Quinta-feira, 3 de Fevereiro de 2011

O sorriso dos teus olhos tristes (Adão Cruz) (ilustração de Adão Cruz)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

Cai sobre mim o sorriso amputado dos teus olhos tristes numa altura em que os corpos não bailam e as crianças já não são crianças.

 

Não sei se me ouves e se me ouves não sei se entendes a arritmia do ventre das nuvens onde não entra o sol e se entra é o sol antigo dos teus olhos inteiros.

 

Cerrado no grito que se não solta aqueço na sombra da memória as lágrimas frias tecendo de ternura a força quebrada que liga o sonho aos destroços da madrugada.

 

O pão largo do teu corpo teima em não voltar para dentro de mim como se o nada fosse o palácio das esperanças todas.

 

O amor é só teu por vontade minha e meu silêncio mas o sorriso dos teus olhos tristes acende a toda a hora a primavera.

 

Confundimos a paixão com jornada de lágrimas e risos e suspiros e delírio onde a aurora desponta e onde começa a morrer o manso regato do bosque sombrio.

 

Trocamos inconscientemente a água pura fugidia sinuosa por rectilíneas fábricas de vento e eu fiz do vento o hálito da minha boca estranha aliança entre o vinho e o génio entre o altar e o chão.

 

Mesmo assim o sorriso dos teus olhos tristes renasce sempre num rio de pranto corre e salta pelos campos em direcção à cabana onde ainda guardo o mel para as tuas feridas.

 

publicado por João Machado às 08:00
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7 comentários:
De ethel feldman a 3 de Fevereiro de 2011
há pinturas que não se entendem, que de tão fortes com elas o corpo explode, há textos que lidos nos emocionam em lugares antes desconhecidos. quando o corpo asssim reage, tomamos posse da obra e a integramos como dela fizessemos parte. obrigada, Adão.
De augusta clara a 3 de Fevereiro de 2011
Li.
De paxiano a 3 de Fevereiro de 2011
Mesmo assim o sorriso dos teus olhos tristes renasce sempre num rio de pranto corre e salta pelos campos em direcção à cabana onde ainda guardo o mel para as tuas feridas.

Fantástico. Há prosa que se veste de poesia pura! Que belo texto. Parabéns caro Adão Cruz.

paxiano
De augusta clara a 3 de Fevereiro de 2011
Ó Paxiano . você desculpe, mas deve ter sido papagaio noutra encarnação.
De paxiano a 12 de Fevereiro de 2011
Mas porquê, incomodo assim tanto ou acha-se dona de toda a verborreia?
De augusta clara a 12 de Fevereiro de 2011
Não me incomoda nada. Gosto só de falar com pessoas que têm nome próprio e não precisam de se esconder atrás de pseudónimos. É o que acontece com todos aqui no blog.
De paxiano a 13 de Fevereiro de 2011
Então escusa de responder, porque ninguém lhe perguntou nada. Ou será que é mesmo assim...

paxiano

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