Segunda-feira, 6 de Dezembro de 2010
Luis Moreira
Como sabem cá na terrinha há sempre umas excepções quando se trata de sacríficios. os quadros das empresas públicas, os que ganham mais, podem fugir (para Marte?) e ,por isso, não são abrangidos pelos cortes nos salários.Hoje, soubemos que a proposta do PCP sobre os impostos a incidir sobre as mais-valias do negócio de interesse nacional da PT, foi derrotada pelo PS e pelo PSD, com disciplina de voto à mistura, porque ainda há ali gente com alguma vergonha na cara.(embora o problema esteja na existência de uma Lei que dá isenção para alguns e não no seu aproveitamento)
Mas há mais excepções..Leiam o Dr Joaquim Azevedo,Presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa.
"As medidas recentemente anunciadas de revisão do modelo de co-financiamento do Estado ao ensino não-estatal contratualizado(ENEC) são gratuitas, fundadas numa mentira, imorais e profundamente injustas"..." importa clarificar que há dois grandes tipos de ensino não-estatal, o que funciona numa lógica aberta e de mercado, prestando um serviço público de educação não-contratualizado com o Estado, e o que funciona numa base contratual com o Estado, prestando um serviço público contratualizado".
"...defendo, ainda, por coerência e sentido educacional estratégico, que todas as escolas, mesmo as estatais, deveriam funcionar sob contrato, com regras claras de funcionamento e de financiamento, com autonomia e liberdade"
"...Vejamos a verdade dos factos. Um aluno do ENEC custa-nos a todos 4.200 euros por ano, um aluno do ensino estatal custa-nos 5 200 euros por ano (OCDE).Mil euros por ano e por aluno! Pode custar ainda menos? Se sim que se negoceie a revisão dos contratos, sempre com os olhos postos nos custos daí derivados para a qualidade do ensino.Agora, o Ministério da Educação vem propor passar o custo do aluno do ENEC para 3 300 euros, enquanto mantem o custo do ensino estatal muito acima."
"...É profundamente imoral que o mesmo ME que está preocupado em cortar a despesa que realiza com o ENEC (230 milhões/ano) não tome medidas estruturantes e de fundo de controlo de despesa estatal em educação (7 200 milhões/ano.É imoral sobretudo porque não há um único padrão público de rigor e exigência, um único standard de qualidade exigido às escolas estatais ...se há cortes a fazer, e há muitos, que eles tenham em conta o desempenho das escolas, face a padrões previamente estabelecidos, pois de outro modo serão cortes cegos e administrativos, que só irão deteriorar mais a qualidade do serviço publico de ensino"
"...uma machadada brutal no ENEC o que quer dizer que 80 000 famílias portuguesas que frequentam este ensino, uma boa parte por opção, não mais o poderão vir a fazer... este governo...destruir, como há trinta anos não se via, o ensino não-estatal ... e esperamos que o Presidente da República esteja atento, como já o evidenciou, e saiba separar o que é controlo da despesa do que é um insólito e inesperado ataque político e ideológico."
É, isto, o estatismo medíocre e imoral que muitos defendem porque não são avaliados, estão sempre salvaguadados dos sacrifícios, não prestam provas nem apresentam resultados. Será que o ensino estatal também foge, tal qual os quadros das grandes empresas públicas?