Terça-feira, 16 de Novembro de 2010

Era uma vez uma Serra e um Vale

Eva Cruz



Chega à Serra o Inverno

amanhece tarde anoitece cedo.

No caminho novo

canta a gaita do guarda-soleiro

conserta varetas amola tesouras

pedal e roda fazem milagres.

É tempo de apanhar agulhas

que os ventos de Outono

estenderam nos matos.

Pinhas sequinhas

enchem sacos de linhagem

espalham pinhões de asas

pelo chão.

É tempo do frio que se avizinha

tempo de agasalhar o Inverno

que vai abraçar a Serra

num abraço de frio

que Raquel aquece pela vida fora.



Vem na saudade

de muitos Invernos

já não há guarda-soleiros

nem agulhas nem pinhões de asas

anoitece cedo e tarde amanhece.

(In Era uma vez Future Kids)


(Ilustração de Adão Cruz)

publicado por Carlos Loures às 08:00
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Domingo, 14 de Novembro de 2010

Poetas do trigo



Eva Cruz


Sementes de água
gotas de trigo no chão duro
cresce o pão mal repartido.

Ergue-se o punho erguido
de Homens Inteiros
poetas do trigo
na fome da Revolução.

Ceifeira da noite
com medo do dia
semeia a morte
mais pobre a seara.
Ceifeiras do dia
foices vermelhas
cantares de esperança
não deixam a morte
matar a seara.

Sementes de água
gotas de trigo
não morre a seara
não morrem os Homens
os Homens Inteiros
poetas do trigo repartido.


(Ilustração de Adão Cruz)
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Quarta-feira, 10 de Novembro de 2010

Em terras de Belém (

Eva Cruz



Em terras de Belém
Presépio de sangue
Estrelinha apagada
Magos sem rumo
Jesus nascido
P´ra nada.

Na coroa os espinhos
Nas mãos as chagas
Cristo perdido
Entre os homens
O Gólgota erguido.

Um muro de ódio
Feito de mortos
Feito de corpos
Cristo de novo crucificado
Mártires lado a lado
Eternos heróis
Rebentados de pólvora
Atada à cintura
Um muro erguido
Entre a fome
E a fartura.

Ergue-se a lua
Em forma de crescente
À Palestina sem terra
Resta apenas
O céu do Oriente.
publicado por Carlos Loures às 08:00
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Terça-feira, 2 de Novembro de 2010

Uma casa grande

Eva Cruz





É uma casa grande
tem dentro o mundo
em recantos de lenda
e história.
Alma de poetas.
Retratos e santos
recordações de vida
por todos os cantos…
Livros nas paredes
seu melhor recheio
quadros a saber a poesia
e o vento que agita a figueira
a entrar pelas portas adentro.
Música de um bandolim adormecido…
Levanta o pó
descobre Marx, Brecht
e Nietsche.
O vento da história
acorda a memória
aconchegada ao canto da lareira.
É uma casa grande
com escadas
onde se brinca às escondidas
e as crianças inventam anjos
pelos cantos…
Gostam da casa
correm-na a rir
sem medos de partir
o que por lá há.
É uma casa grande
tem dentro o mundo
onde só vale
a alma do que lá está.

(ilust.Adão Cruz)
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Sexta-feira, 29 de Outubro de 2010

Era uma vez uma Serra e um Vale

Eva Cruz

Já o sol vai alto
deixando para trás a Serra negra.
Apita na calçada o azeiteiro
o cansado chocalhar das almotolias
entrelaça o tropeçar gasto do burrico.
Escorre o azeite da torneirinha
o azeite que vai regar a medo
a ceia da lareira
a lareira do vinho quente da infusa
dos serões com lendas de encantar
e histórias de aterrar
a grade de ouro no fundo do rio
a pedra que promete grande tesouro
a quem a virar
o gado que foge
por artes do demónio
ou por feitiço
no meio das noites de Inverno
sem fim.
A lareira do saber
a falar das curas
das ervas e dos chás
das rezas e artes de talhar
o mau olhado
a espinhela caída e a erisipela.
É o mundo do fantástico
que põe à roda a cabeça de Raquel
e a faz ver para além da noite
no firmamento
alguma estrela que a verdade lhe conte
entre o sonho inventada e a fantasia.

Mas em tempo já sem conta
a verdade que tem
não é a verdade sonhada
nem a verdade que queria.

(In Era uma vez Future Kids)
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Domingo, 24 de Outubro de 2010

Era uma vez uma Serra e um Vale

Eva Cruz


Um relâmpago ilumina a Serra de lés-a-lés
S.Jerónimo Santa Bárbara Virgem
santos deuses santos fortes
entre nós e o perigo
o trovão ruge nos quatro cantos do Vale
trovoada seca Senhor a ralhar
dentro das mantas de lã é mais seguro
e Raquel sabe rezar
para amainar a raiva
de um Deus que castiga
sem pau nem pedra
leva-a para monte maninho
onde não haja pão nem vinho
nem raminho de oliveira
nem bafinho de menino.
Tudo está cavado e semeado
à espera da chuva abençoada.
Na calçada rolam as pedras
debaixo dos tamancos dos romeiros.
Padre nosso que estais no Céu
ora pro nóbis
fazem eco nos muros do caminho.
Ele são procissões ele são novenas
com meninas vestidas de negro
com cestinhos à cabeça
redondos
cobertos de linho bordado
ofertas em troca de chuva
ou bênçãos pra alma e corpo.
Raquel vai com as meninas da novena
e torna-se peregrina das rezas
rezas ladainhas e anjos
santos e santas que livram dos males.

Peregrina do mundo
em romaria do tempo
na calçada não há meninas de novena
nem pedras soltas
nem rezas nem ladainhas.
O Vale está seco
a chuva não importa
trovoada seca
Senhor a ralhar.


in "Era uma vez, Future Kids

(Ilustração de Adão Cruz)


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Sábado, 23 de Outubro de 2010

Zé e o circo

Eva Cruz


Meninos vamos ao circo
Não quero que falte ninguém.

Zé não vai ao circo
Zé não tem vintém.

Meninos desenham na escola
O circo por dentro e por fora
Feras, acrobatas e palhaços.

Zé viu o circo também
Com a mente que um pobre tem.

Imagina o que não vê
E vê mais do que ninguém.

Zé desenha o circo só por fora
Todo altifalantes em pé
A chamar Zé, Zé, Zé…

(Ilustração de Adão Cruz)
publicado por Carlos Loures às 07:00
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Quinta-feira, 21 de Outubro de 2010

Fotopoemas: Viçosa flor

Poema de Eva Cruz e
fotografia de José Magalhães





Viçosa flor
erguida
na haste da vida
de seiva perdida
no caminho do nada.
No caminho do nada
flor arrancada
em pétalas de água
desfeitas em pó.
Água dos olhos
da vida em flor
na saudade imensa
do caminho do nada
__________________
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Quinta-feira, 14 de Outubro de 2010

Aquela janela

Eva Cruz

Ai se eu soubesse pintar
pintava aquela janela
com cortinas brancas bordadas
aquela janela a rir
com o sol da Primavera
enfeitada de glicínias
brancas e lilases
de lírios roxos e amarelos
os primeiros do jardim.
Aquela janela ao rubro
com o sol de Verão
o cortinado de luas e estrelas
um balão de S. João
de todas as cores
ramalhos
das cascatas e o cheirinho
a manjerico.
Aquela janela
enfeitada
de anjinhos papudos
e o Pai-Natal
pregado no cortinado.
O azevinho na jarra
com bolinhas vermelhas
as pinhas dos abetos
abraçadas às hidrângeas secas
colhidas no Outono.

Aquela janela
com as cores dos poentes outonais
laranja e róseos, intensos e pálidos
cores do sol que se despede.
Ai se eu soubesse pintar
pintava aquela janela
com as cores de todas as cores
e nela desenhava
uma velhinha
sentada no sofá
à espera que a vida passe.
De costas para a janela
por onde a vida passou
e a deixou parada
na contemplação da alvorada
sem cor.
Ai se eu soubesse pintar
pintava aquela janela
com o sol de todas as cores
e não pintava a madrugada.

(Ilustração de Adão Cruz)
publicado por Carlos Loures às 08:00
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Segunda-feira, 11 de Outubro de 2010

Era um vez uma Serra e um Vale

Eva Cruz


A Serra solta os rios
os riachos pela encosta
correm trémulos
por entre juncos e salgueiros.
Nos açudes da pedra gasta
lavam as lavadeiras
e na erva verde
cora a roupa branca.
Das carvalhas vergadas
pulam os meninos
para o poço negro e fundo.
Sem mestre aprendem a nadar.
Há ilhas no rio
de areia fina e amoras negras
há seixos brancos
flores de sabugueiro
recantos de paraíso
paraíso de Raquel.
O rio que leva ao mar
traz a memória
dos que deixaram a Serra
em busca da sorte.
E o pensamento de Raquel
corre esse rio de memórias
e perde-se no tempo do tamanho do mar.

A saudade trá-la de volta.
Nem lavadeiras nem meninos a saltar
nem amoras negras em ilhas de paraíso
só o poço negro e fundo
parado e sujo
sem vontade de ver o mar.

(in "Era uma vez Future Kids")

(Ilustração de Adão Cruz)
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Sábado, 9 de Outubro de 2010

Era uma vez uma Serra e um Vale

Eva Cruz
Da Serra sobem
fumos brancos
direitos ao céu
sinal de borralho
na pedra do lar.
A noite fria
cobre os campos de geada
que o sol cobre de prata.
Raquel pousa na terra
os tamanquinhos negros
tachas a brilhar
música de neve.


Cabelos de geada
abre Raquel as asas
de voar o tempo cansadas
não há fumo de borralho
apenas casas
sem pedra do lar.


(in "Era uma vez, Future Kids)




__________

(Ilustração de Manel Cruz)
publicado por Carlos Loures às 08:00
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Domingo, 3 de Outubro de 2010

Era uma vez uma Serra e um Vale (2)


Eva Cruz


A Serra está cheia de luz
e o Vale coberto de neblina.
É Fevereiro mês do sol e da chuva
o mês que matou a mãe ao so(a)lheiro.
Não há sementeiras nos campos
só os galhos das videiras depenadas
cobrem as ramadas que se desenham
sobre o verde cinzento das ervas daninhas
de chuva salpicadas.
De uma ponta da Serra
desce o arco-íris
a atravessar o Vale.
Os olhos de Raquel
enchem-se das cores do arco de vel(h)a
do vermelho faz uma grinalda
veste-se de verde
leva na alma o azul
e nos olhos o amarelo.
As asas são de branco
e desprendem-se à procura
da outra ponta do arco-íris...
Voa...voa uma vida
e regressa na outra ponta.

Na terra já não há Serra nem Vale
é apenas Fevereiro.



(In Era uma vez, Future Kids, de Eva Cruz)

(ilust. de Adão Cruz)
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Domingo, 26 de Setembro de 2010

Pintei uma árvore

Eva Cruz

Pintei uma árvore
de braços abertos
e vesti-a de folhas e flores.
Veio então um passarinho
de muitas cores
e nela fez um ninho
entre as flores.
Reguei-a de ternura
e com tal jeito
que me nasceu um poema
dentro do peito.
A árvore pediu-me
p’ra ser árvore a sério
e eu disse que sim.
Seja qual for o mistério
é hoje a mais linda
do meu jardim.


(ilustração de Adão Cruz)

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Sábado, 18 de Setembro de 2010

Em jeito de prefácio )

Em jeito de prefácio, de Adão Cruz e Comentário de Marcos Cruz, ao livro de Eva Cruz "Era uma vez em Outubro". Apesar de não conhecerem o livro (sobre o ensino), parecem-me interessantes estes pequenos textos. (Capa do livro, de Manel Cruz,)






Adão Cruz

As nuvens abalaram para outros céus. O sol desceu de mansinho, trazendo pela mão uma brisa leve de Outono, que se aninha nas deliciosas páginas deste livro. Um fio de água cristalina corre as palavras com que a Eva sempre bordou este manto de sonho e mágoa, de amor e prazer, de afecto e enleio. Com ele se fez ao mundo, quando eram de orvalho os caminhos, e do canto dos melros e rouxinóis a melodia do acordar.

Calcorreados tantos trilhos de duras pedras, ainda hoje nele se aquece e envolve os outros, dentro deste livro que mais não é do que um abraço. O sonho de uma vida inteira, ouvindo a sinfonia do novo mundo e deixando à saudade a melodia do entardecer. Quem desta vida lhe sente a alma, sabe que este livro é uma floresta de braços. Braços que se erguem, braços que se abrem e se cruzam, num torvelinho de afectos que se vão escondendo pelas entrelinhas.

Dar às palavras a luz e a sombra, dar às frases o corpo e o gesto, dar a um livro a alma e a vida, não é tarefa de Outono. Já as colheitas se foram. Mas há sempre um fruto cautelosamente esquecido, que amadurece ao ponto de mais nenhum. Este belo livro da Eva é um poema de doces e maduros bagos, que ela foi guardando dos bicos dos melros e pardais.



Comentário (Marcos Cruz)



Do aluno para a professora:

Gostei muito do teu livro. Aprendi, com ele, mais do que tudo, que a família é como a etimologia. Estando ali, sempre, na sua topologia consentida e enganosamente simplista, plana, chata e objectiva, não a queremos estudar, não a queremos aprender, não a queremos prender. Cristalizamo-la como último recurso, pensão de reforma, seguro contra todos os riscos. Esquecemo-la, ou quase, como raiz. É, porém, uma ingratidão ‘necessária’, como o livro leva a deduzir, num dos assomos de bondade que, mais do que a ele, te caracterizam a ti; a ti que não terás, me parece, usado dessa necessidade. Eu, por exemplo, já não posso dizer o mesmo. Que a etimologia está para as palavras como a família para o indivíduo, tu mostra-lo bem. Uma e outra foram o princípio, são o agora e serão o amanhã, tal como o ‘a’ de aprender e o ‘des’ de desprender sempre lá estiveram sem nós notarmos, dizendo-nos que aprender é libertar.

Falas da ‘nudez do que não foi feito’, reconhecendo incompletude na tua vida. Mas não será ela como a mudez do que não foi dito? O teu livro é mais silêncio que palavra, mais branco do que mancha. O que não se lê, porém, não deixa de estar lá. Sempre lá esteve, sempre lá estará, para quem o queira descobrir. A ‘nudez do que não foi feito’ é, pois, o branco imprescindível no livro da tua vida. E é nele que, quando as palavras forem levadas pelo Outono, a família delas se imprimirá.
publicado por Carlos Loures às 19:30
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Domingo, 12 de Setembro de 2010

Prefácio a “Era uma vez, Future Kids”

Adão Cruz

Prefácio a “Era uma vez, Future Kids”, de Eva Cruz

Ei-la. A Serra. E o Vale, pregado à sua saia rodada. Lá estão para quem quiser ver. Mais difícil sentir. A Serra dourada de sóis, verde, negra de breu e prateada de luas altas, desdobrando-se sobre gerações em tapeçarias de cores e ramadas.

Paisagem da memória, memória de outras paisagens. Semeada de espaços que foram tempos, desde o Chão do Moinho às alturas da Senhora da Saúde. Vibrações de criança, gestos de sonho e de música que só o silêncio de hoje sabe escutar.

Fluindo como um rio, os olhos da Eva voltam a habitar os espaços e os tempos, em jeitos de vento e de chuva, de sol e luar, de crenças e fantasmas, de pássaros e flores e cheiros de terra molhada. A Eva cheira a terra molhada. A Eva é uma canção de inverno que só a lareira sabe cantar.

A verde Primavera casou com o amarelecido Outono e a Eva nasceu entre ninhos e rabusco.

A Eva tem uma alma de água onde se espraiam nenúfares, rentes aos pés das hidrângeas. Irmã de piscos e libelinhas, a Eva é uma tarde de Verão entrelaçada de amoras e gavinhas.

Há livros inesperadamente belos. Este é um deles, amadurecido de vida e sentimento, rendilhado de uma singular poesia, a mais bela de todas, a que nasce e cresce com a simplicidade de uma flor.

Romântica e sonhadora, a Eva soube trazer de novo aos caminhos a essência dos passos, decantando o amor e a paz na excelência estética duma autêntica pintura da rusticidade.

São de fábula os seus textos. Poemas que se dedilham por si sós em sons que se confundem com a água dos regatos. Sinais de um caminhar que foi sempre regresso. Como o sol. Cores e símbolos que não se esgotaram nos brinquedos da infância. Harmonia que a errância da vida não desfez e a festa da memória haveria de reinventar. Deliciosa cadência de amor e nostalgia, um tanto elegíaca, que tão bem nos dá o sentido dos longes. Melodia de uma respiração em comum numa vivência de lua cheia.

Pouca gente terá vivido e sentido como a Eva a força encantatória e mágica da aldeia onde nasceu. Por mais voltas que a vida tenha dado, por mais circunvoluções que o computador emocional tenha percorrido, a sua poderosa afeição à natureza e ao riquíssimo imaginário da infância prenderam-na à terra de pés e raízes.

Entender este livro no encontro com a idade da razão, não é fácil para quem não estreou a vida no abraço das árvores e no murmúrio dos rios, para quem não acordou com os melros e os rouxinóis, para quem não se vestiu de sol e se despiu de luar, para quem não colheu do chão a força do carácter e dele fez o seu fio de prumo. No entanto, a simplicidade quase comovedora desta narrativa, constitui um canal de emoções e sentimentos a que o leitor não pode furtar-se, e que lhe permitem descobrir e apoderar-se da magia que a percorre.

A cultura é o caminho da verdade e a verdade o cerne da existência.

A Eva é uma das raras pessoas que conheço que tocaram com os dedos a essência cultural da vida.

Quanto aos desenhos do Manel, apenas duas palavras. Se há pessoas capazes de sentir e entender a simplicidade destas cores e melodias do mundo, uma delas é o Manel, com a magnífica vantagem de as saber recriar à imagem e semelhança da beleza pura.






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