Domingo, 9 de Janeiro de 2011

Cronologia da Guerra Colonial - 1961 (4) - por José Brandão

 

 

 

 

OUTUBRO

?

- Por determinação do comando-geral das forças armadas, é proibido aos militares dizerem que há guerra em Angola. “Há apenas acções militares para manter a segurança pública.”

- Chega a Angola o BCaç 248.

2

- Marcado o dia 22 de Novembro do ano corrente para a eleição geral dos deputados à AN – Assembleia Nacional.

- Morre em combate 1 militar da CCaç 164.

3

As tropas portuguesas retomaram Caiongo, o derradeiro posto em poder dos rebeldes. Em menos de 4 meses as Forças Armadas Portuguesas haviam reocupado toda a região afectada. Durante quase 6 meses os guerrilheiros da UPA, sob a coordenação de João Baptista Traves Pereira, ex-Alferes do exército colonial português, ocuparam uma área geográfica cuja extensão era 4 vezes maior do que Portugal.

5

Manifestações em Lisboa e Alpiarça, que originam várias detenções.

7

Discurso de Venâncio Deslandes, a dar por findas as operações militares no Norte de Angola, passando-se à fase das operações de polícia: “(...) Se a guerra se pudesse compartimentar em fases perfeitamente distintas, diríamos que teriam assim terminado as operações propriamente ditas e estaria iniciada a fase sequente de operações de polícia, embora ainda em grande parte no âmbito militar.”

8

No Norte de Angola actuam já 25 batalhões de caçadores, num total de 98 companhias operacionais com efectivos de 16.000 homens e cinco baterias de artilharia de campanha.

10

Morrem em combate 2 militares. Um da CCaç 89 e um da CArt 118.

11

Morre em combate 1 militar da CCaç 168.

12

- Partida para Angola da imagem de Nossa Senhora de Fátima, depois de uma cerimónia em que estiveram presentes o cardeal Cerejeira e o chefe de Estado.

- Morre num acidente o tenente-coronel Fernando Lamelino do BCaç 159.

13

Carta aberta de Amílcar Cabral ao Governo português, reclamando a independência da Guiné e de Cabo Verde, ao mesmo tempo que a cooperação dos respectivos povos com o Governo português.

14

Morre num acidente o tenente da Força Aérea António Dias.

18

- Cerimónia da entrega das insígnias aos primeiros fuzileiros navais, no Alfeite, destinados a Angola.

Logo após os inícios das ocorrências em Angola constatou-se que a Marinha necessitava de unidades especialmente treinadas para operar em terra em acções contra guerrilha. Assim foram criadas a nova classe de sargentos e praças – a dos Fuzileiros e as respectivas unidades operacionais: Batalhões, Companhias e Pelotões de Fuzileiros e Destacamentos de Fuzileiros Especiais.

- Morre em combate 1 militar do DInt 209.

20

Morre em combate 1 militar da CCaç 111.

21

- Partem para Angola os BCaç 317, 321 e 325.

- Início de um colóquio internacional, promovido pela União Indiana, sobre as colónias portuguesas.

23

O Diploma Legislativo Ministerial n.° 54 do Ministro do Ultramar, de 23 de Outubro de 1961, conferiu a possibilidade de, em tempo de guerra ou de emergência, as milícias serem constituídas num Corpo de Voluntários, na dependência do Governador-Geral.

27

- Manifestações exigindo a demissão de Salazar e o fim da guerra.
- Constitui-se na Venezuela o Movimento Democrático de Libertação de Portugal e Suas Colónias.

- Álvaro Cunhal critica o Partido Comunista Chinês no decurso do XXII Congresso do Partido Comunista da União Soviética.

31

- Entrega ao presidente da República de uma carta pelos candidatos da oposição, a exigir a substituição do Governo.

- Durante este mês as baixas das forças portuguesas totalizaram 21 mortos. Em acções de combate morreram 6 militares.

 

NOVEMBRO

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- Forças da ONU intervêm no Catanga para pôr fim à secessão.
- Recomposição do Comité Executivo da UPA, com Alexandre Taty, vice-presidente, e Jonas Savimbi, secretário-geral.

3

As forças portuguesas iniciam a Operação “Gazela” que tem como missão genérica neutralizar um bando inimigo assinalado na região do Vale do Loge.

5

O Governo define as bases para a «unidade económica da Nação».

6

Manifestação do Exército de apoio ao Governo, na sequência da carta da oposição de 31 de Outubro.

8

D. L. n° 44017. Cria a representação de Portugal junto da organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

10

- Desastre de aviação do Chitado, em que morreu o general Silva Freire, comandante da Região Militar de Angola, e mais 14 militares do Exército a da Força Aérea. Entre os quais o brigadeiro José da Silva Correia, quatro tenentes-coronéis, dois majores, dois capitães, um tenente, um alferes, dois sargentos e um cabo.

- Tomada, em pleno voo, de um avião da TAP, da linha Casablanca-Lisboa, que sobrevoa a capital, o Barreiro, Beja e Faro, lançando milhares de panfletos. Do comando de seis pessoas fazem parte Palma Inácio, Camilo Mortágua, Maria Helena Vidal, Fernando Vasconcelos, José Martins e Amândio Silva.

11

Em Almada, durante confrontos com forças policiais no decurso de manifestações, é morto a tiro pela GNR Cândido Martins Capilé, militante do PCP.

12

- Eleições para a Assembleia Nacional tendo a oposição concorrido em oito círculos, mas desistindo.
- O adido militar da Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa visita Angola.

13

Condenação por 90 votos contra 3, pela Comissão de Tutela da ONU, da política colonial portuguesa.

14

- Partida do primeiro Destacamento de Fuzileiros Especiais (DFE 1) para Angola. Os Destacamentos de Fuzileiros Especiais (DFE), inicialmente com um efectivo de 75 elementos e posteriormente com 80, estavam vocacionados para acções essencialmente ofensivas de limitada duração e de restrita profundidade a partir da orla ribeirinha.
- Abandono por Portugal de uma sessão da 4ª Comissão da ONU, em protesto pela audição de dois dirigentes do Movimento de Libertação da Guiné a Cabo Verde.

- Morre em combate 1 militar da CArt 102.

18

Início de uma acção de limpeza sobre a região de Quindaca, em Angola, no itinerário Nova Caipemba-Colonato. Intervieram duas Companhias de Caçadores com o apoio da Força Aérea.

19

Morre em combate 1 militar do BCaç 261.

22

Alteração do sistema tributário português, para fazer face às despesas de guerra.

23

Operação “Ventarola”, que se prolongou até dia 2 de Dezembro, no sector a norte e a sul do rio Bengo, no sector compreendido entre Lambrele-Matari e Caxia (Angola). Uma praça morta e uma ferida gravemente.

24

Parte para Angola o BCav 345.

27

Anúncio, pelo governador-geral de Angola, de «nova actividade terrorista» no Norte do Território.

28

- Morrem em combate 2 militares. Um furriel da CCaç 89 e um cabo da CArt 102.

- Em Angola inicia-se a operação “Lagarto”, acção executada na sequência de acções psicológicas levadas a cabo tendo em vista a recuperação parcial dos elementos refugiados nas matas.

29

Seis militares da CCav 121 morrem num acidente em Angola.

30

Durante este mês as baixas das forças portuguesas totalizaram 35 mortos. Em acções de combate morreram oficialmente 4 militares.

 

DEZEMBRO

?

- Embarcaram para Angola, em 1961, seis Companhias de Caçadores Especiais cujos comandantes receberam instrução no CIOE – Centro de Instrução de Operações Especiais. Os instrutores do CIOE eram oficiais e sargentos com formação obtida além fronteiras e conhecedores das envolventes da luta anti-guerrilha, com passagem prolongada por centros de instrução e treinos conjuntos com forças estrangeiras nomeadamente nos Estados Unidos, em França e na Argélia.

- Acordo entre Mário de Andrade, líder do MPLA, e Humberto Delgado, para a formação de uma Frente Unida contra o regime português.

- O Bispo de Luanda, D. Moisés, afirma em Carta Pastoral apoiar “as aspirações justas e legítimas dos negros” e bate se pela libertação do padre Joaquim Pinto de Andrade, preso pela PIDE.

2

- Expulsão de Portugal de quatro missionários norte-americanos, acusados de apoio aos movimentos angolanos.

- Morre em combate 1 militar da CCaç 63.

4

Um grupo de militantes comunistas – Francisco Miguel, José Magro, Costa Carvalho, António Gervásio, Domingos Abrantes, Ilídio Esteves e Rolando Verdial – evadem-se da prisão de Caxias, utilizando o automóvel blindado que estivera ao serviço de Oliveira Salazar.

9

- A Índia concentra tropas junto à fronteira de Goa.

- Morre em combate 1 militar da CCaç 190.

12

Evacuação de mulheres e crianças de Goa.

13

Morre em combate 1 militar da 3ªCCaç/RINL

14

- Determinação de Salazar sobre a Índia: «Apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos». Salazar ordena a sua defesa a qualquer preço.

- Portugal dispunha neste local de um total de cerca de 3.500 homens, mal armados, contra uma força que, no mínimo, integrava 45.000 soldados indianos, com apoio aéreo e marítimo.

- Início da operação “Marlene” em Angola, executada por duas Companhias de Caçadores, tendo o IN atacado Quissalávoa, e reagido defensivamente ao longo do itinerário Aldeia Viçosa-Cólua-Quissalávoa-Quipedro, especialmente nas regiões de Zeia Tema, Quicas e Quissalávoa.

16

- Intimação do Governo da União Indiana para a evacuação dos territórios de Goa, Damão e Diu.
- Veto da União Soviética a um projecto de resolução do Conselho de Segurança da ONU, a condenar a União Indiana pela ameaça militar contra Goa, apresentado pelos Estados Unidos, França a Turquia.

17

Início da operação militar que leva à ocupação de Goa, Damão e Diu por parte da União Indiana.

19

- Apresentação da rendição das tropas portuguesas ao comando indiano, contrariando as ordens de Salazar. Nos combates morreram 25 militares portugueses. Os restantes foram feitos prisioneiros. Salazar deixou-os ficar prisioneiros largos meses. Quando regressaram, demitiu os oficiais do quadro a partir da patente de capitão.

- Instituição pela Assembleia-Geral da ONU de um Comité Especial para os Territórios Administrados por Portugal (Comité dos Sete), a convidar os estados membros a recusar qualquer ajuda ou assistência utilizável contra as populações dos territórios coloniais.

- Uma brigada de agentes da PIDE assassina numa rua de Alcântara, o escultor José Dias Coelho, militante e funcionário clandestino do PCP.

25

Dois militares da CArt 118 morrem em combate.

28

Mais 2 militares da CArt 118 morrem em combate.

30

- Discussão de Salazar com alguns ministros sobre a hipótese de abandono da ONU por Portugal.

- Humberto Delgado entra clandestinamente em Portugal, passa por Lisboa e dirige-se a Beja, para comandar a revolta que deverá eclodir a partir do Regimento de Infantaria 3.

31

- Durante este mês as baixas das forças portuguesas totalizaram 15 mortos. Em acções de combate morreram 7 militares.

- No final do ano Portugal tem 33 477 efectivos militares em Angola, 4 736 na Guiné e 11 209 em Moçambique, tendo as tropas portuguesas sofrido oficialmente um total de 240 mortos em Angola sendo 151 em combate.
A percentagem das despesas com as Forças Armadas representou 38,6 por cento das despesas públicas.

publicado por estrolabio às 18:00

editado por Carlos Loures às 09:56
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