Sons, cores e palavras do universo lusófono, foi o que prometemos para este Terreiro. Tudo isso existe no cinema. Pois então, que venham os cineastas! Nem sequer se nos colocou a dúvida sobre qual deveria ser o primeiro a vir ao Terreiro da Lusofonia - Manuel de Oliveira, obviamente.
É um fenómeno! À beira dos 102 anos, continua a trabalhar e a manter uma lista de projectos. Em entrevista dada no final do ano a Gregorio Belinchón do El País, a propósito da estreia em Espanha de «Singularidades de uma Rapariga Loira», com o entusiasmo de um jovem explicou o porquê da escolha – «O filósofo Spinoza dizia que nos julgamos livres porque ignoramos que os nossos actos são comandados pelas mais obscuras forças. Ortega y Gasset, que de dia para dia mais me agrada, fala do homem e da sua circunstância. Isto define o que penso da paixão».
Em 1931, Manoel de Oliveira realizou «Douro, Faina Fluvial» e, desde então, nunca mais parou. Os cineclubistas (há alguns no Estrolabio) conheciam esse filme, fotograma a fotograma. O mesmo acontecia com «Aniki-Bobó», realizado em 1942, de que mostramos as primeiras cenas.
Numa conferência na Gulbenkian fiquei sentado na cadeira ao lado da dele. Perguntei-lhe como é que se filma a "luz" dos olhos da Leonor Silveira. E ele, "viu"?