Luis MoreiraUma notícia que passou despercebida, informa-nos que a Danone, uma empresa internacional a laborar em Castelo Branco, aumentou a produção em 40% e despediu...30 trabalhadores!
Nesta crueza, fica o retrato da situação. As empresas estão a aproveitar a crise para se reestruturarem, em organização e novos equipamentos o que lhes permite livrarem-se dos trabalhadores. Conseguem fazer mais com menos trabalhadores e melhor equipamento, e esta é, na verdade, a maneira mais simples de ganhar produtividade.
O dinheiro injectado pelos governos na economia está a servir para arrumar a casa, até porque a menor capacidade de compra dos cidadãos encolheu a procura. É, por isto, que a economia cresce, poucochinho, mas cresce, as exportações estão a crescer mas o desemprego tambem não pára de crescer.
Que fazer? Enquanto não se esgotar a capacidade potencial acrescida de produção com estas reestruturações, não há criação de emprego, pelo que não se pode continuar a encolher a procura interna, com mais impostos e com mais cortes drásticos na despesa. Terminada a limpeza no sector financeiro há que relançar a economia.
O PIB na Alemanha já está a crescer acima das expectativas bem como a França, o que quer dizer que a nossa economia pode vir a ser auxiliada com o aumento de exportações para esses países tradicionalmente mercados nossos. E o que irá acontecer em Espanha? E em Angola e Brasil?
Uma economia pequena e aberta como a nossa depende de muitos factores que não dominamos, mas dava uma ajuda que internamente o garrote alivia-se, a questão são os déficites estruturais que não nos deixam crescer.
É, nesta encruzilhada que nos encontramos e, é tambem por isso que Passos Coelho disse o que disse na Festa do PSD sobre o Orçamento para 2011.O PS que tem compromissos com Bruxelas sobre o cumprimento das metas do PEC, não gostou nem um bocadinho.
Mas das empresas, como se vê pelo exemplo, não virá bom vento no que diz respeito à criação de emprego, problema maior do país!
De Carlos Mesquita a 19 de Agosto de 2010
O caso Danone é típico do capitalismo, tem o nome de desemprego funcional.
Há outros tipos de desemprego, como o meu, a que chamaria desemprego mal-empregado. Apesar de saber e querer bulir não vejo trabalho, em condições económicas normais teria a caixa de correio com solicitações, mas ninguém me escreve; o último e-mail que recebi (a 14) foi da DGCI com um lembrete para ir pagar o IVA no dia seguinte.
O "motor" alemão está a arrancar também graças aos portugueses, para além dos submarinos do Portas, aqueles que têm poder de comprar adquiriram-lhes os BMW, Mercedes, Opel e Volksvagen, e os que não têm dinheiro, andam com tantas dores de cabeça que viram-se para as aspirinas da Bayer.
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