Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2011

Principais eventos culturais do Norte, de 1 a 6 de Março

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rui de Oliveira

 

 

Na Terça 1/3 : No programa "Arte, Política, Globalização" da Fundação Serralves, o Seminário intitulado "Uma Arte Revolucionária" é com Emory Douglas que dedicou a sua vida à luta pela justiça social, sendo "talvez o mais prolífico agitador gráfico do movimento negro de libertação".

  

Dentro do mesmo programa, às 18h30m será exibido o filme "In the Land of the Free" de Jean Vadim (2010) em torno da história dos Black Panthers.

 

No Teatro Helena Sá e Costa,às 21h30m, tocam os Minnemann Blues com Wolfram Minnemann (voz, piano), António Mão de Ferro (guitarra eléctrica), Rui Azul (saxofone, percussão), Manuzé (baixo eléctrico), Rui “Cenoura” Ferraz (bateria) reproduzindo o seu album Blues 88.

 

Na Quarta 2/3 : Na Casa da Música (Sala Suggia, às 22h), actua um grupo crucial na história do jazz português, o Quarteto António Pinho Vargas com António Pinho Vargas (piano), José Nogueira (saxofone), Pedro Barreiros (contrabaixo) e Mário Barreiros (bateria).

 

 

 

Na Quinta 3/3 : Na Casa da Música (Sala Suggia, às 19h30m), Nicolai Luganski *interpretará ao piano de Robert Schumann Carnaval de Viena op.26, de Johannes Brahms 6 Peças para piano op.118 e de Sergei Rachmaninoff Sonata nº 1, op.28 onde este "considerado o herdeiro por excelência da melhor tradição da Escola Russa na actualidade" será "o pianista ideal para dar expressão à obra do seu compatriota".

 

É projectado no Teatro Carlos Alberto (TNSJ) o Filme do Desassossego de João Botelho (2010), baseado no "Livro do Desassossego" de Bernardo Soares. Congrega um impressivo elenco (Cláudio da Silva, Alexandra Lencastre, Ana Moreira, André Gomes, António Pedro Cerdeira, Catarina Wallenstein, Manuel João Vieira, Margarida Vila-Nova, Miguel Guilherme, entre outros) e arrisca integrar uma ópera de Eurico Carrapatoso encenada na floresta, uma festa no Lux, um monólogo num bar de alterne, participações musicais de Lula Pena, Carminho, Caetano Veloso e Ricardo Ribeiro. (às 21h30m de 3/3 a 5/3 e também 15h de4/3)

 

Na Fundação Serralves (Auditório, 21h30m-23h), dentro do ciclo de conferências “O Imaterial: Novos Paradigmas da Contemporaneidade” (comissariado por Artur Castro Neves), Ismael Augusto, especialista em serviços avançados de comunicações, falará sobre "Uma Sociedade em Alta Definição"."A transformação do modo de difusão broadcast, em distribuição de conteúdos para acesso individual, suportado em múltiplas plataformas (“wired” ou “wireless”) e para modos de recepção livres ou condicionados, induz uma profunda mudança na natureza dos conceitos e práticas associados a toda a cadeia do negócio dos sectores da convergência digital. Poderão o broadband ou o broader-casting, ser o fim do broadcast?"

 

Na Sexta 4/3 : Na Casa da Música (Sala Suggia, às 22h), o Mário Laginha Trio, composto por Mário Laginha (piano), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria), "apropria-se de uma série de composições de Chopin e devolve-as profundamente marcadas pelo seu universo pessoal" no disco recente Mongrel Chopin .

 

No Sábado 5/3 : No Auditório de Serralves (às 22h), integrado no programa artístico da exposição "Às Artes, Cidadãos", a encenadora Lina Saneh apresenta, com o artista e cúmplice Rabih Mroué, “Appendice”, peça que aborda a problemática do direito ao uso e destino do corpo individual na cultura islâmica. Sempre procurando novas relações com elementos e linguagens distintas, Saneh e Mroué questionam as definições teatrais, a relação entre o espaço e a estrutura performativa e consequentemente, as relações com a audiência, através de um teatro assumidamente documental.

  

Na Casa da Música (Sala 2, às 11h e 16h) a companhia mexicana Triciclo Rojo apresenta o espectáculo poético para crianças e adultos Poeta de Lavabo em colaboração com a Escola Profissional de Música de Espinho.

  

Na Casa das Artes de Famalicão representa-se às 21h30m a peça para maiores de 10 anos "Anaquim - As Vidas dos Outros" de José Rebola.

  

No Teatro Sá da Bandeira, como já é tradição de 5 para 6 de Março acontece o “Baile dos Vampiros”, a festa de encerramento do Fantasporto que, este ano, coincide com a noite de Carnaval e promete grande animação. Aproveita-se para lembrar que ao longo de toda a semana ocorreram, quer no Rivoli Teatro Municipal, quer no Teatro Sá da Bandeira, as sessões de exibição de filmes concorrentes ao FANTAS'2011 - 31º Festival Internacional de Cinema do Porto.

 

No Domingo 6/3 : Na Casa da Música (Sala Suggia, às 12h e 18h), a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, dirigida por Joseph Young, no programa "O Faroeste" tocará Os Sete Magníficos de Elmer Bernstein, Shindig de Don Gillis, Billy the Kid: Duelo e Celebração de Aaron Copland, Danças com Lobos de John Barry, Hiawatha (abertura) de Samuel Coleridge-Taylor, Black Rattle (de Ghost Ranch) de Michael Daugherty e Mavis in Las Vegas de Peter Maxwell.

   

No Auditório de Serralves, ainda no programa artístico da exposição "Às Artes, Cidadãos", serão exibidos às 16h os filmes "FACE A, FACE B", Rabih Mroué (2002), "WITH SOUL, WITH BLOOD", Rabih Mroué (2003), "I, THE UNDERSIGNED", Rabih Mroué (2003), "ON THREE POSTERS", Rabih Mroué (2004), "OLD HOUSE", Rabih Mroué (2006), "I HAD A DREAM, MOM", Lina Saneh (2006). Às 21h30m projectar-se-á o "Filme Socialisme" de Jean-Luc Godard (2010).

 

publicado por João Machado às 23:55
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Música romântica do Século XX - 100

E Depois do Adeus, música de José Calvário letra de José Niza, venceu o Festival RTP da Canção em 1974. Cantada por  Paulo de Carvalho a canção representou Portugal no Eurofestival. É uma canção romântica e tem alguma qualidade e tornar-se-ia muito popular - todos sabemos porquê: na madrugada de 25 de Abril, foi a primeira senha transmitida pelo Rádio Clube Português e deu o sinal de arranque para a Revolução. Seguir-se-ia a segunda senha - Grândola, Vila Morena... 

 

Revolução, também ela romântica, utópica e adiada. Ouçamos Paulo de Carvalho cantando E Depois do Adeus. Última canção desta série de cem.

 

publicado por Carlos Loures às 23:00
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Uma adenda à Carta Aberta a Mariano Gago - por Júlio Marques Mota

No fascismo não era necessário pensar, pensavam por nós, por isso era proibido pensar.

 

Há um dia ou dois ao falar com um dos meus colegas de trabalho sobre a carta aberta ao Ministro Mariano Gago, lembrei-me de uma conversa, há muitos anos havida, com o meu antigo professor, José Baptista Martins, a quem publicamente presto homenagem. Disse-me ele que em tempos de rapaz novo fazia com outros jovens uma espécie de think thank, junto do Engenheiro Araújo Correia que foi durante muitos o Presidente da Caixa Geral dos Depósitos e homem de extrema confiança de Salazar. E a esse propósito conta-me uma história que vale esta adenda: os americanos queriam Portugal inserido no Plano Marshall. Quem terá iniciado as negociações foi exactamente o engenheiro Araújo Correia. E o que os americanos estariam dispostos a financiar não era nada mais nada menos que a barragem do Alqueva e a regularização do rio Tejo em que ainda hoje falta muito para a concluir e de que a propósito dela se fala na carta quando nos referimos às águas sujas em Vila Franca de Xira. Salazar “heroicamente” recusou a ajuda, pois não precisávamos, podíamos viver “orgulhosamente sós”!

 

 Ainda nesta linha, mais tarde estou com um dos herdeiros do Engenheiro Araújo Correia, meu amigo e colega de curso, João Augusto Domingos, e é-me dado a ver um documento fabuloso: o projecto de financiamento para o Bairro de Encarnação, creio, que foi apresentado ao primeiro ministro António Oliveira Salazar. Neste documento, duas coisas a ressaltar: a primeira, as contas do projecto eram verificados por Salazar, nas margens do documento, ao nível do tostão e a lápis. O nosso “homem de Estado” tinha do futuro a dimensão do centavo mesmo, uma dimensão curtíssima, reduzidíssima, portanto, e foi bem isso que se viu; e a segunda característica do documento, referia-se a uma nota digna de facto do fascismo. Dizia-se nesse texto mais ou menos isto, que me foi relatado nessa altura: as casas do bairro de Encarnação eram concebidas para que os locatários não tivessem sequer que se questionar, o locatário e o local não eram feitos para pensar, isso cabia a outros. Fiquei com a ideia que este texto escrito terá sido escrito pelo próprio Araújo Correia.

 

Desta nota ressalta a ideia que o espólio da biblioteca de Araújo Correia , hoje na mão da família Domingos, de Castelo Branco, família de raiz profundamente democrática, alberga muita informação que ao país conviria saber e que muitos jovens precisam mesmo de aprender para que assim aquela realidade nunca, mas nunca mesmo se permita esquecer. Fascismo, nunca mais. E, seria bom que homens apaixonados pela História e competentes na sua análise estivessem disponíveis para trazer à luz do dia muito desses factos ocorridos e que assim com a sua interpretação quebrassem a capa que a poeira do tempo lhes teceu. Estou-me a lembrar, por exemplo e só a título de exemplo, de João Ferreira do Amaral ou de uma equipa que ele pudesse dirigir e se a família proprietária assim o consentir. Mas disto, eu não duvido, é este o meu sentir.

 

Já depois do texto escrito contactei a família Domingos. Um dos herdeiros leu-me o texto acima referido pelo que me foi dito nos termos citados, nessa altura, e estamos a trinta anos de distância, onde se pode ler, o que passo a transcrever : “O novo plano de habitação tem que obedecer a condições de solidez, isolamento e distribuição de quartos que a tornem de fácil uso, higiénicas e de quase automática utilização. O novo habitante deve ser orientado pela casa, na disposição dos seus móveis, ser-lhe-á por assim dizer imposto o modo de ali viver, os lugares onde é colocada a cama, onde é lavada a roupa, a posição da mesa de comer, o espaço do quintal, onde crescerão as flores, o sítio mais propício para as crianças poderem brincar, e mesmo o lugar mais próprio para galinheiros, plantação de árvores ornamentais ou de fruto. Tudo se resume numa simples frase: ao novo habitante será poupado o esforço de pensar sobre o lugar ou lugares em que vai desenvolver a sua actividade doméstica.

 

A colaboração de boas donas de casa no arranjo do plano interno será provavelmente útil a todos os concorrentes” (arquitectos a concorrer com os seus projectos. Nessa sequência fui eu próprio informado de que a família com muito gosto porá a Biblioteca do Engenheiro Araújo Correia à disposição do Professor João Ferreira do Amaral.

 

Da minha parte, leitores no Estrolabio, é tudo.

 

Júlio Marques Mota

publicado por Carlos Loures às 22:00
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Carta aberta ao Ministro Mariano Gago (7) - por Júlio Marques Mota

Heráclito [afirmou]: “Tudo é fluído, nada é estático. Nada perdura, mas muda”. É uma verdade. Em todo o caso, entre hoje e 2020, duas coisas se manterão constantes. Primeira, a natureza humana não mudará. Segunda, as funções financeiras básicas, tal como as definiremos, não mudarão, embora mude a forma como realizamos estas funções...

À medida que se generaliza a utilização das tecnologias, verificar-se-á um impacte na forma como serão realizadas as funções financeiras básicas. Estas funções são (1) financiamento, (2) gestão do risco, (3) corretagem, (4) aconselhamento e (5) processamento das transacções. Este texto ignorará, no entanto, muitos dos termos financeiros estandardizados do século XX. Embora as funções financeiras sejam as mesmas, serão encaradas de forma diferente no século XXI...

Na verdade, está a processar-se uma convergência entre diversas disciplinas, dado que a finança se torna cada vez mais ciência e arte. A teoria financeira está a tornar-se cada vez mais importante e extraordinariamente útil na sequência de avanços teóricos registados nos últimos anos. Nestes se incluem as teorias de portefólio, as teorias de preços dos activos, as teorias de cotação das opções e as teorias de eficiência dos mercados.

Muitas das mais criativas pessoas do mundo financeiro estão a dedicar o seu tempo a estas teorias e estão a melhorar de forma radical a nossa percepção e gestão do risco.

Estamos ainda numa era “Newtoniana” da “finança clássica”, na qual tendemos a olhar para os instrumentos financeiros — tais como acções, obrigações e empréstimos — em termos estáticos e altamente agregados...

Muitos dos modelos financeiros clássicos, perante o que aconteceu ao histórico banco americano Bankers Trust, concentrar-se-ia no factor “beta” das suas acções — a volatilidade das acções em relação ao mercado. Estes modelos teriam grande dificuldade em tratar a multiplicidade de factores de risco críticos fundamentais que induzem o factor “beta”. Definimos estes factores críticos como “atributos financeiros”. O factor “beta” ignora-os ou redu-los grosseiramente a um conjunto homogéneo de “ruídos brancos”.

Os teóricos, porém, não os ignoram. Os investigadores começaram a procurar uma teoria — que designamos por “teoria das partículas financeiras” — que nos ajudará a compreender melhor os atributos financeiros de um activo.

A concepção de uma tal teoria não está ao virar da esquina, mas assistimos a interessantes sinais de progresso e, por volta de 2020, teremos uma teoria financeira muito mais poderosa. Estamos a partir de uma perspectiva “Newtoniana”, que funciona ao nível dos objectos tangíveis (definidos pela dimensão e pela massa), para uma perspectiva mais em linha com o mundo não linear e caótico da física quântica e da biologia molecular.

A física quântica, que trata das partículas subatómicas, podendo eventualmente interligar fenómenos subatómicos e astronómicos, vai para além da física Newtoniana — para além dos objectos, até às moléculas, aos átomos e às partículas subatómicas.

 

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 21:44
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Líbia. O risco de desmembramento. Guerra civil - por Carlos Mesquita

 

 

Não há actualmente informação independente sobre o que se passa na Líbia, mas sobram noticias. É difícil distinguir a contra informação, tendente a conquistar a opinião pública para os interesses em jogo, da realidade.

 

Desde o início da conflitualidade na Líbia, notícias veiculadas por fontes e rumores transformados em notícias, são desmentidas em seguida pelos factos; como o caso do ministro britânico William Hague, que há uma semana viu “informações de que Kadhafi ia a caminho da Venezuela”, ou bombardeamentos aéreos de manifestantes em Tripoli e fogo de armas pesadas, que os portugueses que de lá vieram desmentiram.

Juntando o que se tem dito e comparando com o que vai sendo confirmado, conclui-se que o mundo está sujeito a mais uma campanha de intoxicação, a lembrar as armas de destruição maciça, que Colin Powel, Durão Barroso, e companhia, “viram”.

 

A maneira de filtrar algumas das aldrabices, é conhecer um mínimo da história da Líbia e seus povos, da organização política e militar, e de Kadhafi.

 

Em breves notas, deixando a história anterior de outras ocupações; em1914 aLíbia estava ocupada pelos italianos, durante a Primeira Guerra os líbios reconquistaram a maior parte do território, vindo novamente a perdê-lo para a Itália após a guerra, sendo integrada no reino de Vittorio Emanuel III de Itália em 1939. Vittorio tinha conduzido Mussolini ao governo, que entra na Segunda Guerra em1940. ALíbia é palco dos confrontos entre o Afrika korps do marechal alemão Rommel e os ingleses. Após a derrota das forças do Eixo, a Líbia passou a ser governada pelos ingleses na Tripolitânia (oeste) e na Cirenaica (leste) ficando a parte sudoeste de Fezzan na posse dos franceses. Aos governos militares dos aliados, e após aprovação da independência pelas Nações Unidas em 1 de Janeiro de 1952, sucedeu o líder religioso Idris al-Sanusi, emir da Cirenaica, coroado rei da Líbia

 

A monarquia despótica de Idris concedeu bases militares aos americanos que com os ingleses dominavam económica e militarmente o país. A líbia vivia do aluguer das bases militares, era pobre e antiquada. Com a descoberta de petróleo em 1961 abriram-se conflitos que haveriam de dar origem ao golpe que derrubou a monarquia.

 

Em 1969 os “oficiais livres” fazem um golpe de Estado, sem derramamento de sangue, contra o rei Idris. Kadhafi, “Guia da Revolução” e presidente do Conselho da Revolução lidera o novo regime.

 

Kadhafi, de origens beduínas e nascido no deserto líbio na região de Sirt, recebeu treino militar no Reino Unido, tendo iniciado o golpe de Estadoem Benghazi. Admiradorde Nasser que governava o Egipto, é com esse modelo e com o exemplo da soberania sobre o petróleo, que já como chefe de Estado, em 1970 expulsa os militares estrangeiros, nacionaliza a banca e o petróleo.

 

Com o dinheiro dos recursos petrolíferos as condições de vida dos líbios transformam-se radicalmente. A Líbia possui as maiores reservas de África e do petróleo de melhor qualidade, Kadhafi lança-se na construção das infra-estruturas modernas necessárias a um país com as dificuldades de ser na maior parte estéril e desabitado, atrasado e sem mão-de-obra.

 

Etnicamente a Líbia é na maioria Árabe, chegados cerca do século VIII, havendo também os Berberes (pré-muçulmanos), Tuaregues e Tibbu, nómadas para quem as fronteiras são uma abstracção. Os últimos 40 anos, a modernidade Líbia, representa um salto civilizacional extraordinário, do camelo e tenda às costas, para a vida urbana e o conforto. Mas a Líbia é um território tribal, sempre foi e continuará a ser, a obediência primeira é para com a tribo, o que convém reter para a compreensão da revolta actual. Kadhafi, sendo um nacionalista árabe, representa(va) também o factor agregador entre as tribos.

 

A maior tribo (Warfalla) reúne uma sexta parte da população e quer derrubar Kadhafi, enquanto a segunda mais importante – Magriha – compõe algum do sector público administrativo e divide com a tribo de Kadhafi (Gadaffa) boa parte dos postos superiores do exército. As tribos são mais de cem, mas a contabilidade de apoios ou revoltosos não se faz nominalmente. O exército convencional tem servido para empregar os filhos dos notáveis das várias tribos como oficiais, é mal treinado e mal equipado, é um meio de equilibrar as aspirações tribais e não o poder militar. As dissidências de alguns não perturbam o regime, e corresponde à obediência tribal. O poder militar está na segurança interna e nas “Milícias do Povo” os comités revolucionários cujas brigadas especiais não respondem ao exército, e têm-se mantido leais a Kadhafi e ao seu círculo mais próximo, o “Povo da Tenda”.

 

Na Líbia, em três décadas a população quintuplicou, mais de metade têm menos de 15 anos, e pouco mais de um milhão em seis são população activa, metade da população da Líbia é emigrante, mesmo assim uma taxa baixa se comparada com os países do Golfo. A maior parte da classe trabalhadora é estrangeira.

 

As regiões líbias não têm uma história de identidade comum, entre a Cirenaica e a Tripolitânia há deserto, do comprimento de Portugal, e da costa a Fezzan uma caravana demorava meses a chegar, sempre houve uma separação física.

 

A organização política de base, preconizada por Kadhafi, é de democracia directa (no papel), mas como no caso Bolchevique,em que Lenine retirou o poder aos sovietes porque o Partido era o guia da Revolução Socialista, também na Grande Jamahyria Popular Socialista da Líbia, a democracia directa não chega à superstrutura do poder, ele é exercido pelo círculo restrito de Kadhafi.

 

A falência do pan-arabismo secularista fez Kadhafi voltar-se para África, os investimentos alimentavam o sistema de alianças tribais e parece que Kadhafi descuidou a zona mais islamizada, a Cirenaica, com queixas antigas sobre a distribuição dos lucros do petróleo. As cisões podem corresponder a essa alteração das relações de força, e à repressão violenta das manifestações em Benghazi, pelo cunhado de Kadhafi, Abdullah Senussi, da linha dura da segurança interna; seria a isso que se referiu o filho de Kadhafi, Saif, como erros cometidos. Saif, um moderado do regime, pediu diálogo, mas os dissidentes pela voz do coronel Rasheed Rajab já disse que estão a preparar-se para atacar Tripoli. A guerra civil ameaça subir em escalada, ninguém sabe como vai acabar.

 

Com ou sem Kadhafi o desmembramento da Líbia parece inevitável, a divisão geográfica e o tecido social e cultural tribalista, não é o melhor molde para criar instituições de um Estado centralizado, uma vez separado politicamente dificilmente se reunificará. E se há tribos justamente descontentes com a divisão da riqueza até agora feita, quando estiverem divididas organicamente manda o mais forte, daí não virá mais justiça na partilha. Sem as regiões da Líbia unificadas teria sido impossível a obra extraordinária (faraónica) dos rios artificiais que bombeiam água do fundo do deserto do Sara e a levam aos campos e cidades por muitos milhares de quilómetros.

 

 

Os Estados Unidos, cujas companhias petrolíferas não estão presentes na exploração do petróleo e gás líbio, já prometeu toda a ajuda aos dissidentes, inclusive, como disse Hillary Clinton, auxílio político. Também a Al-Qaeda terá estabelecido um “emirato islâmico” em Derna, no leste do país, como afirmou Khaled Kaim aos embaixadores da União Europeia. Será que alguém pensa que as coisas estão a compor-se?

 

publicado por Carlos Loures às 20:00

editado por Luis Moreira em 07/03/2011 às 13:07
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A cinéfila - por Carla Romualdo

  

Ao Carlos Loures

 

Nos grandes armazéns da rua Preciados, a um sábado pela tarde, quando caem os primeiros pingos grossos de chuva – pérolas de gelo, prenúncio da neve que cairá nuns dias mais -, nos grandes armazéns, dizia, depósito sem alma de livros e música, empilhados em quatro andares sem um único recanto onde sentar-se, cruzo-me com a mulher que um dia imaginei e que afinal existia, ou talvez tenha passado a existir nesse momento em que a pensei, talvez tenha irrompido nesse dia pelo mundo, com cinquenta anos feitos, com uma biografia, uma infância que lhe enche as molduras de fotos que terá na sala, um passado que a trouxe até aqui, a este sábado à tarde em pleno Inverno, nos grandes armazéns da rua Preciados.


Chamar-se-á Gloria ou Rocío ou Blanca, ou outro nome luminoso e festivo, porque seria demasiado cruel chamar-lhe Soledad.


Coloco-me atrás dela na caixa e espreito sem vergonha os artigos que pousa sobre o balcão, menos por coscuvilhice do que para confirmar o que já conheço, o que imaginei certo dia, longe da rua Preciados e dos seus grandes armazéns.


“How green was my valley”, “It’s a wonderful life”, “The magnificent Ambersons”, “Meet John Doe”. Pousa-os um por um com carinho no balcão, como se desfrutasse já da sua companhia, como se sentisse já por cada um a ternura que nos une a um velho amigo, como se de cada um conhecesse as virtudes e as manias, e tomasse ambas com o enternecimento risonho que reservamos aos que nos são muito queridos.


O funcionário da caixa desliza-os suavemente pelo tapete e pousa-os com cuidado após o bip do leitor de código de barras, e Rocío (porque afinal me decidi chamar-lhe assim, Rocío, orvalho, frescura da manhã) olha o rapaz com gratidão, pressente-o conhecedor desses comuns segredos que outros não vêem, por mais que se desfilem frente aos seus olhos, estende-lhe o cartão com um quase imperceptível tremor nos dedos, ele passa-o na máquina, ela digita o código, a operação desenrola-se sem uma única troca de olhares, e quando a máquina debita o seu talão, já ele guardou tudo numa bolsa de papel reciclado, agora que os sacos de plástico se fizeram malditos, e só então se olham fugazmente, murmurando um agradecimento mútuo.

 

E eu perco Rocío para sempre, mas sei, porque a conheço, que ela passará o fim-de-semana em casa, com o iogurte de meio quilo sobre os joelhos, as persianas semicerradas para que a luz não entre, e porque o mundo de fora lhe interessa cada vez menos à medida que o outro, o seu, se vai ampliando.


E enquanto George Bailey corre a cidade em desespero, e Rocío se encolhe no sofá, reconfortada na sua tristeza, eu penso como seria o dia de hoje na rua Preciados se Rocío nunca tivesse nascido, se não houvesse esta tarde em que coincidimos nos grandes armazéns e eu a deixei fugir para sempre sem saber que a inventei. 

 

publicado por CRomualdo às 19:00
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OS ENCONTROS IMAGINÁRIOS NA BARRACA - por Hélder Costa

 

 

                                                     

                                         Apresenta  no

 

BAR DA BARRACA , 1ª e 3ª Segunda- Feira do mês, 21, 30

 

5 Encontros Imaginários

 

RESERVAS : 213965360 ; 213965275 ; 969035389

 

Trata-se de um novo projecto de intervenção artística e cultural.

Para inventar mais uma forma de combater a crise e contrariar os efeitos de mais um dos cortes de financiamento Ministerial a que já estamos longamente habituados – desde 1984, para que as novas gerações pouco informadas saibam bem das dificuldades que sempre cercaram alguns das gerações mais velhas – apresentamos uma série de debates que demonstram que o conhecimento é de apreensão irregular e o confronto de ideias na Politica, Economia, Arte e Cultura foi e é um dado permanente da Humanidade.

E assim juntámos o velho saber de uma forma lúdica e acessível : o útil de mãos dadas com o agradável.              

 

 

ENCONTROS IMAGINÁRIOS de Hélder Costa

 

Debates entre personagens marcantes da HISTÓRIA UNIVERSAL representados pelo elenco do grupo.

 

Os debates do mês de Fevereiro foram

 

 

1       Humberto Delgado – João d’Avila              7 Fevereiro

    Salazar- Sérgio Moura Afonso

    Soror Mariana -  Vânia Naia

 

  1. Mao-Tse- Toung – Adérito Lopes              21 Fevereiro

Jesus Cristo – Sérgio Moras

Goebbels –  Ruben Garcia

Seguem-se os seguintes encontros

 

No dia 7 de Março abordaremos os grandes projectos para o engrandecimento das Nações, o manobrismo politico e o populismo .

Os personagens são :

 

     3. Padre António Vieira –João d’Avila                7  Março

         Maquiavel – Pedro Borges

         Nero – Adérito Lopes

 

No dia 21 de Março debatemos 3 formas de exercer o Poder:

A resistência pacífica , o orgulho aristocrático e  a agressão bárbara e autoritária.

Os personagens são

 

4. Gandhi – Ruben Garcia                                    21 Março

     Hitler – Pedro Borges                        

Marie Antoinette – Maria do Céu Guerra

 

Até fim de Maio

 

  1. Carlota Joaquina – Maria do Céu Guerra              4 Abril

Louise Michel – Rita Fernandes

Charlotte Corday – Vânia Naia                    

 

     6. Pasionaria -  Maria do Céu Guerra                  18 Abril                                    

         Freud – João d’Avila

         Darwin – Sérgio Moras

 

     7. Damião de Góis –  Adérito Lopes                2 Maio

         Marilyn Monroe – Rita Fernandes

         Mussolini – Ruben Garcia

 

     8. Gil Vicente – Sérgio Moras                               16 Maio

         Torquemada – Pedro Borges

          Joana d’Arc – Vânia  Naia

publicado por Carlos Loures às 18:00
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Zeca Afonso morreu há 24 anos, por Baptista-Bastos

 

 

 

 

 

 

 
Ao Baptista-Bastos e ao Jornal de Negócios pedimos que não levem a mal reproduzirmos este texto notável. Com os nossos cumprimentos. E agradecimentos ao Manuel Simões, que o enviou para nosso conhecimento.
 
 
 
Baptista-Bastos
 
 
Zeca Afonso morreu há 24 anos [23 de Fevereiro de 1987], com uma doença atroz: esclerose lateral amiotrófica.
 
Tinha 57 anos e manteve, até ao remate dos dias, aquele sorriso meio-cândido, meio-malicioso, que lhe conferia o ar de menino de sempre. Pouco tempo antes conversámos numa leitaria à entrada das Escadinhas do Duque, das duas ou três tertúlias da zona a que chamávamos o Triângulo das Bermudas. Não era um local de perdição, ao contrário do que a alcunha pode querer dizer. Mas os encontros poderiam levar-nos pela noite adiante.

Os mesários dessas reuniões eram, entre muito outros, fixantes e passantes, Herberto Hélder, António José Forte, António Carmo, Aldina Costa, José Carlos González, Ricarte-Dácio de Sousa, Adriano de Carvalho, Serafim Ferreira, Teresa Roby, Luiz Pacheco, os actores Fernando Gusmão e António Assunção, e por aí fora. Olho para trás e reconheço que esses encontros são irrepetíveis, não só porque a morte já fez a sua ceifa como pelo facto de a atmosfera moral e afectuosa ser, agora, muito diferente.

Frequentei aqueles grupos durante anos. O "Diário Popular" era ali perto e dava-me jeito ir à bebida e à conversa com amigos, alguns dos quais (o Herberto, por exemplo) vinham dos bulícios da adolescência. O Zeca Afonso não era habitual; mas, naquele fim de tarde, sentou-se para conversar sonhos e esperanças tão antigos como o homem. "Estou a morrer devagarinho", disse-me. E a voz era como se viesse do fundo do corpo. A frase impressionou-me pela coragem. Ele sabia que estava condenado e talvez quisesse dizer-me que o sabia. Falou, logo a seguir, de outras coisas. Olhava para este homem novo, atingido por uma doença medonha, e recordava a generosidade limpa e aberta de alguém que dera tudo a todos e oferecera à Revolução o seu hino definitivo.

O Viriato Teles, grande jornalista que os senhores dos jornais têm laminado mas não destruído, escreveu, sobre o amigo e companheiro, páginas definitivas, e conhece, como ninguém, a dimensão da grandeza de uma pessoa rara. Mas o País ainda não homenageou o poeta admirável e o cantor de palavras claras que esteve sempre com as causas justas, as batalhas necessárias e as urgências que a História exigia. Melhor do que nós, fazem-no os galegos, para os quais José Afonso é um marco e um símbolo da dignidade e da probidade humanas. Os textos de "intervenção" que escreveu pertencem à mais rigorosa selecta da lírica portuguesa.
 
Provêm, directamente, das fontes medievais e da tradição de combate e crítica da grande poesia. Zeca Afonso não facilitava a interpretação dos seus poemas. A diversidade de leituras que propõem sugeriu muitos estudos no estrangeiro e o respeito de duas ou três gerações que ele distinguiu com a lição de um desprendimento total.

Comparar a obra do poeta às "cançonetas" "dos" Deolinda, como por aí se tenta, é um ultraje e uma demonstrada ignorância. Mas estas comparações não são ingénuas. Fazem parte do arsenal de apoucamento do Zeca, que um sector da vida portuguesa deseja, há muito promover. É desnecessário. A força, a qualidade do imenso trabalho criador do autor de "Traz outro amigo também" não sofre paralelismo com outro qualquer. O que não passa de uma funçanata divertida e trôpega dificilmente poderá ser levada a sério e entendida como "intervenção social e ideológica." As comparações são propositadamente estabelecidas (inclusive por alguma Imprensa desprezível) para fomentar a confusão e enganar tolos. A estratégia não é nova. Ainda há quem não perdoe a Zeca Afonso a magnitude do seu talento e o cariz de uma arte que sempre recusou o panfleto sem desprezar a intenção de revolta.

No dia 23 de Fevereiro completaram-se 24 anos sobre a data da morte de um grande poeta português. É muito bom que, sob outras roupagens, a sua música e as suas palavras sejam cantadas pelo pessoal mais novo e ouvidas por todos aqueles que possuem da arte um conceito diferente porque superior. Quanto a mim, que fui amigo deste português incomum, deste artista sem paralelo, recordo-o com emoção, encantamento e orgulho. Ele faz parte do nosso comum património moral, ética e estético.
publicado por João Machado às 16:00

editado por Luis Moreira em 26/02/2011 às 23:53
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Tollé en Grèce sur des privatisations: "regrettable" selon l'UE et le FMI

 

(Enviado por Júlio Marques Mota)

 

ATHENES, 13 fév 2011 | L'Union européenne et le FMI ont jugé "regrettable" dimanche le tollé provoqué en Grèce par les nouvelles demandes de privatisations massives dont ces institutions ont assorti la poursuite de leur assistance financière.


AFP | 13.02.2011 | 13:35

 

L'Union européenne et le FMI ont jugé "regrettable" dimanche le tollé provoqué en Grèce par les nouvelles demandes de privatisations massives dont ces institutions ont assorti la poursuite de leur assistance financière.

 

"Nous reconnaissons les défis difficiles auxquels est confrontée l'économie grecque et nous avons le plus profond respect face aux efforts énormes consentis par la population grecque", ont déclaré le Fonds monétaire international, l'Union européenne et la Banque centrale européenne, dans un communiqué commun.

 

"Il est regrettable qu'une impression différente ait pu avoir été perçue. Notre collaboration avec la Grèce est fondée depuis toujours sur la confiance mutuelle et le restera", ont-ils ajouté.

 

Samedi, le gouvernement socialiste grec a jugé "inacceptable la conduite" de ces trois institutions.

 

Celles-ci ont accepté vendredi le versement de la quatrième tranche d'un prêt accordé en mai 2010 par la zone euro et le FMI pour éviter la faillite du pays.

 

Mais, malgré de gros efforts d'assainissement budgétaire déjà réalisés, elles ont aussi exigé une "accélération significative" et un "élargissement" des réformes structurelles.

 

L'annonce qui a le plus frappé les esprits porte sur la révision à la hausse de l'objectif de privatisations souhaité par la troïka : 50 milliards d'euros d'ici à 2015, au lieu de 7 milliards sur trois ans initialement annoncé.

 

Dans un premier temps, le ministère grec des Finances a diffusé un document informel semblant avaliser la création d'un portefeuille d'actifs promis à une privatisation et pouvant rapporter "au moins 50 milliards d'euros". Mais samedi, le gouvernement a fait volte-face et fait réagir son porte-parole, George Petalotis.

"Nous sommes dans le besoin, mais nous avons aussi des limites (...) Nous ne négocierons les limites de notre dignité avec personne. Nous prenons des ordres seulement auprès du peuple grec", a déclaré M. Petalotis, en soulignant notamment qu'aucune terre appartenant à l'Etat ne serait vendue.

 

Tandis que la presse grecque, y compris celle proche des socialistes au pouvoir, se déchaînait, le Premier ministre George Papandreou a fait savoir qu'il s'était plaint personnellement auprès du FMI et de la Commission européenne.

 

De son côté, le représentant de la Commission européenne Servaas Deroose a alimenté la fureur grecque en proposant dans le quotidien To Vilma, de "vendre les plages pour développer le tourisme et le marché des propriétés touristiques".

 

La Grèce pourrait facilement lever cinq milliards d'euros en vendant l'ancien aéroport d'Athènes, situé dans une zone côtière lucrative, a-t-il suggéré dans une autre interview à Proto Thema, préconisant la vente de terrains, d'aéroports régionaux et de ports pour un bénéfice de 35 milliards d'euros.

 

Des propos jugés dimanche "pour le moins déplacés" par le ministre grec des Finances George Papaconstantinou.

 

Le chef de la mission du FMI Poul Thomsen y est allé lui-aussi de ses encouragements à "vendre des terrains, y compris l'ancien aéroport" d'Athènes.

 

"Nous sommes à un point crucial où nous avons besoin d'une accélération des réformes", a encore déclaré M. Thomsen, cité par le quotidien Kathimerini.

 

publicado por Carlos Loures às 15:00
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Chuva da minha nuvem - Adão Cruz

coordenação de Augusta Clara de Matos

 

 

 

Adão Cruz  Chuva da minha nuvem

 

 (ilustração de Adão Cruz)

 

 

 

Chuva da minha nuvem água da minha sede…

 

Com treze anos ou vinte somos a forma sublime uma espécie de sal e água.

 

Não somos a dimensão da vida mas criamos salinas nas margens do espaço.

 

O espaço era verde o espaço era verdade e a dimensão acertou o passo pelos passos da idade quando a idade nos diz que não há margens no espaço nem salinas de verdade.

publicado por Augusta Clara às 14:00
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Que nomes para as novas freguesias de Lisboa?

 

 

 A Câmara de Lisboa reduziu de 53 freguesias para 24, conforme proposta que o mapa mostra e colocou em www.freguesiasmaisfortes.net informações e uma área reservada à participação pública.

 

Que nomes devem ter as novas freguesias? Que competências?

 

A redução é feita, praticamente, na Baixa de Lisboa, onde o número de moradores já não justifica a existência de freguesias, mas toda esta movimentação, embora justificada e com merecimento, não terá valido a pena senão forem entregues aos orgãos autárquicos que mais próximos estão dos cidadãos, novas competências e novos meios.

 

O caso das mortes de idosos sozinhos em casa mostra bem que as freguesias podiam e deviam ser uma companhia próxima e amiga  das pessoas mais carenciadas.

 

É preciso descentralizar este Estado e este poder cego, surdo e mudo, afastado das necessidades dos cidadãos!

publicado por Luis Moreira às 13:00
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Pedro Oom (1926-1974) - por Carlos Loures

 

 

 

Há tempos atrás, num outro blogue, o Aventar, recordei o poeta Pedro Oom. Começava assim:

 

«Segundo reza a história, a Revolução de 25 de Abril de 1974 apenas provocou quatro mortos. Agentes da PIDE/DGS, aterrados com a multidão que gritava sob as janelas do quartel-general daquela polícia, dispararam sobre os manifestantes, matando quatro e ferindo muitos outros. A História está errada – foram cinco e não quatro os que morreram nesse dia devido à Revolução. A poucos metros do sinistro palácio da Rua António Maria Cardoso, no Largo de Camões, dois poetas seguiam, entre muitas outras pessoas que enchiam o largo naquela tarde de Primavera, as peripécias dos agentes da secreta que, saltando de telhado em telhado procuravam escapar de ser presos pela força de fuzileiros que invadira o edifício. Era o António José Forte e o Pedro Oom. O Pedro estava feliz e comentava para o Forte: «Nunca esperei ver uma coisa destas, os pides a fugir de nós!». Sorria, e de repente, sentiu-se mal cambaleou e caiu. O Forte, ajudado por algumas outras pessoas, estenderam-no sobre um banco do largo e tentaram reanimá-lo. Alguém foi rapidamente telefonar a pedir uma ambulância. Nada feito. O coração do Pedro não aguentou tanta alegria».

 

Pois bem, as coisas não se passaram assim, embora fosse deste modo que o episódio me foi contado (e, desta maneira, se fabricam as lendas). Uma amiga comum, Celeste Baeta, companheira do Adriano de Carvalho, do qual já aqui falei também, num comentário ao meu texto esclarecia que o poeta Pedro Oom terá morrido morreu, de emoção e de alegria, mas no dia 26 de Abril, às 14,30, quando no «Restaurante 13», festejava com uns amigos a queda do regime fascista. Ela estava presente. Aproveito para agradecer à Celeste o esclarecimento, evitando que continuasse a divulgar uma versão muito interessante e poética, mas falsa. Já aqui contei como o Francisco Fanhais, durante muito tempo antecedia a interpretação de uma canção com versos meus, contando que me despedira da minha mulher, dizendo-lhe «até já» e que, sendo preso pela PIDE no café onde fora, só voltei passados seis anos. Logo que o conheci pessoalmente, bastante depois do 25 de abril, esclareci-o – a prisão não fora de seis anos, mas sim de seis meses. A verdade é a grande inimiga das lendas!

 

Mas o que queria dizer sobre o Pedro, não é afectado pela diferença entre a verdade e a lenda da sua morte. Conheci-o em 1958 no Café Gelo, do Rossio. Quando, em 1959, organizei a revista Pirâmide, ele colaborou no primeiro número com o poema inédito “Um ontem cão” (que não transcrevo por ser muito longo). Estive depois uns anos sem o ver, pois saí de Lisboa. Voltámos a encontrar-nos em 1973. Encontrávamo-nos, num dia certo da semana, num restaurante da Rua João Crisóstomo, o Forte, a pintora Aldina, sua mulher, eu e a minha mulher, o Jaime Camecelha, o Pedro Oom, que éramos o núcleo duro do projecto, e mais alguns que apareciam com menos regularidade.

 

O Pedro só deixava revelar o poeta surrealista que o habitava quando falava. O seu aspecto era muito formal – roupa cuidada, gravata… Ninguém diria o que ia por aquela cabeça – a criatividade, as ideias inusitadas, mas de uma lógica impecável. E dizia todas aquelas inesperadas coisas., numa voz baixa, contida, com palavras muito correctas – só as ideias eram surpreendentes - a da comuna, por exemplo.

 

No Restaurante (Pelé, salvo erro) falávamos da queda do regime (tínhamos acesso aos comunicados que saíam das reuniões do MFA) e projectávamos criar uma comuna, uma espécie de falanstério. A ideia fora lançada pelo Pedro. Chegámos, eu e o Jaime num fim-de-semana, a ir ver terrenos no Ribatejo – iríamos todos viver para lá e seríamos auto-suficientes. Era um projecto que o Pedro pensara ao pormenor e de que um dia talvez aqui fale. Andávamos muito entusiasmados com a ideia.

 

Com a morte do Pedro Oom, o utópico projecto não voltou a ser debatido.

 

Pedro Oom nasceu em Santarém (24 de Junho de 1926). Inicialmente ligado ao neo-realismo, aderiu ao movimento surrealista. Foi o mentor da teoria do abjeccionismo, ao redigir, em 1949, o Manifesto Abjeccionista. Até 1974, os seus textos encontravam-se dispersos por jornais e revistas. Alguns desses textos poéticos, foram postumamente compilados em Actuação Escrita (1980) e em Histórias para Crianças Emancipadas, pequenos poemas ou relatos escritos com um insólito non sense próprio da poesia surrealista.

 

Como o poema «Pode-se escrever» que podemos ouvir, declamado por Mário Viegas.

 

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 12:00
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Vinho : com ele me deleito – III - por Clara Castilho

 

O FADO - José Malhoa

 

Embriaguemo-nos

 

É preciso estarmos sempre embriagados. Nada mais importa. Para que o horrível fardo do tempo não nos pese sobre os ombros e nos faça pender para a terra, devemos embriagarmo-nos sem cessar.

 

Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, escolhei. Mas embriaguemo-nos!

 

E se por vezes, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma valeta, na solidão baça do nosso quarto, acordarmos, com os efeitos da embriaguez já diminutos ou desaparecidos, perguntarmos as horas ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se move, eles responderão: “São horas de vos embriagardes! Para não serdes os escravos martirizados do tempo, embriagai-vos, embriagai-vos sem cessar.

 

De vinho, de poesia ou de virtude. Escolhei.

 

” Charles Baudelaire

 

Mais ou menos na mesma altura em que este poeta escrevia este poema, que vai para além dos efeitos directos do álcool, realizou-se em Turin (1881) um Ciclo de onze conferências públicas sobre o vinhos, onde onze amigos abordavam o vinho sobre vários pontos de vista. Eram eminentes especialistas que trataram o vinho nos seus mais variados aspectos: na lenda, nas letras, na patologia, na fisiologia, na química, na botânica, na história natural, no comércio, na criminologia e na poesia. Edmondo de Acmicis encerrou o ciclo com uma conferência onde descreveu os efeitos psicológicos da bebida e que vem publicada no livro “O Vinho – um discurso sobre os seus efeitos psicológicos”( Fenda, Lisboa, 1995).

 

*** Receita romana do século III para fazer vinho de rosas:

 

“Farás vinho de rosas da seguinte forma: põe uma molho de pétalas de rosa a que tiraste a parte branca, tantas quantas possas, no vinho durante sete dias. Depois, tira as pétalas e volta a pôr outro molho e deixa ficar mais sete dias e volta a tirá-los. Repete ainda a operação uma terceira vez, côa o vinho e quando o quiseres beber junta um pouco de mel.”

publicado por Carlos Loures às 11:00
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Concurso literário - grande prémio de conto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REGULAMENTO 

____________________

 

                                                                         Abertura de Concurso

 

 

GRANDE PRÉMIO DE CONTO "CAMILO CASTELO BRANCO"  
C. M.VILA NOVA DE FAMALICÃO/APE

                                                            

 

Encontra-se em aberto o concurso literário, para as obras publicadas em 2010, até ao dia 25 de Março de 2011.

 

Para o efeito, consulte o nosso site: www.apescritores.pt.

Agradecemos que, no exterior das embalagens, venha a designação do Prémio.

 

Saudações cordiais.

 

Paula Trindade Duarte

 

 

 

publicado por João Machado às 08:00
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Domingo, 27 de Fevereiro de 2011

Reviravolta nos modos de ser e fazer

 

 

 

 

 

 

 

António Mão de Ferro

Ainda não há muito tempo que a integração na comunidade era feita através da família.

Quando se fala nisso recorda-se esse tempo com agrado, amargura ou saudade, mas normalmente com emoção. Essa transmissão de usos e costumes permitia a interiorização de valores socialmente aceites e a sua submissão a eles. A família nuclear era a base da primeira acção formativa.

Neste momento assistimos a uma desagregação da família e a acção que se verificava, está a diluir-se. Será isso preocupante? Penso que não. 

Não raras vezes, no seio da família nuclear, o chefe de família, “cabeça de casal”, punha em situação de dependência e submissão a mulher e os filhos. O controlo que era exercido e o conceito de honra, limitavam o acesso a outras formas de cultura, dificultando a inovação e a criatividade, desde que não se coadunassem com as regras que a família veiculasse.

Talvez isto explique o facto de muitas empresas ainda funcionarem na base dos mesmos princípios da família nuclear tradicional e, como tal refugiarem-se na segurança de um sistema fechado, cujas verdades são defendidas como uma espécie de porta estandarte. Esse modo de funcionamento dificulta o desenvolvimento dos colaboradores e a sua capacidade de adaptação porque os alicerces em que assenta acabam por ruir.

O importante nos dias que correm não é acatar uns tantos conceitos, umas tantas normas. O fundamental é ter capacidade para raciocinar, para fazer coisas. Não raciocinar é o mesmo que ter os olhos fechados sem fazer esforço para os abrir. É preciso duvidar das certezas, eliminar a apatia e provocar uma reviravolta nos modos de ser e de fazer.

publicado por João Machado às 23:56
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