Poema Vermelho
Vermelho é o sol.
Vermelhas são as papoulas no quadro de Claude Monet e na tijela onde, todas as manhãs, bebo o chá. (Escolho às vezes chá vermelho.)
Vermelhas são as bocas.
Vermelhos são – às vezes – os narizes, vermelhas podem tornar-se as mãos...
Vermelhas são a febre, a cólera, o prazer e a vergonha.
Vermelha e verde é a bandeira portuguesa.
Vermelho é o sangue.
Vermelha é muitas vezes a terra.
Vermelho é o Mar.
Vermelho é o nariz do palhaço.
Vermelho é o último: o lanterna vermelha.
O Vermelho e o Preto é um romance.
Vermelho é Rackham, o pirata de Hergé, no título francês: Le Trésor de Rackham le Rouge; em português foi traduzido por Rackham o Terrível. O vermelho é portanto terrível.
Vermelho é o Capuchinho. (O lobo é preto.)
Vermelho é o inferno. Vermelhos são os anjos do fogo: os bombeiros. (Que muitas vezes são bombeiras – os anjos têm sexo e o inferno tem anjos.)
Vermelhas são (na praia) as peles mas as caras são pálidas.
Vermelha é a vinha no Outono.
Vermelhos são os frutos: romãs, cerejas, groselhas, morangos, framboesas... (O sabor e o perfume das palavras vermelhas!)
Vermelha é a salada de beterraba.
Vermelho é o pau brasil.
Vermelhas são as figuras nos vasos gregos.
Vermelho é o stop, vermelho o sinal (a proibição é vermelha). Vermelha é a caneta da professora...
Vermelho o botão, vermelha a luz, vermelho o telefone...Vermelha a situação, antes de chegar a negra. Vermelhas são as estradas portuguesas.
Vermelhos são os Correios de Portugal.
Vermelho é o vinho.
Vermelha é a carne nos supermercados: vermelho é o sangue-de-boi.
Vermelho é o ouriço Strongylocentrotus franciscanus.
Vermelho é o peixe do aquário.
Vermelha é a joaninha.
Vermelha é a cochonilha.
Vermelhos são os telhados em Lisboa (em Paris são cinzentos).
Vermelha é a cíclica flor feminina.
Vermelhas são as brasas: o renascer.
Vermelho é o fogo que arde sem se ver: vermelha a paixão.
Vermelho é o rubi.
Vermelho é o carmim.
(Vermelhas são as minhas luvas, vermelhas as minhas botas.)
Vermelho é o pintassilgo.
Vermelho é o luxo: o tapete vermelho.
Vermelho-púrpura são os generais, os patrícios, os cardeais, os imperadores...
Vermelho é o goles heráldico. (Vem do francês gueules.)
Vermelha é a Cruz, vermelho é o laço.
Vermelha é a água quente.
Vermelha era a revolução. (Há-as agora de outras cores.)
Vermelho era o Exército, Vermelhos eram os Coros do Exército. Vermelha é ainda a Praça.
Vermelho era O Livro, vermelhos os guardas de Mao Tsé-Tung...
Vermelho é o cravo.
Vermelho é Abril em 1974.
(Vermelha é a transgressão: pisamos um risco vermelho.)
Vermelho é o verbo.
Nota Bene: Os vermelhos não são encarnados – embora possam igualmente sê-lo. A festa do Avante é vermelha mas a do Colete é encarnada – tal como a do Benfica. (O alerta, o feijão e a águia também são encarnados.)
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