Sábado, 29 de Janeiro de 2011

Música romântica do século XX - 70

Há muitas razões para gostar de Leonard Cohen. A sua voz rouca que se vai fazendo mais grave, mais densa, com o passar dos anos, o lirismo das suas letras, a beleza das melodias, o seu conhecido desapego ao lado mundano da música, a essa notoriedade oca que tantos buscam. Gosto de Cohen por tudo isso, mas também por não ter cedido à imposição do mercado do espectáculo, e não ter escondido a sua velhice do público. O showbizz é dos jovens, e daqueles que, já não o sendo, alisam as rugas, insuflam-se de botox, e se vão distanciando cada vez mais do que são. Cohen tem 76 anos (setenta e seis anos!) e continua a subir ao palco, com os impecáveis fatos que já ninguém usa e o borsalino que há-de levantar muitas vezes a cada noite para agradecer ao seu público.

 

Leonard Cohen é autor de várias canções que se podem considerar “românticas”, embora quase sempre tingidas pela melancolia, pela perda, pelas dificuldades de comunicação entre aqueles que se amam. Esta que escolhemos, Dance me to the end of love (publicada em 1984 no álbum “Various Positions”), é, na aparência, uma canção romântica, mas tem uma origem mais sombria. Cohen contou numa entrevista que a canção nasceu depois de ele ter lido que em alguns campos de concentração havia um quarteto de cordas formado por prisioneiros, que tocava enquanto decorriam as execuções, enquanto os fornos crematórios incineravam os cadáveres dos companheiros desses músicos. Mas, partindo dessa terrível história, Cohen não quis escrever uma elegia. Dance me to the end of love é uma exaltação da vida e da paixão. Quando a escutamos podemos fechar os olhos e imaginar um par que vai dançando enquanto as luzes se apagam, uma a uma, até à escuridão total, até ao fim do amor.

 

 

 

 

publicado por CRomualdo às 23:00

editado por Carlos Loures às 23:40
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A crise de 1929, o regresso? - por Martin Wolf

Há sinais de recuperação que estão a aparecer, aqui e ali. De toda a maneira, é o que nos asseguram. Mas antes de concluir que o fim da recessão está próximo, devemos interrogar a história para ouvir o que esta tem para nos dizer. Este é um dos guias de que dispomos na difícil situação que estamos a passar. Por felicidade, temos dados. Por infelicidade, a história que nos relatam não é nada agradável.

Dois historiadores de economia, Barry Eichengreen, da Universidade da Califórnia em Berkeley, e Kevin O'Rourke, do Trinity College em Dublim compilaram números que nos dizem mais do que os longos discursos (ver www.voxeu.org, "A Tale of Two Depressões", Junho de 2009). Neste seu texto, os professores Eichengreen e O'Rourke datam o início da actual recessão mundial em Abril de 2008 e o da Grande Depressão em Junho de 1929.

Quais são as suas conclusões sobre a fase em que estamos já com um pouco mais de um ano depois do início da crise? A má notícia é que essa recessão corresponde ponto a ponto à primeira fase da Grande Depressão do século XX. A boa notícia é que o pior ainda pode ainda ser evitado.

Em primeiro lugar, o declínio na produção industrial global reproduz de modo assustador o que foi observado durante a Grande Depressão. Na Europa, o declínio na produção industrial em França e na Itália foi mais forte do que na similar fase da crise na década de 1930, enquanto que o declínio actual na Grã-Bretanha, Alemanha, Estados Unidos e no Canadá é aproximadamente a mesma que na crise de 29. Mas o colapso da indústria do Japão, apesar de uma muito recente recuperação foi muito pior do que o que aconteceu na década de 1930.


Em segundo lugar, a queda acentuada no volume do comércio mundial foi muito pior do aconteceu em 1929. Na verdade, a baixa registada durante o primeiro ano no mundo corresponde ao observado nos primeiros dois anos da Grande Depressão. E isto não tem nada a ver com medidas de protecção, mas sim com a queda da procura de bens manufacturados.


Em terceiro lugar, apesar da sua recente recuperação, a queda nas bolsas mundiais é muito maior do que o foi durante o período correspondente da primeira grande crise mundial.


Isto leva os autores do estudo a concluir sem qualquer hesitação: "Numa escala global, seguimos a mesma evolução, talvez até mesmo pior do que a seguida durante a Grande Depressão. Os acontecimentos que se estão a passar (...) são de uma escala dimensão semelhante à da crise dos anos 30. "


No entanto, o que deu o seu nome à Grande Depressão, foi uma forte queda durante três anos consecutivos. Hoje, o mundo aplica as lições aprendidas com os acontecimentos dos anos 1930 por John Maynard Keynes e por Milton Friedman, os dois mais influentes economistas do século XX. A resposta política dada a esta crise deixa pressagiar que o desastre não se vai reproduzir.

Os professores Eichengreen e O'Rourke não deixam de sublinhar esta diferença essencial. Durante a Grande Depressão, a média ponderada da taxa de desconto das sete maiores economias nunca desceu abaixo dos 3%. Hoje, está próxima de zero. Até mesmo o Banco Central Europeu, o mais inflexível dos grandes bancos centrais, reduziu a sua taxa chave para 1%.

Do mesmo modo, durante a Grande Depressão, a oferta de moeda afundou-se, enquanto que esta continua a crescer hoje. Na verdade, a combinação do forte crescimento monetário e de uma recessão suscita dúvidas no que diz respeito à explicação monetarista da crise de 1929.


Finalmente, a política orçamental foi muito mais agressiva desta vez. No início dos anos 30, a média ponderada do défice de vinte e quatro países mais desenvolvidos manteve-se abaixo de 4% do seu produto interno bruto (PIB). Hoje, os défices orçamentais serão muito superiores. Nos Estados Unidos, o défice público deverá chegar a quase 14% do PIB.


A questão é agora de saber se as medidas de relançamento sem precedentes que têm sido tomadas conseguirão compensar as consequências do colapso financeiro e da acumulação de dívidas nunca até agora atingida do sector privado nos Estados Unidos e nos outros países. Se os planos de relançamento lhes são superiores afastar-nos-emos do caminho que levou à Grande Depressão. Se não forem superiores, voltaremos a fazer o caminho da Grande Depressão. O que todo o mundo espera é óbvio. Mas o que devemos esperar?


Estamos a assistir a uma corrida contra-relógio entre por um lado o sanear das contas dos privados e o reequilíbrio mundial da procura e, por outro, a durabilidade das politicas de relançamento económico.


Só encontraremos uma forte procura sustentada do sector privado depois das contas das famílias sobreendividadas, das empresas sobreendividadas e dos sectores financeiros sub-capitalizados terem sido melhoradas, ou depois de os países com altas taxas de poupança comecem a consumir ou a investir mais.


Nada disto vai acontecer de modo rápido. Na realidade, tendo em conta a excepcional acumulação de dívida registada durante a década passada, é muito mais provável que leve anos. Durante os últimos dois trimestres, por exemplo, as famílias nos Estados Unidos reembolsaram apenas 3,1% das suas dívidas. O desendividamento é um processo longo. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos passaram a ser o único tomador significativo de fundos. Da mesma forma, o governo chinês poderia rapidamente aumentar os seus investimentos. Mas ser-lhe-á mais difícil desenvolver e por em prática uma política capaz de elevar o seu nível de consumo.


A maior probabilidade é que a economia global tenha que aplicar políticas monetária e orçamental durante muito mais tempo do que muitos acreditam ser necessário. Isto necessariamente irá causar nervosismo nos políticos - e nos investidores.


Perfilam-se no horizonte dois perigos entre si contraditórios. O primeiro é que os planos de relançamento foram postos em prática muito cedo, como foi o caso na década de 30 e no Japão na década de 90. Isto conduzirá a uma recaída em recessão, devido ao facto de o sector privado, ainda não estar em condições de gastar - ou de não estar disponível para isso.

O outro perigo é que, ao contrário do caso anterior, as medidas de relançamento sejam dadas por concluídas demasiado tarde. Isto levaria a uma perda de confiança na estabilidade monetária, agravada pelas preocupações sobre a capacidade de se assumir a dívida pública, principalmente nos Estados Unidos, o emissor da principal moeda mundial. No limite, a subida dos preços dos produtos em dólares e de subida das taxas de juro das obrigações do Tesouro a longo prazo, poderiam mergulhar os Estados Unidos - e as outras economias no mundo – numa perniciosa estagflação. Contrariamente ao que dizem alguns alarmistas, não tenho actualmente conhecimento de qualquer um desses sinais anunciadores de um pânico. Mas este não está excluído.


Em 2008, a economia mundial mergulhou em recessão. A resposta política tem sido de uma dimensão sem precedentes. Mas aqueles que acreditam que estamos no início de uma forte recuperação liderada pelo sector privado tirem daí as suas ilusões. Os caminhos para a recuperação sustentável serão provavelmente longos, difíceis  e incertos.

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 12:19
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Ainda a entrada no mercado de trabalho

O Professor Júlio Marques Mota enviou esta carta de um aluno seu a vários amigos e de uma mãe recebeu esta resposta:

 

 

 

Olá Professor, boa noite!

Esta é, infelizmente,  uma realidade que eu conheço há já mais de dois anos!

A pergunta que se impõe é:  Para onde vamos? 

A resposta é simples: ninguém sabe! 

Mas se alguém souber, p.f. que faça a caridade de nos informar ...

 

Baseado neste e noutros casos similares do seu conhecimento, Júlio Marques Mota enviou uma segunda carta ao Presidente da República. Segunda-feira às 21:00 horas iniciaremos a sua publicação.

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publicado por Carlos Loures às 20:09
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A entrada no mercado de trabalho em Portugal:

 

O Professor Júlio Marques Mota recebeu de um ex-aluno a carta que transcrevemos abaixo:

Bom dia caríssimo professor:

 

 

Venho-lhe enviar as condições que me propuseram na entrevista de emprego na cidade X:

 

 

 

 

 As funções que tinha que desempenhar consistiam em: procurar clientes, convencê-los a aceitar propostas de seguros, de vendas de imóveis, de abrir contas bancárias obscuras, resumindo, seria convencer os clientes a assinar um conjunto de serviços financeiros que deixam muito a desejar.As condições que ofereciam eram as seguintes: teria que me deslocar na minha própria viatura, encontrar os respectivos clientes, tratar dos documentos todos e todas as burocracias a que esses serviços financeiros obrigam, teria que ser eu o responsável caso essas contas bancárias misteriosas e serviços não decorressem da melhor forma e, no final ficaria com 15% dos lucros, tendo ainda que repartir esse 15% com a equipa(vendedores) à qual iria pertencer.

 O entrevistador sugeriu-me que achava por bem contratar-me como licenciado e não futuramente como mestre, pois isso implicaria mais custos, custos esses que para ele seria algo supérfluo. Seguidamente, após o entrevistador ter tentado de todas as formas que eu assinasse de imediato o contrato, comunicou-me que o ordenado base seria de ZERO, pois eu poderia constituir meu próprio ordenado, dado, que quantos mais produtos financeiros realizasse, melhor ordenado poderia obter.

 

Confrontei-o de seguida, com a situação em que me encontrava, ou seja, uma vez que não conheço acidade de (XXX), seria complicada a tarefa de nos primeiros tempos constituir uma carteira de clientes, respondendo-me ele de imediato que caso eu não encontrasse clientes, teria que suportar todas as despesas.Aproveito também para lhe comunicar que foi esta a minha primeira entrevista de emprego como licenciado, onde o entrevistador me comunicou que estava já constituída uma equipa com outros quatro licenciados, o que me deixou estupefacto, dado que esses outros elementos aceitaram as condições acima descritas.

 

 Confesso que estou muitíssimo apreensivo e assustado com esta realidade terrível comque me deparei.

 

 

 
publicado por Carlos Loures às 20:00
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Assassínos Económicos

Luis Moreira

 

 

 

Estes dois vídeos merecem ser vistos, há muito que se percebe que os políticos estão nas mãos dos homens do dinheiro. Há pessoas a ocupar lugares e a serem eleitas que pelas suas poucas qualidades nunca chegariam a tais lugares. Alguém paga e muito para os apoiar, para os manter o tempo que for necessário para que as grandes obras, os grandes negócios se façam sem risco. Destruir o Iraque e a seguir ser reconstruído pelas empresas que o mandaram destruir é o cúmulo da hipocrisia.  Mas vejam e ouçam que quem nos fala sabe do assunto andou no meio.

 

 

 

 

 

 

 

Entretanto, as ditaduras Árabes, que se mantêm no poder com o apoio dos US, tremem com a população farta de ladrões, alguma coisa é preciso fazer para que o poder não caia nas mãos dos extremistas religiosos. Os sinais de Obama e Hillary são evidentes, a "estabilidade" essa palavra terrível, já anda  a ser lançada aos quatro ventos, alguma coisa é preciso que mude para que tudo fique na mesma. Esta é a visão dos US que não prescindem do petróleo, que vai rareando mas que ainda não tem substituto.

 

Apoio aos povos esmagados por ditaduras, a democracia é precisa apesar de todos os mas..

publicado por Luis Moreira às 19:00
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Cronologia da Guerra Colonial - 1969 - 1/2 - por José Brandão

1969

 

JANEIRO

?

- Infiltrações de pessoal e material da FRELIMO em direcção à Zambézia, com intenção da abertura desta frente.
- Ataque de forças nacionalistas ao caminho-de-ferro de Benguela, região de Cafungo, Moxico, de que resultaram 15 trabalhadores mortos.
- Acção de grande envergadura de forças portuguesas helitransportadas em Luatxe, Moxico, Zona Militar Leste, sobre um acampamento do ELNA.
- Emboscada da FRELIMO ao caminho-de-ferro do Niassa, próximo de Catur, utilizando armas automáticas e lança-granadas-foguete.
- Na zona de Bigene (junto à fronteira com o Senegal) o ano começou com ofensivas das tropas portuguesas que levou à apreensão de grandes quantidades de material de guerra enquanto em Guilege (sul) o PAIGC metia dentro do perímetro do aquartelamento mais de duas centenas de granadas, causando dois mortos às tropas portuguesas.
- O comando militar português, em relação a Moçambique, registava 130 acções do inimigo com maior intensidade no sector B (Porto Amélia), seguido do sector A (Vila Cabral) e sector F (Tete), salientando o emprego de elevado número de engenhos explosivos.
- Com o desenvolvimento da guerra em Angola, o MPLA desloca a Rota Agostinho Neto (zona dos conflitos mais intensos entre o MPLA e as forças portuguesas em toda a guerra no Leste) mais para sul, tendo as forças militares portuguesas assaltado cinco dos principais acampamentos – Chichima, Chiconde, Ho Chi Minh, Cauevo e Che Guevara.
- Em Angola a UNITA sofre um forte revés com a adesão do comandante Muanangola e de mais 144 elementos à FNLA.
- John Stockwell, oficial da CIA colocado no Zaire, visita, na qualidade de conselheiro, bases da FNLA em Angola.

1

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2384.

- Ocupação da Igreja de S. Domingos, em Lisboa, por um grupo de católicos contrários à política ultramarina do Governo.
- A FPLN publica uma plataforma política que inclui «a abertura imediata de negociações para pôr fim às três guerras coloniais, o regresso dos soldados expedicionários e a amnistia dos desertores e refractários»

3

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2339.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar da CCaç V. Cabral.

4

- Morre em combate na Guiné um furriel do PelCaç 66.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar da CCav 2400.

- Partem para Moçambique os BCaç 2862 e 2863.

5

Morrem em combate em Moçambique 8 militares. Sete da CCaç 2321 e um do BCP 32.

9

Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2414.

10

- Partem para Angola os BCaç 2858, 2859 e 2860.

- Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 1724.

11

Morrem em combate em Angola 2 militares. Um furriel da 10ª CCmds e um soldado pára-quedista do BCP 21.

13

Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 2380.

15

Devido a acidente morrem 5 militares em Angola.

16

Morre em combate em Moçambique 1 militar da CCav 1730.

17

- Morrem em combate em Moçambique 3 militares. 2 fuzileiros do DFE 9 e 1 furriel do CmdAgr 1985.

- Grande emboscada da FNLA no itinerário Totó-Vila Loge, com 16 mortos, 8 feridos e 2 desaparecidos das forças portuguesas da CCaç 106/RI 20 e apreensão de 17 espingardas FN, um emissor/receptor AN/PRC-9 e outro material.

18

Conferência Internacional de Solidariedade para com os povos das colónias portuguesas e da África Austral, em Cartum.

20

Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 1744.

21

Morre em combate na Guiné 1 militar da CCaç 3.

22

Morre em combate em Angola 1 militar da 19ª CCmds.

23

- Em 23 de Janeiro, o anoitecer em Aldeia Formosa começou com o lançamento de uma granada de mão para a Messe dos sargentos, causando a morte de dois soldados e fazendo dez Furriéis feridos, alguns com gravidade. Nunca se soube quem foi o autor.

- Morre em combate em Moçambique um furriel da 18ª CCmds.

24

Comunicados militares assinalam combates, nos últimos dois meses, em 8 províncias de Angola.

25

Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 2362.

28

Gandembel terminaram as obras da construção do aquartelamento. Depois de meses e meses de intenso trabalho (as obras tinham arrancado em 8 de Abril do ano anterior) e de se defenderem como puderam de mais de três centenas de ataques da guerrilha durante o referido período, viriam, meses depois a abandoná-lo por ordens do Governador.

29

- Morre em combate em Angola 1 militar do RI 21.

- Morrem em combate na Guiné 2 militares da CCav 1749.

31

Durante este mês as baixas nas forças portuguesas totalizaram 85 mortos. Em acções de combate morreram 48 militares.

 

FEVEREIRO

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- Acção das forças portuguesas na região a este de Bigene, com captura de grande material constituído por canhão s/r, morteiro 82, metralhadoras pesadas e ligeiras, lança-granadas-foguete, espingardas automáticas e de repetição, minas e munições.
- Flagelação de Guilege por parte do PAIGC, com utilização de canhões s/r e morteiros, colocando cerca de 200 rebentamentos no interior do quartel e causando 2 mortos.

- As autoridades militares em Bissau tomam conhecimento que a Guiné-Conacri tinha recebido da URSS três vedetas-torpedeiras da classe “Komar” e o PAIGC quatro vedetas-torpedeiras da classe “P6”. As primeiras, navios de 75 toneladas, estavam armadas com duas peças AA (antiaérea) de 25 mm e dois mísseis superfície-superfície; as segundas, navios de 66 toneladas, vinham armadas com duas peças AA de 25 mm e dois tubos lança-torpedos. Umas e outras podiam atingir uma velocidade superior a 40 nós.
- Acção de forças nacionalistas de Angola no itinerário Binda-Camabatela, causando às forças portuguesas 5 mortos e 13 feridos graves, com apreensão de 4 espingardas G-3.

- Plano de Paz de Leopold Senghor para a Guiné, propondo a independência no quadro de uma comunidade luso-africana.

3

Assassínio de Eduardo Mondlane, líder da FRELIMO, em Dar-es-Salam (sede exterior da FRELIMO), quando se preparava para abrir uma encomenda postal, armadilha proveniente da República Federal da Alemanha, havendo uma versão segundo a qual a bomba teria sido enviada por Casimiro Monteiro, o assassino de Humberto Delgado.

4

- Morrem em combate em Angola 4 militares. Três da CCav 2431 e um CCaç 112.

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CCaç 2381.

5

- Partem para a Guiné o BArt 2865 e o BCaç 2861.

- Morrem em combate em Moçambique 3 militares da CCaç 2304.

6

- Morrem em combate na Guiné 4 militares. Três da CCaç 2444 e um da CCaç 2446.

- Evacuação de Madina do Boé pelas forças portuguesas aí estacionadas, durante a qual se registou um grave acidente na travessia do rio Corubal, com a morte de 46 militares.

- A retirada da CCaç 1790 foi comandada pelo tenente-coronel Hélio Felgas. E foi precisamente durante essa manobra que ocorreu um dos mais trágicos episódios da guerra na Guiné. Já no final da operação, uma jangada em Cheche, no Corubal, voltou-se com os militares carregados com as armas e cartucheiras. Morreram 46 militares engolidos pelas águas e alguns corpos não chegaram a ser resgatados. Mais de uma dúzia de dias depois, um pequeno grupo de fuzileiros e mergulhadores conseguiu recuperar alguns corpos espalhados nas margens.

7

Morrem em combate na Guiné 2 militares. Um soldado da CCaç 2312 e um pára-quedista do BCP 12.

8

- Parte para Angola o BArt 2864.

- Morre em combate em Angola um furriel da 12ª CCmds.

9

- Após a retirada da guarnição portuguesa, o PAIGC ocupa Madina do Boé, no Leste da Guiné.
- Ataque do PAIGC ao quartel de Cambaju, (fronteira NE com Senegal), com utilização de variado armamento, durante cerca de duas horas, causando vários mortos e feridos e entrando no perímetro defensivo do próprio aquartelamento.

- Morre em combate em Angola um alferes da 19ª CCmds.

10

Marcello Caetano declara que Portugal não pode ser indiferente «à sorte da Rodésia». Em «conversa em família» declara: «Portugal tem mantido serenamente a sua posição. E houve quem pensasse por esse mundo além que tal persistência resultava de mera teimosia pessoal do doutor Salazar. A verdade, porém, é que a posição de Portugal não podia ser outra».

11

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CCav 1749.

- O ministro da Defesa visita Angola, Moçambique e a África do Sul.

14

- Morrem em combate na Guiné 2 militares da BAC 1. Um alferes e um furriel.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar pára-quedista do BCP 31.

15

Morre em combate na Guiné 1 militar da CCaç 2435.

16

- Vítimas de uma armadilha, morrem na zona de Cabedú, na Guné, um capitão e um furriel.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar da 9ª CCmds.

18

Parte para a Guiné o BArt 2866.

19

Morrem em combate em Angola 5 militares Quatro da CCaç 313 e um da CCaç 2351.

20

Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 2488.

22

Morre em combate na Guiné 1 militar da CCaç 2403.

23

- Partem para a Guiné os BCav 2867 e 2868.

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2477.

24

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2477.

- Morrem em combate em Moçambique 4 da CCaç 2322. Um alferes, um furriel e dois soldados.

25

Morre em combate em Moçambique 1 militar do BCaç 2837.

26

Ataque do PAIGC a duas lanchas no rio Buba, sendo a acção dirigida por Mário de Sousa Delgado e Mamadu Indjai.

27

Morre em combate em Moçambique 1 militar da 17ª CCmds.

28

Durante este mês as baixas nas forças portuguesas totalizaram 115 mortos. Em acções de combate morreram 36 militares.

 

MARÇO

?

- Autorização de despesas, a contrair pelo Governo português, até ao montante de dois milhões de contos, para reequipamento do Exército e da Força Aérea.
- Reactivação da guerrilha no «chão» balanta, nos sectores de Mansoa e Bula.
- Realiza-se em Luanda um Simpósio de Contra-Subversão, impulsionado pelo comandante-chefe, general da Força Aérea Almeida Viana, que viria a ter influência na atitude das autoridades portuguesas, em especial no mais alto escalão.

2

Minas aquáticas, no Rio Cobade, sul, uma mina aquática é descoberta a tempo e destruída a tiro.

3

Fuga de três prisioneiros portugueses feitos pelo PAIGC, da “Maison de Force”, em Kindia, que viriam de novo a ser recapturados.

4

- Despacho da Censura determina a proibição do livro do Padre Felicidade Alves e outros, A Crise da Igreja.

- Devido a acidente morrem em Angola 5 militares. Três da CArt 2774, um da CCaç 1784 e um da CCaç 1738.

6

Início da Operação “Vulcano”, no Sul da Guiné, Quitafine/Cassebache, em que forças pára-quedistas tentam assaltar posições de artilharia do PAIGC, demonstrando este, pela primeira vez, capacidade para se manter no terreno, numa defesa a todo o custo.

7

Utilização, pelo PAIGC, no Sector Sul, de uma metralhadora pesada antiaérea quádrupla 14,5 e seis simples de 12,7, atingindo dois Fiats G-91 e um DO-27.

8

Morrem em combate em Moçambique 4 militares da 2ª/BCaç 16. Um alferes, um furriel e dois soldados.

9

Morre em combate em Moçambique 1 militar da CArt 2369.

10

Morre em combate na Guiné 1 militar da CCaç 2466.

11

Morre em combate em Moçambique 1 militar da CCaç 2421.

12

Morre em combate em Angola 1 militar da CArt 1699.

14

Morre em combate em Angola 1 militar pára-quedista do BCP 21.

19

Morre em combate na Guiné 1 militar da CCaç 2367.

20

- Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 2488.

- Morre num acidente em Angola um tenente da Força Aérea.

21

- Morre em combate na Guiné 1 militar do PelCaç 52.

- P. W. Botha, ministro da Defesa da África do Sul, visita Lisboa para conversações com Marcello Caetano.

22

Morre em combate na Guiné 1 militar da CCaç 2466.

23

Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 2334.

24

Lázaro Kavandamme, líder maconde e dissidente da FRELIMO, entrega-se às autoridades portuguesas.

26

Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2414.

27

General José Pereira do Nascimento, secretário de Estado da Aeronáutica.

28

- Morre em combate em Angola 1 militar da 8ª CCmds.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar da CCaç 2419.

- A ofensiva grevista diminui de intensidade em relação ao mês anterior, mas ainda se registam algumas greves: na Novalto, em Setúbal; tipógrafos do D. N.; Fábrica de Papel das Baleias, em Setúbal; greve de zelo na TAP.

29

Encerramento de um simpósio sobre contra-subversão em Luanda, em que o comandante-chefe, general Almeida Viana, realça as deficiências da acção política e militar.

31

- Morre em combate em Angola 1 militar do BCaç 2843.

- Morre em combate na Guiné 1 militar da da CCaç 2382.

- Durante este mês as baixas nas forças portuguesas totalizaram 53 mortos. Em acções de combate morreram 19 militares.

 

ABRIL

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- Acção das forças portuguesas na região de Bula, Sector Oeste, Guiné, com vários contactos com forças do PAIGC.
- Desvio de um avião da carreira entre Angola e o Congo-Kinshasa por um comando do MPLA.
- Ataque da FRELIMO ao aldeamento de Marere, Cabo Delgado, junto ao rio Messalo, causando 5 mortos e 12 feridos e capturando 3 espingardas G-3 e um posto de rádio.
- Acção da FRELIMO na zona de Quiterajo, causando às forças portuguesas 5 mortos e a captura de 6 espingardas G-3.

2

- Morre em combate na Guiné 1 militar do CIM.

- Marcello Caetano é recebido em Washington pelo presidente Richard Nixon.

3

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CCav 1749.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar da 10ª CCmds.

4

Morre em combate em Moçambique 1 militar da 10ª CCmds.

5

Morrem em combate em Moçambique 5 militares da 2ª/BCaç 20.

8

- Morre em combate em Angola 1 militar do Btr 522.

- Marcello Caetano inicia uma viagem à Guiné, Angola e Moçambique, Num discurso pronunciado em Lourenço Marques, o primeiro-ministro defende um projecto de «autonomia progressiva» para as «províncias ultramarinas».

10

Comandos saídos de Buba em patrulhamento depararam com um grupo da guerrilha, internaram-se na mata, deixaram que o bigrupo da guerrilha se aproximasse e atacaram, provocando 11 mortos, apreendendo 21 armas e trazendo dois feridos ligeiros. Pedida a evacuação, no regresso a Buba caíram num campo de minas, tendo rebentado uma mina que corta em dois um furriel, enquanto outra arranca um pé a um soldado.

12

- Partem para Moçambique o BArt 2869 e o BCaç 2875.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar pára-quedista do BCP 31.

13

Morrem em combate na Guiné 3 militares. Um furriel da 15ª CCmds, um cabo da CCaç 2383 e um soldado do PelCanh 1200.

14

Morre em combate na Guiné 1 militar pára-quedista do BCP 12.

15

- Morre em combate na Guiné 1 militar do ERec 2454.

- Início da V Conferência de Alto Nível da Africa Central e Oriental, cujo comunicado final, conhecido como «Manifesto de Lusaca», virá a ser adoptado em Setembro pela OUA e depois aprovado pela Assembleia-Geral da ONU.

16

- Partem para Angola o BCaç 2871, o BCav 2870 e a 20ª CCmds.

- Morrem em combate na Guiné 2 militares da CCav 2443.

17

O Chefe do Estado desloca-se a Coimbra para inaugurar um novo edifício da Cidade Universitária. Durante a sessão que assinala a inauguração, o representante dos estudantes é impedido de falar, o que origina incidentes.

18

- Morre em combate na Guiné um alferes da CCaç 2367.

- Alberto Martins, presidente da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra, que tentara falar na sessão solene da inauguração do edifício de Matemáticas, é preso de madrugada.

20

Morrem em combate em Angola 2 militares. Um sargento da CCaç 206 e um soldado da CCaç 2457.

21

- Formação de um triunvirato por Samora Machel, Marcelino dos Santos e Uria Simango, para presidir à FRELIMO.

- Marcelo Caetano regressa a Lisboa, após a visita oficial que realizou à Guiné, Angola e Moçambique.

22

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CCaç 2466.

- O bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, escreve de Espanha a Marcello Caetano manifestando-lhe «adesão, entusiasmo e esperança» face aos discursos do chefe do governo na visita a África.

- Os membros da Direcção-Geral da AAC são suspensos, por determinação do ministro da Educação Nacional.

- Morrem em combate em Moçambique 3 militares da CCaç 2322.

24

Morrem em combate em Angola 2 militares. Um cabo da CCaç 2433 e um soldado pára-quedista do BCP 21.

25

Devido a acidente morre em Angola o capitão da Força Aérea António Caetano Abrantes.

26

Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 2432.

30

- Intervenção do ministro da Educação Nacional na, RTP sobre “a evolução dos actos de indisciplina que nos últimos dias se têm verificado na Universidade de Coimbra”. Promete que “a ordem será inexoravelmente mantida e regressará à Universidade”.

- Durante este mês as baixas nas forças portuguesas totalizaram 56 mortos. Em acções de combate morreram 28 militares.

 

MAIO

?

- Início da Operação “Robusta”, de transferência de populações do distrito do Zaire. Prolongou-se até 1972 e envolveu cerca de 6000 pessoas que regressariam às suas terras de origem apenas depois do 25 de Abril de 1974.
- Acção de forças portuguesas a SE de Furancungo, Moçambique, com apreciáveis resultados e a captura de diverso material de guerra.
- Comunicado do MPLA a propósito dos ataques ao caminho-de-ferro de Benguela, afirmando nada ter a ver com esses actos.

2

- Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 2309.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar da CCaç M. Praia.

5

- Na zona de Nhala, na Guiné, uma coluna, ao detectar duas minas A/P, abrigou-se, enquanto um militar se preparou para as levantar. Um dos militares calcou uma terceira que estava junto a um tronco de palmeira.

A guerrilha emboscada no local, a assistir ao levantamento da mina, aproveitou e abriu fogo. Evacuado o militar, a coluna prosseguiu o seu destino ao encontro de mais duas minas e uma com arame de tropeçar.

No local da armadilha, a guerrilha desenhou um cemitério com terra e campas de mortos encimadas por um dístico, ‘Branco vai para a tua terra’.

- Morrem em combate em Moçambique 3 militares. Um sargento e um furriel da CCav 2415 e um furriel da CCaç 2357.

6

É encerrada a Universidade de Lisboa que se encontrava em greve.

7

- Partem para a Guiné os BCaç 2884 e 2885.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar da CArt 2369.

8

- Parte para Angola o BCaç 2872.

- Morrem em combate em Angola 2 militares da CCaç 2462.

10

Morrem em combate em Angola 3 militares do BCaç 2858.

12

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2440.

- Morrem em combate em Moçambique 5 militares. Quatro do BArt 2846 e um da 17ª CCmds.

- Partem para Moçambique

13

Morrem em combate na Guiné 2 militares. Um da CCav 2486 e um da CArt 2440.

14

Partem para Angola os BCaç 2873 e 2874.

15

- Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 1733.

- Morre em combate na Guiné um furriel da CCaç 1790.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar da CCav 2400.

- Inicia-se o II Congresso Republicano de Aveiro que reclama o «debate livre sobre o problema da guerra em África».

16

Morre em combate em Angola um furriel da CArt 1741.

18

Morre em combate em Moçambique 1 militar da CCaç 2352.

19

O New York Times publica uma entrevista com Marcelo Caetano.

22

Morre em combate em Moçambique um furriel do ECav 2.

23

- Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 106/RI 20.

- Devido a acidente morrem em Moçambique 4 militares. Três são da CArt 2453.

24

- Morrem em combate em Angola 3 militares. Um alferes da CArt 1702 e dois soldados da CCaç 1919 e 2432.

- Morre em combate em Moçambique um furriel do BCaç 16.

25

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2477.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar da CArt 2369.

27

- Implantação, por parte do PAIGC, de uma mina aquática no rio Cobade, junto à cambança do Brandão, no Sector Sul da Guiné, accionada pelo batelão Guadiana carregado com bidões de gasolina, que explodiu e incendiou-se ao colidir com a mina aquática. Da explosão resultaram 5 mortos e 8 feridos entre os passageiros, além do posterior afundamento por incapacidade de recuperação. A partir deste incidente, passou a incluir-se uma patrulha avançada de botes para detecção visual de eventuais dispositivos flutuantes.

- D. L. n.° 49031. Revê alguns aspectos do regime jurídico dos servidores do Estado.

28

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2414.

- Os estudantes da Universidade de Coimbra decidem a greve aos exames, a partir de 2 de Junho, na Assembleia Magna que decorre nesta data.

30

Morre em combate em Angola 1 militar da CArt 2516.

31

- Morrem em combate em Angola 2 militares. Um cabo da CCaç 113 e um soldado da CCaç 2457.

- Morrem em combate na Guiné 3 militares. Um cabo da 16ª CCmds, um soldado da CCaç 1787 e um soldado do PelRec 2022.

- Inicia-se no Porto uma Convenção de socialistas portugueses. António Macedo, Salgado Zenha, Mário Soares, Raúl Rego, Teófilo Carvalho dos Santos, Vasco da Gama Fernandes assinam um comunicado sobre a reunião.

- Palma Inácio evade-se da prisão da PIDE do Porto, que oferece um prémio de 50 mil escudos por uma informação acerca do seu paradeiro.

- É detido pela PIDE o sindicalista bancário Daniel Cabrita.

- Realiza-se um encontro do GEDOC, sector católico progressista. É aprovado o seu programa.

- Durante este mês as baixas nas forças portuguesas totalizaram 75 mortos. Em acções de combate morreram 39 militares.

 

JUNHO

?

- Acção das forças portuguesas no complexo da Base Limpopo, a NW de Mocimboa do Rovuma, com localização de grande quantidade de material, incluindo espingardas Simonov, pistolas-metralhadoras, munições, granadas de morteiro, explosivos e minas.
- Ataque simultâneo da FRELIMO ao destacamento militar e ao aldeamento de Nova Coimbra, Niassa, utilizando morteiros, lança-granadas-foguetes e armas automáticas, tendo espalhado panfletos de propaganda.
- Deslocamento das populações da área de Piche, Guiné, para zonas mais seguras, incluindo a saída para o Senegal, em virtude dos últimos ataques PAIGC.
- Condenação da permanência de Portugal nas colónias pelo Comité de Descolonização da ONU.

- Resolução da Comissão de Descolonização da ONU, depois de uma visita a vários países africanos, de denúncia da guerra colonial em que Portugal está empenhado, classificada como um grave crime contra a humanidade e uma ameaça à paz e à segurança.

- Recomendação da Assembleia-Geral da União da Europa Ocidental no sentido de ser prosseguida uma política comum tendente ao encaminhamento de Portugal para um governo democrático.

2

Morre em combate em Angola um furriel da 19ª CCmds.

4

- Desvio de um avião das carreiras aéreas de Angola para o Congo-Brazzaville por um comando do MPLA.
- Numa manifestação em Kinshasa, soldados de Mobutu matam mais de uma centena de estudantes.

5

Morre em combate na Guiné um fuzileiro especial do DFE 7.

6

- Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 2488.

- Morre em combate em Moçambique um sargento da CArt 2327.

- Início da acção armada do MPLA no distrito do Bié.

7

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2440.

- Operação "Zeta" - duas companhias de pára-quedistas (uma de Nacala e uma da Beira) foram lançadas na zona de Malambuage, a sul do rio Rovuma, onde se situavam pontos de apoio às infiltrações da FRELIMO.
-Centralização em cada comando-chefe das operações militares de cada teatro de guerra (Decreto-Lei 49107).

8

Morre em combate na Guiné 1 militar do PelCanh 2126.

10

Morre em combate na Guiné 1 militar da CCaç 1790.

11

Morre em combate em Angola 1 militar pára-quedista do BCP 21.

13

Morre em combate em Angola 1 militar do PelA/D 1228.

16

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CCav 2487.

- Inicia-se, em Eastbourne (Inglaterra), o Xl Congresso da Internacional Socialista. A ASP, embora não seja membro, comparece como observador, tendo Mário Soares dirigido uma saudação ao Congresso.

17

- Morre em combate em Angola 1 militar da CCaç 2526.

- Morrem em combate na Guiné 2 fuzileiros do DFE 8.

18

Morre em combate em Moçambique 1 militar da CCaç 2470.

19

Morre em combate em Angola 1 militar da CArt 1767.

20

- Morrem em combate em Angola 2 militares. Um cabo da 8ª CCmds e um soldado da CCaç 2505.

- Morre em combate na Guiné 1 militar da CArt 2519.

 

21

- Morte de grande número de militares portugueses (103) no afundamento de um batelão na travessia do Zambeze, o maior acidente durante a guerra colonial.
- Kaúlza de Arriaga comandante militar (Exército) de Moçambique.
- Operação "Bronquite" com a missão de patrulhar uma zona de provável passagem IN em Pojute (Guiné), durante a qual o aquartelamento foi atacado.

22

- Morre em combate em Angola 1 militar da CCav 2500.

- Morre em combate na Guiné um alferes pára-quedista do BCP 12.

24

- Morrem em combate na Guiné 2 militares da CCaç 2444.

- Morre em combate em Moçambique 1 militar da CCav 2415.

26

- Morre em combate em Angola 1 militar pára-quedista do BCP 21.

- É divulgado um comunicado do Movimento Associativo dos Estudantes Portugueses.

- O Comité de Descolonização da ONU volta a condenar a política de Portugal em África.

28

- Aprovação, pelo Conselho de Segurança da ONU, de uma queixa da Zâmbia, por ataques aéreos portugueses a povoações fronteiriças, em que os aliados portugueses se abstiveram, mas manifestaram discordância com a política colonial portuguesa.
- Palma Inácio, líder da LUAR, é preso em Madrid pela polícia espanhola.
- O ministro do Interior, Gonçalves Rapazote, avisa que nas eleições de Outubro «apenas será permitida uma escolha de indivíduos e não qualquer confrontação ou discussão de políticas».

30

- Morre em combate em Angola 1 militar da 14ª CCmds.

- Morre em combate na Guiné 1 militar do BCav 2867.

- Participação da FNLA na Feira Internacional de Kinshasa, com um pavilhão de Angola.

- Durante este mês as baixas nas forças portuguesas totalizaram 164 mortos. Em acções de combate morreram 27 militares.

publicado por estrolabio às 18:00

editado por Carlos Loures em 27/01/2011 às 20:02
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PEDAGOGIA CIENCIA OU ARTE? - por António Mão de Ferro

 

Perguntaram-me se os  docentes devem ser homens ou mulheres de saber e de experiência e não artistas? Ainda estava a refletir sobre a questão e surgiu outra pergunta:  Deverá a pedagogia assumir-se como um saber ordenado, ou desordenado, estruturado ou desestruturado, ou conter um pouco de ordem, desordem, estrutura e desestrutura.

 

 

Por estranhas que as perguntas possam parecer, elas tem razão de ser. Porquê?, Porque se refetirmos bem, a pedagogia assume um caráter de sugestão, na qual o docente se empenha para procurar a adesão de todos os participantes. Sendo assim ela é um processo difícil de determinar, uma mistura de ciência, de arte e até de folclore!

 

 

Os docentes  têm em comum com o artista a intuição, a capacidade de comunicação e de criação. Tal como o artista, que para além da inspiração, utiliza determinadas técnicas e habilidades, também os professores ou formadores, realizam um ideal,  ao porem em evidência um certo número de processos que contribuem para o êxito ou inêxito do sistema educativo. O seu modo de atuar não pressupõe apenas cultura, saberes, experiências, mas também imaginação, intuição, capacidades de improviso,  de comunicação não verbal e humor, que são afinal também virtudes do artista.

 

 

Sendo assim a ação pedagógica aproxima-se da arte. A arte pedagógica tem a ver com a altura em que é exercida.  A sociedade,  o tempo disponível. As estratégias e os métodos e técnicas utilizados, os meios pedagógicos,  a liberdade concedida ou o condicionamento, e principalmente com os participantes e as sinergias que vão criando e claro com os objetivos  a alcançar.

 

 

publicado por Carlos Loures às 17:00
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Arquitectura e Música: Correspondências - Tangências - Aproximações - VI

 

 

 

 

 

 

 

José de Brito Guerreiro

 

(continuação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

▲ Os painéis pré-moldados foram colocados na sua posição definitiva e unidos com argamassa sobre andaimes que incorporavam vigas de madeira ao longo das directrizes da casca.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

◄ A poucos dias da conclusão, ainda são visíveis os múltiplos cabos pré-esforçados (de aço de alta resistência) que percorrem ambas as superfícies da casca. Cada cabo tem 7 mm de espessura e recebe uma força de 3.300 kg.

 

 

 

 

 

 

 

 

◄ Os nervos principais da casca, “costelas” de betão de 40 cm de diâmetro, foram construídos in situ com moldagem sujeita a andaimes

 

 

 

 

 

 

Le Corbusier e Iannis Xenakis

Pavilhão Philips Exposição Universal de Bruxelas

1958

 

 

 

 

 

 

 

 

Le Corbusier

e Iannis Xenakis

Pavilhão Philips

Exposição Universal

de Bruxelas | 1958

Parte das projecções do Poema Electrónico, que incluía imagens de arte africana, esqueletos e vistas da Ilha de Páscoa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Le Corbusier e Iannis Xenakis | Pavilhão Philips Exposição Universal de Bruxelas | 1958 - Perspectiva

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Le Corbusier e Iannis Xenakis | Pavilhão Philips

Exposição Universal de Bruxelas | 1958

Vista da entrada

 

 

publicado por João Machado às 16:00

editado por Luis Moreira em 28/01/2011 às 22:02
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Mis Camelias – 12 – por Raúl Iturra

 

(Continuação)

 

MEMÓRIAS DE PADRES INTERESADOS - ENSAIO DE ETNOPSICOLOGIA DE LA INFANCIA

Ese ser pequeña, fue lo que causó que la noche acabara en el Hospital de urgencias del Royal Victoria Hospital [68]

. Había comida la típica comida de bebé, filetes de pescada congelados y mojados en harina de pan, que ella gustaba tanto. En el medio de la noche, nos despertó con vómitos que no paraban. No había taxis, tuve que correr a casa de los Gáudio y pedir a Ricardo que nos llevara, lo que hizo de inmediato, tan alarmado como nosotros. Mal llegamos al Hospital, lo primero que hicieran fue llenar una ficha de inscripción. Enervado como estaba, no hablé, grité que la niña debía ser atendida primero y que después íbamos llenar la ficha. Como nadie me oía, tomé a Eugenia de los brazos de su madre, entré a la sala de urgencias y pedí un médico de inmediato. Detrás de nosotros venía la enfermera, a la que mandé a buena parte: Eugenia era para ser la primera atendida, envuelta y todo como estaba en su frazada amarilla, que, como ya he dicho antes, ella llamaba yagua,  y los papeles serían llenados y firmados después. ¡Conseguí! Eugenia y Gloria entraron a la sala de urgencias, la niña estaba deshidratada, precisaba de agua, precisaba de suero, precisaba de ser hidratada. Nuestra hija  había sido muy esperada, era nuestra y debíamos tomar cuenta de ella y salvarla a correr. Nunca he olvidado esa noche de locos que vivimos. Quedé en el Hospital con ella, Gloria fue con Ricardo y vino a substituirme al día siguiente. Eugenia quedó en el Hospital algunos días. Cuando volvimos con ella a casa, había perdido varios quilos. Gloria, en su prudencia, me pedía para me calmar, le pregunté si ella estaba calma, confesó que no, pero supo como  mantenerse serena, por lo menos exteriormente. Esa serenidad yo no sabía encontrar, esa calma recuperada cuando llevamos a la pequeña de vuelta a casa y comenzó a comer de nuevo, vorazmente. Como cuando era bebé y tuvo su primera enfermedad, no me separé de ella un instante. De hecho, Eugenia, en pequeña, tuvo enfermedades violentas, que precisaban de mucho agua siempre, como esa meningitis que solo podía ser tratada con penicilina y mucho suero, mucho, mucho, suero. Desde muy pequeña, Eugenia tenía nuestras vidas suspensas de un hilo.

Fue así la infancia de nuestra Eugenia. Infancia simpática y divertida, pero con muchas enfermedades. Simpática e divertida porque sabía reír y hacernos reír. Vivía mucho en el medio de nosotros, sus padres y amigos, en Escocia y en Inglaterra. En Galicia, su vida pasó a ser diferente. Tenía muchas amigas de su edad que hablaban su lengua. Los períodos en Londres y en Edimburgo fueron siempre muy cortos para aprender la lengua celta del inglés escocés. En Edimburgo tenía acompañantes adultos o niños pequeños que aún no sabían hablar. La conversación de los adultos es supuesta ser una manera de transferir ideas y palabras. Nuestras conversaciones eran siempre de palabras duras, bien pronunciadas, pasando rápidamente de una a otra lengua con facilidad. O hablábamos en inglés, o en castellano, pero con hablantes del castellano que pronunciaban de otra manera. Hablar con los Gáudio, era una forma casi imposible para ella de aprender, los acentos están colocados en otros sitios. Fuera de ellos, no había nadie más que hablara nuestra lengua, excepto nuestra amiga arquitecta Jean Laing, hija de padre escocés y madre chilena.

Creo que cometí un error con Eugenia. Siempre fui de la opinión de que a los niños se les debía hablar como se habla con los adultos, con palabras llenas y bien pronunciadas. En ese tiempo de mis veinte y lgunos años, aún no había descubierto lo que hoy denomino la mente cultural[69]. Hubiera sabido esto antes, Eugenia habría aprendido a hablar mucho antes. En la realidad de la vida social, existe lo que se denomina el baby-talk, o forma de hablar como bebé, de parte del adulto, que imita palabras dichas por un niño o niña pequeños. Ese hablar de bebé, o hablar de guagua[70], como se denomina a los bebes en Chile, es muy practicado por los adultos cuando ven a una criatura nueva. Son sonidos que nacen de la emoción, del cariño, no de conceptos o definiciones o explicaciones. Pienso, por lo que he visto en mi vida, de que los adultos mayores lo practican con más frecuencia que los adultos jóvenes. Ese mimimimi, poipoipoipoi, o decir a una bebé: Tá? Nohtá, repetidas veces, tapándose la cara con un pañuelo o escondiéndose detrás de una silla o mueble, y aparecer de repente, hace que el niño-niña se rían y entiendan las palabras por la mímica de la acción. Hoy en día, muy al contrario de lo que era mi opinión antiguamente, hasta recomiendo que se hable de esa manera con los niños. En mi arrogancia paterna, pretendía que nuestra hija hablase como "debía ser", desde su más tierna edad. Recuerdo, y si yo no recuerdo bien, Gloria me corregirá, que Eugenia comenzó a hablar apenas a los nueve meses de edad, apenas con sones emitidos por ella. Típico era: "papapapa", o, jugar en silencio con sus muñecas, entrando y saliendo de nuestra sala, su casa encantada, donde solo ella existía con sus bebés, dándoles de comer, alimento que ella también engullía, imitando a su madre a darle de comer, comiendo su madre también. Era una pequeña muñeca ella misma, siempre vestida en trajes de lana azul oscuro, esa especie de uniforme que Gloria había tejido para ella en su máquina de tejer en Chile, hechos para crecer junto con ella, heredados más tarde por Camila.

Eran días lindos y tranquilos en nuestras dos casas sucesivas de Edimburgo. Cuando Eugenia comenzó a aprender a hablar y jugar, a los casi dos años de edad, le gustaba salir sola al patio de enfrente de nuestra segunda casa de Edimburgo, en Carelton Terrace, nos mandaba entrar dentro de casa para no tener personas para testimoniar sus juegos, especialmente a sus padres, llamaba a las personas que pasaban por la calle, con su pequeña voz, diciendo: "Hey, Mister, look...", se bajaba los calzones y les mostraba su gordo trasero a los puritanos presbiterianos escoceses que pasaban por la calle. Nosotros, los papás, muertos de la risa, la veíamos en estas actividades eróticas para su edad y no sabíamos muy bien si era correcto o no. Quien mandó allí fue ella.

publicado por Carlos Loures às 15:00

editado por Luis Moreira às 01:01
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Biografia de Ferreira Gullar

coordenação de Augusta Clara de Matos

 

 

 

Hoje Falamos de...Ferreira Gullar

O Jardim dedica hoje a sua edição ao poeta brasileiro Ferreira Gullar, vencedor do Prémio Camões 2010, com uma biografia escrita por Sílvio Castro. Na próxima segunda-feira, dia 31, será apresentado um poema falado do mesmo poeta.



Sílvio Castro

Numa significativa realidade literária nacional, como é aquela brasileira contemporânea, os nomes dignos de um grande Prêmio pela obra completa são muitos. Se esse Prêmio possui as dimensões internacionais, como acontece com o “Prêmio Camões”, destinado a um escritor de uma das nações componentes da grande Comunidade dos Países Lusófonos, o premiado vem reconhecido como um representante altamente representativo da criatividade artística contemporânea de seu país. Ferreira Gullar possui todas as dimensões que o “Prêmio Camões-2010” lhe reconhece e proclama. Poeta dedicado igualmente à crítica e ao ensaio, bem como autor de obras teatrais, ele demarca com clareza algumas características da modernidade brasileira. Autor que sabe criar a própria expressão a partir do valor essencial da linguagem, ainda que capaz de profunda participação com o mito poético, não o limita aos valores da pura subjetividade lírica. Nele se apresenta igualmente acentuada e assumida participação com a realidade, mais em particular com a realidade civil. Esta, nascida de uma forte integração com os problemas sociais e políticos de seu país, faz derivar naturalmente no poeta uma integração com os problemas próprios de outras realidades nacionais. Ferreira Gullar é naturalmente um poeta empenhado, um poeta político. Assim sendo, ele corresponde a uma já consagrada norma derivada da ação e teoria da história da Modernidade brasileira referente ao conceito de “poeta maior”, conceito nascido de um esclarecimento de um outro grande poeta brasileiro moderno, Manuel Bandeira, que se definia um “poeta menor”, pois, sempre segundo ele próprio, a sua poesia se confinava na dimensão lírica, nunca ousando atingir aquela do empenho social. Para esta, e portanto para a melhor definição do “poeta maior”, Bandeira os encontrava em criadores como Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto.

Certamente, foi a partir da magnífica conceituação de Manuel Bandeira que Sérgio Buarque de Hollanda, na sua Introdução ao volume de Gullar, Toda Poesia (1980), escrevia sobre o autor:
“(… ….) Parece-me a mim, além disso, que, exceção feita de algumas peças de Mário de Andrade e também de Carlos Drummond de Andrade (mormente em Rosa do Povo) é o nosso único poeta maior dos tempos de hoje.“

Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, nasceu em São Luís do Maranhão aos 10 de setembro de 1930. Portanto, o Prêmio que agora lhe vem concedido pode ser integrado nas muitas comemorações e homenagens que o poeta brasileiro já recebe e receberá pelo seu próximo oitantésimo aniversário. Gullar publicou sua primeira coletânea de poemas, Um pouco acima do chão, em 1949, transferindo logo após para o Rio de Janeiro. De 1954 é A luta corporal, livro de poemas que desperta imediatamente grande interesse na crítica literária brasileira e que será um dos pontos de referências para a teoria do Movimento da poesia concreta, de 1956, principalmente derivada da ação de Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari. Depois de um período de participação com o movimento concretista, a poesia de Gullar assume novos rumos, indo na direção de um maior empenho social. Este período, começado em 1962, se acentua a partir de 1964, em oposição ativa contra o regime militar então instaurado no Brasil. Integrado no CPC da União Nacional dos Estudantes, de que era presidente quando do golpe militar, o poeta se integra na divulgação de uma poesia de contestação civil, em especial a partir dos Cadernos do Povo Brasileiro que acolhe os volumes do movimento dos Poemas para a liberdade, da série Violão de Rua. Perseguido político, se exília inicialmente no Chile de Allende e posteriormente na Argentina. No exílio argentino escreve, em 1975, o seu livro de maior repercussão, Poema sujo, publicado em 1976.

Ferrera Gullar faz parte da “Geração de ‘56”, segundo os critérios que adoto para a história da literatura brasileira moderna e contemporãnea (em particular nas páginas da minha História da Literatura Brasileira, 3 vv., Lisboa, 1999-2000). A “Geração de -56”, dentro do quadro da moderna poesia brasileira, sucede àquela fundadora do Movimento modernista brasileiro, a de 1922 e à sua complementar, aquela dos poetas de 1930, bem como ao possível movimento revisionista da “Geração de -45“. Desta maneira, a Geração de ‘56 absorve os ideais de liberdade criadora própria dos movimento modernistas fundadores, assim como endossa muitas das revisões formais quanto à linguagem poética, propostas pelos poetas de 1945. Os poetas de ’56 procuram aliar os processos formais mais condizentes ao novo poema da liricidade moderna a uma mais forte politização da poesia. Gullar, nos seus poemas, interpreta bem todo esse complexo percurso.

Nele existe uma natural e profunda preocupação para com a liguagem poética. O seu poema se realiza a partir naturalmente de um forte ânimo lírico, sempre porém em consonância com o espaço do real, como convincentemente vem traduzido no poema “Arte poética”:

Não quero morrer não quero
apodrecer no poema
que o cadáver de minhas tardes
não venha feder em tua manhã feliz
e o lume
que tua boca acenda acaso das palavras
- ainda que nascido da morte –
some-se
aos outros fogos do dia
aos barulhos da casa e da avenida
no presente veloz

Nada que se pareça
a pássaro empalhado múmia
de flor
dentro do livro
e o que da noite volte
volte em chamas
ou em chaga
vertiginosamente como o jasmim
que num lampejo só
ilumina a cidade inteira

Será justamente de uma tal posição de precisa consciência lírico-formal que Ferreira Gullar saberá dar voz a poemas de acentuado empenho sócio-político, como acontece em “Meu povo, meu poema”:


Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a árvore nova

No povo meu poema vai crescendo
como no canavial
nasce verde o açúcar

No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro

Meu povo em meu poema
se reflete
como a espiga se funde em terra fértil

Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
do que planta

publicado por Augusta Clara às 14:00

editado por Luis Moreira às 01:01
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Exportações - por Henrique Neto

Luis Moreira

 

 

 

Henrique Neto, empresário e ex-deputado do PS, no Público fala-nos de exportações e do BPN: " O governo de José Sócrates não tem, nunca teve, uma visão acertada da economia portuguesa e menos ainda um plano credível e políticas sectoriais para os sectores exportadores"

 

Henrique Neto é uma autoridade no assunto, toda a vida liderou uma das principais  empresas exportadoras na área dos moldes, concorrendo com o que há de mais avançado e inovador no mundo.

 

"Governo não se preocupa com o baixo valor acrescentado nas exportações, iludindo propositadamente a realidade" diz Henrique Neto. ..." as empresas exportadoras não têm nas actuais condições qualquer alternativa ( preços esmagados) seja pelas dificuldades de crédito, seja porque os impostos e a burocracia não param de crescer para manter um Estado gordo e ineficaz.Isto além de terem de sustentar um sector de bens não transaccionáveis, protegido pelo regime, de grandes empresas igualmente bem instaladas e obesas".

 

" ...uma parte importante das recentes exportações é gasolina e  muitas outras são ar, como as que passam pelo off-shore da Madeira, da ordem dos três mil milhões de euros"..."  o governo não é capaz de " conduzir, através da concorrência interna, os grupos económicos do regime a investirem na exportação".

 

Sem duplicar o valor actual das exportações não conseguiremos resolver as deficiências do nosso modelo económico que é próprio de grandes países beneficiando de um grande mercado interno que Portugal não tem. A AIP já apresentou uma estratégia que enquadra empreendorismo, um ambiente macroeconómico mais favorável, com maior cooperação entre as empresas e o sistema científico, mais concorrência no mercado interno, custos dos factores de produção mais baixos e maior incorporação nacional nos produtos exportados.

 

"Mas disto Sócrates não fala, seja porque não sabe, seja porque é apenas um vendedor de ilusões, -uma caso perdido- como lhe chamou Jerónimo de Sousa no debate quinzenal"

 

PS :Sócrates que passou seis anos a falar de megaprojectos que todos viam que não tinham prioridade nenhuma e que, por falta de dinheiro, não se concretizaram, vem agora no meio do aperto disponibilizar mais dois mil milhões de euros a ver se ainda vai a tempo de as empresas exportadoras salvarem a situação. Quando chega o momento da verdade, adeus banca, adeus construção civil, adeus empresas públicas, olá PMEs....

 

publicado por Luis Moreira às 13:00
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O que se passa no Egipto? – por Carlos Loures

 

Após a revolta na Tunísia agravou-se a situação tensa que se vive em toda a região, particularmente no Egipto. Os Irmãos Muçulmanos avisaram o Governo, através de um comunicado que inseriram no passado dia 19 de Janeiro no seu web site de que a paz seria afectada caso Mubarak não tomasse as seguintes cinco medidas:

 

1) Abolição imediata do estado de emergência que vigora desde 1981.

 

Caíra em desuso, mas em Maio do ano passado foi de novo accionado. É o mecanismo jurídico-constitucional que permite à polícia reprimir a organização que, sendo ilegal, tem sido tolerada pelo regime e se apresenta às eleições em listas de independentes.

 

2) Dissolução do Parlamento e realização de eleições livres.

 

3) Emenda dos artigos da Constituição que regulamentam o sistema eleitoral (nºs 76, 77 e 78).

 

4) Realização de eleições presidenciais que beneficiem já dessas emendas.

 

5) Demissão do actual Governo e formação de um novo executivo que saiba corresponder às expectativas do povo egípcio.

 

Sabemos o que aconteceu e o que está ainda a acontecer.

 

Mubarak demitiu o Governo. Mas continua aferrado ao poder. Encurralado pelos protestos, anuncia a formação de um novo governo e promete fazer reformas. No entanto, não corresponde integralmente às exigências do ultimato dos Irmãos Muçulmanos.  Há dezenas de mortos e cerca de um milhar de feridos entre manifestantes e forças policiais. A situação parece fora de controlo e a intervenção das Forças Armadas vai, por certo, aumentar o número de vítimas. Na imagem vemos carros blindados junto da estação de televisão nacional.

 

Mas, quem são estes Irmãos Muçulmanos?

 

São uma poderosa organização fundamentalista criada no Egipto na segunda década do Século XX, mas que hoje se espalha por todos os países árabes da região.

 

Num próximo artigo falarei da história desta organização.

 

A queda do Governo de Mubarak, a confirmar-se, será um rude golpe para os Estados Unidos e para Israel. O governo egípcio tem sido um aliado da políitica israelo-americana na região, consentindo continuas agressões ao povo palestiniano. A sua substituição por um executivo composto por islamistas terá repercussões sérias na situação política do Médio Oriente.

 

publicado por Carlos Loures às 12:00
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Coisas do futebol - Decisões soberanas - por Carlos Godinho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Seleccionador Nacional, qualquer que ele seja, tem o direito de convocar quem quiser sem ter que justificar as escolhas. Luiz Felipe Scolari abordava as conferências de imprensa das convocatórias sem falar de quem não convocava. Carlos Queiroz não realizava conferências de imprensa colocando as convocatórias online. A minha opinião, porque a decisão da criação da figura de conferências de imprensa para a divulgação das convocatórias foi minha em 1998, é a de que o Seleccionador Nacional deve realizar conferências de imprensa e justificar as suas escolhas sempre numa perspectiva positiva. De qualquer forma, com ou sem conferências de imprensa, as suas decisões são soberanas e devem ser respeitadas mesmo que não se concorde com elas. Vem isto a propósito de uma entrevista de Daniel Gaspar ao "Jogo" de ontem em que aborda a convocatória dos guarda-redes para o Mundial 2010, sem que tal se justificasse neste momento. Argumentando que Rui Patrício não foi convocado porque era titular dos Sub/23 é uma justificação, que não tinha que dar, sem qualquer razão ou lógica. Rui já tinha sido convocado para o Euro 2008, era titular indiscutível do Sporting desde há alguns anos, é jovem e tem futuro e não foi convocado porque era o dono da baliza dos Sub/23 que teve o último jogo antes do mundial em 3 de Março? "Como era titular dos Sub/23, entendemos que era melhor a competição do que ir para o banco no Mundial". Recorde-se que a convocatória para o mundial foi em Maio e o jogo seguinte dos Sub/23, em 12 de Outubro. Há momentos em que abrir a boca é a pior coisa que se pode fazer. Rebate de consciência?

 

(in Todos Somos Portugal)

 

 

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 11:00

editado por Luis Moreira em 28/01/2011 às 19:56
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Tenha uma aventura extra-conjugal - por Ethel Feldman

Recebi, por email o anúncio de uma revista electrónica cujo destaque tinha o título: TENHA UMA AVENTURA EXTRA-CONJUGAL, com o seguinte lead: Por vezes a resposta para a monotonia do casamento acorda todos os dias ao seu lado. Veja se é esse o seu caso.

Volta e meia, aparecem estas preciosidades, lixo que ainda não consegui me ver livre. Neste caso o título é sugestivo. Está claro que a revista aconselha um roll-play entre o casal. Transforme o seu casamento numa relação proibida e veja o fogo reacender-se como nos primeiros tempos de namoro. Finja que o seu marido é seu amante. Minta ao seu filho que vai à uma reunião. Informe a sogra que vai à reunião dos escoteiros. Ao seu marido, pisque o olho e diga que vai sair com a Catarina. O bom do Augusto, pisca o olho e diz com ar de parvo: Vai, filha, vai... Os pombinhos traidores, encontram-se às escondidas num motel modesto, que o dinheiro não sobra. De vez em quando a senhora olha disfarçadamente para a cábula tirada na revista. A cama é bem pior que a de casa, mas o quarto do motel tem um espelho gigante no teto...

De repente, a cerimónia toma conta do ambiente. E não há fogo que reacenda o casal!

Não seria melhor mentir a sério e sair às escondidas com o vizinho?

publicado por Carlos Loures às 10:00

editado por Luis Moreira em 28/01/2011 às 22:00
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O DRAMA DO PORTUGUÊS DE OLIVENÇA - por Carlos Luna

Dado o habitual silêncio do jornal Público sobre a questão de Olivença, a publicação deste artigo do nosso colaborador Carlos Luna no passado dia 24, assume o carácter de uma autocrítica.

Parece que Espanha ainda tem alguma dificuldade em aceitar a sua diversidade em todos os seus aspectos. Pelo menos o Senado, uma espécie de Câmara Alta das Comunidades. Na verdade, o Bloco Nacionalista Galego tinha apresentado, naquela Câmara, uma proposta no sentido de, no novo estatuto da Extremadura (espanhola, claro), a "fala" galaico-portuguesa de algumas regiões (Vale de Jálima) e o Português de Olivença e Táliga disporem de uma defesa, promoção, e protecção específicas. No caso de Olivença (e Táliga), esperava-se que, dado os esforços que organizações locais (como a Associação "Além Guadiana") têm desenvolvido, com êxito, desde há quase três anos (as ruas de Olivença já ostentam toponímia em Português), e dadas as recomendações da União Europeia no sentido da defesa e recuperação da cultura lusa naquela área geográfica, tal proposta fosse aprovada.

Todavia, em nome da unanimidade, o Bloco Nacionalista Galego viu-se levado a retirar a sua proposta. Assinale-se, todavia, esta iniciativa, que contrasta com a apatia que em Portugal parece reinar sobre esta situação... e estamos a referir-nos só aos seus aspectos culturais! Apesar de já se ter realizado em Olivença, organizado pela referida Associação "Além Guadiana", um Congresso da Língua Portuguesa, e de se ter restituído às ruas de Olivença a sua original toponímia lusa, a maioria dos órgãos de Comunicação Social portugueses prefere nada, ou quase nada, dizer, e muito menos opinar, sobre o assunto... preferindo destacar ocorrências lusófonas em pontos distantes da Europa e do Mundo, que têm obviamente muita importância, mas cuja relevância referida e repetida mais faz destacar e estranhar o silêncio (com honrosas excepções) sobre o que se tem passado em Olivença nos últimos dois anos. Isto para já não falar no Poder Político... cuja política cultural se parece pautar por vergonhosos silenciamentos... que contrastam em absoluto com as enérgicas manifestações de apoio cultural que outros estados dão a traços culturais seus no exterior... por mais insignificantes que sejam!

publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por Luis Moreira em 28/01/2011 às 19:59
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