Domingo, 2 de Janeiro de 2011

Coisas que nunca deverão mudar em Portugal

Artigo do Embaixador da GB ao deixar Portugal: Expresso 18 Dez 2010

Coisas que nunca deverão mudar em Portugal

Portugueses: 2010 tem sido um ano difícil para muitos; incerteza, mudanças, ansiedade sobre o futuro. O espírito do momento e de pessimismo, não de alegria. Mas o ânimo certo para entrar na época natalícia deve ser diferente. Por isso permitam-me, em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, eleger dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal.
1. A ligação intergeracional. Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.

2. O lugar central da comida na vida diária. O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc, tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.

3. A variedade da paisagem. Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.

4. A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.

5. O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.

6. A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência.

7. Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.

8. As mulheres. O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso: "Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher". Concordei tanto que me casei com uma portuguesa.

9. A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo. A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um pais ligado, e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.

10. Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho.

Então, terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços.

Feliz Natal.
publicado por Luis Moreira às 13:00
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6 comentários:
De maria monteiro a 2 de Janeiro de 2011
com a devida ressalva da paisagem (3), do café(5) e da mulher(8) o resto mais parece ter sido embaixador num Portugal virtual encontrado num qualquer jogo de consola.
De augusta.clara a 2 de Janeiro de 2011
Este homem é um romântico...mas simpático. Não teve foi tempo de se aperceber de coisas como, por exemplo, que muitos dos cafés que constituiam alguns dos melhores locais de encontro das cidades foram todos transformados em bancos.
De Luis Moreira a 2 de Janeiro de 2011
Mas mostra que há muita gente que vê coisas boas cá no país.E nós temos coisas boas e somos boa gente, é pena só nos indignarmos de 300 em 300 anos...
De augusta.clara a 2 de Janeiro de 2011
Quando há um terramoto :)))
De paxiano a 3 de Janeiro de 2011
É impressionante como os estrangeiros admiram as nossas "coisas" boas.
Pois. É que "as coisas boas da vida não são coisas".

paxiano
De Luis Moreira a 3 de Janeiro de 2011
As coisas boas da vida é uma forma muito blasé de nos referirmos às coisas que são simplemente boas, meu caro. paxiano. Onde anda o teu bom humor?

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