é preciso ultrapassar também todas as barreiras do inconsciente. Gostava de reafirmar as minhas hipóteses: além da religião como lógica de cultura, todo o progenitor, especialmente docente, precisa possuir ideias da teoria do inconsciente.

Como digo noutros textos meus , normalmente, compara-se o inconsciente com os buracos negros descobertos originalmente por Einstein em 1916, teoria aprofundada pelo meu antigo colega e companheiro de mesa em Cambridge, Steven Hawking . Texto onde falo dos cientistas e dos analistas citados mais em baixo. Diz Hawking que compara – se, demasiadas vezes, o inconsciente com a teoria dos buracos negros, por não se saber o que é possível encontrar dentro deles. Esta noção do inconsciente, a partir do dia em que a psicanálise (psicoanálisis) passou a adquirir um significado preciso de terapia que cura perturbações emotivas ao diferenciar o subconsciente do consciente. A diferença básica entre estes dois conceitos elaborados por Freud (subconsciente e consciente), é que o conteúdo deles pode ser, pelo método associativo, tornado consciente ou pode ser reposto de novo na (consciência) consciência pela vontade do sujeito analisado ou por outros meios, como pela terapia em grupo à Bion ou confrontar-se com os factos à Klein e à Miller. Todas estas terapias colaboram na recuperação de conteúdos do inconsciente passando-os à consciência.

Na teoria da personalidade freudiana o inconsciente é o oculto – um outro da consciência – bem como a "verdadeira realidade" do psíquico, realidade relacionada funcionalmente com as noções de repressão e resistência. O maior problema é definir o conteúdo destes conceitos, bem como da consciência. Vivemos num mundo onde a resistência faz parte da vida. Na época do nosso analisado Freud, denominada vitoriana, porque sim, já que de empatia simpática pouco tinha e de ética ainda menos, havia um comportamento privado pouco amável e um outro público de muita simplicidade, eticamente aprovado. O meu amigo Hawking, foi capaz de viver apesar da sua doença (esclerose múltipla), criar os seus filhos, criar instrumentos para poder comunicar com os outros, aceitar o abandonado da sua mulher. Steven marcou um ponto aprofundado na sua resistência. Ainda hoje, já Professor Emérito continua a pesquisar, o seu consciente não é reprimido pelo seu inconsciente, bem pelo contrário: o inconsciente fornece-lhe dados para ir sempre em frente. Como eu com as minhas “gallalias”, que não encontrava, mas sabia existirem e bruxuleava para as encontrar, da mesma forma que Hawking descobre conteúdos dentro dos buracos negros que Einstein apenas soube identificar, sem neles entrar. O próprio Freud forneceu algumas respostas: num primeiro momento definiu o inconsciente como o reprimido, em 1915, no seu texto "O Inconsciente” . Mais tarde, altera a sua hipótese ao defender que o conteúdo do inconsciente representava as pulsões de vida e morte. O conceito de pulsão substituiu a clássica ideia de instinto, sendo o conceito inconsciente uma noção limite entre o somático e o psíquico. Conteúdos exprimidos em forma de “fantasia”, "textos imaginários"; fantasias e textos imaginários ligados ao conceito de pulsão, conceitos que se podem identificar como uma verdadeira encenação do "desejo" . No entanto, os factos da cronologia histórica têm desmentido que o inconsciente seja um repressor. O inconsciente é o amigo da razão que não descansa até não saber o porquê dos factos, acordados ou em sonhos. Os sonhos são a fantasia do Talmude, mas ao mesmo tempo e como o Talmude diz aos que o entendem, a fantasia sem razão faz parte da realidade, quer dizer, desse dia-a-dia que nos leva a encontrar soluções para os problemas materiais. A título de exemplo, diria que Einstein, Hawking e pessoas como eu, pensamos com a razão, criamos ideias, que o consciente não apenas permite, bem como se apoia no inconsciente para ver a luz no fim do túnel. A pulsão não é uma falta de instinto, eu diria que é dinamizadora de actividades criativas, como tão bem provam Cyrulnik, Bion, Klein e Miller.

Freud costumava dizer que os conteúdos do inconsciente pretendem aceder à consciência por meio das denominadas transformações de compromisso, ou seja, aparecem de formas disfarçadas em sonhos, lapsos, actos falidos, etc. Os sonhos são um dos principais objectos do estudo psicanalítico. Eles são mensajes subliminales do inconsciente, os lapsos e os actos falidos são acciones impensadas que acontecem na vida quotidiana (erros de escrita ou de fala), factos de irrupções ilógicas dentro da racionalidade do dia-a-dia. São da ordem do inconsciente que, acrescentaria eu, o consciente consegue transformar. Quando acontece um engano ao dizer uma palavra por outra (lapso), a psicología afirma que é o que realmente se queria dizer, os lapsos estariam a falar dum conflito (conflicto) interno. É assim que os sonhos e a associação livre (o primeiro que aparece na mente, em sucessão aparentemente casual) são o elo da análise (análisis) terapêutica.

Certos factos da vida quotidiana, demonstram claramente a presença desse outro eu, como quando nos encontramos em casa e um dos nossos filhos aparece a gritar de um canto da mesma para nos assustar. Reagimos de imediato com um salto para pôr distância entre ele e nós. Somente, após alguns segundos, reparamos que não é nenhuma ameaça para a nossa integridade. Essa primeira reacção é um reflexo quase automático, como se o nosso inconsciente se tivesse adiantado à nossa consciência, tomando a iniciativa dos nossos actos. Até parece ser uma resposta, em palavras comuns, do sistema nervoso central ao perigo existente, real ou não.

Notas:


Iturra, Raúl, 2008: Ensaios de Etnopsicologia da Infância. Proferidos como aulas em 2006-2007, 165 páginas, ainda sem editor.




A teoria na net pode ser lida em: http://www.ime.usp.br/~cesar/projects/lowtech/ep2/penrose/buraco.html

Steven Hawking, Catedrático em Matemática, professor do Caius College, em Cambridge, com apenas 40 anos de idade foi-lhe detectada esclerose múltipla progressiva ou esclerose lateral amiotrófica (ELA) que, entre nós, em Portugal, matara, aos 53 anos, o Patriota José Carlos Afonso, conhecido por Zeca Afonso, um dos libertadores da ditadura portuguesa. Steven, ainda vivo e produtivo, revê a sua teoria dos buracos negros ou Black Holes, definido em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u12208.shtml, tem ultrapassado todas as ameaças e prognósticos de morte. Brevemente, este Emeritus Professos, um exemplo para todos nós, deverá deixar de trabalhar. A sua biografia pode ser lida em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Stephen_Hawking. Os principais campos de pesquisa de Hawking são cosmologia teórica e gravidade quântica. No ano de 1971, em colaboração com Roger Penrose, provou o primeiro de muitos teoremas de singularidade; tais teoremas fornecem um conjunto de condições suficientes para a existência de uma singularidade no espaço-tempo. Este trabalho demonstra que, longe de serem curiosidades matemáticas que aparecem apenas em casos especiais, são uma característica genérica da relatividade geral. Hawking pensa que, após o Big Bang, os primordiais ou miniburacos negros foram formados com Bardeen e Carter, propondo assim as quatro leis da mecânica de buraco negro, fazendo uma analogia com a termodinâmica. Em 1974, calculou que os buracos negros deveriam, termicamente, criar ou emitir partículas subatômicas, conhecidas como radiação Hawking, além disso, também demonstrou a possível existência de mini buracos negros. Hawking, concomitantemente, participou nos primeiros desenvolvimentos da teoria da inflação cósmica, no início da década de 80, com outros físicos como Alan Guth, Andrei Linde e Paul J. Steinhardt, teoria que tinha como proposta a solução dos principais problemas do modelo padrão do Big Bang.O asteróide 7672 Hawking foi assim chamado, em sua homenagem. Tudo em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Stephen_Hawking.

Após estas leituras, já não estou tão certo se a metáfora do texto central é válida. Mas, quer no inconsciente e a sua teoria, quer na teoria dos Black Holes, ainda há muito por saber, pelo que a metáfora persiste.



A teoria da personalidade de Freud está definida em vários textos, especialmente nos dois referidos antes : Le moi le ça, de 1923 e no Au-delà du principe du plaisir, de1920. Mas, para os mais leigos, o curso de Freud, de 1916, passado a livro, pode ajudar a elucidar sobre a sua teoria da personalidade : Introduction à la psychanalyse (Leçons professées en 1916).

Traduzido do alemão, com a autorização e revisão do autor, pelo analista Dr. S. Jankélévitch, em 1921, pode ser lido em: http://classiques.uqac.ca/classiques/freud_sigmund/intro_a_la_psychanalyse/intro_psychanalyse_1.doc. São dois cadernos com anexos, iniciando Freud com a seguinte frase: “Penso ser o meu dever supôr que não é sabido por vós que a psicanálise é uma metodologia médica para curar pessoas que sofrem de doenças nervosas”, a versão francesa diz: «Je dois toutefoi supposer que vous savez que la psychanalyse est un procédé de traitement médical de personnes atteintes de maladies nerveuses». Também no seu texto de 1901: Psychopathologie de la vie quotidienne. Application de la psychanalyse à l'interprétation des actes de la vie quotidienne, que passou a livro, em Paris, revisto pelo autor, reeditado pelas Edições Payot, 1975, 298, pp., na colecção Petite bibliothèque Payot, nº 97. A versão francesa (1901) pode ser lida em: http://classiques.uqac.ca/classiques/freud_sigmund/psychopathologie_vie_quotid/Psychopahtologie.doc



Define-se personalidade a tudo aquilo que distingue um indivíduo de outros indivíduos, ou seja, o conjunto de características psicológicas que determinam a sua individualidade pessoal e social. A formação da personalidade é um processo gradual, complexo e único a cada indivíduo. O termo deriva do grego persona, com significado de máscara, designava a personagem representada pelos atores teatrais no palco. O termo é também sinônimo de celebridade. Pode-se definir também personalidade por um conceito dinâmico que descreve o crescimento e o desenvolvimento de todo o sistema psicológico de um indivíduo. Uma outra definição de personalidade passa por considerá-la como: a organização dinâmica interna daqueles sistemas psicológicos do indivíduo que determinam o seu ajuste individual ao ambiente. Mais claramente, pode-se dizer que é a soma total de como o indivíduo interage e reage em relação aos demais. Sobre esta temática, consulte-se http://pt.wikipedia.org/wiki/Personalidade

Texto citado antes e que, mais uma vez reitero, pode ser lido em: http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/laplanche.htm



Para entender a relação psicanálise e felicidade precisamos resgatar alguns dos seus conceitos e categorias. O primeiro deles é o desejo. O desejo é humano, demasiadamente humano. O desejo (Der Wunsch), tal como é entendido pela psicanálise, não é a mesma coisa que necessidade. Enquanto a necessidade é um conceito biológico, natural, implicando uma tensão interna que impele o organismo para uma determinada direcção, no sentido da procura da redução dessa tensão ou satisfação, logo, a auto conservação (ex.: necessidade de fome, então procuramos comida), o desejo, sendo de ordem puramente psíquica, é desnaturado e como tal pertence à ordem simbólica. Enquanto a necessidade é biológica, instintiva e busca objectos específicos (comida, água, etc.) para reduzir a tensão interna do organismo, o desejo não implica uma relação com esses objectos concretos, mas sim, com o fantasma ou fantasia. Ou seja, “o fantasma é, ao mesmo tempo, efeito do desejo arcaico inconsciente e matriz dos desejos actuais, conscientes e inconscientes.

Texto completo em: http://www.espacoacademico.com.br/059/59esp_limafregonezzi.htm

O texto, da minha autoria, Mis Camélias, 2008, editado por Monografias.com, pode ser lido em: http://www.monografias.com/trabajos5/incon/incon.shtml?relacionados ou http://www.monografias.com ou www.monografias.com. As palavras castelhanas têm sido conservadas por corresponderem a nota de rodapé ou a uma ligação para outro texto.

(Continua)
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publicado por Carlos Loures às 15:00
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Quinta-feira, 4 de Novembro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –16: por Raúl Iturra.

(Continuação)


Eros também pode ser definido como a atracção para a perfeição ou integridade, e é usado para descrever a satisfação entre o homem/mulher e o homem/deus. Ideias que levaram Freud a escrever, em 1923, sobre os sentimentos de vida – Eros e morte – Tanatos. Esse texto transmite-nos, entre outras, a seguinte ideia: o ego procura inserir no inconsciente as influências do mundo exterior, para que o id ou o isto seja capaz de suportar os sofrimentos e abusos desse mesmo mundo, substituindo assim o princípio da realidade pelo do prazer, que reina de forma irrestrita no id da mente humana. Isto acontece porque as percepções do ego ou eu, arrasam a mente com a realidade e o id transforma-as em instinto. O Eu representa a razão e senso comum, ao contrário do id, que está preenchido de paixões .

O saber das crianças é um saber livre que passa por uma estrutura da mente que Freud soube descobrir ao longo de muitos anos de experiências e análises. Existe todo um aparelho de processos mentais que retém esse saber, como pode ser lido nos textos de 1920 e o já citado de 1923, O Ego e o Id , texto que define estes dois conceitos.

Contudo, para entender melhor o saber das crianças, é preciso definir Id com mais precisão. A teoria da personalidade de Freud, é importante para compreender esse processo de ensino – aprendizagem que tenho definido antes, permitindo explicar o que as crianças sabem e como aprendem. Donde, como diz a teoria psicanalítica da personalidade, o Id é a parte da personalidade organizada da energia psíquica inconsciente, que age para satisfazer desejos urgentes básicos do ser humano: as suas necessidades e os seus desejos. O Id trabalha na base do princípio do prazer, que procura a gratificação imediata das necessidades humanas. O texto original está escrito em Alemão da Áustria, traduzido para inglês no mesmo ano da sua publicação, a tradução para português foi efectuada por mim, para este texto. Para ser mais depurado quanto ao inquérito sobre o saber das crianças citá-lo-ei, em nota de rodapé , no texto original inglês. No entanto, e no seguimento desta análise sobre o saber das crianças, parece-me necessário clarificar o conceito Id, não teoricamente, mas etimologicamente, ou seja, qual a origem da palavra que Freud usou para essa pequena parte do inconsciente que em nós manda. Para começar, id é uma palavra latina na terceira pessoa neutra, pronome demonstrativo em terceira pessoa: isto, para mostrar um facto sem mais referências, nomear o género do ser humano, que em inglês é “it”, em francês é “ça”, como tem sido traduzido no texto citado anteriormente, e em alemão é “es”. Para melhor entendermos cito directamente a teoria de Freud: “A partir da observação sobre certas doenças psíquicas, Freud é levado a afirmar que o psiquismo humano não se limitava à zona consciente que se podia conhecer através da introspecção. Os desejos, pulsões, fantasias e mesmo pensamentos e comportamentos tinham origem numa zona não conhecida do psiquismo – o inconsciente.”

É sobre o inconsciente que Freud centra toda a sua atenção, não só como a zona mais importante do psiquismo como “ o próprio psiquismo” A vida psíquica do indivíduo é composta por duas partes principais: a consciente e a inconsciente.

A primeira é secundária, insignificante e pequena, o que alguém sabe a respeito de si não tem importância. A segunda, parece ser um conjunto de fenómenos psíquicos provisórios ou definitivamente inacessíveis à consciência. Entre a parte consciente e a inconsciente há uma chamada pré-consciente, área temporariamente inconsciente, mais ou menos disponível.

Enquanto o pré-consciente designa os conteúdos momentaneamente lactentes o termo inconsciente é reservado a representações que estão permanentemente fora do alcance da consciência.

“Assim, as recordações penosas, fantasias, medos, pulsões e desejos sexuais constituem o material dominante do inconsciente, devido ao seu carácter dinâmico, influenciam de forma determinante o comportamento.

O objectivo da psicanálise freudiana é trazer à percepção consciente lembranças ou pensamentos reprimidos, que se supunha ser a fonte do comportamento anormal do paciente ”.

Por outras palavras, o saber das crianças passa pelo crivo ou coador da sua estrutura de personalidade, avaliação que pode demonstrar se a criança é ou não capaz de entrar no processo de ensino – aprendizagem. Análise da estrutura de personalidade ou observação, palavra usada por mim com as metáforas de crivo ou coador, mais materiais que o abstracto conceito de avaliação ou observação dessa sua capacidade de conseguir ou não entrar nessa inaudita mente do “isto” ou “id” por não tornar consciente lembranças ou pensamentos reprimidos. Para ensinar, é necessário entender a estrutura da mente humana, da forma definida por Freud. . Não apenas trespassar a barreira do conhecimento ou desconhecimento, é preciso aceder à consciência do ser humano para poder curar efeitos de abuso emotivo ou sexual, ou saber travar a parte mais difícil de entender, o isto da mente. Explicar o conceito Id ou isto em português, com as minhas palavras, é de grande risco. Parece-me mais simples ir à fonte dos conceitos. Diz Freud: “ Em outros textos já tinha formulado e definido a opinião qual a diferença real entre uma representação inconsciente e uma representação pré-consciente ou ideia. A ideia ou representação pré-consciente parece-me ser uma associação de matérias ou saberes não reconhecidos pela consciência, mas exprimidos em palavras.” As representações verbais são, porém, ideias que representam o real associado a conceitos verbais. A representação inconsciente parece-me consistir em matérias desconhecidas da mente cultural É uma associação de matérias ou saberes não reconhecidos pela consciência por serem conceitos não definidos no saber infantil, mas que, contudo, podem ser exprimidos em palavras que têm um significado diferente do conteúdo do conceito. Esse conteúdo das palavras de facto exprimem uma associação de temáticas ou saberes, não são reconhecidos pelo consciente por ser uma imitação, ou como se diz vulgarmente “palavras caras”, mas representação material que obrigam a designar o objecto.

A diferença real entre essa representação inconsciente e uma representação pré-consciente ou ideia consiste na representação inconsciente de matérias desconhecidas pela mente cultural. No pré-consciente, as representações estão associadas a uma representação verbal, entendida bem ou mal. É uma primeira tentativa de Freud para caracterizar o inconsciente e o pré-consciente, por meio metafórico ou figurado da associação com a consciência ou a vida consciente. A pergunta que, certamente se faria, se fosse vivo o nosso analista analisado nestas linhas, seria: “Como é que qualquer coisa se converte em consciente?”, essa pergunta pode ser substituída de forma mais clara por outra:” como é que algum assunto passa a ser pré-consciente?”. A resposta é : “devido à associação de ideias com as suas respectivas representações verbais, correctas ou não”.

Estas representações verbais são traços mnémicos retiradas de percepções com a capacidade, como acontece em todos os traços nmémicos, de se tornarem conscientes. Antes de abordarmos a análise da sua natureza, uma hipótese irrequieta impõe-se na nossa inspiração: não parece possível passar a ser consciente o que antes já existia como estado de percepção consciente ; porém, além dos sentimentos, tudo o que existia antes pode tornar a ser consciente ao transformar-se numa percepção externa, transformação apenas possível se acontecer que os traços mnémicos sejam resíduos que favoreçam a lembrança. Essas representações verbais ou resíduos de lembranças eram antes percepções e, como todos os resíduos mnésicos, podem tornar-se conscientes de novo se são bem trabalhados pelo analista permitindo penetrar no saber das crianças, que eu domino por processo de ensino – aprendizagem. Se assim não for, podem constituir pontos de fixação e perturbar o processo de recuperação das memórias.

Notas:
 
A análise é parte de extractos dos textos de Freud, traduzidos para inglês, revistos pelo autor. Tenho feito uma tradução livre do que diz em inglês: “the ego seeks to bring the influence of the external world to bear upon the id and its tendencies, and endeavours to substitute the reality principle for the pleasure principle which reigns unrestrictedly in the id. For the ego, perception plays the part, which in the id falls to instinct. The ego represents what may be called reason and common sense, in contrast to the id, which contains the passions”. Página 450 do texto The Essentials of Psychoanalysis (Freud, S. 1986) Várias outras citações em: http://www.mdx.ac.uk/WWW/STUDY/xfre.htm#FREUD,S.1923/EGO.




O texto original, em inglês, foi traduzido para francês e pode ser lido em: “Au-delà du principe du plaisir” (1920). Tradução francesa do analista Dr S. Jankélévitch, efectuada em 1920, revista por Freud no ano da tradução. Texte téléchargeable, assim como The Ego and the Id, traduzido como, “Le moi et le ça” (1923). Traduzido para francês pelo analista Dr S. Jankélévitch, em 1923, revisto por Freud no ano da tradução. Texte téléchargeable.






Para Freud, o ego é o que apresenta o mundo exterior para o id ("Ego and the Id" 708). Por outras palavras, o ego representa e reforça o princípio da realidade – reality-principle, enquanto o id se importa apenas com o princípio do prazer (pleasure-principle). Enquanto o ego, orienta a mente para perceber o mundo do real, o id orienta os sentimentos para os (instincts) instintos internos; assim como o ego está associado com a razão e a sanidade mental, o id entretêm a mente com paixões. Contudo, o ego nem sempre é capaz de distinguir completamente o eu - mesmo do id, pelo que, o ego é, de facto, uma parte do id (Freud nem sempre distingue o desenho da mente entre ego e o id). Poder-se-ia afirmar que o ego é uma defesa contra os ataques do superego e a sua habilidade de ser capaz de orientar o indivíduo para a inacção, ou o suicídio como resultado de uma mente culposa. Às vezes, Freud representa ou descreve o ego como uma orientação em permanente luta para defender os indivíduos de três perigos ou senhores da vida: da realidade do mundo externo, da libido do id e da severidade do superego. (Ego and the Id, 1923, página 716, Obras Completas de Freud, já citadas). O texto está em inglês, mas fiz uma tradução. O original é transferido para a nota de rodapé seguinte.






O texto original, em inglês, diz: “For Freud, the ego is "the representative of the outer world to the id" ("Ego and the Id" 1923). In other words, the ego represents and enforces the reality-principle whereas the id is concerned only with the pleasure-principle. Whereas the ego is oriented towards perceptions in the real world, the id is oriented towards internal instincts; whereas the ego is associated with reason and sanity, the id belongs to the passions. The ego, however, is never able fully to distinguish itself from the id, of which the ego is, in fact, a part, which is why in his pictorial representation of the mind Freud does not provide a hard separation between the ego and the id. The ego could also be said to be a defence against the superego and its ability to drive the individual subject towards inaction or suicide as a result of crippling guilt”. Freud sometimes represents the ego as continually struggling to defend itself from three dangers or masters: "from the external world, from the libido of the id, and from the severity of the super-ego" ("Ego and the Id", 1923, página 716). Pode-se ler em: http://www.cla.purdue.edu/academic/engl/theory/psychoanalysis/definitions/ego.html.






Texto original em inglês: “According to Freud’s psychoanalytic theory of personality, the id is the personality component made up of unconscious psychic energy that works to satisfy basic urges, needs, and desires. The id operates based on the pleasure principle, which demands immediate gratification of needs”. Pode ser lido em: http://psychology.about.com/od/iindex/g/def_id.htm.


Texto completo, em: http://www.forumsplash.org/forums/archive/index.php/t-47112.html.


Estrutura definida no texto de 1923 como: Le moi et le ça (es) Le moi, le sur-moi et l'idéal du moi, escrito em francês a partir do original, em inglês, de 1923, “The Ego and the Id” http://www.sinprorp.org.br/Cursos/2007/233.htm , revisto pelo autor. O leitor poderá aceder ao texto em: http://www.uqac.uquebec.ca/zone30/Classiques_des_sciences_sociales/index.html.






Das Unbewusste, ou O Inconsciente, em português, publicado na « Internationale Zeitschr. f. Psychoanalyse », III, 1915, traduzido para português e acessível em: http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/laplanche.htm e « Sammlung Kleiner Schriften zur Neurosenlehre » ou From the History of an Infantile Neurosis, em: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Collection+of+Short+Contributions+to+the+Doctrine+of+the+Neuroses%29%3A+Fourth+series.+By+S.+FREUD.+Leipzig+and+Vienna%3A+Heller+%26+Co.%2C+1918.+Pp.+717&btnG=Pesquisa+do+Google&aq=f&oq=, a História de uma neurose infantil e outros trabalhos, podem ser lidos em: http://www.scribd.com/doc/4564387/Vol-17-Historia-de-uma-neurose-infantil-e-outros-trabalhos. Estes textos integram as obras completas de Freud, anteriormente citadas. O da História de uma neurose infantil está na 4ª série e é datado de1918; o do Inconsciente, também definido em: Au-delà du principe du plaisir, data de 1920 e foi traduzido do alemão pelo analista Dr. S. Jankélévitch, no mesmo ano, tradução revista pelo próprio autor: Beyond the pleasure principle, em: http://www.uqac.uquebec.ca/zone30/Classiques_des_sciences_sociales/index.html, publicado na obra Ensaios de Psicanálise, edição reimpressa em Paris : Éditions Payot, 1968, (pp. 7 à 82), 280 páginas, na Colecção Petite bibliothèque Payot, n˚ 44, que começa pela hipótese seguinte: “A teoria psicanalítica admite sem reservas que a evolução dos processos psíquicos está orientada pelo princípio do prazer. Dito de outra forma, pensamos enquanto psicanalistas, que perante uma tensão desagradável ou triste, a luta é, pelo menos, pela substituição dessa tensão desagradável por uma agradável". Retirado do texto citado, quer a tradução do texto central, quer a nota de rodapé, em: http://classiques.uqac.ca/classiques/freud_sigmund/essais_de_psychanalyse/Essai_3_moi_et_ca/Freud_le_moi_et_le_ca.doc#le_moi_et_le_ça_2. O texto em francês diz: «J'avais déjà formulé ailleurs l'opinion d'après laquelle la différence réelle entre une représentation inconsciente et une représentation précon¬sciente (idée) consisterait en ce que celle-là se rapporte à des matériaux qui restent inconnus, tandis que celle-ci (la préconsciente) serait associée à une repré¬sentation verbale. Première tentative de caractériser l'inconscient et le pré¬conscient autrement que par leurs rapports avec la conscience. A la ques¬tion : « Comment quelque chose devient-il conscient ? On peut substituer avec avan¬tage celle-ci : « comment quelque chose devient-il préconscient ? » Réponse : grâce à l'association avec les représentations verbales correspon¬dantes».


A nota de rodapé do texto, também em francês, diz: La théorie psychanalytique admet sans réserves que l'évolution des pro¬cessus psychiques est régie par le principe du plaisir. Autrement dit, nous croyons, en tant que psychanalystes, qu'elle est déclenchée chaque fois par une tension désagréable ou pénible et qu'elle s'effectue de façon à aboutir à une diminution de cette tension, c'est-à-dire à la substitution d'un état agréable à un état pénible, em : http://www.uqac.uquebec.ca/zone30/Classiques_des_sciences_sociales/index.html














Figuração mental de um objecto ou facto.






O conceito Mnémico ou mnésico usado por Freud, advém da mitologia grega. Os helenos davam especial atenção aos processos do saber. Criavam deuses para todo o tipo de actividade social. A memória era importante por isso Mnemosyne foi criada. O texto postado na net por Tânia Maria Netto a 10 de Março de 2003 comenta: Memória e Mitologia Grega, http://fotolog.terra.com.br/memory:2.


Os antigos gregos consideravam a memória algo divina. De facto, a mitologia grega reservou um lugar especial para essa capacidade cognitiva na figura de Mnemosyne, a deusa da memória e controladora do tempo. Mnemosyne era filha de Urano, deus do céu e das estrelas e de Gaia, deusa da Terra. Casada com Zeus, o rei dos deuses, Mnemosyne foi mãe de 9 musas que protegiam todas as artes e ciências.


A deusa memória dava aos poetas e adivinhos o poder de voltar ao passado e de relembrá-lo para a colectividade. As nove filhas ou musas de Mnemosyne (a Memória) e Zeus, além de inspirarem os poetas e os literatos em geral, os músicos e os dançarinos e mais tarde os astrónomos e os filósofos, também cantavam e dançavam nas festas dos Deuses olímpicos, conduzidas pelo próprio Apolo. As Nove Musas são: Calíope, Clio, Erato, Euterpe, Melpômene, Polímnia, Terpsícore, Tália, e Urania. Mnemosyne – aquela que preserva do esquecimento seria a divindade da enumeração vivificadora frente aos perigos da infinidade, que na cosmogonia grega aparece como um rio, o Lethe, um rio a cruzar a morada dos mortos (o de “letal” esquecimento), o Tártaro, e de onde “as almas bebiam água quando estavam prestes a reencarnar, e por isso esqueciam sua existência anterior”. Na época romana elas ganharam atribuições específicas: Calíope era a musa da poesia épica, Clio da História, Euterpe da música das flautas, Erato da poesia lírica, Terpsícore da dança, Melpomene da tragédia, Talia da comédia, Polímnia dos hinos sagrados e Urânia da astronomia. Para saber mais, pode aceder a: http://neurociencia.tripod.com/mnemosine.htm#Musas, texto de Kury, Mário da Gama. (1990). Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Jorge Zahar Editor Ltda. Rio de Janeiro, RJ, pp. 405.






Conceito usado por Freud nas versões alemãs e na tradução francesa revista e aprovada por ele, palavra grega, que definirei um pouco mais à frente. A citação em português, foi traduzida por mim francês que diz: «Première tentative de caractériser l'inconscient et le pré¬conscient autrement que par leurs rapports avec la conscience. A la ques¬tion : « Comment quelque chose devient-il conscient ? On peut substituer avec avan¬tage celle-ci : « comment quelque chose devient-il préconscient ? » Réponse : grâce à l'association avec les représentations verbales correspon¬dantes.


Ces représentations verbales sont des traces mnémiques: elles furent jadis des perceptions et peuvent, comme toutes les traces mnémiques, redevenir conscientes. Avant que nous abordions l'analyse de leur nature, une hypothèse s'impose à notre esprit : ne peut devenir conscient que ce qui a déjà existé à l'état de perception consciente; et, en dehors des sentiments, tout ce qui, prove¬nant du dedans, veut devenir conscient, doit chercher à se transformer en une perception extérieure, transformation qui n'est possible qu'à la faveur des traces mnémiques».


Texto debatido com o docente em Educação Especial, Doutor José Manuel Filipe, cujo original diz: Traço mnésico é uma marca deixada por uma informação no sistema nervoso central que pode ser permanente ou temporária, retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tra%C3%A7o_mn%C3%A9sico ou Mnésico adj. (fr. mnésique; ing. mnemic). Relativo à memória. Ex: ausência mnésica. V. Amnésico. Fonte: CLIMEPSI, em: http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/action/10/glo_id/10661/menu/2/. O debate estendeu-se ao psicanalista, proprietário da Climepsi, meu querido amigo, João Cabral Fernandes. Definição e objectivos da Cooperativa de Livros


Texto debatido com o docente em Educação Especial, Doutor José Manuel Filipe, cujo original diz: Traço mnésico é uma marca deixada por uma informação no sistema nervoso central que pode ser permanente ou temporária, retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tra%C3%A7o_mn%C3%A9sico ou Mnésico adj. (fr. mnésique; ing. mnemic). Relativo à memória. Ex: ausência mnésica. V. Amnésico. Fonte: CLIMEPSI, em: http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/action/10/glo_id/10661/menu/2/. O debate estendeu-se ao psicanalista, proprietário da Climepsi, meu querido amigo, João Cabral Fernandes. Definição e objectivos da Cooperativa de Livros de Medicina e Psicanálise, em: http://www.climepsi.pt/quem-somos

(Continua)
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Domingo, 31 de Outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –13: por Raúl Iturra.

(Continuação)

Sobre este comportamento, Weber, sociólogo da religião, esteve bastante atento, dedicando-se ao seu estudo, com trabalho de campo em 1899, e publicação, em 1905, na Alemanha, de um livro, a que penso voltar após a análise de Lutero.

O conceito alma para os luteranos era um princípio central da sua fé, o corpo é apenas uma “gaiola” para a conter. Por isso, só a salvação de alma contava. Lutero acreditava na predestinação, influenciando os primeiros conversos.

No Século XIX, uma grande curiosidade sobre a prosperidade de luteranos e calvinistas surge na vida social. Todos os denominados protestantes (por terem protestado contra a confissão romana, levando-a a mudar no Concílio de Trento do Século XVI), enriqueciam para surpresa do resto da população que, começou de imediato, a pretender ser luterana, verificando-se, por esse motivo, uma grande passagem de cristãos romanos para luteranos.

Curioso do facto, Max Weber deu início ao seu trabalho de campo no Sul do Rio Elba. Trabalho que permitiu uma comparação de comportamentos entre protestantes e católicos. Nas conclusões, publicadas no livro A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo (1904-1905), do qual Pierre Bourdieu virá mais tarde a divulgar excertos, Max Weber observa que os operários católicos gastam todo o pouco dinheiro que ganham em festas, bebedeiras, roupas e viagens não poupando nada, vivem na eterna miséria. Por seu lado, os operários luteranos, trabalham de manhã à noite, excepto aos Domingos, poupando todo o seu dinheiro, contrariamente aos católicos, e investindo-o em maquinaria, sementes e melhor terra, com vista a uma maior produção e a uma melhor venda nos mercados.

Mas se trazemos para este debate A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, considerada por muitos como a melhor obra de Max Weber, é para tentarmos compreender porque é que Freud leu Durkheim, sem nunca o citar, mas desconheceu o seu quase compatriota Weber. Um sociólogo capaz de entender o que muitos procuravam: o denominado “calling” ou vocação para ser trabalhador produtivo e assim entrar na era do capitalismo sem temor nenhum. Podemos, pois, afirmar, de acordo com Max Weber , que a ética protestante encoraja as trocas e investimentos com mais-valia. Assim, Weber, estudioso das religiões, encontra na versão protestante do cristianismo o apelativo para o investimento com mais-valia. Como anteriormente referimos, os cristãos protestantes não só poupam como investem para poupar. O motivo parece muito simples, a ideia da vocação para serem homens religiosos cujo primeiro dever é trabalhar, não para enriquecer, mas para proveito da Nação e da família nuclear e alargada.

Evidentemente que este tipo de análise não estava no modelo de inconsciente de Freud, nem no modelo de Durkheim, que soube estudar o sacrifício, o ritual e o mito, areias onde Weber não se movimentou. Aliás, Weber nunca foi lido por Marx, Freud ou Durkheim, sendo assim o criador solitário da Sociologia Alemã. O seu objectivo era a descoberta da riqueza das nações, como antes de si, em 1776 , o foi de Adam Smith, membro da confissão de Knox, da Igreja Presbiteriana, nascida da confissão Calvinista .

Freud, pai da psicanálise, nunca leu Weber, mas estudou o Talmude e outros textos religiosos para entender a mente cultural dos seus pacientes. Podemo-nos interrogar do porquê destes textos e não de outras confissões? Eu diria, tal como já o afirmei noutros livros, que a resposta é simples: no Talmude há saber antigo, saber pragmático e ciência do concreto e do abstracto. Sempre tive a ideia que este saber é a base da teoria freudiana sobre o inconsciente, após estudar os textos rabínicos e ser instruído em formas de comportamento hebreus. Em adulto, Freud rebela-se contra a sua forma de pensar e sentir, que permite usar o saber, mas sem prática. Para o ritual do Bar-Mitzva , Freud teve de estudar o Talmude e saber as leis que o governam de cor e salteada. No livro de Jiménez Fernández, a título de exemplo, na página 23 define o que é ser homem e a sua masculinidade. Na página 29 define o que é um homem e o que é uma mulher. Diz o livro de Bem Sira : “uma boa esposa é um bom presente para o marido, aposentar-se-á no seio do Deus temeroso (Sira, 26.3) Mas, repara, o que está escrito é a palavra “boa”. Uma má esposa é uma praga para o marido» «Uma esposa bela faz feliz o marido, e os seus dias duplicam-se.” (Sira 26,1; Sal. 1.1).

Notas:
 
Ideias definidas na página web da Internet : http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Luteranos+e+a+Salva%C3%A7%C3%A3o&aq=f&oq=

Os luteranos rejeitaram a predestinação já em Augsburg, em 1530, com a redacção da "confissão" efectuada pelo humanista Melanchthon.


Porém, essa é a doutrina fundamental de Lutero, e como mostramos no artigo sobre o filme, é a doutrina que ele defenderá até ao fim da sua vida. Não podia ser diferente, pois ao negar que o homem possa cooperar com a graça de Deus, nega-se que o homem possa ter méritos e portanto que possa ter liberdade de escolha entre o bem e o mal. O Sola Fidei leva necessariamente à predestinação. Com a negação da predestinação, os luteranos criaram uma aberração teológica (e lógica).


O anteriormente dito, não significa que não haja ainda hoje luteranos fiéis ao mestre que insistam na predestinação e nas demais doutrinas diabólicas do Lutero primitivo.

Actualmente, há um debate entre luteranos que acreditam ou não na predestinação. O texto de 05-04-2005, denominado: Lutero e a predestinação, diz: “Conversando com alguns protestantes vi que eles rejeitam a possibilidade de algo acontecer por acaso. (este grupo protestante com quem conversava, pois, os protestantes são desunidos em suas doutrinas) Segundo eles as coisas que acontecem em nossas vidas já foram providenciadas por Deus antes mesmo que nascêssemos, sendo assim se Deus, providenciou que eu me casasse com a Joaninha filha do Seu Rui que trabalha na venda da esquina (isto é somente exemplo), mais cedo ou mais tarde este casamento acontecerá (ainda que eu não queira), e eu terei quantos filhos Deus já tiver determinado que eu tivesse. Sendo assim eu não teria liberdade de escolher, com quem quero casar, nem quantos filhos quero ter! Como argumento me citaram a seguinte passagem bíblica: "Cada uma de minhas acções vossos olhos viram, e todas elas foram escritas em vosso livro; cada dia de minha vida foi prefixado, desde antes um só deles existisse." (Sl 138,16) Argumentei-lhes que Deus sabe o nosso futuro, mais isto não quer dizer que ele escolha o que devemos fazer ou não! Citei-lhes o exemplo do Rei Ezequias que estando doente foi avisado pelo profeta Isaías que em breve iria morrer. (Is 38,1)”.


Weber, Max, (1892) 1986 : «Enquête sur la situation des Ouvriers Agricoles a L’Est de L’Elbe. Conclusions Prospectives», publicado em Actes de la Recherche en Sciences Sociales, nº 65, Novembro de 1986, manuscrito de Weber publicado pelo director, fundador e director de la Revista citada, Pierre Bourdieu. O original foi publicado em 1892 pela primeira vez em : Schreiftent des Vereins für Socialpolitiken, tomo 55, Leipzig, Duncker und Humblot e reeditado em 1964 no texto de compilação de escritos de Max Weber por Eduard Baumgarten: Max Weber, Werk und Person em: BAUMGARTEN, EDUARD. Max Weber Werk und Person.


Tubingen: Mohr, 1964. 720 p. Mit Zeittafel und 20 Bildtafeln. Soft cover, em: http://www.antiqbook.nl/boox/bkw/9997.shtml


Um livro aproximado à compilação de trabalhos de Weber, da autoria de vários sociólogos, é: Max Weber, Textos Seleccionados, Editora Nova Cultura. 1997, São Paulo, 192 páginas, que pode ser lido em: http://www.scribd.com/doc/6618252/Max-Weber-Textos-Selecionados






“A fonte da sociologia weberiana está, em geral, localizada entre os debates metodológicos e teóricos do fim do Século XIX e começo do Século XX, e não nos problemas concretos da sociedade alemã. A análise dos motivos do comprometimento de Weber na criação da Sociedade Alemã de Sociologia, demonstram que não era prioritário nem a autonomia nem a instituição da sociologia como disciplina académica, mas sim a criação de um instrumento e de uma infra-estrutura necessários para a pesquisa dessa imensidão de problemas, mas à época foi considerado como sem objectivo prático. Este projecto sociológico está directamente ligado aos inquéritos sobre aspectos do universo rural que Weber realizou no contexto das suas pesquisas em sociologia política (Verein für Sozialpolitik). A sociologia rural, actualmente, parece ter-se esquecido da sociologia de Weber. No lado oposto, na sociologia urbana do Século XX, encontra-se filiação weberiana dentro do seu contexto.


A análise da temática urbana baseada na obra de Weber demonstrada quais os motivos e as razões da (quase) ausência da sociedade urbana contemporânea em estudos, enquanto temáticas sobre as povoações da Antiguidade, da Idade Meia e do Oriente têm passado a jogar um rol primordial (Antiquité, Moyen Age, Orient) nos inquéritos de Weber sobre as condições da emergência do capitalismo na empresa moderna”. O texto, em francês, traduzido livremente por mim para entender o inquérito mencionado, aplicado a sul do rio Elba, e por Pierre Bourdieu o ter escolhido, é: « La source de la sociologie webernienne est généralement localisée dans les débat méthodologiques et théoriques de la fin du XIXe et du début du XXe siècle et non dans les problèmes concrets de la société allemande. L’examen des motifs de l’engagement de Weber dans la création de la Société Allemande de Sociologie montre que ses objectifs prioritaires n’étaient ni l’autonomie ni l’institutionnalisation de la sociologie comme discipline académique, mais la création d’un instrument et d’une infrastructure pour mener de grandes enquêtes


« sans but pratique ». Ce projet sociologique est directement lié aux enquêtes, d’abord rurales,


que Weber a réalisées dans le cadre du Verein für Sozialpolitik, à l’exploitation politique


qu’il en a faite lui-même et à son échec pour imposer au Verein un programme et une méthodologie


D’enquêtes sans but pratique immédiat. La sociologie rurale a oublié la source rurale


de la sociologie de Weber. Par contre, dans la sociologie urbaine du XXe siècle, on peut rencontrer


L’affirmation d’une filiation webernienne. L’examen du thème urbain à travers l’œuvre de Weber montre que, et pour quelles raisons, la société urbaine contemporaine en est absente tandis que le thème de la ville (Antiquité, Moyen Age, Orient) joue un rôle primordial dans l’enquête de Weber sur les conditions d’émergence du capitalisme d’entreprise moderne », em : http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&sa=X&oi=spell&resnum=0&ct=result&cd=1&q=Max+Weber+Enqu%C3%AAte+sur+la+situation+des+ouvriers+agricoles+a+l%27Est+de+l%27Elbe&spell=1


Weber, Max, (1904-1905 em Alemão, nos em Archiv für Sozialwissenschft und Socialpolotik, J.V.B. Mohr, Tubinga, vols. XX e XXI) A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo encontra-se editado em castelhano pela editora Taurus, Madrid, a versão portuguesa é da Editorial Presença, 1983, traduzida por António Firmino da Costa. The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism é um livro (book) escrito por Max Weber, economista alemão (German economist) e sociólogo (sociologist), em 1904 e 1905, livro que começou por ser uma série de ensaios (essays). A edição original do livro, publicado para leitura, foi tratada por Marienne Weber nos anos 20 do século passado.


Para Weber o capitalismo (capitalism) desenvolveu-se quando os protestantes (Protestant), particularmente a ética calvinista (Calvinist ethic), influenciaram um largo número de pessoas envolvidas no trabalho da vida laica, criando e desenvolvendo as suas próprias empresas (enterprises) e, simultaneamente, a actividade comercial e a acumulação de riquezas (trade wealth) utilizadas para investimentos futuros nas suas empresas. O que Max Weber descobre é que a ética protestante foi a força por detrás de uma não planificada e coordenada acção massiva (mass action) que influenciou o desenvolvimento do capitalismo (capitalism). É uma ideia conhecida como a tese de Weber. O texto está em inglês, traduzido por mim de forma livre e com comentários no meio do texto original, guardando as palavras em língua inglesa para outras ligações na Internet. O original diz: “The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism is a book written by Max Weber, a German economist and sociologist, in 1904 and 1905 that began as a series of essays. The original edition was in German and has been released.


“Weber wrote that capitalism evolved when the Protestant (particularly Calvinist) ethic influenced large numbers of people to engage in work in the secular world, developing their own enterprises and engaging in trade and the accumulation of wealth for investment. In other words, the Protestant ethic was a force behind an unplanned and uncoordinated mass action that influenced the development of capitalism. This idea is also known as "the Weber thesis". Análise completa em: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Protestant_Ethic_and_the_Spirit_of_Capitalism


Adam Smith (provavelmente Kirkcaldy, Fife, 5 de junho de 1723 — Edimburgo, 17 de Julho de 1790) foi um economista e filósofo escocês. Teve como cenário na sua vida o atribulado século das Luzes, o século XVIII. A sua biografia em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Smith. No ano de 1776 escreveu: An inquiry into the nature and causes of the wealth of Nations, que pode ser lido em: http://www.adamsmith.org/smith/won-index.htm


Este texto pode ser lido em: http://classiques.uqac.ca/classiques/Weber/ethique_protestante/Ethique.html


O Talmude (em hebraico: תַּלְמוּד, transl. Talmud) é um registo das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico, perdendo importância apenas para a Bíblia hebraica.


O Talmude tem dois componentes: o Mixná (c. 200 da nossa era), primeiro compêndio escrito da Lei Oral judaica, e o Guemará (c. 500 da nossa era). A discussão do Mixná e dos escritos tanaíticos que frequentemente abordam outros tópicos é amplamente exposta no Tanakh.


O Mishná foi redigido pelos mestres chamados Tannaim ("tanaítas"), termo que deriva da palavra hebraica que significa "ensinar" ou "transmitir uma tradição". Os tanaítas viveram entre o século I e o III d.C. A primeira codificação é atribuída a Rabi Akivá (50 – 130), e uma segunda, a Rabi Meir (entre 130 e 160 da nossa era), ambas as versões foram escritas no actual idioma aramaico, ainda em uso no interior da Síria.


Os termos Talmud e Gemarah são utilizados frequentemente de maneiras intercambiaveis. A Guemará é a base de todos os códigos da lei rabínica e muito citada no resto da literatura rabínica; já o Talmude, também chamado frequentemente de Shas (hebraico: ש"ס) é uma abreviação em hebraico de shisha sedarim, as "seis ordens" da Mixná. História completa em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Talmud.


Originalmente, o estudo académico do judaísmo era oral. Os rabinos expunham e debatiam a lei (isto é, a Bíblia hebraica) e discutiam o Tanakh sem o benefício das obras escritas (além dos próprios livros bíblicos), embora alguns possam ter feito anotações privadas (megillot setarim), por exemplo, a respeito das decisões de cortes. A situação mudou de forma drástica, principalmente, como resultado da destruição da comunidade judaica no ano 70 da nossa era, e os consequentes distúrbios nas normas legais e sociais judaicas. À medida que os rabinos foram forçados a encarar uma nova realidade — principalmente a dum judaísmo sem um Templo (para servir como centro de estudo e ensino) e uma Judéia sem autonomia — surgiu uma enxurrada de discursos legais, e o antigo sistema de estudos oral não pôde ser mantido. Foi durante este período que o discurso rabínico passou a ser registado na escrita.[1][2] A primeira lei oral registada pode ter sido na forma dos Midrash, na qual a discussão haláquica está estruturada como comentários exegéticos sobre o Pentateuco. Uma forma alternativa, porém, organizada pelos tópicos de assuntos, em vez dos versos bíblicos, tornou-se dominante por volta do ano 200 d.C., quando o rabino Judá HaNasi redigiu a Mixná (משנה).


A Lei Oral estava longe de ser monolítica, variando enormemente entre diversas escolas. As duas mais famosas eram a Escola de Shammai e a Escola de Hillel. Em geral, todas as opiniões, mesmo as não – normativas, eram registadas no Talmude. A Mishná, também conhecida como Mixná ou Mixna[1] (em hebraico משנה, "repetição", do verbo שנה, ''shanah, "estudar e revisar") é uma das principais obras do judaísmo rabínico, e a primeira grande redacção na forma escrita da tradição oral judaica, chamada a Torá Oral. Provém de um debate entre os anos 70 e 200 da Era Comum por um grupo de sábios rabínicos conhecidos como 'Tanaim' e redigida por volta do ano 200 pelo Rabino Judá HaNasi. A razão da sua transcrição deveu-se, de acordo com o Talmude, à perseguição dos judeus pelos romanos e à passagem do tempo; este novo suporte (a escrita) trouxe a possibilidade dos detalhes das tradições orais não serem esquecidos. As tradições orais que são objecto da Mishná datam do tempo do judaísmo farisaico.[2] A Mishná não reclama ser o desenvolvimento de novas leis, mas meramente a recolecção de tradições existentes. A Mishná é considerada a primeira obra importante do judaísmo rabínico e é uma fonte central do pensamento judaico posterior. A lista dos dias de festa conhecida como Meguilat Taanit é mais antiga, mas de acordo com o Talmude já não está em vigor. Comentários rabínicos à Mishná nos três séculos seguintes à sua redacção (guardados sobretudo em aramaico) foram redigidos como a Guemará. Retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mixn%C3%A1


É-me impossível resistir ao ímpeto de falar da língua, da qual nasceu a psicanálise, com palavras usadas por Freud como conceitos psicanalíticos, o Aramaico. Freud, tendo especial pendor para idiomas, dominava o alemão, o aramaico, o inglês, o francês. Encantou-se, na adolescência, pela obra Dom Quixote, de Cervantes e aprendeu, sem mestre, a bela língua castelhana. Este capricho juvenil permitiu-lhe constatar pessoalmente o acerto da tradução das suas Obras Completas para o espanhol, registado em algumas palavras do tradutor D. Luis López Ballesteros y de Torres (Freud, 1923b). Ao usar o Talmude, escrito em Aramaico, Freud tinha a obrigação de usar a língua referida, para definir os seus conceitos. Esta afirmação do uso do aramaico para definir conceitos na sua teoria é mais do que evidente. Os textos estudados por ele, não apenas o Talmude, estavam escritos em aramaico, como a Mishnná. Paulo Roberto Medeiros, Recife, organizador dos estudos psicanalíticos de Freud e Lacan, na sua Universidade, tem um texto que define os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, denominado Conceitos fundamentais da Psicanálise Apresentação, leitura e comentários de Seminários e Textos de Jacques Lacan Os Nomes-do-Pai e Os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise, onde debate os conceitos aramaicos de Freud e Lacan, em: http://www.traco-freudiano.org/tra-instituicao/word/paulo-medeiros-4conceitos/11-06_julho_%202004.pdf


Aramaico é a designação dada aos diferentes dialectos de um idioma com alfabeto próprio e com uma história de mais de três mil anos, utilizado por povos que habitavam o Oriente Médio. Foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Daniel e Esdras, assim como do Talmude. Pertencendo à família de línguas afro-asiáticas, é classificada no subgrupo das línguas semíticas, à qual também pertencem o árabe e o hebraico.


O aramaico foi, possivelmente, a língua falada por Jesus e ainda hoje é a língua materna de algumas pequenas comunidades no Médio Oriente, especialmente no interior da Síria; a sua longevidade deve-se ao facto de ser escrito e falado pelos aldeões cristãos que durante milénios habitavam as cidades ao norte de Damasco, capital da Síria, entre elas reconhecidamente os vilarejos de Maalula e Yabrud, esse último "onde Jesus Cristo hospedou-se por 3 dias" além de outras aldeias da Mesopotâmia reconhecidamente católicas por onde Cristo passou, como Tur'Abdin no sul da Turquia, fizeram com que o aramaico chegasse intacto até aos nossos dias. No início do século passado, devido a perseguições políticas e religiosas, milhares desses cristãos fugiram para o ocidente, ainda hoje existem algumas centenas vivendo nos Estados Unidos da América, na Europa e na América do Sul.


Acrescento que o Aramaico não é apenas um língua, define actividades, sentimentos, saberes e emoções dentro da lógica das palavras. Além destas ideias, está o livro de Lucille Ritvo: A Influência de Darwin sobre Freud, Imago, 2008 comentado como: “Este livro é o primeiro a revelar o pleno impacto sobre Freud da efervescência criada pelas obras de Charles Darwin. Lucille B. Ritvo mostra como método e as ideias de Darwin desempenham papel seminal nas descobertas psicanalíticas básicas de Freud - sexualidade infantil, conflito, regressão, o significado e a função dos sintomas, a coexistência de opostos no inconsciente e a relação entre perverso e normal. Darwin fez da história um método científico à psicologia com resultados igualmente surpreendentes.


O período em que Freud cursou a escola secundária, de 1865 a 1873, coincidiu com a divulgação do trabalho de Darwin no mundo de língua alemã e a publicação alemã de A Variação de Animais e Plantas em Domesticação e a descendência do Homem. Como Freud mais tarde recordou, "as teorias de Darwin, que então eram de interesse corrente, atraíram-me fortemente, pois apresentavam esperanças de um extraordinário avanço em nossa compreensão do mundo". Ritvo afirma que foi Carl Claus, professor de zoologia de Freud na Escola Médica da Universidade de Viena, mais que seu professor de fisiologia, Ernst Brücke, como até agora se julgava, quem formou Freud nos rigores da biologia darwiniana.”


É preciso acrescentar que Freud e Darwin eram de origem judaica, apesar de Darwin ter tido instrução anglicana e ter estudado teologia anglicana em Cambridge. Darwin e Freud eram judeus. O primeiro 'somente' CONTESTOU (arre!) o criacionismo; o outro desenvolveu a teoria da psicanálise. Dois pilares, cada qual em sua ciência, do pensamento moderno. Donde, a formação em aramaico é também passivel de pensar. Porém, os conceitos e as ideias vêm do activo aramaico. Informação completa em: http://www.interney.net/blogs/gravataimerengue/2006/03/20/genios_judeus/


Esta informação provém da minha pesquisa e de textos mais extensos, que podem ser lidos em: http://www.adufpb.org.br/publica/conceitos/09/art_18.pdf para o uso do aramaico de Freud.


Quem escreveu mais sobre esta ideia, foi o analista João Leonardo Ribeiro de Morais, Professor Adjunto de Psiquiatria do Depto. de Medicina Interna do CCS/UFPB. O texto é denominado: Influências do Darwinismo na formação e na obra de Sigmund Freud, Revista Conceitos – Janeiro – Junho de 2003: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Revista+Conceitos&btnG=Pesquisa+do+Google&meta=&aq=f&oq=


Comigo, em formato de papel, tenho os textos sagrados dos hebreus: Girón Blanc, Luis Fernando, (Departamento de Estúdios Hebreos de la Universidad Complutense, Madrid), 1998: Textos escogidos del Talmud, Riopiedras, Barcelona, 205 páginas, onde se debate o matrimónio, a filiação, o estado das viúvas, a vida e a morte, orações, esmola, leis, economia, fantasia, narrações legendárias, sabedoria, medicina e casuística. Por não ser possível abordar nestas linhas todo o conteúdo do livro, duas palavras são suficientes. Como já sabemos, são livros de sabedoria antiga, cultivada e oral inicialmente, por outras palavras, fruto da Experiência (relembro, o anteriormente referido, a Mixná (c. 200 d.C.), primeiro compêndio escrito da Lei Oral judaica e o Guemará (c. 500 d.C.), a discussão da Mixná e dos escritos tanaíticos, exposta no Tanakh). É o que Lévi – Strauss denomina, a ciência do concreto (relembra-se que Freud e Lévi – Strauss foram educados na tradição judaica, donde, a leitura completa do Talmude e a sua análise fez parte da formação de ambos). A sua sabedoria advém destes textos, transformados mais tarde em Bíblia para os cristãos, mas o Talmude continua a ser uma escrita sempre renovada dos debates rabínicos, como o Torá ou comentários rabínicos ao decálogo. Esta não é uma simples frase, é o título do livro de Comentários Rabínicos ao Decálogo, que tem um primeiro título: Las alas de la Torá, escrito e comentado por Emiliano Jiménez Fernández, 1996, Editorial Desclée de Brouwer, Bilbao, Bilioteca Catecumenal, 178 páginas, também comigo em suporte de papel. Torna-se, penso eu, necessário um breve comentário sobre o Torá, o que farei de imediato, recorrendo ao meu conhecimento e a diversas ligações da internet, como por exemplo, http://pt.wikipedia.org/wiki/Tor%C3%A1. O dicionário que uso define Torá como tora (lei mosaica).


Torá (do hebraico תּוֹרָה, significando instrução, apontamento, lei) é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh (também chamados de Hamisha Humshei Torah, חמשה חומשי תורה - as cinco partes da Torá) e que constituem o texto central do judaísmo. Contém os relatos sobre a criação do mundo, da origem da humanidade, do pacto de Deus com Abraão e seus filhos, e a libertação dos filhos de Israel do Egito e sua peregrinação de quarenta anos até à terra prometida. Inclui também os mandamentos e leis que teriam sido dados a Moisés para que entregasse e ensinasse o povo de Israel. Texto completo em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tor%C3%A1.


Bar Mitzvah e Bat Mitzvah "Bar Mitzvah", significa literalmente “filho do mandamento”. "Bar" é filho em aramaico, que costumava ser a língua vernácula do povo judeu ( Jewish people.) "Mitzvah" é “mandamento”, seja em língua Hebreia ou em Aramaico. "Bat" é filha, em Hebreu e Aramaico. (A pronúncia Ashkenazic, essa variante do judaísmo mais ortodoxa, é "bas"). Tecnicamente, o conceito define ao infante que advém a idade adulta, sendo estritamente correcto referir-se a alguém que está a completar a “ idade adulta de bar ou que esta a ser um bar (ou bat) mitzav”. Porém, é mais comum que o conceito seja usado para referir que tem chegado a idade da cerimónia em si: um rapaz está a chegar a adulto e está a passar pelo ritual de bar mitzav.


De acordo com a lei judaica, as crianças não estão obrigadas a observar os mandamentos, apesar de serem encorajadas a respeitá-los, tanto quanto possível, para assim aprenderem as obrigações que vão surgir na idade adulta. Aos 13 anos, os rapazes e aos12, as raparigas, ficam obrigados a observar os mandamentos. O cerimonial de bar mitzvah define formalmente a tomada de posse dos deveres e obrigações mandados pelo decálogo, acompanhado com os direitos e deveres adquiridos como adulto maior, dentro da vida social e religiosa (religious services). Ao fazer parte de um minyan (cerimónia com um número pequeno de pessoas para celebrar partes de rituais religiosos conduzidos), adquire-se capacidade para contratar, para testemunhar em julgamentos religiosos e o direito a casar.


O texto original, em inglês, http://www.jewfaq.org/barmitz.htm, de que fiz uma tradução livre, diz: Bar Mitzvah and Bat Mitzvah


"Bar Mitzvah" literally means "son of the commandment." "Bar" is "son" in Aramaic, which used to be the vernacular of the Jewish people. "Mitzvah" is "commandment" in both Hebrew and Aramaic. "Bat" is daughter in Hebrew and Aramaic. (The Ashkenazic pronunciation is "bas"). Technically, the term refers to the child who is coming of age, and it is strictly correct to refer to someone as "becoming a bar (or bat) mitzvah." However, the term is more commonly used to refer to the coming of age ceremony itself, and you are more likely to hear that someone is "having a bar mitzvah."


Under Jewish Law, children are not obligated to observe the commandments; although they are encouraged to do so as much as possible to learn the obligations, they will have as adults. At the age of 13 (12 for girls), children become obligated to observe the commandments. The bar mitzvah ceremony formally marks the assumption of that obligation, along with the corresponding right to take part in leading religious services, to count in a minyan (the minimum number of people needed to perform certain parts of religious services), to form binding contracts, to testify before religious courts and to marry.


Ben Sira foi o autor do livro mãe dos deveres canónicos denominado Sirach. O nome do autor poderá ter sido Shimon (Simon), filho de Yeshua (Jesus/Joshua), filho de Eleazar, filho de Sira[1]. No texto grego, o autor chama-se "Jesus o filho de Sirach de Jerusalem." (l.27) "Jesus" é a forma Anglicana para o nome grego Ιησους, equivalente ao Hebrew Yeshua` e ao mais antigo Masoretic Hebrew Yehoshua`. Texto completo em: http://en.wikipedia.org/wiki/Ben_Sira


O texto está em castelhano, mas tomei a liberdade de o traduzir.

(Continua)
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Sexta-feira, 29 de Outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –13: por Raúl Iturra.

(Continuação)

Sobre este comportamento, Weber, sociólogo da religião, esteve bastante atento, dedicando-se ao seu estudo, com trabalho de campo em 1899, e publicação, em 1905, na Alemanha, de um livro, a que penso voltar após a análise de Lutero.


O conceito alma para os luteranos era um princípio central da sua fé, o corpo é apenas uma “gaiola” para a conter. Por isso, só a salvação de alma contava. Lutero acreditava na predestinação, influenciando os primeiros conversos.

No Século XIX, uma grande curiosidade sobre a prosperidade de luteranos e calvinistas surge na vida social. Todos os denominados protestantes (por terem protestado contra a confissão romana, levando-a a mudar no Concílio de Trento do Século XVI), enriqueciam para surpresa do resto da população que, começou de imediato, a pretender ser luterana, verificando-se, por esse motivo, uma grande passagem de cristãos romanos para luteranos.


Curioso do facto, Max Weber deu início ao seu trabalho de campo no Sul do Rio Elba. Trabalho que permitiu uma comparação de comportamentos entre protestantes e católicos. Nas conclusões, publicadas no livro A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo (1904-1905), do qual Pierre Bourdieu virá mais tarde a divulgar excertos, Max Weber observa que os operários católicos gastam todo o pouco dinheiro que ganham em festas, bebedeiras, roupas e viagens não poupando nada, vivem na eterna miséria. Por seu lado, os operários luteranos, trabalham de manhã à noite, excepto aos Domingos, poupando todo o seu dinheiro, contrariamente aos católicos, e investindo-o em maquinaria, sementes e melhor terra, com vista a uma maior produção e a uma melhor venda nos mercados.

Mas se trazemos para este debate A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, considerada por muitos como a melhor obra de Max Weber, é para tentarmos compreender porque é que Freud leu Durkheim, sem nunca o citar, mas desconheceu o seu quase compatriota Weber. Um sociólogo capaz de entender o que muitos procuravam: o denominado “calling” ou vocação para ser trabalhador produtivo e assim entrar na era do capitalismo sem temor nenhum. Podemos, pois, afirmar, de acordo com Max Weber , que a ética protestante encoraja as trocas e investimentos com mais-valia. Assim, Weber, estudioso das religiões, encontra na versão protestante do cristianismo o apelativo para o investimento com mais-valia. Como anteriormente referimos, os cristãos protestantes não só poupam como investem para poupar. O motivo parece muito simples, a ideia da vocação para serem homens religiosos cujo primeiro dever é trabalhar, não para enriquecer, mas para proveito da Nação e da família nuclear e alargada.

Evidentemente que este tipo de análise não estava no modelo de inconsciente de Freud, nem no modelo de Durkheim, que soube estudar o sacrifício, o ritual e o mito, areias onde Weber não se movimentou. Aliás, Weber nunca foi lido por Marx, Freud ou Durkheim, sendo assim o criador solitário da Sociologia Alemã. O seu objectivo era a descoberta da riqueza das nações, como antes de si, em 1776 , o foi de Adam Smith, membro da confissão de Knox, da Igreja Presbiteriana, nascida da confissão Calvinista .

Notas:
 
Ideias definidas na página web da Internet : http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Luteranos+e+a+Salva%C3%A7%C3%A3o&aq=f&oq=




Os luteranos rejeitaram a predestinação já em Augsburg, em 1530, com a redacção da "confissão" efectuada pelo humanista Melanchthon.

Porém, essa é a doutrina fundamental de Lutero, e como mostramos no artigo sobre o filme, é a doutrina que ele defenderá até ao fim da sua vida. Não podia ser diferente, pois ao negar que o homem possa cooperar com a graça de Deus, nega-se que o homem possa ter méritos e portanto que possa ter liberdade de escolha entre o bem e o mal. O Sola Fidei leva necessariamente à predestinação. Com a negação da predestinação, os luteranos criaram uma aberração teológica (e lógica).

O anteriormente dito, não significa que não haja ainda hoje luteranos fiéis ao mestre que insistam na predestinação e nas demais doutrinas diabólicas do Lutero primitivo.



Actualmente, há um debate entre luteranos que acreditam ou não na predestinação. O texto de 05-04-2005, denominado: Lutero e a predestinação, diz: “Conversando com alguns protestantes vi que eles rejeitam a possibilidade de algo acontecer por acaso. (este grupo protestante com quem conversava, pois, os protestantes são desunidos em suas doutrinas) Segundo eles as coisas que acontecem em nossas vidas já foram providenciadas por Deus antes mesmo que nascêssemos, sendo assim se Deus, providenciou que eu me casasse com a Joaninha filha do Seu Rui que trabalha na venda da esquina (isto é somente exemplo), mais cedo ou mais tarde este casamento acontecerá (ainda que eu não queira), e eu terei quantos filhos Deus já tiver determinado que eu tivesse. Sendo assim eu não teria liberdade de escolher, com quem quero casar, nem quantos filhos quero ter! Como argumento me citaram a seguinte passagem bíblica: "Cada uma de minhas acções vossos olhos viram, e todas elas foram escritas em vosso livro; cada dia de minha vida foi prefixado, desde antes um só deles existisse." (Sl 138,16) Argumentei-lhes que Deus sabe o nosso futuro, mais isto não quer dizer que ele escolha o que devemos fazer ou não! Citei-lhes o exemplo do Rei Ezequias que estando doente foi avisado pelo profeta Isaías que em breve iria morrer. (Is 38,1)”.

Weber, Max, (1892) 1986 : «Enquête sur la situation des Ouvriers Agricoles a L’Est de L’Elbe. Conclusions Prospectives», publicado em Actes de la Recherche en Sciences Sociales, nº 65, Novembro de 1986, manuscrito de Weber publicado pelo director, fundador e director de la Revista citada, Pierre Bourdieu. O original foi publicado em 1892 pela primeira vez em : Schreiftent des Vereins für Socialpolitiken, tomo 55, Leipzig, Duncker und Humblot e reeditado em 1964 no texto de compilação de escritos de Max Weber por Eduard Baumgarten: Max Weber, Werk und Person em: BAUMGARTEN, EDUARD. Max Weber Werk und Person.

Tubingen: Mohr, 1964. 720 p. Mit Zeittafel und 20 Bildtafeln. Soft cover, em: http://www.antiqbook.nl/boox/bkw/9997.shtml

Um livro aproximado à compilação de trabalhos de Weber, da autoria de vários sociólogos, é: Max Weber, Textos Seleccionados, Editora Nova Cultura. 1997, São Paulo, 192 páginas, que pode ser lido em: http://www.scribd.com/doc/6618252/Max-Weber-Textos-Selecionados



“A fonte da sociologia weberiana está, em geral, localizada entre os debates metodológicos e teóricos do fim do Século XIX e começo do Século XX, e não nos problemas concretos da sociedade alemã. A análise dos motivos do comprometimento de Weber na criação da Sociedade Alemã de Sociologia, demonstram que não era prioritário nem a autonomia nem a instituição da sociologia como disciplina académica, mas sim a criação de um instrumento e de uma infra-estrutura necessários para a pesquisa dessa imensidão de problemas, mas à época foi considerado como sem objectivo prático. Este projecto sociológico está directamente ligado aos inquéritos sobre aspectos do universo rural que Weber realizou no contexto das suas pesquisas em sociologia política (Verein für Sozialpolitik). A sociologia rural, actualmente, parece ter-se esquecido da sociologia de Weber. No lado oposto, na sociologia urbana do Século XX, encontra-se filiação weberiana dentro do seu contexto.

A análise da temática urbana baseada na obra de Weber demonstrada quais os motivos e as razões da (quase) ausência da sociedade urbana contemporânea em estudos, enquanto temáticas sobre as povoações da Antiguidade, da Idade Meia e do Oriente têm passado a jogar um rol primordial (Antiquité, Moyen Age, Orient) nos inquéritos de Weber sobre as condições da emergência do capitalismo na empresa moderna”. O texto, em francês, traduzido livremente por mim para entender o inquérito mencionado, aplicado a sul do rio Elba, e por Pierre Bourdieu o ter escolhido, é: « La source de la sociologie webernienne est généralement localisée dans les débat méthodologiques et théoriques de la fin du XIXe et du début du XXe siècle et non dans les problèmes concrets de la société allemande. L’examen des motifs de l’engagement de Weber dans la création de la Société Allemande de Sociologie montre que ses objectifs prioritaires n’étaient ni l’autonomie ni l’institutionnalisation de la sociologie comme discipline académique, mais la création d’un instrument et d’une infrastructure pour mener de grandes enquêtes

« sans but pratique ». Ce projet sociologique est directement lié aux enquêtes, d’abord rurales,

que Weber a réalisées dans le cadre du Verein für Sozialpolitik, à l’exploitation politique

qu’il en a faite lui-même et à son échec pour imposer au Verein un programme et une méthodologie

D’enquêtes sans but pratique immédiat. La sociologie rurale a oublié la source rurale

de la sociologie de Weber. Par contre, dans la sociologie urbaine du XXe siècle, on peut rencontrer

L’affirmation d’une filiation webernienne. L’examen du thème urbain à travers l’œuvre de Weber montre que, et pour quelles raisons, la société urbaine contemporaine en est absente tandis que le thème de la ville (Antiquité, Moyen Age, Orient) joue un rôle primordial dans l’enquête de Weber sur les conditions d’émergence du capitalisme d’entreprise moderne », em : http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&sa=X&oi=spell&resnum=0&ct=result&cd=1&q=Max+Weber+Enqu%C3%AAte+sur+la+situation+des+ouvriers+agricoles+a+l%27Est+de+l%27Elbe&spell=1

Weber, Max, (1904-1905 em Alemão, nos em Archiv für Sozialwissenschft und Socialpolotik, J.V.B. Mohr, Tubinga, vols. XX e XXI) A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo encontra-se editado em castelhano pela editora Taurus, Madrid, a versão portuguesa é da Editorial Presença, 1983, traduzida por António Firmino da Costa. The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism é um livro (book) escrito por Max Weber, economista alemão (German economist) e sociólogo (sociologist), em 1904 e 1905, livro que começou por ser uma série de ensaios (essays). A edição original do livro, publicado para leitura, foi tratada por Marienne Weber nos anos 20 do século passado.

Para Weber o capitalismo (capitalism) desenvolveu-se quando os protestantes (Protestant), particularmente a ética calvinista (Calvinist ethic), influenciaram um largo número de pessoas envolvidas no trabalho da vida laica, criando e desenvolvendo as suas próprias empresas (enterprises) e, simultaneamente, a actividade comercial e a acumulação de riquezas (trade wealth) utilizadas para investimentos futuros nas suas empresas. O que Max Weber descobre é que a ética protestante foi a força por detrás de uma não planificada e coordenada acção massiva (mass action) que influenciou o desenvolvimento do capitalismo (capitalism). É uma ideia conhecida como a tese de Weber. O texto está em inglês, traduzido por mim de forma livre e com comentários no meio do texto original, guardando as palavras em língua inglesa para outras ligações na Internet. O original diz: “The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism is a book written by Max Weber, a German economist and sociologist, in 1904 and 1905 that began as a series of essays. The original edition was in German and has been released.

“Weber wrote that capitalism evolved when the Protestant (particularly Calvinist) ethic influenced large numbers of people to engage in work in the secular world, developing their own enterprises and engaging in trade and the accumulation of wealth for investment. In other words, the Protestant ethic was a force behind an unplanned and uncoordinated mass action that influenced the development of capitalism. This idea is also known as "the Weber thesis". Análise completa em: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Protestant_Ethic_and_the_Spirit_of_Capitalism

Adam Smith (provavelmente Kirkcaldy, Fife, 5 de junho de 1723 — Edimburgo, 17 de Julho de 1790) foi um economista e filósofo escocês. Teve como cenário na sua vida o atribulado século das Luzes, o século XVIII. A sua biografia em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Smith. No ano de 1776 escreveu: An inquiry into the nature and causes of the wealth of Nations, que pode ser lido em: http://www.adamsmith.org/smith/won-index.htm

Este texto pode ser lido em: http://classiques.uqac.ca/classiques/Weber/ethique_protestante/Ethique.html

(Continua)
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Quinta-feira, 14 de Outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –7: por Raúl Iturra.

(Continuação)

O triunfo da burguesia relegou a mulher com posses para dentro de casa, e as que tinham que trabalhar para viver, dedicaram-se ao artesanato, à prostituição, às indústrias, à agricultura ou ainda a servirem em casas de burgueses ou de aristocratas que iam ficando. Ser mulher, até perto deste Século, era um problema. No livro que acabei antes deste, Yo, Maria de Botalcura, faço um comentário sobre este facto e cito um texto que me parece importante . Livro escrito por um sacerdote dominicano que uma doença que não perdoa, uma leucemia, acabou com a sua vida muito novo. No seu livro, Garcia Estebanéz analisa as formas como os textos da Igreja Católica tratam a mulher: sempre em segundo plano, sem lhe dar nenhuma importância nas actividades da Cúria, só pelo facto de ser fêmea. As acções mais importantes da denominada Igreja Universal, adjectivo de onde advém o nome de católica , são as de administrar sacramentos , os factos mais importantes dentro de uma comunidade de pessoas que acreditam na divindade de forma igual e têm as mesmas obrigações legais dos mandamentos, ditos escritos pelo Profeta Moisés, denominado Êxodo , como consta no livro da Bíblia cristã, romana, anglicana, maronita, aramaica, ortodoxa grega ou russa. Textos todos impingidos na mente cultural, que diz que a mulher está em segundo plano, ideias que subvertem a minha lógica até ao ponto de me sublevar e escrever em prol da mulher e dos seus direitos.

O pai é a lei, a mãe, a afectividade. A mãe transporta a criança dentro do seu corpo, fá-la nascer e amamenta-a, veste, agasalha, acaricia, fica com os mais novos em casa. Pelo menos, por um tempo. A mãe é a primeira via de todo o ser humano. Quanto ao pai, qual será o seu papel, para além dos definidos por Freud com base nas mitologias gregas?

2. O pai, essa segunda via.

A minha metáfora de pais – burocracia, coloca os homens em maus lençóis. É como se não tivessem um papel dentro da família doméstica, excepto o de ganhar dinheiro para alimentar a mulher, a prole e a si próprio. De seio bom ou mau, o pai nada parece ter. No entanto, parece-me que o assunto não é emotivo, nem de distinção entre género masculino e feminino, para os que têm sido definidos papéis sociais diferentes, nas várias culturas das sociedades do mundo. Por estarmos a falar da nossa cultura, orientada pela religião, definida por mim em anteriores textos, as opiniões da cultura doutoral da nossa academia, passam, para entendermos a temática que aqui abordamos, a ser tratadas em primeiro lugar.

Não foi em vão que Freud em 1905 definiu os sentimentos dos pequenos a partir da sua visão dos adultos. Freud era um Pater Famílias de acordo com a sua teoria. Comportamento e ideais que mudou mais tarde como resultado das pesquisas que desenvolveu entre crianças e seus pais, especialmente os masculinos Na nota de rodapé que o autor acrescentou aos seus ensaios em 1915, afirma "É essencial entender que as noções de masculino e feminino parecem ser não problemáticas na conversa do dia a dia. E, no entanto, têm três sentidos diferentes. O primeiro, define o ser como activo ou passivo na interacção social; o segundo sentido, é biológico; o terceiro, fisiológico...Dos três sentidos, o primeiro é o mais importante para o entendimento da psique do ser humano..." (minha tradução e síntese). Nota de Freud importante para a hipótese que tenho defendido ao longo de vários anos: a criança imita o seu adulto modelo, que normalmente são as figuras da mãe e a do pai , sem se interessar na fisiologia dessas pessoas, se com óvulo ou com esperma, se com vagina ou com pénis. O que interessa é o comportamento e a emotividade que este – dentro ou fora do lar – desperta no ser humano mais novo. Acrescenta Freud nos ensaios citados, que masculino pode ser quem é activo em objectivos passivos e feminino em objectivos activos ou passivos.
______________

Notas:
Garcia Estébanez, Emilio, 1992: ¿Es cristiano ser mujer? La condición servil de la mujer según la Biblia y la Iglesia, Siglo XXI Editores, Madrid. Diz: La mujer es un misterio insondable. Un misterio de grandeza por su capacidad de don, entrega, anhelo de perfección, aprecio y conservación de la vida.

Tu dignidad


Digno es lo que tiene valor en sí mismo y por sí mismo. La persona por el simple hecho de ser persona es un ente amable, es decir, a una persona se le respeta, se le aprecia, se le ama, en cuanto es persona; solo por ser persona. Así, tu mujer, por ser persona posees una dignidad única que ha de ser respetada siempre.


¿Cómo eres mujer?


La mujer tiene la misma dignidad del hombre, más tiene características específicas que hacen de la mujer, mujer. Citemos algunos de estas:


En lo general afirma que la mujer es bondadosa, perseverante, con deseos de ser sostenida y acompañada, con deseos de seguridad y de evitar riesgos, su máximo es amar y sentirse amada…Texto completo en: http://www.alientodiario.com/2008/03/08/misterio-de-ser-mujer/


O dicionário que me assiste na escrita define católica ou católico, da seguinte maneira: do Lat. catholicu < Gr. katholikós, universal s. m., aquele que segue a religião de que o papa é chefe; adj., que professa o catolicismo; universal. Esta definição de universal é a que mais me interessa. É suposto que as actividades de todos sejam espalhadas por igual. Pode-se ler em http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx






Do Lat. Sacramentu s. m., juramento; acto religioso, instituído por Deus, para purificação e santificação da alma; rito sensível e simbólico da religião cristã, destinado a consagrar diversas fases da vida dos fiéis; eucaristia; a hóstia consagrada em exposição na custódia; (no pl. ) os últimos sacramentos (confissão, comunhão e extrema-unção). Nenhum destes actos é permitido ser realizado por uma mulher. A Igreja Universal tem uma raiz masculina do princípio ao fim. Em: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx






É definido assim: êxodo do Lat. exodu < Gr. éxodos < éxo, para fora + odós, caminho


s. m., saída para fora do país de um grande número de pessoas ou de um povo; emigração;


o segundo livro do Pentateuco, onde se narra a saída dos Hebreus do Egipto (grafado com inicial maiúscula); o fecho das tragédias gregas; farsa do teatro romano, que se representava depois da tragédia. De todas as alternativas, a que mais interessa é ser um livro da Bíblia. Pentateuco do Gr. Pentateuchós s. m., os cinco primeiros livros da Bíblia,informaçãoemhttp://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx






Por causa destas ideias escrevi um texto denominado: “Mulher a crescer, Machismo a tremer. A Filiação da criança”, no nosso Jornal A Página da Educação, Nº 94, Ano 9, página 25, Setembro de 2000. Após narrar a história de uma mulher subordinada, o texto comenta em parte: “Trinta anos depois, esta história aparece diferente no meu sentir. Faz-me pensar que o homem procurava amparo na mulher e vice-versa. Homem que não queria ter mais uma outra voz em casa a dizer o que fazer. Homem criado para governar o lar com palavras, sem entender as horas vazias da mulher mãe, da mulher empregada de cozinha, da mulher varredora do chão, lavadora de roupa, aquecer a cama à espera do homem que quer amar. Homem criado para mandar e aparentemente sábio na sua autoridade. Eis a filiação da infância cujo estudo me interessa e absorve. Enquanto penso, sinto a solidão do homem, pai, companheiro, culturalmente autoritário. Machismo, dirá o leitor? Machismo, dirá a leitora? Machismo, digo eu, da mulher e do homem. Mulher a crescer, a entender o mundo além do lar. Homem habituado a ser apenas ele a perceber o mundo fora do lar. Batalha travada faz séculos e ganha hoje em dia pela luta feminina. Feminismo, onde não se dá luta nenhuma pela masculinidade. Ideia esta, a da masculinidade, certa e segura durante séculos e em várias culturas. Até que um dia a economia faz tremer, faz tremer a sociedade e o homem perde a arrogância pelo desamparo no qual fica. Desamparo que o homem sofre por parte da mulher, que entra na economia. Esse domínio definido sempre como masculino”. O texto continua no sítio referido, que reitero em este troço: http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=1198

Mais uma vez remeto para a leitura do Anexo 4.

Freud, Sigmund, (1905, língua germânica) 1953 (língua inglesa): Three essays on the theory of sexuality, Penguin, New Zealand. Sítio para debate e excertos do texto em http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Sigmund+Freud+Three+essays+on+the+theory+of+sexuality&btnG=Pesquisar&meta=Sobre Freud e sexualidade infantil, ver a imensa nota de rodapé onde estão citados todos os textos que Freud escreveu sobre sexualidade infantil. No entanto, as suas teorias, especialmente a da sexualidade infantil – relata, pela primeira vez, o processo de desenvolvimento do instinto sexual do ser humano desde a infância até à vida adulta –, foram duramente criticadas pelos intelectuais do Século XX de Viena de Áustria (a tradução é minha).


Sobre Pater Famílias, ver Anexo 2.

(Continua)
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Terça-feira, 12 de Outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –5: por Raúl Iturra.


O texto de Freud sobre A organização genital infantil, quer pela sua importância quer, ainda, por estar em português, introduzo-o no miolo do presente trabalho, para melhor entendermos esta temática:

Fase Fálica

Terceiro estágio do desenvolvimento psico-sexual. Pela primeira vez, na obra citada, datada de 1923, Freud define a fase fálica (3-5 anos de idade), subsequente às fases oral e anal, que são organizações pré-genitais.

Essa fase corresponde à unificação das pulsões parciais sob a primazia dos órgãos genitais, sendo uma organização da sexualidade muito próxima à do adulto (fase genital).

Nos Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905), Freud compara as fases fálicas e genitais: "Essa fase, que merece já o nome de genital, onde se encontra um objecto sexual e uma certa convergência das tendências sexuais sobre esse objecto, mas que se diferencia num ponto essencial da organização definitiva por ocasião da maturidade sexual: com efeito, ela apenas conhece uma única espécie de órgão genital, o órgão masculino... Segundo Abraham [1924], seu protótipo biológico é a disposição genital indiferenciada do embrião, idêntica para ambos os sexos." [SE, VII, CDROM]

Assim, Freud postula que meninos e meninas, na fase fálica, estão preocupados com as polaridades fálicas e castrado e acredita que as crianças não têm nenhum conhecimento da vagina nesse período.

A descoberta das diferenças anatómicas entre os sexos (presença ou ausência de pénis) motiva a inveja do pénis nas meninas e a ansiedade de castração nos meninos, pois o complexo de castração centraliza-se na fantasia de que o pénis da menina foi cortado.

A principal zona erótica das meninas localiza-se no clítoris que, do ponto de vista de Freud, é homólogo à glande (zona genital masculina). Para expandir estas ideias veja-se Anexo 4.

Klein, Horney e Jones consideram que a menina tem um conhecimento intuitivo da cavidade vaginal e os conflitos da fase fálica apenas desempenham uma função defensiva em relação às suas ansiedades relacionadas com a feminilidade.

Durante a fase fálica, o culminar do Complexo de Édipo (que conota a posição da criança numa relação triangular), segue diferentes caminhos para ambos os sexos, no processo de sua dissolução: ameaça de castração (meninos) e o desejo de um bebé como um equivalente simbólico do pénis (meninas).

Ao pensarmos nas palavras de Freud, podemos ver que o caso das bolachas era um desafio perante a castração que o pai faz com a infância. O pai tenciona mandar e ser obedecido e subsume ao descendente a sua ideia de falo. A criança, sem saber, defende-se até com fantasia. Lembro o dia das Festas da Primavera, quando o menino de quem falo – eu –, já com quatro anos, participa pela primeira vez, com um fato de cowboy como deve ser: chapéu, calças, revolver que dispara tipo fogo-de-artifício e que diz à sua namorada, bem mais velha do que ele: “como vou participar, parece que este ano vamos cantar em inglês”, atitude fantasiosa porque no Chile da criança, só se fala castelhano tipo andaluz, sendo, então, uma exibição fálica como Freud teria dito, para desafiar o pai e a família toda. É verdade que em casa, uma quinta isolada, falava-se em inglês, imensas vezes, especialmente com os associados do Senhor Engenheiro Pai. Atitude de resiliência desnecessária. Ou talvez importante para as touradas subconscientes do Pai da casa, defesa do menino, pré-consciente que começa a observar e faz dele um pequeno garanhão que o Pai não admite por causa do seu dever fálico do seu consciente cultural de castrar a família toda e assim mandar. Nem com todos foi capaz de impingir esse terror esperado dos pais como comportamento cultural, ainda menos com a criança que se considerava especial, capaz de inventar jogos, escrever poemas e encarapuçar-se dentro da quinta até ao dia em que reparou que nem todos eram iguais, que ele não era o melhor. A castração final do pai verificou-se quando o rapaz conseguiu sublevar os trabalhadores contra o patrão, quer na indústria, quer nas terras de latifúndio, bem ao sul da quinta ao pé do Pacífico. Começando a praticar a igualdade a Babeuf....

O conceito segunda via, faz parte da gíria . Entre os membros de um sistema administrativo, é um falar de forma burocrática, é uma linguagem que faz parte da burocracia de qualquer Estado, País ou Nação, apesar de ter sido criada pela administração do Estado Francês. Essa segunda via é solicitar cópia de um papel perdido, necessário para requisitar um valor ou um serviço. Uma segunda via é a passagem para mais um texto do qual se tinha solicitado uma cópia padrão primeiro, essa denominada, no jargão da burocracia, uma primeira via .
 
Notas:
 
Texto a ler em: http://www.geocities.com/mhrowell/fase_falica.html



O Dicionário de língua portuguesa em linha que me apoia diz: s. m., linguagem usada em situações informais e que se desvia da norma; linguagem peculiar de certas artes, ofícios, actividades; gíria, em:


http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx

Do Francês, bureaucraties. F., modo de administração em que os assuntos são resolvidos por um conjunto de funcionários sujeitos a uma hierarquia e regulamento rígidos, desempenhando tarefas administrativas e organizativas caracterizadas por extrema racionalização e impessoalidade, e também pela tendência rotineira e pela centralização do poder decisivo; classe dos funcionários públicos, especialmente os funcionários do Estado.

O dicionário que me ajuda a definir, diz: fig., meio, modo de obter ou conseguir qualquer coisa; desígnio; método; sistema, em: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx

(Continua)
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Segunda-feira, 11 de Outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –4: por Raúl Iturra.

A castração marca a interdição, é da ordem do sacrifício. Tendo como contexto a via do mito da horda primeva naquilo que viabiliza a estrutura, como é o caso desse texto, nota-se que o facto dos filhos não puderem aceder às mulheres num primeiro momento hipotético não indica, necessariamente, que eles seriam, dali por diante, castrados, apesar de a lei já circular. Com o assassinato do pai fizeram um acordo, uma hipotética ordem social, um funcionamento viável ao instituir os dois tabus, donde se deduz o que deve ter passado pela subjectividade, cada um pôde assim renunciar e consentir em perda, submetendo-se à interdição. Aqui encontramos a função do pai como agente da castração, o pai não é o castrador é antes o agente da castração, tendo a castração como enunciado de uma interdição.

A função do pai na vida social é complexa. As análises dos autores citados e as dos seus comentaristas, definem um papel de ser humano legislador. Perguntar-me-ia com Cyrulnik a quem pertence a criança, ao pai ou à mãe, ou aos dois? Com todas estas definições para entrar na mente cultural e nos secretos que as crianças guardam, frase retirada do título de um dos textos de Freud, como é possível amar? Na minha própria análise, lembro-me de ter admirado meu Senhor Pai sempre como um exemplo, com imensas virtudes e ensino pragmático sobre a vida. Nunca falou comigo de amores ou paixão, deixou a temática para a nossa Senhora Mãe, como narro noutros livros meus. Lembro-me perfeitamente que o nosso Senhor Pai, por capricho pessoal, pretendia que eu desse o melhor de mim em saber, em perspicácia, uma exibição tipo macaco do filho que ele amava e que não queria castrar. Soubesse ele ou não, que com a sua atitude, impingia na criança, uma imensa timidez e uma obediência cega. Ensinou-me música, ao ouvirmos juntos discos gravados de autores clássicos e barrocos. Lembro-me ainda, de ter aprendido a ler no seu colo, enquanto ele lia os seus livros. Esse capricho passou a ser um facto: não havia escola para o menino, o menino devia estudar em casa. A escola não era para ele ir. A escola devia aparecer ao pé dele.

Foi assim como o meu processo de ensino – aprendizagem aconteceu dentro dos muros de casa: docentes pagos, ensinavam e tratavam da minha disciplina de estudo. Permito-me dizer, que este facto é uma maneira de castrar ao ter sido retirado da interacção social com crianças pares em idade e condição social. A mãe defendia o meu direito à liberdade e à interacção social, mas não foi ouvida e dedicou o seu amor de seio bom, a explicar o abecedário e a complementar as minhas leituras. Essa liberdade que os pais pretendiam, foi um tiro de culatra mal orientado. Pensar em ir à escola, era para mim um horror. No entanto, acabei por ganhar imensos amigos de casa, a amar e brincar com a família nuclear, esses imensos irmãos que eu tinha ou os meus pares, filhos de amigos dos pais. O meu pré-consciente deve-me ter defendido, ao pôr uma condição por causa de não ir à escola. Havia uma rapariga loura que eu gostava imenso, filha de um operário. Queria beijá-la, abraça-la, namorar. Aceitei esse comando de não ir à escola com a condição de ela aparecer em casa, à hora do chá, depois das lições. Foram os beijos mais lindos e queridos que eu posso lembrar. Eram beijos inocentes para os adultos que nada sabiam da libido infantil. Se eu queria, nos meus cinco anos, a Lucy em casa, era pelo prazer erótico que nascia dentro de mim, ao percorrer o seu corpo com as minhas mãos. Era um regalo para mim! Condição que, um pensado pai não castrador, me induzia. Gostava, aliás, de contar essas histórias à família alargada, para desgosto deles, especialmente para o da nossa Senhora Mãe, uma mulher muito devota, de missa em casa, de terço de joelhos todos os dias, de Missa cedo de manhã aos domingos e, se fosse possível, durante a semana. Foi o começo da minha forma de matar o pai e de me juntar à mãe para ajudar nos seus afazeres com as mulheres do operariado da indústria. Um começo da morte da imagem do pai. A minha organização genital infantil estava a ser mal estruturada. Deve ser o caso de muitos meninos. Digam ou não. Tenham vergonha ou preconceito ou não.


Da parte do pai, o erotismo era o pedido, quase mandado. Da parte da mãe, castidade, continência e amores-perfeitos, como os que ela mandava cultivar no jardim. Contradição que eu soube ultrapassar ao parecer casto e puro perante a mãe, erótico perante o pai. O problema foi cortado por mim com tesouras psicológicas, justo no meio: estudo e falta de amigos, foram substituídos por leituras de colecções imensas de livros oferecidos pelo pai, que não se sabia castrador. Charles Dickens, Shakespeare, os mitos gregos e outras leituras para adultos, Daniel Dafoe e essa maravilha denominada Robinson Crusoe , eram eternamente lidas, ou Stephan Zweig, e, especialmente, esse encantador livro de Júlio Verne, de 1870, Veinte mil leguas de viaje submarina, editados em esse tempo por Planeta, Madrid . Eram livros excitantes, cheios de fantasia, esse sentimento não recomendado por Freud. Acordavam ideias difíceis de resolver. Incitava a imaginação com perca para o saber. Organizavam a libido infantil de uma outra maneira, mais para o imaginário do que para a materialidade, como tenho analisado noutros livros meus.
_______________
 
 
Notas:
 
Texto retirado do artigo de Cármen Sílvia Cervelatti: “A função do pai. Uma articulação possível”, em:


http://www.ebp.org.br/biblioteca/pdf_biblioteca/Carmen_Silvia_Cervelatti_A%20funcao_do_pai.pdf



Cyrulnik, Boris, 1993 : Les Nourritures Affectives, Ódile Jacob, Paris. Não está em linha, mas é comentado em : http://www.boulimie.fr/livres/cyrulnik2_bon.htm , bem como em várias entradas Internet da página web:

http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Boris+Cyrulnik+Les+Nourritures+Affectives&btnG=Pesquisa+do+Google&meta=&aq=f&oq=Boris+Cyrulnik+

Dafoe, Daniel, 1719: Robinson Crusoe, editado em 1950 pela colecção para crianças da Editora Paidós.



Livro comentado em: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Vinte+mil+milhas+de+vi%C3%A2gem+submarino%2C+romance&aq=f&oq=



Iturra, Raúl, (1997) 2007: O imaginário das crianças. Os silêncios da cultura oral, Fim de Século, Lisboa. Texto comentado por mim, a partir de uma conferência para os professores de Louriçal, vila perto da cidade da Figueira da Foz, no nosso Jornal a Página, Nº 102, Ano 10, Maio 2001página 24, texto completo em: http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=1419, Mais

comentários em: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Ra%C3%BAl+Iturra.+O+imagin%C3%A1rio+das+crian%C3%A7as.+Os+sil%C3%AAncios+da+cultura+oral&aq=f&oq=

publicado por Carlos Loures às 15:00
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Domingo, 10 de Outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –3: por Raúl Iturra.

Todos estes textos, não esquecem a figura paterna como guarda, tornando-se assim imprescindível sabermos o que a figura paterna representa na infância. No meu caso das bolachas, mal entrava numa casa, de imediato ia às mobílias para procurar “gallallas”. A minha mãe ficava enternecida, a senhora da casa também. Não esquecerei o dia em que entrei na casa da enfermeira que tratava os trabalhadores da fábrica do nosso Senhor Pai, como relato noutro livro meu, a sair em breve, e ir de forma precipitada para uma mobília de madeira de sândalo lavrado e coberta por uma peça de mármore de Carrara, que fez a minha grande ilusão. Era uma mesa encantadora e chamava a minha atenção.

Essa enfermeira, Dona Ema Cubillos de Geisser, era na verdade uma parteira, denominadas Matronas no Chile. Tinha dinheiro e a sua casa era de uma elegância que qualquer criança poder-se-ia iludir com a ideia de que dentro dela haveria imensas maravilhas, também “gallalas”. O nosso Senhor Pai, de imediato, chamou a minha atenção, no seu papel de guardião: “Menino, não faça isso”. Por ser, nesses tempos filho único, pensava que tudo era meu, e não quis ouvir e não parei quieto até rever toda a mobília da casa. Não havia “gallallas”... Grande desilusão! O puxão de orelhas do Senhor Pai doía menos que a falta do bem mais cobiçado, largamente conhecido pela família, amigos e vizinhos. A transgressão às ditas boas maneiras nem era um afazer mau para mim. Se tudo era meu, porque não tinha “gallallas”? Essa figura guardiã e restritiva, esse papel de pai, tão diferente do da mãe e do das mulheres que também tinham filhos, era apenas no olhar, uma grande punição.


Se o pai é figura restritiva, o filho devia respeitar e ter medo. Mas eu, no meu azarado afã de ter o que queria, nem medo tinha das mandadas restrições da figura punitiva do pai. Um pai que pune e vigia, se é a imagem do ser que controla, de facto, como diz Freud, acaba por ser um pai castrador . É a terceira noção que a criança aprende do pai, na cultura ocidental. Pai castrador que o filho deve matar para existir paz na família, como defino em nota de rodapé. A definição dos estágios de figura paterna perante o menino aparece no seu texto de 1923 . A teoria freudiana desenvolve estágios de paternidade, ao comparar um pai primário para a criança, com o pai que pune e castra os filhos na sua vida adulta. Freud responde à questão: o que é um Pai? O pai freudiano é o pai morto, retomado por Lacan como Nome – do – Pai (Subversão do sujeito e dialéctica do desejo no inconsciente freudiano). Pai morto articulado nos dois mitos freudianos: o pai da horda primeva e o pai do complexo de Édipo.

Para aquilo que não é mito, que vai além do mito, encontramos em Freud o complexo de castração, mola mestre do sujeito na psicanálise, eixo estrutural do sujeito dividido. Complexo que Georges Devereux quis provar não ser universal, e, já antropólogo, foi estudar entre a etnia Mohave dos Estados Unidos de América. Ele próprio, queria provar se a teoria de Freud era ou não universal e analisou a teoria psicanalítica dos Mohave , que soube explicar, após um prolongado trabalho de campo, em vários textos escritos em língua húngara, traduzidos para francês.
____________________

Notas:
 
O pai castrador é a terceira categoria, ou o terceiro estágio de tipo de pai que aparece na estrutura da teoria da sexualidade das crianças em Freud. Está definido no texto Organização Genital Infantil e da noção de falo. O primeiro tipo de pai que ele classifica, é o proto-pai, ou pai primevo, origem da Lei, que ele dita, sem a ela se submeter: a lei do proto-pai é uma lei fálica para organizar a vida da família, assim, ele necessita estar acima da lei. É o modelo de pai que aparece no seu livro de 1912, retirado das pesquisas de Durkheim sobre os Aranda ou Arunta da Austrália Central. Proto-pai que não se submete à Lei. Esta obra foi traduzida para inglês em 1919 como Totem and Taboo. Resemblances between the psychic lives of savages and neurotics, que responde a uma necessidade lógica da origem da lei, pai mítico, macho dominante, morto pelos filhos. O texto pode ser lido em francês em: Totem et tabou. Interprétation par la psychanalyse de la vie sociale des peuples primitifs (1912). Traduction française, 1951. Traduit de l'Allemand en français avec l'autorisation de Freud en 1923. Reimpresso, 1951. Texte téléchargeable ! Em: http://classiques.uqac.ca/classiques/freud_sigmund/freud.html A sua análise é curta e fria ao estudar emotividades, mas muito detalhada nos aspectos de neuroses, especialmente a sua análise sobre o incesto. O autor procura, como, mais tarde, George Devereux, psicanalista húngaro, que enveredou pela Antropologia sob orientação de Marcel Mauss, estuda a etnia Mohave dos Estados Unidos de América, confrontando a teoria freudiana, mas no terreno, e não no texto, como Freud que analisou a etnia Arunta a partir dos estudos de Durkheim e seus discípulos, cujos resultados são analisados no livro de 456 páginas, com o título de Les Structures Élémentaires de la vie religieuse, Le système totémique en Australie, 1912, Félix Alkan, Paris, livro que pode ser lido em: http://classiques.uqac.ca/classiques/Durkheim_emile/formes_vie_religieuse/formes_vie_religieuse.html. analisar o tabu do incesto entre os Aranda. É possível ver que o proto-pai de Durkheim é diferente do de Freud, apesar de ter sido retirado das mesmas fontes etnográficas. Só que Durkheim, analisado por mim noutro texto, endereçou a sua pesquisa ao estudo dos rituais, especialmente ao sacerdote tribal Aleteucha e a sua forma de ensinar aos mais novos o saber de sobrevivência. O Aleteucha é o proto - pai entre os Arunta. Para Freud, o recurso ao ritual totémico, é uma forma infantil, donde neurótica, de se apoiar para viver. Para Durkheim, o proto – pai é um pedagogo, para Freud, uma fantasia mental. Paradoxo – porque teria que haver a ameaça da castração como punição se já havia a ameaça de morte? Freud diz que a morte do Pai era necessária para estabelecer uma certa relação entre os filhos. Questão colocado pelo docente Márcio Peter de Souza Leite da Pontifícia Universidade do Brasil, em: http://www.marciopeter.com.br/links2/ensino/feminilidade/02_o_pai_em_freud.pdf


Freud, Sigmund, (1923) 1955: The Infantile Genital Organization, Hoggart Press, and London. Em português: Organização Genital Infantil, volume. XIX, Imago, 1999, Rio de Janeiro, citada antes, em francês: L’organization Genital de l’Ênfant, em: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&sa=X&oi=spell&resnum=1&ct=result&cd=1&q=Freud+Les+Classiques+des+Sciences+sociale+L%27Organisation+Genital+de+l%27%C3%AAnfant&spell=1 A lei fálica é a que faz de um adulto um pai

George Devereux (born Dobó György on 13 September 1908 — 28 May 1985) was an ethnologist and psychoanalyst. Foi um dos pioneiros da etnopsicanálise (ethnopsychoanalysis). Autor que eu admiro, começou a praticar psicanálise em trabalho de campo, teoria a que recorro para as minhas observações de crianças e dos seus pais. A sua história pode ser lida em: http://en.wikipedia.org/wiki/George_Devereux Fomos colegas de ensino, com o meu eterno amigo Maurice Godelier, em La Maison de Sciences de l’Homme, nos anos setenta do século passado.

O resultado do seu estudo, entre outros textos escritos por ele sobre os Mohave, está no livro de 920 páginas, original em inglês de 1961: Mohave Ethnopsychiatrie: The Psychic Disturbences onf an Indian Tribe, Smithionan Instituion (Bureau of American Ethnology-Bulletin 75, Washington DC, traduzido para francês em 1996, por Françoise Bouillot, com o título de: Ethno-Psychiatrie des Indiens Mohaves, editado por Corlet, Imprimeur, Paris, 1996. Os seus livros não estão em linha, mas há comentários nas entradas Intenet da página Web: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Les+Classiques+en+Sciences+Sociale+Georges+Devereux&btnG=Pesquisar&meta=

Devereux, Georges, (1961) 1996 : Ethno-psychriatrie dês Indiens Mohaves, citado antes, da Collection Les Empêcheurs de Penser En Rond. É comentado em todas as entradas Internet da página web: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Georges+Devereux+Ethno-.Psychiatrie+des+Indiens+Mohave+1996&btnG=Pesquisar com prefácio em: http://www.ethnopsychiatrie.net/actu/hebranarchiste.htm, intitulado: “Devereux, en hébreu anarchiste”, da autoria de Tobie Nathan, retirado do livro em formato de papel. O texto mais interessante para mim de Devereux é o do ano (1970) 1977: Essais d’ethnographie générale, Gallimard, traduzido do original em inglês: “Basic Problems in Ethnopsychiatry”, 1979, uma colecção de ensaios dos anos 1939 a 1965, Chicago University Press, 380 páginas. A tradução francesa, que tenho comigo em formato de papel, é de 394 páginas, comentada em todas as entradas Internet da página web: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Georges+Devereux+Essais+d%27ethnopsychiatrie+g%C3%A9n%C3%A9rale&btnG=Pesquisa+do+Google&aq=f&oq= abordagem sobre as transgressões delinquentes da vida social da população mais nova nos diversos sítios por onde passam na sua trajectória migrante».

Sobre os Mohave, consulte-se: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Ind%C3%ADgenas+Mohave&btnG=Pesquisar

Texto retirado do artigo de Cármen Sílvia Cervelatti: “A função do pai. Uma articulação possível”, em: http://www.ebp.org.br/biblioteca/pdf_biblioteca/Carmen_Silvia_Cervelatti_A%20funcao_do_pai.pdf

Cyrulnik, Boris, 1993 : Les Nourritures Affectives, Ódile Jacob, Paris. Não está em linha, mas é comentado em : http://www.boulimie.fr/livres/cyrulnik2_bon.htm , bem como em várias entradas Internet da página web: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Boris+Cyrulnik+Les+Nourritures+Affectives&btnG=Pesquisa+do+Google&meta=&aq=f&oq=Boris+Cyrulnik+

(Continua)
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Quinta-feira, 7 de Outubro de 2010

Contribuições de António Damásio

Clara Castilho



António Damásio (um dos mais reputados neurocientistas do mundo, dirige o Brain and Creativity institute na Universidade da Califórnia do Sul) publicou um livro “SELF COMES TO MIND”, que teve em português o título de “O livro da consciência”. Confessando estar longe de ter resolvido o mistério do que é a consciência humana, dispõe-se à controvérsia sobre o que defende – o corpo e o cérebro são duas caras da mesma moeda.

Estou longe de ter bagagem para discutir estes assuntos. Mas assisti a um conferência que o autor proferiu, em 2008, no Estoril e de que tirei alguns apontamentos que passo a partilhar convosco.



CONGRESSO “PERTURBAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO”


CONFERÊNCIA DE ANTÓNIO DAMÁSIO : “O QUE DIRIA FREUD SE AINDA FOSSE VIVO?”




MÉTODOS E POSSIBILIDADES

Quanto aos problemas da linguagem, Freud viu a ligação entre o que se pode observar nas autópsias e os comportamentos anteriores do doente. Faltavam-lhe as técnicas necessárias por não serem suficientes. Percebeu que não havia métodos para chegar ao que queria estudar. Assim, abandonou este projecto científico e voltou-se para o estudo psicológico e cultural, fazendo nascer a psicanálise.

Mente cérebro

Egas Moniz, 1937

Só nos anos 70 a neurocirurgia chegou à neurociência cognitiva (ressonâncias magnéticas, etc.).

Que diria Freud se pudesse ter tido à sua disposição as imagens de um cérebro vivo?

Prazer – não prazer

Regulação da vida

Instinto de sobrevivência e instinto sexual.

Existe uma clara ligação entre os conceitos de Freud e o que se descobriu hoje.

Emoção para Freud – programa de acções não conscientes. Emoção e sentimentos são coisas diferentes (Damásio).

As acções são do meio interno e não ideias. Os sentimentos são ideias, cognição, ideias que temos sobre as acções, conscientes ou inconscientes.

O trabalho sobre as emoções é sempre inconsciente. A profundidade fisiológica das emoções. Só são conhecidas através do que passa para os sentimentos. Ligação ao corpo (W. James, poetas).

Controlo dos instintos. Hoje fala-se de mecanismos de

Prazer/ dor,

Recompensa/castigo,

Motivações.

O que Freud descreveu é que se o individuo funcionar de acordo com os instintos sexuais, sem controlo, o funcionamento pode ser desastroso.

Defendeu o Princípio da realidade e hoje conhece-se esse controle e que vem do córtex pré-frontal. O que Freud não poderia prever é que, apesar de termos um controlo, este inclui informações que vem de níveis mais baixos do cérebro (investigações dos anos 90), incluindo mesmo aspectos daquilo que vai ser controlado. Não se trata bem de uma imposição da razão. A própria emoção vai ter influência sobre a decisão. Daí não termos um controle completo sobre as emoções…

Base dos sentimentos - “ínsula” no córtex – Damásio, 2000

Freud teria gostado de conhecer estas descobertas. Trata-se do processo de sentimento que ocorre no tempo a seguir ao processo das emoções.

As investigações posteriores mostram que quase todos os sentimentos são activados na “ínsula”. (estudo sobre a depressão major com activação directa de uma zona do cérebro)

2009 – emoção, admiração e compaixão no que diz respeito à dor mental e física.

Estas emoções são tão penetrantes como as do medo ou zanga. É belo ver que emoções “sociais” têm um recrutamento muito profundo. Todas estas emoções têm percursos fisiológicos noutras espécies (macacos, lobos, mamíferos marinhos).

Consciência

Freud – 1938/9 – Ensaio inacabado sobre a consciência e a mente. Tem ideias com as quais Damásio não tem divergência, que vai ao encontro do que tem estudado e investigado.

Damásio – produto biológico recente mas que remonta a seres anteriores. Pequena parte da mente que é trazida em subjectividade (este é o âmbito da sua investigação actual).

Olha-se para a consciência como a maneira de entrar dentro da mente. Mas é o contrário. A consciência é só uma parte mínima que está a “traduzir”parte da actividade mental, mas não sabemos tudo o que se está a passar.

O que existe é um inconsciente que produz muitas das nossas actividades. O que recebemos são soluções que nos apontam caminhos, mas não são conscientes. Isto é compatível com Freud. O que ele apontava é que o que a consciência nos dá são resultados semelhantes às que uma pequena célula como a amiba consegue dar à própria amiba, no que respeita ao problema fundamental da vida – a sobrevivência com bem-estar.

CONSCIÊNCIA

Não é espírito

Não é percepção

Não é “consciência moral”

Não é consciência do universo da condição humana

A ESSÊNCIA DA CONSCIÊNCIA É

Mente + subjectividade

Inclui “qualia” + um processo de SI ( componente de pertença a que todos os outros não têm acesso, sentido de perspectiva, o sentido de podermos agir sobre o que se está a passar).

A consciência é construída desde um nível muito simples, mais um SI nuclear e SI auto-biográfico (com futuro antecipado).

ANTECEDENTES DA CONSCIÊNCIA

Homeostase

Regulação da vida

Organismo unicelulares

É preciso distinguir entre TER um sentimento e CONHECER um sentimento. --- Hipótese que Damásio apresentou.

QUESTÃO LEVANTADA NA ASSEMBLEIA:

P.: De que maneira as neurociências vão modificar a sociedade? (em relação a sentimentos de culpa, de verdade, de mentira, legislação, comportamento moral)

R.: Damásio – É preciso ter uma enorme cautela. Sobre a detecção de mentiras, por exemplo. Há companhias que fazem, a pedido, skanners mentais, sendo abusivo tirar conclusões. Só é possível obter estes dados numa situação que não é real. É impossível recriar as situações… É falso e detestável.

Vejamos por exemplo, um indivíduo que cometeu um crime e tem um tumor cerebral que originou os seus actos. Deve ser retirado o tumor para proteger a sociedade, mas deve deixar de ser considerado um criminoso, para ser considerado um doente.

O que tem é que se pedir à sociedade que discuta os problemas de uma forma inteligente: --- Nem utilização selvagem da informação.

---- Nem recusa selvagem da informação.

E depois, dever-se-ão modificar as leis porque os sistemas legais não têm conhecimento sobre o que a ciência vai descobrindo.
publicado por Carlos Loures às 11:00
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Quarta-feira, 25 de Agosto de 2010

O crescimento das crianças

Raúl Iturra

 Capítulo 1.2º parte


A Saber.


Steven Stoer (1991 e 1998), Luiza Cortesão (1995 e 1988)), Luís Souta (1997), de entre os meus próximos na pesquisa, ficavam encantados com uma situação de objecto científico como esta. Encantados, porque é uma situação multicultural, á qual eu acrescentava, multitemporal. Porque a multicultura, não é apenas de uma etnia diferente. É também o tempo diferente, as gerações diferentes dentro do mesmo tempo, e, mais ainda, o saber diferente. Victoria, Pilar, Anabela, estão a retirar o seu saber para avaliar, das camadas de ideias que, um dia, ficaram todas coladas. Coladas pela sua sedimentação no tempo, pelo sincretismo que a população teve que organizar, para juntar normativas condutoras do comportamento, provenientes de outras épocas. Bem como, de outros Continentes. E de outras terras do mesmo Continente. E de outras experiências conjunturalmente mutáveis. E de outros costumes, credos e leis. Embora, sintetizadas de forma subsumida, á época actual. Subsumida á Historia, á sua interpretação, á cronologia que vou referir mais em frente, como tempo. Dentro de um conjunto heterogéneo de experiências comportamentais. Onde, como diriam Goody (1986) e Scribner & Cole(1981) e Gough(1981) e Locke (1690), a escrita abafou á oralidade. Uma oralidade que fez os mitos (Lévi-Strauss (1962b)), Maurice Godelier (1984), Sigmund Freud (1913)), lembrados apenas nos factos da troca reprodutiva, na orientação da afectividade, nos santos, e nas festas. De facto, para Victoria é normal que um homem tenha muitas mulheres. Um homem sem muitas mulheres, acaba por não ser do género masculino.

Monumento a Pedro de Valdívia em Santiago do Chile.               

O papel do homem é coordenar o trabalho reprodutivo, quer do conhecimento tecnológico, quer do trabalho das pessoas, quer ainda, do tempo. Os Picunche, mal se lembram de serem parte da etnia Mapuche. E ficam assim definidos. (José Bengoa, 1985; Sérgio Villalobos, 1974; Leonardo Castillo 1996) da terra denominada Chili pelos Quechua. Foram os Quechua, que disseram ao Conquistador Espanhol do Chile, Pedro de Valdivia (1542), de que ia á terra do frio, é dizer, do chili - embora muitas disputas existam sobre o facto (Francisco Frias Valenzuela, 1986; Jaime Eyzaguirre, 1963; José Bengoa 1985; Sérgio Villalobos 1974, Luís Silva Pereira 1998; Elias Lizana 1909, e o Historiador local oral de Pencahue, Luís Bravo). Os Picunche, abatidos pelos colonizadores a começos do Século XVI (Arquivos da Igreja de Pencahue), e reduzidos a sítios denominados Doutrinas: (Rauquen, Libun, Toconay, Tapihue, Carrizal), tiveram que se comportar como os seus invasores espanhóis e algum português prévio a Tordesilhas. Sitos na Cordilheira de Los Andes, a viverem em extensões entre o que hoje é o Chile e a Argentina, como vou analisar no capitulo 2 , viviam dos pastoreio das vicuñas, llamas e guanacos, e das lãs desses animais que os Inca ensinaram a cardar e tecer.

O trabalho de todos eles estava dividido entre animais, terra, confecção do carvão, e outras actividades relacionadas com o tear. Todo grupo precisava de muito trabalho em pessoas ( Raúl Iturra 1971; Karl Marx 1857; Jack Goody 1976, Kart Polanyi 1944; Brian O’Neill 1987), para dar conta do seu. Um homem é homem, se é capaz de guardar a reprodução de forma conveniente para todos. As Doutrinas, estavam encarregadas de ensinar a ideia da monogamia, que Tomás de Aquino, tinha já defendido em Paris (1267-73). No entanto, é sabido o facto da mistura de povos pela sua hierarquia. É surpreendente ver como aparecem escritas as categorias verbais e conceituais novas e antigas de Espanhol, Yndio ( não é gralha, é a forma antiga da escrita), Mestiço, Mulato, Escravo, e, finalmente, Chileno, entre os séculos 17 e hoje. Victoria sabia que ter mais irmãos de outras mulheres, era uma forma de ser normal. O não comum, era não ter esses irmãos. E ela, sabia e convivia com eles. O que Victoria não sabia, é que Tomás de Aquino tinha razão, quando dizia que a poliginia era injusta para as mulheres: algumas eram amadas, outras iam sentir de que não. Como a Yeyé. Quando, no mesmo ano do matrimónio, o seu pai Clodomiro tem um filho com Rebeca Troncoso. Victoria diz que a Yeyé sofria: o homem era dela, e dele estava também grávida! O que Victoria não diz, não entanto, é de que a sua mãe ilibou à Clodomiro para casarem, enquanto Rebeca estava grávida e oficialmente, noiva do seu pai. Victoria o não diz, porque tem uma outra ideia ao pé da ideia factual: todo matrimónio é por amor, monogâmico, heterossexual e eterno. Pelo menos pela lei Huinca. Bem como uma mãe, é uma pessoa para ser amada, respeitada e servida. Se houver outra mulher, esta é uma intrusa que deve ser eliminada, ignorada, temida e aborrecida. Este é o saber de Victoria distante das ideias Mapuche. Saber de ideias mitológicas e de factos entendidos conforme for. A sua mãe rouba o noivo da amiga e vizinha Rebeca Troncoso, alastra consigo ao homem a outras terras, tem vários filhos com ele. O roubou para fora de Pencahue. Rebeca ia casar grávida; Yeyé, grávida, rouba ao Clodomiro Pencahue fora. Ao qual voltam depois de vários meses a dar a luz o primeiro. Persistente na sua ideia de macho, o seu pai Clodomiro vai andando pelo meio de varias senhoras, até que a Yeyé o deita fora de casa e abre a dita pensão. Passava a ser a primeira mulher a fazer a denominada cruz ao marido. Mais tarde, a irmã mais velha de Victoria, Beatriz, faria o mesmo como o seu. E reclama, publicamente, ser ela a primeira mulher a faze-lo: o caso da sua mãe era calado, o homem habitava parte do lar, casa da sua propriedade. O marido da irmã Beatriz, tem que escolher e é publicamente afrontado na rua, e deve partir. Com filhos já crescidos. Diferente ao caso do vizinho Castillo, que Victoria conhece, mas não menciona. Castillo tem varias casas e transita entre uma e outra, e as mulheres convivem entre elas, bem como os irmãos, que organizam entre eles, a reciprocidade maussiana (Marcel Mauss 1924; Bronislaw Malinowski, 1922; Raúl Iturra 1971,1977 e 1988) a volta’e mau - é dizer, entreajuda ou devolver a mão (Milán Stuchlick, 1976; Luís Silva Pereira 1998). Facto que se comemora com os almoços dominicais nos túmulos dos defuntos, quer aos domingos, quer às festas. E é nessas actividades, que hoje é guardada a harmonia das pessoas entre elas todas. Victoria sabe que o cemitério, é um lugar de encontro, ao qual ela não vai, para não estar com o pai, caso ele aparecer. A vizinhança de Pencahue, vive a poliginia com calma, uma poliginia heterogénea sexual. É dizer, uma mistura amorosa - e português por Hermínio, ele diz ter tido a arrogância de namorar à loura e esguia vilatuxeana, que lhe ia dando filhos, enquanto ele passeava a cavalo e tinha o prazer de correr por entre as ruas do lugar de Vilatuxe, um dos catorze lugares da Paroquia, à qual dá nome. Pilar vive entre a doutrina e o facto. E talvez saiba também, porque na sua família todo é falado, de que a mãe do Hermínio, a sua avó paterna, tinha grandes períodos de ausência, ou nas suas terras de Carrefeito na vizinha Paroquia de Lebozán, ou nas termas, alhures. Bem como é conhecido que o mal de amores da irmã do seu pai proibida de casar com um vizinho de outro Lugar da Paroquia de Vilatuxe, é por ela curado intimamente com esse vizinho. Intimidade da qual nascem filhos que morrem. A experiência de Pilar, em matérias afectivas que tanto tenho salientado nos meus trabalhos com crianças, está trespassado de exemplos de divisão de seres humanos, pela afectividade reprodutiva. O próprio filho da irmã de Hermínio, é logo deserdado por causa do seu casamento com uma pessoa não aceite pela arrogância de proprietária enfiteuta da avó paterna. A hierarquia social joga, no caso galego, um papel forte dentro da interacção. Os proprietários de terras que eram dadas em enfiteuses (Raúl Iturra, 1988), não acolhiam aos indivíduos os seus servidores, dentro da família. Não havia conhecimento explícito do parentesco com a Casa de Lemos e de Alba, do qual se falasse na cozinha, ao pé do lume. Havia um mito que percorria à família e que acabava por ser engraçado: ser descendentes de um Padre, como eles pensavam, porque de facto o bisavô incógnito era Advogado de Direito Canónico pela Universidade de Compostela. Era a contravenção à regra estabelecida, especialmente entre católicos não praticantes, ainda que concorrentes a todo mito possível. Crentes relativizados, gostavam brincar com o facto. Mas, quer Pilar, quer a família, no dia de saberem serem parentes dos Lemos e dos Alba, ficaram em grande alvoroço, que eu presenciara. E brincara: Hermínio, disse, tem que trabalhar na mesma, pagar impostos e não imaginar que vai ser recebido pela família ducal. E Hermínio riu. O filho mais novo, gentil, senhor, genro de um galego emigrado em Venezuela e amigo do Embaixador desse País, empregado de uma funerária, um senhor de ver, é quem mantém relações eróticas com homens e mulheres. Victoria vai sinalizando as casas dos homens, onde reúnem a beberem e se amar entre eles. Eu próprio tive a experiência de ter o meu carro lavado e, em trocas, não foi o dinheiro o pedido, bem como a minha pessoa, o que eu agradeci e declinei. Facto que não fizera o Pároco anterior ao actual, que acabou por ir embora a uma cidade perto, com um primo de Victoria. Local onde trabalham e convivem, em paz e serenidade com a população; se não ficam em Pencahue, é para não terem rivais entre os outros homens e as famílias. Porque os homens Picunche, hoje inquilinos, vivem publicamente com as suas mulheres, e privadamente como os seus homens, como é sabido de outros grupo étnicos locais ( Milán Stuchlick 1976; Mireille Simoni-Abbat 1976; Maurice Godelier 1982; Gilbert Herdt1981; Michel Foucault, 1966; Anthony Giddens1991; Henry Junod, 1913). É o facto que divide a Victoria e a sua geração, europeizados à antiga, pelas doutrinas do passado Concílio de Trento (1521) que mandava todos serem católicos. Doutrinas pregadas na Doutrina pelos Padres Agostinianos e seculares da Cidade de Talca. E os seus filhos, feitos Padres depois, como vou argumentar no capítulo 2. O entender do saber de Victoria é cimentado pela emoção da morte repentina e a idade nova, da sua mãe Yeyé. Aos 64 anos, em uma terra na qual, normalmente, morre-se aos cem ou cento e vinte anos de idade.



O saber de Pilar é também heterogéneo. O próprio comportamento dos seus pais, é diferente do que ensinam na sua galega doutrina cristã, a catequeses, começada no dito Concilio de Trento. Hermínio e Esperanza, os seus pais, casam quando vai nascer outro rebento da paixão. Às cumpridas noites ao pé do fogão todos nos, e com uma Esperanza que só fala e entende o galego, mas contado entre galego, castelhano e português por Hermínio. Ele diz ter tido a arrogância de namorar à loura e esguia vilatuxeana, que lhe ia dando filhos, enquanto ele passeava a cavalo e tinha o prazer de correr por entre as ruas do lugar de Vilatuxe, um dos catorze lugares da Paróquia, à qual dá nome. Pilar viver entre a doutrina e o facto. E talvez saiba também, porque na sua família todo é falado, de que a mãe de Hermínio, a sua avó paterna, tinha grandes períodos de ausência, ou nas terras de Carrefeito da vizinha Paróquia de Lebozán, ou nas termas, alhures. Bem como é conhecido que o mal de amores da filha, irmã do seu pai e proibida de casar com um vizinho de outro Lugar da Paróquia. Amor que é curado por ela na intimidade com o proibido vizinho, intimidade da qual nascem filhos que morrem. A experiência de Pilar e matérias afectivas, que tanto tenho salientado nos meus trabalhos com crianças, está trespassado de exemplos de divisão de seres humanos, pela afectividade reprodutiva que une sempre a dois. O próprio filho da irmã de Hermínio, é logo deserdado a causa do deu casamento com uma pessoa não aceite pela arrogância ideal de proprietária enfiteuta da dita irmã. A hierarquia social joga, no caso galego, um papel forte dentro da interacção. Os proprietários de terras que eram dadas em enfiteuses, não acolhiam aos indivíduos seus servidores, dentro de família. Não havia conhecimento explícito do parentesco com a Casa de Lemos e de Alba, do qual se falasse na cozinha, ao pé do lume. Havia um mito que percorria a família e que acabava por ser engraçado: serem descendentes de um Cura. Era a contravenção as regras estabelecidas, especialmente entre católicos que gostavam dizer não serem praticantes. Ainda que fossem a todos os rituais da Paróquia. Crentes relativizados, gostavam brincar com o facto. Mas, quer Pilar, quer a família, no dia de saberem que eram parentes dos Lemos e dos Alba, ficaram no grande alvoroço que eu presenciara. E com o qual brincara: Hermínio, disse, tem que trabalhar na mesma, pagar impostos e não imaginar que vai ser recebido pela família ducal. E Hermínio ria. O filho mais novo, gentil senhor, um senhor de ver como o pai, é quem mais queria saber dos factos. A Historia aprendida por eles era complexa: o mundo estava, pelo menos, dividido em dois, os senhores e os trabalhadores que tinham que estrategizar o seu comportamento, manipular a realidade, para poder ser o que eram. Para viver e se reproduzir. Uma casa que tinha o grupo habitual para trabalhar em conjunto, com mais casas a participar, por se terem casado os filhos e formado um lar ao pé do lar paterno. Em terras cedidas pelo casal aos filhos: a Vila Medela, como costumo dizer a eles. O saber estava fechado na língua galega, agora livre e obrigatória para os estudos e habilitações. Esse engano de ter uma língua própria, que acaba por os afastar da língua do poder, o Castellano, ainda que os documentos oficiais estivesse oficialmente traduzido. Os conceitos, eram eruditos; e a lei, obrigatória. Como vamos ver no Capitulo 4. Como Assier-Andrieu (1987), Handman (1978), Goody (1971), Fortes (1987) e eu próprio (1991), temos estudado, entre outros. Giddens (1991) tem sido, como Bourdieu (1997), o mais claro no que diz respeito as identidades e solidariedade, da mesma forma que Gellner(1992) fala de nacionalidades, de essa identidade que o referido Tony Giddens diz ser a identidade de grupos pequenos dentro de um mesmo povo (1991). È ai que Pilar aprende, ensina ao filho, e não tem asso para transferir o que ela viu, ouviu e calou, e precisa continuar a calar. A infância de hoje, não entende o que os jovens pais, essas crianças que conheci ontem, dizem. Nem querem saber. A autonomia e a individualidade, são parte integral da defesa para a reprodução. As minhas crianças solidárias de ontem, são os adultos concorrentes de hoje, de carro e telemóvel, de perfume e fato, de habilitação universitária ou técnica, sem entender o trabalho do seu adulto. Facto que faz corte na comunicação. Mesmo entre irmãos de anos de diferença. Ou de amigos da mesma geração. Bem difícil é para o pequeno Carlos de ontem, esse grande amigo de Pilar, esse o meu filho emotivo na sua infância, visitar aos seus pais e falar com eles. Como difícil é para o filho mais velho do Hermínio, antigo pastor, hoje comerciante e camionista, falar com a sua irmã emigrante, a que mora em Castela. Pilar sabe que só o facto de os pais serem vivos, é o que junta aos irmãos, habituados como estão á cozinha da mamã Esperanza, que a todos sempre nos regalara deu o prazer de fazer o melhor comer. Eis o que fica do que Goody (1973) denomina Grupos Domésticos, a panela compartida. Porque o teto partilhado, já não o é, bem como o não é o trabalho da aldeia. O saber está dividido entre os jovens pela música, a pintura, a medicina, as leis, a arquitectura, as ciências do mar (ver anexo 1) Pilar vive a transição que Victoria começa a ter. Pencahue é o novo sítio a começar outra mudança, Vilatuxe já teve varias, Vilaruiva anda por essas vias desde meados do Séc.XIX.

Anabela o sabe. Como o diz no seu texto escrito como Historia de vida Ou estudava, ou ficava no café, a ser empregada do pai. Um pai que aceitou os seus estudos, desde que ficarem perto do sitio onde moram. E assim foi que o investimento foi feito. Investimento que o irmão Luís não teve, e foi preciso para ele trabalhar fora e estudar á noite, para ser Gestor. As crianças de ontem de Vilaruiva, andam todas pelos estudos mais adiantados do secundário, via estudos superiores. O saber de todos, como Anabela, a pioneira fez, é a de aceitar as regras económicas da União Europeia. O próprio pai assim entendeu, e organizou o clube ou centro de Vilaruiva, que concorre com a decadente Igreja local nas suas festas. Decadente na reunião, não nos ritos. Os ritos existem, estão aí, com um poder único para os gerir, o poder sacramental, respeitado por todos. Ainda pelos que organizam o centro e as festas locais. Não há circulação de pessoas, se não é feita ritualmente. Por todos. Ainda, pelos que reclamam a falta de Divindade. Como diz um vizinho, quer em Vilaruiva, quer em Pencahue, quer, também, em Vilatuxe: não há cinema aos domingos, e cá na Igreja que a gente se vê. È esse o saber de Anabela. O saber que traz a calma para atender as velhas avôs em casa, doentes e cansadas. O saber que traz a hierarquia não social, mas a familiar, por cima da social. Porque a social, sabe ela, é assunto individual, assunto próprio, não da família. Ideia não compartida pelas quatro gerações que esta família, como outras, tem já: a longevidade, a higiene, a mudança de trabalho, os hábitos alimentares, o divertimento feito com a mente e não com o corpo, têm definido um saber que cultiva a solidariedade no campo íntimo. Um saber que, aprendido da escola que teve que atender na aldeia (Iturra 1990a), Reis 1991 , Raposo 1991, Porto 1991), a fez mudar o seu relacionamento com os seus alunos, lá perto de Viseu. As crianças cresceram do humanismo cristão de Mounier (1939) e de Maritain (1942), para o neo-liberalismo português, importado de Chicago, do saber dos Friedman (1979). Neo-liberalismo do qual todos lucram, sem emigrar, mas a se contratarem em outros sítios ao saberem lidar com os Bancos, a lei, e terem habilitações.
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Terça-feira, 6 de Julho de 2010

Parece-me felonia intervir na vida privada das pessoas

Raúl Iturra

É o meu hábito, desde que lembro dos meus dias de vida, que começam a ser muitos, acordar entre 6 e 7 da manhã, a melhor hora para escrever: todos andam a dormir, o silêncio é interrompido apenas pelos pássaros que acordam ao dia e o telefone não tem esse pouco simpático som que faz perder o fio a meada. Hábito ao que tenho todo o direito, porque a seguir, adormeço meia hora e fico fresco, como alface. Como agora.

Apenas que hoje, o mundo mudou. Como quando integro júris longe das minhas terras e para estar em Coimbra, devo sair de Cascais pelo menos as 6 da manhã. A minha sesta passa, a volta, a ser de, pelo menos duas horas. Hoje, por ter acabado um novo livro que ofereci a minha Universidade: Marx, um devoto luterano, 365 páginas, estava cansado e sentei-me no cadeirão do meu estudo para ler notícias.


O meu espanto foi grande. Todo o jornal apenas falava de um crack de bola, que tinha sido pai. Grande novidade! Todo homem pode ser pai se encontra a mulher dos seus sonhos, o se, adoptam uma criança por problemas genéticos. Apenas que, do caso, havia imensas páginas, cheias de especulações sobre se era, ou se não era, quem seria a mãe, qual a nacionalidade e outros assuntos que apenas correspondem a quem vive o caso, no meu ver.

Devo confessar que pelo facebook que uso para me comunicar com filhos e netos da Europa do Norte, já sabia da notícia. Como não era comigo, nada mais li.

Mas hoje, foi-me impossível não ir palavra após palavra. Soube que o padrinho de baptizado duvidava se havia ou não uma criança e de quem era. Um padrinho da baptizado da pessoa que refiro! Não sou homem de fé, mas é-me impossível não exclamar: por amor de deus! Essa frase tão lusa que até nas legendas dos filmes aparece mal traduzida: se o actor diz Christ como interjeição, é mal traduzida como esse amor à divindade.

Quem fez o que fez, os seus motivos teria. Em Portugal a empresa de alugar ventres para se ter filhos, está proibida pela lei, mas não é igual em vários dos estados da América do Norte, como é também denominada a República dos Estados Unidos.

Parece-me bem que se queira ter um descendente que seja apenas nosso. Quando tive os meus, adorava fazer de pai e mãe, com a companhia da minha mulher, que adorava essa devoção. Eram crianças fruto do amor entre o casal, seja ou não do mesmo sexo, como acontece na Europa toda, excepto em Portugal. Este católico país apenas permite frutos do amor, muito embora bem sabemos da imensidão de violações que acontecem nas aldeias, nos bairros de lata, nas casas burguesas, ou o que hoje anda na moda: a pedofilia. Facto do que tenho falado imenso em outros texto e livros meus.

Não é este o caso, estou certo que o não o é. E se me enganar, o problema não é meu nem acaba por me interessar. O que me preocupa são essas duas mil crianças que abandonam a casa Pia por causa de pedofilia; ou esses púberes violados pelos seus docentes, sacerdotes católicos na maior parte dos casos, caso que, quando andou cá Ratzinger, teve que tratar.

Porque combino o aviso de um pai solteiro, novidade nenhuma ao longo dos séculos da nossa, da sua alegria de ser pai sem mãe ao pé do bebé? Comentava, dentro de essas dezenas de páginas uma pedopsiquiatra, que uma criança precisa de dois adultos que tomem conta dela. Como etnopsicólogo, é-me impossível não comentar que a teoria nada tem a ver com a realidade. Normalmente, os mais novos têm imensos adultos que os acompanham. Apenas os Picunche, esse clã do povo Mapuche, proprietário do país até a invasão hispânica no Século XIV, que eu estudo como analista na Cordilheira dos Andes, têm várias mães e um pai. Pai que circula de casa em casa, conforme o trabalho deva ser feito. O povo Mapuche todo, como nas aldeias de Portugal e da Galiza, como tenho observado, não há adulto que não seja, além de vizinho, um pai ou mãe das crianças desse pequenos grupos. Como na Nova Guine, como na Holanda: a solidariedade é imensa. Há bairros fechados para as crianças brincar e um ascendente de turno, para tomar conta deles.

Ter um filho próprio, deve ser a glória das glórias. Que falta a mãe? E os matrimónios do mesmo sexo, não têm por acaso dois adultos para os criar? Que há o papel da mãe e o do pai como diferentes, é uma falsidade: os adultos trabalham fora de casa, as crianças vão ao infantário.

Da criança que falo, pode sofrer de uma superlotação de mães entre avós e tias. De certeza que o pai da criança tem as suas ideias que devem ser respeitadas pelos outros seres humanos. O pai sabe o que quer e nem conhece a mãe. É o mundo das empresas das quais formam parte ventres alugados.

Meus senhores, não nos iludam com teorias teológicas, que mal conhecem. Eu sou materialista histórico e sei bem o lucro procurado, com mais-valia acrescentada. Para o pai, a sua fama fabricada para transacções de clube a clube, essa imensa fama, deixa esse pai só. A criança é a sua salvação.

A maquinaria legal começou a andar. Ela deve parar. A felicidade do pai é tão grande, a sua cabeça tão brilhante, tal e qual a sua capacidade de ser campeão do seu desporto, o football ou o jogo de bola em luso português.

Intervir na vida privada dos outros é uma felonia: Traição ou crueldade.

Deixemos ao homem ser feliz, como hoje parece estar. A vida privada é, por vezes, abandonada por vários para brilhar. Este não necessita. Um dia aparecerá uma pessoa parceira para tomar conta, com ela, de esta ideia da que me parece estar certo: pai de outro craque do jogo que matem ao bem povo português, calmos e contentes. Apenas podem estar assim, se os seus goleadores são seres humanos que sabem sorrir, especialmente pelo profundo amos a família e ao filho que, enquanto bebé, a sua mãe tratará, até que comece a andar por imensos sítios com o pai, como eu fiz como o meu, que era engenheiro e que nestes dias está de aniversário.

Senhores jornalistas, deixem em paz a seres humanos de mais-valia. Que falta uma mãe? Quem disse tamanha mentira, já provada por Charcot, Feud, Klein, Winnicot, eu próprio, entre os séculos XIX e XXI.

Felicidades, Senhor Pai. O ano passado foi a bota de ouro. Este ano, um filho…Comparáveis? Sim, na mente criada para estas lides e que começa a preparar a sua retirada, deixando um substituto, esse o seu filho. A vida privada é e deve ser a melhor almofada de descansou de quem batalha desde os sete anos de idade no mesmo ofício. A reprodução social é hoje um dia uma empresa para quem gosta, pode e tem os mios de formar famílias unilaterais. O mundo deve calar perante a nova ética.
publicado por Carlos Loures às 19:30
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Terça-feira, 29 de Junho de 2010

Ontem e hoje: o crescimento das crianças (5)

Raúl Iturra





O crescimento das crianças de hoje, é fundamentalmente diferente ao crescimento de ontem. O de ontem, tinha um objectivo centralizador da actividade familiar, obter terra por meios para todos iguais. Os de ontem, são criados no derrube de um sistema da aristocracia, que eles têm que reconstruir outra vez na base da sua própria força. Os de hoje, têm um objectivo igual, mas que dispersa e tira do elo estruturador antigo, a propriedade rural. O capital é o objectivo individual e autónomo. Como diz o Presidente do Sindicato de Agricultores da Extensão Agrária Galega, há muita gente no campo e é preciso limpar e redistribui-los pelas outras tarefas, encher as cidades e as habilitações, as industrias e a poupança. Fazer de cada um, uma força empresarial. Que já existe na sua mentalidade.

Embora Victoria, Pilar e Anabela continuem na ideologia ocidental cristã, esta ideologia não é outra que a que se adapta á exploração do consumo e da procura. Há que ter bens para vender e dinheiro para comprar. E a União Europeia encarrega - se de que o gasto, exista. Dívidas como créditos, que, enquanto mais tarde se paguem, é melhor. O crescimento das crianças modifica a aliança reprodutiva. Não é suficiente desejar, não é suficiente a paixão. A pessoa parceira deve é ter terra ou industria ou emprego para investir dinheiro no futuro lucro. Lucro que sintetiza o contexto dentro do qual crescem hoje as crianças. Com o prazer de se divertir. Como a Bertita, que enquanto é professora primaria, também faz música. Ou o seu irmão Pedro, que desenha e de esse desenho técnico, tira prazer e vive. Ião querer trabalhar no campo?


Quando o campo era esse sitio divertido para andar de cavalo, com a vizinha estrangeira, nos porcos da matança, denominados em esse tempo Juan Carlos e Sofia. Vizinha estrangeira que hoje acumula graus doutorais para analisar seres humanos, longe do sítio do qual falo. Vizinha estrangeira que, como Beatriz, José Gregório, Carlos Varela, Berta, Pedro, António o traste, Pilar, Anabela, Victoria, têm a sua casa própria por eles comprada, para alem das herdadas. Em tanto os pais suam e continuam a tentar entender o mundo com a teoria da pós-modernidade. Porque a teoria que nos tem levado a África, a América Latina, a certas Europas de hoje, já não é aplicável. Mesmo que, vários de nos, as vamos adaptando, à Chaplin, a estes tempos modernos. Que são os da expansão do capital, aceite por todos e não apenas pelos que crescem enquanto produzem riqueza. É o que tem levado a Anthony Giddens (1991) a falar de identidade e a defini-la da forma invocada antes, como a pertença a um grupo que é sabido que é o nosso. Porque o grupo largo, é demasiado igual universalmente para poder falar de Nacionalidade. Como defende Ramón Maiz (1997), e não acaba de entender Xosé Manuel Beiras (1984).

Em Portugal, defendem os citados Sousa Santos, Ferreira de Almeida, Madureira Pinto, Steven Stoer, Luiza Cortesão, Fernanda Rodrigues. E que eu tento defender desde a voz meio apagada da Antropologia. Como continua a fazer Jack Goody (1993) e Eric Hobsbawm (1994), adaptados á modernidade nos seus oitenta e muitos anos. O crescimento das crianças e o seu contexto, é o que deve ser compreendido pelos educadores, a epistemologia coordenada que é produzida pelo respeito ao passado cultural e as normas do mercado. A experiência é a base do experimento. O experimento é já conhecido, a experiência, fica para nos observar e dizer e sermos ouvidos. Ouvidos de diferente forma em diferentes tempos do ciclo do tempo de saber das pessoas. Quando as crianças nascem, são fruto da paixão dos progenitores, que as amam por elas e pelo amor que existe entre eles. É o típico caso de Victoria, cujos irmãos foram resultado da paixão de Clodomiro e Yeyé. Ou o caso de Pilar, quando a filha nasce pelo amor que o pai tem a mãe e que faz a ele casar, emigrar, investir, desenvolver o grupo doméstico. Ou o caso de Anabela, donde o amor de António por Fernanda, convence a Fernanda de ser seduzida, casar e ter filhos. Para todos ele, o matrimónio é parte da procriação. Todos eles casam já com a gravidez das mães ad porta.

António O Ferreirinho, é um caso mais, bem como vários dos seus filhos. Em uma primeira etapa, esses filhos são o resultado do desejo do homem pela mulher e ao contrário. Mas, o tempo vai passando, as obrigações aumentando e os cuidados passam a ser mais complexos. Os filhos entram na etapa da inclusão do relacionamento social, da escola, dos livros e materiais de trabalho, dos rituais com os que a sociedade demonstra de que a criançada não é só dos pais que as fazem. Os ancestrais vem o incremento de cuidados ser complexo, indicações, orientações, as roupas, os amigos que vêm de fora de casa, os primeiros segredos da pequenada que os pais querem descobrir e acautelar. Como se o tempo de escolha entre eles, não tiver começado ainda. E, no entanto, há mais do que uma escolha de que a criançada que cresce, faz longe dos pais. Mesmo, a selecção dos namoros, das amizades, do tipo de hobby que desejam, a iniciação na vida adulta. Os adultos, pensam que podem dominar o afazer deles, sempre. E tentam. E a criançada, como diz Roy Lewis (1960), tem que comer ao pai, tem que passar pela etapa em que se liberta das ideias que os pais estão a impingir. Embora não saibam farelo pela sua falta de experiência na vida. O crescimento das crianças é muito feito pelo grupo social mais pequeno, de que eles vão-se rodeando. E que os pais vigiam, ainda que não possam sempre intervir. O mito que Robertson Smith (1885) tem estudado e Freud (1920) analisado para o ocidente, passa muito por fagositar ao pai, por comer ao pai. De uma forma metafórica. Mas, socialmente, certa. Até formarem a sua autonomia e independência. Autonomia e independência que os leva a formar o seu lar, a produzir a sua própria descendência. Idade e tempo no qual vão solicitar colaboração outra vez colaboração aos ancestrais que ficaram em casa. Especialmente a família da mulher, que tem mais abertura com a sua própria mãe, que com a mãe do seu homem.

E é assim que os filhos voltam a casa. E que o crescimento passa por uma etapa de educação da filiação e acumulação do saber pela experiência que se adquire, e de dinheiro, para resolver os gastos que devem aparecer. E um terceiro período da relação de crescimento, quando os pais já são os avós que, ainda novos, podem receber filhos e netos em casa e visitar netos, ou ficar com eles, quando for preciso. Desde que começa a paixão entre dois, começa um processo de mudanças no detalhe da interacção. Um processo de elo de ligação cíclica de saber a traves do tempo. Que é como as crianças crescem em contextos diferentes, ontem e hoje.
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Sexta-feira, 25 de Junho de 2010

Ontem e hoje: o crescimento das crianças (1)



Raúl Iturra

O que é uma criança? É todo ser que cresce entre o nascimento e a puberdade Já estava definida e, outros textos meus, com as citações que academia manda um intelectual fazer. Quer no meu O saber das crianças (1996), quer no meu Imaginário das crianças (1997), tive especial cuidado de dedicar ideias para delimitar o campo da pesquisa. Que tinha já sido definido no meu A construção social do insucesso escolar (1990), esse esgotado livro que tanto é procurado. Como em outros textos. Gostava acrescentar á minha tradicional definição, de que todo ser humano é criança em certos aspectos das suas relações, em quanto é adulto em outras. E ao contrario. Porque há campos do comportamento que sabemos, e campos da interacção no qual estamos menos desenvolvidos. Percebe-se de que um adulto é um ser crescido em corpo e em idade, capaz de reproduzir. E com as suas emoções bem definidas e detalhadas e orientadas. E com as suas opções entre alternativas, bem informadas. E com o seu comando sobre si próprio e o mundo da interacção, bem serenamente autoritário, firme.

Com os processos reprodutivos amadurecidos e dominados. E com a serenidade de ter definido os seus objectivos na vida. Medos, tristezas, fobias, são com o adulto e com as crianças, com diferenças. Com o adulto, é a definição traçada do seu deambular pela vida, como uma racionalidade a orientar as suas emoções, com as crianças, apenas as sua emoções. Porque é de pensamentos e sentimentos que o ser humano está feito. O adulto é a pessoa que não tem dúvidas, embora tenha hesitações. Sabe as várias formas de enfrentar a vida. Como um deles costumava dizer, quando há um problema, é para ser resolvido. E, no entanto, ficam os vinte e um mil detalhes em que um adulto não consegue um comportamento socialmente definido como sério, sábio, orientador. Há os vinte e um mil detalhes, onde o adulto tem medo, tem insegurança, tem por objectivo o que a sociedade define e não o seu próprio pensamento, pensa. Sem querer entrar nos detalhes do famoso livro A cultura e os seus descontentamentos (1930) nem nos detalhes do outro famoso livro Totem e tabu (1913), ambas obras de um génio como Sigmund Freud, podemos entender pela vida quotidiana, de que há factos de que muito mal nos fazem.

De que esse mal, como os bens éticos, mudam no transcorrer da existência, nos ciclos de vida. O próprio discípulo querido de Freud, Karl Jung, era denominado pai por Freud quando desmaiava ou deprimia. Como conta Didier Anzier (1959), das afectividades infantis do Freud adulto. O como Beethoven, incapaz de amar uma mulher, como diz Maynard Solomon (1977) e inventa á amada imortal à Schiller, na sua Oda á alegria (1785). Ou Durkheim, que morre pelo ostracismo que, em vida, faz-lhe a sua própria pátria. Bem como pela morte do seu filho André - esses detalhes dos famosos que não conhecemos, por pensar em eles como heróis mitológicos. Nós, os não heróis, mal sabemos tomar conta de nós, sós, é-nos difícil o silêncio e a meditação, o sentir e pensar antes de fazer. O ficar isolados se nos separar da pessoa amada, com a incapacidade de recriar um eu suficiente para trocar depois, ou com o nosso prazer, ou com pessoas distantes da nossa intimidade. A zanga e a zaragata, quando nem todo anda como planeado por nos, ou desejado por nos. Não são só os países latinos que fazem barulho nos desencontros. Isso é o etnocentrismo lançado sobre nós. É a persistência da construção de uma relação duradoura, continuada, dentro do contexto do ser de quem amamos e nos ama, que faltaria em nos se não existir. Como falta em nos a calma para a correcção disciplinar dos mais novos, que esperam do adulto um saber agir sempre igual e sereno na resposta, na orientação. Uma falta de mimo procurado pelo homem na mulher, como se toda mulher for mãe. Uma falta de igualdade com essa mulher, de quem, cultural e doutrinalmente, pensamos inferior. Como a mulher pensa inferior do homem ao qual tem que alimentar. Na nossa cultura, como em outras, o comportamento do homem adulto não pode ser doce nem meigo, precisa de ser corajoso e autoritário para defender a sua prole.

Como se o nosso agir masculino for omnipotente e tivesse a capacidade de substituir o agir dos outros. È claro que a cultura define assim o comportamento do adulto com a criança, substituir e não fornecer os meios para a criança agir pela sua conta. Como a mulher com o homem, que procura o controlo, o comportamento denominado fálico, ou simplesmente maternal, protector. A igualdade dos sexos não tem sido possível, de momento, materializar. Não só na História, bem como na mitologia que orienta o nosso pensar. O mito central, é Maria, que comanda no filho da divindade e fica de exemplo para milhares de pessoas no mundo. E o comportamento de procura de ajuda aos santos, boa parte dos quais são mulheres, ou homens que souberam rejeitar ás mulheres, como analiso em outro texto meu (1996). A ansiedade que nos domina, a necessidade do tabaco como dependência, do álcool como dependência, dos calmantes como dependência, da fugida como defesa. A procura da pessoa que fique sempre connosco para não falar nós com nós próprios. A falta de cortesia no tratamento entre pessoas. Ou o formalismo ditatorial. Em fim, um conjunto de comportamentos que revelam a infantilidade do mesmo. O caciquismo do mesmo, a patriarcalidade do mesmo. Ainda como acontece nos povos matriarcas, onde a descendência é patrilinear. Radcliffe-Brown bem o analisou (1950), embora nunca saibamos se são dados de terreno ou interpretação etnocêntrica dos seus. Como Anthony Giddens o define hoje (1972). Quando um ser humano entra dentro de estas contradições, é porque deixou de ser criança e passou a ser adulto. A criança é sempre protegida pelo adulto, procura essa protecção, por não conhecer a vida, e pergunta e quer ter respostas. Respostas de como é que se faz, o que não se faz, o não esperado pelos adultos, de qual é a ordem rígida da interacção, das coisas no seu sitio, dos horários a serem cumpridos, do comportamento erudito a ser exibido, de saber trabalhar e a sua técnica, de ser polido, é o que se demanda aos mais novos.

O comportamento adulto e infantil têm o mesmo padrão: o mais pequeno precisa do adulto, para se orientar entre os afazeres. Enquanto o mais velho, precisa de um pequeno para lhe dizer o que fazer, para ser adulto. E, com licença do leitor, hoje em dia, quando há menos pequenos, eles são substituídos por varias formas alternativas de relação que possa dominar, como fazer crianças a idade de ser avó o homem, por se apoderar dos filhos e das filhas a mulher na separação e/ou divorcio. Pelo adultério, pela amizade persistente, pela bissexualidade que nas nossas mentes está. Porque, embora há duas culturas em toda cultura, de conhecimento autónomo, cada uma é dependente da outra, faz parte da outra. Com as afinidades individuais, com as rejeições individuais. Não é a minha intenção explicitar um modelo ideal de comportamento. A minha intenção é traçar as linhas do que parece ser, na realidade, a proximidade dos seres de diversa cronologia, tempo e saber. Onde um não entendo, é a frase comum dos mais novos; um não entendes, cala então, a dos mais adultos. A grande diferença está em que o pequeno é espontâneo, enquanto o adulto se refugia trás o seu estatuto social. Porque sabe que é da base de esse estatuto, que será respeitado. Deixe o estatuto, e será um Dom Ninguém, um Zé Povinho em Portugal, um Roto Descocido no Chile, um Don Naiden, na Galiza. Estatutos dos quais se quer fugir. As crianças crescem quando começam a reparar qual deve ser o comportamento social. A roupa adequada. O uso adequado do corpo, como Vale de Almeida tem tratado (1996). Como Giddens tem tratado (1984).

Queira o leitor aliviar esta parte do texto, com uma história pequena, da sua História da sua vida pessoal e científica. Era uma pequena que fazia 15 anos, e que teve por presente o seu primeiro abrigo de pele de camelo e as suas primeiras meias cumpridas de seda e os seus primeiros sapatos de saltos altos e o seu primeiro penteado de cabeleireira. Licença para ir ao cinema, bem chaperonada por um rapaz maior. Eram todos gestos estudados, novos, a condizer com a sua roupa e idade. Palavras sábias, calmas, movimentos lentos, andar com um pé em frente do outro, lentamente, a ver o melhor filme musical da sua vida. Porque o chaperón não tinha licença para conduzir e ela não tinha idade, o passeio foi de transporte público, em um dia de intensa chuva, ignorada dentro do perfume e das festas do dia. Toda romântica pelos sentimentos acordados pelo filme, e pouco habituada aos saltos altos, ao descer do transporte escorrega e cai dentro de um riacho que pela rua, passava. E fica a cabeleireira com o trabalho desfeito, a pele de camelo abatida, os saltos altos por baixo do transporte, e um não saber se rir ou chorar. E perante as espontâneas gargalhadas do chaperón, ela riu, e riu, e riu, até chorar de rir. A passagem á Van Gennep (1909) de menina a adulta, tinha virado ao comportamento natural do quotidiano infantil que ainda vivia. E foi, lembro-me bem, o melhor dia da festa que por anos vi.
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Terça-feira, 1 de Junho de 2010

Dia Mundial da Criança - O real dos pais: Caim e Abel

Raúl Iturra
excertos do meu livro A Ilusão de sermos pais, Capítulo 5, publicado em Março de 2008; Monografias.com, Rio de Janeiro, no dia Internacional da criança…

Não é que todo o dito até este parágrafo não pertença à nossa cultura e ao nosso modo de ser, pensar, sentir. Fala-se imenso do mundo globalizado, pelo que não é possível abandonar a ideia da influência em nós, dos grupos sintetizados por mim até esta página e desenvolvidos de forma prudente e sintética, nas seguintes. O mundo é apenas um e a dita globalização não é apenas de economias, mas também de emoções deveres e pensamentos. Pelo menos, Tony Giddens fala assim no seu texto sobre essa Terceira via : como ultrapassar as desigualdades económicas dos diversos países do mundo, por meio de estratégias de organização estatal, política e económica e organizar o mundo em apenas uma forma de comportamento quanto à manipulação de recursos, como comento no meu livro sobre reciprocidade e mais-valia, no prelo. É parte do real dos pais preparar suas crianças na ideia de interagir com grupos além fronteiras, classe social e género, para poder ensinar a essa criançada as formas de interacção entre grupos sociais tão diferentes. Talvez os Muçulmanos Árabes, Chitas e Sunitas do Paquistão, os Palestinianos e Israelitas da Faixa de Gaza, não tenham a paciência para se juntarem, pelo menos os seus maiores. É dever dos membros destes diferentes grupos da maior religião do mundo, ensinar a diferença teórica e teológica, os planos políticos que fazem dos Sunitas grupos Talismã para a guerra, políticas de investimento que cada grupo tem, o que os obriga a manter uma distância entre si, incluindo disputas de território sobre bases históricas, lei e hierarquia estatal. Tal e qual como acontece entre Cristãos Romanos, Cristãos Ortodoxos Russos, Cristãos Arménios, Cristãos Curdos do Líbano, Ortodoxos Gregos, Luteranos, Calvinistas, Anglicanos e outros grupos da mesma religião, que mal se entendem ou conhecem uns aos outros. É histórica a ideia de dividir o mundo do Século XV em dois grupos, conforme quem seja, assim fala: os Romanos englobavam tudo o que não estava com eles, no conceito Protestante, enquanto os outros denominavam os Romanos de Imperialistas. Nem falo da diferença entre Benfica e Sporting e os debates que causam. Muito mais relevante que esse é o caso Casa Pia, e a pedofilia que tem acontecido, dizem, desde há vinte anos. Mas o que o senso comum nos leva a pensar e a saber é que os mais velhos procuram crianças para prazer físico dentro da linha definida por Charcot, Freud, Klein, Miller, Winnicott e outros que, tal como eu nos meus textos, representamos uma análise e um grito de protesto, um levantamento do protesto queria dizer, dando voz aos mais novos, que não têm epistemologia adequada para se defenderem dos abusos dos adultos. Levantamento de protesto perante as autoridades e os pais que não tiveram atenção com o que acontecia com as suas crianças

Quais destas ideias são as que os pais, na vida real, devem ensinar ao seu rebento? Será pensar antes de julgar, procurar antecedentes e factos, como na pesquisa que tem sido feita e que me tem levado a mim e a um grupo a entender os comportamentos eróticos e dar a voz aos pequenos para os pais entenderem que sentem desejo desde a nascença? Será que os pais, na vida real, debatem com os seus filhos o que acontece no mundo, com a dúvida natural que exprimem de não estarem certos sobre se deve ganhar o defensor da criança denominada abusada, ou se na circulação da criança há uma vantagem para a sua família, quanto ao dinheiro que ganham ao prostituir os mais novos? Freud, como Malinowski, ao falarem de Aberração Sexual, definem o conceito e não adjectivam os factos. Há a ética emotiva que pode fazer pensar que as fellatios referidas por mim são abusos de poder sobre as crianças. O pensamento contrário nunca tem sido ouvido por mim: se a criança gosta ou não da relação erótica com um adulto. No amamentar, por exemplo, estabelece-se, sabemos hoje, uma luta entre um embrião e um adulto que, sem saber, lhe está a tirar o seu alimento ao penetrar o pai dentro da mãe grávida de um ser humano de três meses. Até onde a rapariga deve ouvir dos seus pais esta realidade e qual a cronologia adequada para saber que amar é também fornicar? Ou, como entender que o conceito adultério não é apenas um facto criminoso, bem como uma rebelião maior do bebé dentro da mulher por ter entrado no liquido amniótico, mica desconhecida para quem não tem capacidade de entendimento, mas sim sempre muita fome e come pela passagem passiva de líquido da mãe ao bebé, por meio do cordão umbilical? Porque, como diz Malinowski nos Argonautas, ou Godelier para os Baruya, ou Iturra ao analisar aos Picunche, não há relação carnal entre progenitores enquanto dura a gravidez? O motivo de tanta mulher a viver com ou o marido, se é Maori, ou o homem da mãe se são da Melanésia ou de Samoa, Silva Pereira nos Mapuche Rauco, não tem relação, como relatam pessoalmente os Hugh-Jones, meus colegas e amigos de Cambridge, para os Barasana da Amazónia Colombiana, se não é para evitar termos adultos de mau humor no crescimento, a seguir a luta com o mundo desde o ventre materno? Qual a opinião sobre incesto, a seguir à morte em Março de Keith Hopkins, ou o silêncio da televisão portuguesa sobre a minha defesa da sua existência em sítios de Portugal? O comportamento humano, a sua relação com a sexualidade, é apresentado como um romance dentro do lar e a intimidade, a libido dos pais, um segredo de portas fechadas ou incontinência enquanto se pensa que a criança dorme. Como mais uma narrativa desse outro meu amigo Christopher Hann, quem devia dormir na única cama dos camponeses polacos, por ordem de hierarquia: os pais numa ponta, a carreira de filhos a seguir e, no fim, o meu amigo, hoje catedrático de Antropologia na Universidade de Bonn na Alemanha.

Um número inacreditável de questões brota na minha mente, ao pensar apenas na temática. A análise de Etnopsicologia da Infância, como diz Leopold Szondi na sua obra, trata de entender os elementos da cultura por meio dos quais a realidade é impulsionada – fala de pulsões . Mais um Húngaro a contribuir para o entendimento do comportamento das crianças por parte dos adultos e, especialmente dos eruditos, para desenvolver um comportamento que não retire esse novo ser da proximidade dos seus progenitores. Uma modalidade de entendimento usada por Émile Durkheim, na base de testes, organizados pelo mal conhecido autor , salvo de um campo de concentração e que até aos 90 anos trabalhou com crianças. Este teste criado por ele foi usado e impulsionado por Émile Durkheim para o seu texto sobre O Suicídio. Trata o autor de explicar, a seguir aos seus testes em crianças, que o introspectivo das pulsões nessa idade, não é apenas a transferência de factos do exterior para o interior mas, sim, uma interpretação do real que a criança é capaz de desenvolver. Tal como Durkheim prova no seu estudo do suicídio, denominado por ele anômico, causado pelo sentimento do delírio de perseguição que o baixo salário provoca no adulto e na sua família. “Le grand mérite du test de Szondi, c'est à nos yeux qu'il soulève des questions pertinentes davantage qu'il n'apporte de réponses malheureuses - "La réponse est le malheur de la question", comme l'a écrit Maurice BLANCHOT dans "L'Entretien infini" - dans le sens où elles ferment les possibilités de dialogue.

La structure du moi "primitif" peut trouver un éclairage utile à la lumière de la théorie kleinienne du fonctionnement psychique.

On sait que Mélanie KLEIN confère un poids particulier au second dualisme pulsionnel de FREUD (Eros-Thanatos) et au mécanisme de clivage en tant qu'il aboutit à distinguer radicalement le bon (objet) des mauvais, premiers représentants représentations des pulsions érotiques et thanatiques comprises dans le sens strict de l'acception freudienne: est érotique ce qui lie, unit et rassemble, est thanatique ce qui sépare, détruit et morcelle.

Mélanie Klein prolonge et enrichit les développements de la pensée freudienne inaugurés avec l'introduction de la pulsion de mort dans "Au-delà du principe de plaisir".

Em conjunto com os outros autores apresentados, Szondi é capaz de entrar pela capacidade de pensamento das crianças e as suas reacções perante o mundo que faz parte delas. O contexto da criança é salientado pelo autor, contexto que na realidade não é considerado pelos pais, o que permite, como diz em parte da sua obra, a existência de adultos narcísicos, psicóticos, ou, mais delicado ainda, omnipotentes como ele e Klein primeiro e Bion a seguir tinham estudado. Ser divindade passou a ser um dos problemas das crianças – já nem falo dos adolescentes que Daniel Sampaio analisa – que, nas minhas próprias palavras, criam aos pais um problema de não saber como agir. As crianças têm a pulsão da morte junto à da felicidade, mas a realidade, como relatava na sua análise o pequeno Richard com Mélanie Klein e Hans com Freud, eram e são capazes de não ouvir os seus pais, os seus progenitores ou adultos que, para eles, devem desaparecer das suas vidas, como refiro no capítulo 4 deste livro, A Ilusão de sermos pais, editado e publicado por Monografias.com, 2008, Rio de Janeiro. Também nas minhas palavras, a partir da minha observação de campo, desejam ver desaparecer os seus adultos. Longe da ideia de Édipo, pelo problema de globalização que nasce em 1775, Adam Smith ao lançar essa ideia da divisão do trabalho e que toda a população deve participar de forma autónoma e individual na riqueza da nação. Sabemos, e tenho explicado em outros textos, que Durkheim rebate a ideia em 1893, porque a divisão do trabalho é social, não apenas porque um faz o que o outro não sabe, bem como porque depende das capacidades, habilitações, formas da economia dentro da vida política e social, que permite às crianças, ultrapassar os ciúmes Edipianos, entrar nos ciúmes da concorrência, do consumo, das formas de vestir, do gasto para além das possibilidades e recursos. Situação que Szas tinha previsto com os seus estudos de teste e que Durkheim desenvolve para adultos e eruditos, em toda a sua obra, incluindo a que ajuda Lenine a derrubar o Império do Czar. Esta análise passa pela de Piaget, que experimenta apenas saber o conhecimento dos pequenos, porque entronca com a política contextual do objectivo de vida e de auto-estima. Se o leitor passar os olhos outra vez pelo texto que acabo de citar, será capaz de entender que a criançada coloca os adultos contra a parede: tenho estes meios, tenho este desejo, o meu grupo gasta em corridas, há quem passe droga e dinheiro, a minha inteligência e o meu corpo vão com eles. As pulsões tanáticas estão presentes dentro de um mundo que está sempre em guerra ou em debate entre classes sociais, pelo que procuram refúgio dentro das pulsões eróticas, organizadas dentro do comércio globalizado, facilitado pela queda do simbolismo que ajuda a entender hierarquias e formas de pensamentos que alimentam o saber erudito. A criança, desde a idade denominada do fim de Édipo, acaba por entrar numa corrida que pára na falta de simpatia solidária entre seres humanos.

Bem entendido, não tenho percentagens para basear a minha hipótese, mas tenho essa percentagem do método qualitativo do trabalho de campo, da observação participante retirada da vida com gente miúda faz já mais de 25 anos. Eis porque as análises de Durkheim e de Zsas despertam em mim um grande entusiasmo. É impossível não juntar a estes autores as ideias de Bion sobre aceitar a dor para desenvolver o entendimento. Quase como uma ideia religiosa de mim para com os outros, dentro da qual o símbolo exógamo acaba por ter uma valor que me leva a afirmar, sem hesitação, que o objectivo da interacção social e da acção do inconsciente é não ferir bebés com adultérios, nem aceitar dois factos que acontecem facilmente nos lares: a pedofilia e o incesto. As etnias que tenho analisado têm resolvido o caso com rituais clãnicos e mitologia que apura a forma de agir.

Não é outra, para nós próprios, que o mito da Génese, Capitulo 4, sobre Caim e Abel . É apenas um exemplo de várias actividades: para começar, da existência de uma divindade que sabe punir conforme entende, essa que Feuerbach tinha analisado em 1841 e da qual quer Marx, quer Freud, retiram a teoria da alienação, como analiso mais à frente e noutros textos. E, em segundo lugar, estamos a falar duma actividade denominada sacrifício, oferenda, que significa derramar sangue, esse sangue derramado que faz parte do acreditar nas normas culturais dos cristãos, a maior parte da população que nos interessa para este texto, ideia de sangue que retira a ideia de pecado e de crime e facilita a corrida actual entre Eros e Thanatos, num processo religioso civil, sem importar se vive ou morre, se mata, rouba ou engana, como fez Caim na sua oferenda: retira bens não adequados para tamanha magnificência, como uma divindade sem nome, que tinha punido os seus pais. Não há o problema de Édipo no caso do mito, mas sim de falta de cumprimento da lei de respeito à consanguinidade e ao parentesco. Caim é um Thanatos que Freud não usou, muito embora tenha usado o Tora em grande parte da sua teoria, como Klein e Bion os Evangelhos. No mito referido, Abel aparece apenas num verso, pelo facto de a sua conduta ser normal, a que corresponde: entregar o melhor do seu gado e sacrificá-lo, como acontece em todas as Bíblias, num prenúncio da morte de um outro mito ainda, Jesus, que é morto como cordeiro e é usado no caso pelos terapeutas franceses, como analiso mais à frente: um ante – Édipo que ama o pai que o mata, mito acreditado por milhares de pessoas e comemorado, especialmente entre nós, todos os dias. Vivemos, como se depreende da Génese, dentro da sociedade do sangue, do sacrifício, da entrega, não para entender, mas para atingir à Massim, uma outra vida e fugir do conhecido Thanatos. Caim é o melhor exemplo do caso. O contexto cultural é a forma de entender o pensamento, desde que se leiam os textos, se comemore o ritual como tantos antropólogos fazem, se entendam os símbolos e os mitos sejam respeitados dentro da verdade que levam em si, como esta do pecado e do bem e do mal de Caim e Abel, útil para analisar o saber das crianças e o seu imaginário sem os pais terem que entrar pelas raivas e pelas formas de punição que Evangelhos e Bíblia definem com detalhe. É suficiente observar Fátima em Portugal e a Faixa de Gaza no Oriente, para sabermos que é muito diferente dos Baruya da Nova Guiné, analisados por Maurice Godelier. A nossa relação de resiliência, definida por Boris Cyrulnik – como analiso no Capítulo 2-, para desenvolver o amor às crianças que são pequenos patos canalhas, e também para os pais entenderem o seu dever de amar com respeito esse bebé chorão que quase o não lhe permite trabalhar no dia seguinte. Há uma excelente contradição entre o dever de amar e o de ser agasalho da descendência: na nossa sociedade, como no Jardim do Éden fora do mesmo ainda mais, não é permitida essa definida capacidade de entender, que é denominada inaudita capacidade de amar apesar do peso da criança e da sua educação como filho e ser humano

É o mito que faz lembrar essa descendência de Bion, incrustada em Cyrulnik, analisada no Capítulo 2, de forma sintética: a resiliência precisa de muita análise e trabalho de campo com bebés e com os seus progenitores. E, da parte dos pais na realidade, de uma grande paciência para entender o produto da sua paixão e saber que um dia cresce e acaba por não ser a filiação à qual nos tínhamos habituado, como comento no Capítulo 3. Os filhos largam os pais e estes, devem ver, ouvir e calar e permitir que a geração seguinte, seja capaz de melhorar essa relação tão complexa, essa de sermos pais, sem entrarmos pelas ilusões, mas dando força ao real.

Normalmente, pensa-se que o que interessa para a Etnopsicologia é entender porque os pequenos não devem chorar. Uma minha orientada de tese de doutoramento colocou-me no Seminário quatro questões que me fizeram pensar: a primeira, uma frase já consagrada: os meninos não choram, primeira ideia da repressão das emoções que sofre parte de humanidade que nos acompanha na vida. O pranto é o resultado dos sentimentos feridos ou frustrados e cura toda e qualquer pessoa que faz luto por uma actividade mal construída, ou, pior ainda, pela perca de um ser humano que ama. A seguir, a repressão dos pais na realidade, está consagrada ainda numa outra frase: se te portas mal, apanhas. Por outras palavras, há uma vara de medida do que se deve e não deve fazer que, na sua sabedoria infinita, omnipotente, os progenitores conhecem: é o facto de se ser bem visto porque a nossa descendência é amável, gentil, atenciosa...conceitos distantes de uma Epistemologia a crescer. Mas, para os pais, adultos que optam – e nem sempre bem – os seus mais novos devem fazer como eles e assim ganham a resiliência, moeda grátis, e não trinta denários de prata, sempre ao pé do pequeno que já sofre imensa raiva e a exprime à sua maneira. Um adulto tem uma ironia simpática suficiente para aceitar pulsões que podem ferir o ego e os outros. Esse outro tão importante de analisar na Antropologia, que converte a Etnopsicologia numa ciência de direito próprio, sem um método previsto para classificar o comportamento, como faz a psiquiatria. Daí que tenha escolhido Etnopsicologia: não tem clínica, observa e aprende e abstrai para propor mais compreensão na relação adulto criança. Como essa outra frase dita, a terceira, que pretende regulamentar a conduta rebaixando os pequenos: meninos que não lavam as mãos, são porcos, é dizer, uma metáfora dura, suja, que dita com zanga, acaba por deixar cair o pequeno dentro de uma grande melancolia a ser paga nas depressões do adulto. E digo assim tão forte, porque estas frases, com punições e gritos, são parte do quotidiano da criança que apenas deseja fugir dos pais: um Édipo social, com libido emotiva ferida, a ser guardada para a vida adulta, queira ou não o indivíduo. Como a outra fatalidade que indica o desapreço de quem apenas sabe procurar carinho: já viste esse menino tão sossegado e tu tão irrequieto, que mete nojo? Não sabes fazer como ele?

Grande dor que nos acompanha desde a concepção até à morte e que tento analisar nas poucas páginas que hoje em dia uma editora permite.

Quais as crianças? Estão definidas assim e também mais em frente: essas que são pensadas, a mãe engravida e até os 4 anos, não sabem muito bem por onde andam, excepto que têm um conjunto de inimigos em casa, e talvez fora dela, se o seu alimento e carinho primário lhes forem retirados.

http://br.monografias.com/trabalhos913/licoes-etnopsicologia-infancia/licoes-etnopsicologia-infancia2.shtml#xoreal
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Sábado, 29 de Maio de 2010

Mis Camelias - notas de pié de página 1-19

[1] Achunchado, con vergüenza. Es un chilenismo derivado de la lengua Tupi, Etnia Guarani, de las hoy Repúblicas de Uruguay y Paraguay. El comentario encontrado es: Yo creo que los chilenos somos demasiado únicos, no nos parecemos a nadie, somos enrollados e intensos, cariñosos e indiferentes, así mismo achunchados y prepotentes... somos bastante freak, hay que decirlo. Retirado del sitio:

http://es.wiktionary.org/wiki/achunchado

[2] Judith Hart fue miembro activo del Partido Laborista, Ministro y Condecorada, como digo a seguir, sin perder la ligación a otras informaciones sobre la Política del Partido Laborista, que tanto ayudó a los chilenos exiliados: a British Labour Party politician: http://en.wikipedia.org/wiki/Judith_Hart

Su vida puede ser leída en: http://www.google.pt/#hl=pt-PT&source=hp&q=Judith+Hart&btnG=Pesquisa+do+Google&aq=f&aqi=g3&aql=&oq=Judith+Hart&gs_rfai=&fp=f6b80cce6b5828c1

Christened Constance Mary Judith Ridehalgh, she was educated at Clitheroe Royal Grammar School, the London School of Economics and the University of London. She married Anthony Bernard Hart in 1946. She was a lecturer at a teacher training college. She was a member of the Fabian Society and a branch secretary of the Association of Scientific Workers.

Hart was unsuccessful Labour candidate for Bournemouth West in 1951, and Aberdeen South in 1955. She was elected as member for Lanark in 1959, holding the seat until 1983. Thereafter she sat for Clydesdale until 1987.

[3] Judith Hart, como relato en otro libro mío, me había llamado por teléfono a Cambridge para pedir consejo de cómo no otorgar un crédito solicitado por Allende, cuando era Presidente, y que ahora iría a los bolsillos de le Dictadura Chilena. Mi respuesta fue simple: "Dr.Hart", pero fui interrumpido por ella y dijo "I am Judith, Professor", a lo que respondí, "If that is your wish, Minister, I am Raúl". Sean los que fueran los motivos de su llamado personal desde su Ministerio de Overseas Development, tuvo la simpatía de preguntar por mi familia doméstica. De inmediato le conté que no la dejaban salir y ella dijo: "Well, that it"s my concern now". Tres semanas después, estaba en este Gatwick que cuento en esta parte del texto, a la espera de la familia toda. Judith Hart está referida no sitio Internet: , página web: http://en.wikipedia.org/wiki/Judith_Hart , fue creada baronesa por sus servicios prestados a la corona, como refiere la página web citada, fallecida muy nueva aún en 1991. Su muerte fue anunciada por su hijo y aparece el relato en la página web: http://www.google.pt/#hl=pt-PT&q=Judith+Hart+fallece&aq=&aqi=&aql=&oq=Judith+Hart+fallece&gs_rfai=&fp=732a3314d26e39e6 , muerta de cáncer que dice: Judith Hart, Baroness Hart of South Lanark DBE PC (18 September 1924 - 8 December 1991) was a British Labour Party politician.

Christened Constance Mary Judith Ridehalgh, she was educated at Clitheroe Royal Grammar School, the London School of Economics and the University of London. She married Anthony Bernard Hart in 1946. She was a lecturer at a teacher training college. She was a member of the Fabian Society and a branch secretary of the Association of Scientific Workers.

Hart was unsuccessful Labour candidate for Bournemouth West in 1951 and Aberdeen South in 1955. She was elected as member for Lanark in 1959, holding the seat until 1983. Thereafter she sat for Clydesdale until 1987.

She held ministerial office as joint Parliamentary Under-Secretary of State for Scotland from 1964-66, Minister of State, Commonwealth Office 1966-67, Minister of Social Security from 1967-68, Paymaster-General (with a seat in the Cabinet) from 1968-69, Minister of Overseas Development from 1969-70 and from 1974-75, and as Minister for Overseas Development from 1977-79. In so doing, Hart became the fifth woman ever to have been included in a government cabinet in the history of Britain.

In opposition, Hart was front bench spokesman on overseas aid, 1979-80. Govt Co-Chairman of the Women's National Commission, 1969-70. Within the Labour Party she was a member of the National Executive Committee, 1969-83, latterly as Vice-Chairman in 1980-81 and as Chairman in 1981-82.

She was appointed a Privy Counselor in 1967 and appointed a DBE. In 1988 she was created a Life peer, as Baroness Hart of South Lanark, of Lanark in the County of Lanark. Por haber sido importante en nuestras vidas, narro su historia casi toda. Sin Judith, que también organizó Academics for Chile, nunca habría conocido a Camila, ella a Felix y no habríamos sido tan felices como hemos sido.

[4] http://en.wikipedia.org/wiki/Holyrood_Palace , que dice, entre otras ideas: The Palace of Holyroodhouse, or informally Holyrood Palace, founded as a monastery by David I of Scotland in 1128, has served as the principal residence of the Kings and Queens of Scotland since the 15th century. The Palace stands in Edinburgh at the bottom of the Royal Mile. The Palace of Holyroodhouse is the official residence in Scotland of Queen Elizabeth II, who spends time at the Palace at the beginning of the summer.

Holyrood is an anglicisation of the Scots Haly Ruid (Holy Cross).

The ruined Augustinian Abbey that is placed in the grounds was built in 1128 at the order of King David I of Scotland. It has been the site of many royal coronations and marriage ceremonies. The roof of the abbey collapsed in the 18th century, leaving it as it currently stands a ruin.

The Abbey was adapted as a Chapel for the Order of the Thistle by King James VII (and II of England), but was subsequently destroyed by a mob. In 1691 the then-new Kirk of the Canongate replaced the Abbey as the local parish church, where today the Queen attends services when in residence at the Palace. No traduzco para no perder ligaciones a otros textos.

[5] El Diccionario de la Real Academia Española, DRAE, dice: ojeado, da.

(Del part. de ojear1).

1. adj. Hond. y Ur. Dicho de una persona o de una cría de animal: Que ha sido objeto de mal de ojo.

2. f. Mirada pronta y ligera que se da a algo o hacia alguien.

Puede ser leído en el sitio Internet: http://buscon.rae.es/draeI/SrvltConsulta?TIPO_BUS=3&LEMA=ojeada

En el caso de Chile, mal de ojo es una creencia de que algo anda mal por ser mal visto por alguien. Está en todas las entradas Internet: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Creencia+Chilena+Mal+de+ojo&btnG=Pesquisar&meta= , especialmente en: Has oído sobre el mal de ojo? TE ha sucedido, que dicen que muchas personas poseen mirada fuerte y eso afecta muchas veces a los bebes que si los miran le causan mal. Retirado del blog Yahoo respuestas, para el público opinar: http://mx.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080421204943AA20I4c&show=7

En Colombia es muy popular esa creencia en algunos sectores de la población, y buscan curanderos que les miden creo que las palmas de las manos a los niños o los pies, y los voltean teniéndolos de los pies y así los curan dicen, hasta hay diferentes clases de ojos, el secador el que los deja mudos el que paraliza y a muchos niños les ponen azabaches o corales en las muñecas o en los talones para protegerlos de eso. Y dicen que cuando se sabe quien le hizo ojo al niño lo deben de llevar donde esa persona y ella lo debe de cargar todo el día. Información del blog Yahoo ya citado.

[6] Freud, Sigmund, escribió en 1905: On Sexuality, publicado en Viena de Austria en lengua alemana, y más tarde, en 1965 en Gran Bretaña, en 1953, por la Editora Pelican Books de Londres, donde el autor se había refugiado de la persecución Nazi, referido en: http://en.wikipedia.org/wiki/Three_Essays_on_the_Theory_of_Sexuality#_ref-0 En Castellano, está editado por Alianza Editorial, con el título de Sexualidad Infantil y Neurosis, en 2004: http://www.casadellibro.com/fichas/fichabiblio/0,3060,2900000973039,00.html?codigo=2900000973039&ca=1085

[7] El libro de Bion, discípulo inglés de Freud y Klein, que refiero, es el de 1962: Learning from experience, William Hainemann Medical Books, Londres. Citado en el sítio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Wilfred+Bion+Learning+from+experience&btnG=Pesquisar&meta= y en especial, en la página web: http://en.wikipedia.org/wiki/Wilfred_Bion

[8] Klein, Melanie, discípula separada de Freud, está referida no sitio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=M%C3%A9lanie+Klein%2C+Envy+and+gratitude&btnG=Pesquisar&meta= , especialmente en la página web: http://books.google.pt/books?ct=title&q=Envy+and+gratitude+published+by&btnG=Pesquisar+livros El texto referido fue publicado por la primera vez en 1946 en lengua húngara, y en inglés en 1975. La obra está en la Editorial Brasileña, escrita en lengua de Brasil, Imago, Volumen III: Inveja e gratidão, de 1985, pp. 205-267

[9] Iturra, Raúl, 2000: O Saber Sexual das Crianças. Desejo-te porque te amo, está referido em: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Ra%C3%BAl+Iturra+O+Saber+Sexual+das+Crian%C3%A7as&btnG=Pesquisar&meta= , especialmente na página web: http://www.freipedro.pt/tb/290600/soc9.htm , texto que comienza com la frase: "A criança é um ser humano com desejos", frase del diário Terras da Beira, del 29 de Junio de 2000.

[10] El original está retirado del volumen cuarto de las obras de Klein, publicados por la Editora Imago, de Río de Janeiro, 1ª edición 1975, la que uso está referida en la Internet y de la 2ª Edición en formato de papel, 4 Volúmenes, de 1985. El trozo citado, traducido por mí, dice: el yo de la crianza es muy inmaduro y el superego muy débil como para establecer un proceso psicoanalíco. El analista debe adoptar el papel de guía para apoyar el yo y para fortalecer el superyo. "Melanie Klein sustentava que o superego de uma criança é mais perseguidor e rude do que nas fases posteriores do desenvolvimento, e assim o papel do analista seria diminuir a severidade do superego, permitindo com isso que o ego se desenvolva mais livremente. Esta questão, bem como outros aspectos teóricos da obra de Melanie Klein, levantaram contra ela forte oposição nos meios psicoanalíticos, tendo sido mesmo proposta, em 1945, a exclusão dos kleinianos da Sociedade Britânica de Psicanálise". Texto escrito en lengua luso brasileña, posible de leer en la página web: http://www.bvs-psi.org.br/psilivros/us_resenha.asp?id_livro=749

[11] El lector puede encontrar ideas en la página web: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wilfred_Bion , y en el sítio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Wilfred+Bion++Learning+from+Experience&btnG=Pesquisar&meta=

[12] Spock, Benjamin, 1946 1ª Edición, la nuestra era de los años 60: El sentido común de cómo criar un bebé, o, como era denominado: Los cuidados del bebé y su infancia, cuyo título en inglés es: The Common Sense Book of Baby and Child Care, que se puede encontrar en la página web: http://en.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Spock#Books y en el sitio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Dr+Benjamin+Spock&btnG=Pesquisar&meta=

[13] Niña high, fue adoptado por la lengua Castellana Chilena, al ser exhibido el famoso filme High Society, de Charles Walters, con Grace Kelly, Frank Sinatra y Bing Crosby, entre otros, en 1956. Quien esté interesado, puede visitar las varias entradas de la página electrónica: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=High+Society%2C+Film&btnG=Pesquisa+do+Google&meta= Esa película un re-make de otra de 1940, The Philadelphia Story, de Joseph Manckiewics, con Katharine Hepbiurn, Cary Grant e James Stewart. Filme adoptado para referir a las personas elegantes y muy cursis en su manera de ser. Ni siempre es un elogio, pero, como siempre detesté los debates y las malas lenguas, entendía como una manera bonita de referirse a nuestra hija, que adorábamos. Para quién se interese, puede leer las diversas entradas de: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=The+Philadelphia+Story%2C+Film&btnG=Pesquisar&meta=

[14] La Isla de Cairu, es una de las que es referida, enfrente de San Salvador de la Bahía, Brasil, en el sitio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Ilha+de+Cair%C3%BA%2C+S%C3%A3o+Salvador+da+Bahia%2C+Brasil&btnG=Pesquisar&meta= y en la página web: http://www.morrodesaopaulobrasil.com.br/portugues/geografia.htm, que dice: Morro de São Paulo está situado no extremo norte da ilha de Tinharé, ilha que compõe, junto com Boipeba, Cairú e outras 23 pequenas ilhas, o Arquipélago de Tinharé. O arquipélago fica a cerca de 60 quilómetros ao sul de Salvador, próximo á cidade de Valença. Cairu é um município brasileiro do estado da Bahia. Sua população estimada em 2004 era de 9.457 habitantes.

Cairu é o único município-arquipélago brasileiro (formado por 26 ilhas).

O município foi criado em 1608 com o nome de Vila de Nossa Senhora do Rosário de Cairu. Foi fundado depois da guerra contra os Aimorés, provavelmente em 1610, nasceu também com sua fortaleza.

O Arquipélago de Tinharé é também o único município-arquipélago do Brasil, o município de Cairú, com sede na ilha de mesmo nome. O texto original es en lengua lusa del Brasil, no son faltas mías al escribir. No traduzco para no perder ligaciones a otroa textos relacionados con los árboles y con las actividades de nuestra hija Camila en Cairu.y en San Salvador de Bahia.

[15] Camila Iturra está referida en el sitio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Camila+Iturra&btnG=Pesquisa+do+Google&meta= y el comentario, en la página web: http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/story/2003/07/printable/030724_pinelmp .shtml , que tiene este título: Britânicos fazem concerto para proteger árvores brasileiras

O que árvore tem a ver com música? Muita coisa. Isto porque mais de 200 espécies diferentes de árvores são utilizadas para fabricar instrumentos musicais - e 70 delas estão ameaçadas de extinção.

[16] Tonto, es un adjetivo chileno, retirado de las formas nativas de hablar en Mapudungun o lengua de los Mapuche, importada a España por los colonizadores y que significa una persona que no entiende, que no sabe, que le es imposible comprender el sentido de lo que acontece o de lo que está dentro de un texto o de las palabras. También se emplea de forma cariñosa, cuando se responde con ironía a lo que otra persona propone. También el diminutivo, es símbolo de afecto. Hay otro significado en las varias entradas que voy a citar: Es también la persona que no quiere saber la verdad. El texto, en luso brasileño, dice así: Estas personas no quieren saber la verdad. Es posible leerlo en: www.brasilblogs.com.br/busca/tonto Hay un artículo extenso, de 1999, de la autoría de la académica Dense Salim Santos, cuyo título es: DEIXE O POVO FALAR

ARTIFÍCIOS LEXICAIS NO DISCURSO LITERARIO

DE JOÃO UBALDO RIBEIRO.

Retirado de http://www.filologia.org.br/viiicnlf/resumos/deixeopovofalar.htm

También hay otros significados que aparecen en películas, como: Tonto is a fictional character, the Native American assistant of The Lone Ranger, a popular American Western character created by Fran Striker. He has appeared in radio and television series and other presentations of the characters' adventures righting wrongs in 19th century western America.

Para saber más, puede ver la enciclopedia libre Wikipédia, página net: http://en.wikipedia.org/wiki/Tonto

También hay otros significados que sente ou tem tonturas.

idiota; bobo, alienado, ingenuo.

(Regionalismo - Brasil) embriagado. En: http://pt.wiktionary.org/wiki/tonto#Adjectivo,

También, como sustantivito en portugués: aquele que sente ou tem tonturas.

aquele que é idiota, bobo.

aquele que é alienado.

Aquele que é ingénuo retirado de la misma enciclopédia: http://pt.wiktionary.org/wiki/tonto , donde hay má informaciones.

[17] Extraño, en Castellano, quiere decir, o define personas que queremos y no están con nosotros. Era nuestra realidad, vivíamos pendientes de la familia que nos faltaba, vivíamos entre extraños. Debe ser por eso que la familia Vio de esos tiempos, y más tarde mi hermana Blanquita, nuestro Cuñado Miguel y nuestra sobrina Alejandra, eran personas de nuestra intimidad, en conjunto con la familia de Gonzalo y Consuelo Tapia, que nos habían cogido a nuestra llegada a Inglaterra. Para no tener dudas, busque una definición fuera de mi, y encontre esta: Uma palavra que parece muito com saudade em espanhol é a palavra (verbo) "extrañar", que significa notar a falta de uma pessoa, ou sentir que alguém não está. La definición está en la página web: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061110182646AA9ug3 , del sitio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Significado+Palavra+Extra%C3%B1o+Espa%C3%B1ol&btnG=Pesquisar&meta=

[18] Id es un concepto definido por Freud en su teoría sobre el análisis del inconsciente, uno de los lugares del cuerpo humano más difíciles de investigar, que requiere mucho entrenamiento por parte del analista. Una de las definiciones encontradas, es derivada de las teorías de Lacan: "A fronteira para além da qual se desintegra a nossa identidade humana está traçada dentro de nós, e não sabemos onde". Retirado del sítio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Defini%C3%A7%C3%A3o+Conceito+Psicoanalista+de+Id&btnG=Pesquisar&meta= , específicamente del espacio net: www.psicoanalisisenelsur.org/num3_articulo2.htm - , definición del analista Vitor Igor Lobão, cuyo texto está en el lugar net referido, intitulado: "Do espírito do feiticismo á lógica a-crítica do consumismo.Freud define así: "O id (isso) é o termo usado para designar uma das três instâncias apresentada na segunda tópica das obras de Freud. Possui equivalência topográfica com o inconsciente da primeira tópica embora, no decorrer da obra de Freud, os dois conceitos: id e inconsciente apresentem sentidos diferenciados.

Constitui o reservatório da energia psíquica, onde se "localizam" as pulsões. Faz parte do aparelho psíquico da psicanálise freudiana de que ainda fazem parte o ego (eu) e o superego (Supereu). Escrito en lengua luso brasileña, e retirado da página web: http://pt.wikipedia.org/wiki/Id . También es necessário sintetizar la teoría Freudiana, para entender esta idea de andar entre extraños: O id representa os processos primitivos do pensamento e constitui, segundo Freud, o reservatório das pulsões, dessa forma toda energia envolvida na actividade humana seria advinda do id e, portanto, de origem sexual. O id é responsável pelas demandas mais primitivas e perversas.

O ego, permanece entre ambos, alternando nossas necessidades primitivas e nossas crenças éticas e morais. é a instância na que se inclui a consciência. Um eu saudável proporciona a habilidade para adaptar-se á realidade e interagir com o mundo exterior de uma maneira que seja cômoda para o id e o superego.

O superego, a parte que contra-age ao id, representa os pensamentos morais e éticos internalizados. Retirado da página web: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud#Divis.C3.A3o_do_Inconsciente . Por lo que, cuando refiero Id en el texto, estoy a hablar de la regresión que hacemos cuando nuestra identidad es perdida al ser transferidos, como seres humanos, a otra cultura que no es nuestro, sin estar con los nuestros, nuestra lengua, nuestros hábitos y nuestras propiedades. Cuando perdemos todo eso, en mi análisis, tornamos a un proceso infantil, hay que comenzar todo de nuevo, con el efecto agravante de tener hijos pequeños, que necesitan de la protección de sus padres activos y que entienden una realidad que puede ser explicada. Sin embargo, y por causa de estar en otra cultura, esos adultos han, entretanto, vuelto a la infancia, al estar a tentar entender otros conceptos de otras lenguas.

[19] Mariana está referida, con la profesión que tiene hoy en día, de Bibliotecaria Especializada, en el sitio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Chile+Odepa+Mariana+Giacaman+Valle&btnG=Pesquisar&meta= , especialmente en la página web: http://www.odepa.gob.cl/transparencia/honorarios.html
publicado por Carlos Loures às 15:00
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