Sábado, 29 de Janeiro de 2011
Perguntaram-me se os docentes devem ser homens ou mulheres de saber e de experiência e não artistas? Ainda estava a refletir sobre a questão e surgiu outra pergunta: Deverá a pedagogia assumir-se como um saber ordenado, ou desordenado, estruturado ou desestruturado, ou conter um pouco de ordem, desordem, estrutura e desestrutura.
Por estranhas que as perguntas possam parecer, elas tem razão de ser. Porquê?, Porque se refetirmos bem, a pedagogia assume um caráter de sugestão, na qual o docente se empenha para procurar a adesão de todos os participantes. Sendo assim ela é um processo difícil de determinar, uma mistura de ciência, de arte e até de folclore!
Os docentes têm em comum com o artista a intuição, a capacidade de comunicação e de criação. Tal como o artista, que para além da inspiração, utiliza determinadas técnicas e habilidades, também os professores ou formadores, realizam um ideal, ao porem em evidência um certo número de processos que contribuem para o êxito ou inêxito do sistema educativo. O seu modo de atuar não pressupõe apenas cultura, saberes, experiências, mas também imaginação, intuição, capacidades de improviso, de comunicação não verbal e humor, que são afinal também virtudes do artista.
Sendo assim a ação pedagógica aproxima-se da arte. A arte pedagógica tem a ver com a altura em que é exercida. A sociedade, o tempo disponível. As estratégias e os métodos e técnicas utilizados, os meios pedagógicos, a liberdade concedida ou o condicionamento, e principalmente com os participantes e as sinergias que vão criando e claro com os objetivos a alcançar.
De augusta clara a 29 de Janeiro de 2011
A mim, que não sou pedagoga, me parece que a pedagogia, com os seus conceitos teóricos e os seus métodos, terá mais aproximações à arte do que à ciência. A ciência levanta questões sobre o mundo que nos rodeia e procura resolver problemas colocados por essas questões. Para isso socorre-se de métodos e procedimentos onde a objectividade é a palavra chave, sem a qual não há processo científico, embora a intuição esteja presente nas grandes descobertas científicas. A pedagogia, que, tanto quanto sei, procura os melhores métodos de fazer chegar o conhecimento às pessoas, necessariamente terá que ser mais "flexível". Em medicina, diz-se hoje que não há doenças, há doentes. Ora se isto acontece em relação aos fenómenos físicos e fisiológicos, não cognitivos, do organismo humano, o que devemos pensar relativamente a todos os fenómenos que envolvem o mais complexo órgão - o cérebro humano -, com tudo o que hoje sobre ele se sabe, e das sua complexas interacções? Certamente que cada aluno também é um aluno diferente dos outros e o professor, de algum modo, usando grande dose de subjectividade inerente a esta verdade, terá que ser um artista para levar a cada um, segundo as suas capacidades e características próprias, aquilo que tem que ensinar. Caro António Mão de Ferro, esta opinião só vale o que vale, mas apeteceu-me conversar consigo porque gostei muito do post .
Interessante talvez seja também notar que num caso como no outro reflectimos os que nos rodeia. Olhar a realidade e notar o quê e quem dela faz parte exige tanto na ciência como na arte, empatia.
Gracias por esta interesante reflexión. Es muy sugestiva e invita a profundizar en la esencia de la educación. Por eso me permito añadir dos interrogantes que tal vez sirvan para ampliar un poco más la perspectiva:
1. ¿Es necesaria la dicotomía arte/ciencia? ¿Por qué tiene que ser una cosa o la otra y no ambas a la vez? En una perspectiva humanística, ¿no avanzan el arte, la ciencia y el pensamiento en mutua dependencia?
2. ¿Por qué utilizar sólo dos rasgos definitorios, si la realidad no se agota en el arte y la ciencia? ¿Qué debe, por ejemplo, la pedagogía los ritos de iniciación de las civilizaciones primitivas y qué queda de ello? ¿Qué conserva de las antiguas ceremonias de introducción a los misterios del clan o de un grupo social determinado? ¿Tiene algo aún el pedagogo de los sacerdotes, chamanes, sabios, filósofos... de las antiguas civilizaciones, que ejercieron todos ellos como "pedagogos"?
De augusta clara a 29 de Janeiro de 2011
Talvez eu devesse ter dito "ciências exactas" porque o que quis frisar foi o rigor da objectividade, uma exigência dessas ciências, sem que, com isso, tenha avançado qualquer juízo de valor, apenas a constatação dum processo. Cada vez mais a interdisciplinaridade entre ciências e humanidades tem feito caminho e quem neste registo trabalhar só sai enriquecido e enriquece o conhecimento do mundo. E, evidentemente, que todos os ancestrais processos de pedagogia que o Josep refere devem ser tidos em conta.
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