Conhecemos cinco dos seis projectos apresentados ao Marquês para reconstruir Lisboa. O sexto desapareceu, o quinto foi construído. Como ainda hoje se pode ver, o motivo principal é que as construções obedeceram a rígidas regras, três fachadas, três andares, o rés-do-chão para lojas e cavalariças, o primeiro andar com varanda e o segundo e terceiro com amplas janelas todas iguais. Tudo o que se vê hoje fora destas regras, como o famoso quarto andar (serviu para compensar alguns proprietários das decisões arbitrárias do velho Marquês) não são originais.
A primeira ideia foi construir Lisboa na área de Belém, mas depois ganhou a reconstrução sobre as próprias ruínas da cidade. Esta reconstrução permitiu abrir amplas avenidas e ruas, o famoso xadrez da baixa de Lisboa. E se não tivesse aconteciso o terramoto como seria hoje Lisboa? Podemos dar conta de cidades medievais que permaneceram, mas a que mais me chamou a atenção é o centro da cidade de York, no norte da Escócia, com as suas casas de madeira exíguas, as suas ruas estreitas a desaguarem no amplo largo defronte da velha Catedral.
Lisboa, teria crescido ao longo do rio Tejo para sul e para norte ou teria, como aconteceu, crescido em cima das ribeiras que são hoje a avenida de Ceuta em Alcântara, a avenida da Liberdade e a avenida Almirante Reis? Estas três avenidas são o traçado mais lógico, em qualquer circunstância, pois é certa a existência do Alto da Ajuda, onde o rei fez construir a real barraca, o bairro Alto, Mouraria e Alfama. As listas de passageiros e tripulantes dos navios das descobertas não deixam margem para dúvidas que aqueles bairros já eram povoados. Ora este povoamento exige que a ligação entre bairros se fizesse à custa das ribeiras, como aconteceu.
Resta o xadrez da baixa de Lisboa que, obviamente, não existiria. Mas que mudanças os fogos, a degradação e as novas construções introduziriam na malha urbana? O que é certo é que o Terreiro do Paço já existia mas não com o presente perfil e grandeza. Sem a actual dimensão não serviria de "âncora" para a existência da Praça da Figueira (onde já existia o Hospital de Todos os Santos, e a ainda existente Igreja de S. Domingos) e, muito menos, para a dimensão da actual Praça do Rossio.
Tudo indica que a Lisboa sem terramoto, se estenderia de modo semelhante ao actual, mas sem a monumentalidade da sua baixa que, contudo, seria muito diferente, objecto de reconstruções várias ao longo dos séculos.
Mas o mais certo é que lhe teria acontecido o mesmo que a Londres, por exemplo, devorada por fogos imensos que permitiram, tal como o terramoto, a reconstrução a regra e esquadro.
Mahler sempre me levou e leva pelos ares. Não há outra música com que eu acompanhe a escrita, de forma rápida e escorreita, como com a de Mahler. Com que a minha sensibilidade se sinta confortada.
Mal soam os metais e os violinos, com o toque de fundo de um dedilhar de harpa, qualquer coisa me eleva e arrasta, a tal asa metálica que eu reconheço na sua música, evocando os mitos germânicos de “O Anel” de Wagner com o qual, provavelmente não terá nada a ver.
Sei lá se isto é verdade. Que mo digam os músicos. Acho que não passa de divagações de quem não percebe nada de técnica dos sons. Mas é o que eu sinto. Apenas posso perceber que a sua vida atormentada o tenha feito criar esta agreste e arrebatadora beleza.
Há força, há violência, mas é uma potência de vida inultrapassável. Uma verdade que não é permitido a ninguém questionar. É livre e selvagem como a vida quando é genuinamente vivida.
Mahler é como as ondas do oceano, como as asas de uma águia, como a erupção dos vulcões, como a paixão que nos explode no peito. Não é possível fruir esta música sem paixão, ou é melhor não a ouvir.
Quando oiço Mahler, alguém me sussura ao ouvido palavras de amor, de terna e forte sensualidade que chegam não se sabe donde nem onde regressam. Independentes de mim, vão pelos ares, montadas nessa asa, retornam à origem com o acrescento que a música de Mahler em mim lhes deu.
Feliz de quem as receba porque levam o meu coração por inteiro. _____________
Ouçamos o 3º andamento da Sinfonia No. 1 "Titan" de Mahler. Claudio Abbado, o grande maestro milanês, dirige a Filarmónica de Berlim num concerto realizado em Dezembro de 1989.
De vez em quando dou comigo a pensar, o que não é mau. Às vezes chateia, porque o pensamento é teimoso. Não desanda de maneira nenhuma da cabeça para fora, e a gente tem outras coisa em que…pensar. Volto novamente à poesia, não para entrar em polémica com o meu querido amigo Carlos Loures, mas porque é um bichinho que me morde constantemente, sobretudo porque não deixamos de a provocar. Estamos sempre a espicaçá-la.
Eu sei que gosto muito de poesia, gosto de tentar fazer poesia, mas não sou um letrado em poesia. Aquilo que digo é fruto do que sinto e não propriamente do que sei, que é muito pouco. Muitas vezes digo para comigo, mas que chachada esta, que valor tem eu estar aqui a perder tempo com este jogo de palavras, quando há tantas coisas úteis para fazer! Sinto que é a altura de beber um copo de bom tinto. A minha droga sublime.
Na realidade, o que eu sinto é que é muito difícil alguém saber o que é a poesia, desde a antiguidade aos tempos de hoje, embora toda a gente tenha o direito de emitir a sua opinião. Até hoje, nenhuma explicação, das que tenho lido, me deixou satisfeito. E já agora, gostaria de dizer que sendo eu materialista, em todo o sentido científico e filosófico do termo, não admitindo qualquer dualidade corpo-espírito, penso que a única explicação do que é a poesia poderá vir a ser dada quando a neurobiologia do espírito for elevada a ciência incontestável, como espero. A partir do substracto fisiológico e neuronal, poderá perceber-se, creio, de onde emerge o seu valor e significado estético e sentimental.
Por outro lado penso que beleza e poesia são duas irmãs gémeas. Creio que esta identidade gemelar entre beleza e poesia é uma realidade, ainda que a beleza e a poesia às vezes joguem às escondidas. Se estamos frente a uma realidade concreta, e nos identificamos com ela como objecto da realidade quotidiana, então “convivemos” com ela, dentro dos horizontes sempre limitados de uma realidade, sem preocupações de dimensão universal. Nestas circunstâncias, muito facilmente se pode passar ao lado da beleza, ainda que ela lá esteja, e muito mais ao lado da poesia, se não formos capazes de sentir o seu perfume.
Se a obra que temos na frente, ainda que representativa de uma natureza real, passa além da realidade concreta, levada pela mão da poesia, isto é, ultrapassa a fronteira para além da qual o homem se atreve a pôr o pé na sua dimensão universal, então não convivemos com ela, mas “contemplámo-la” como arte, e, logicamente, como manifestação de beleza. Porque a beleza e a poesia, quer queiramos quer não, residem na maior ou menor capacidade que o homem tem de se projectar para fora dos horizontes da sua natural tendência antropocêntrica.
O político é geralmente um homem enfastiado fastidioso, a quem correm mal os negócios públicos pior ainda os domésticos. O primo de outro primo que já foi pretendente e não obteve lugar que pretendia, é político: é político o mandrião que precisa de um arranjo para se casar; é finalmente político o empregado que duplicou os recibos dos seus vencimentos; o lojista em vésperas de falência; o artista sem fregueses, o operário que não chega nunca à hora de ponto.
A primeira cor da bandeira do político é liberdade. Outras, conforme os tempos, crismam-se de: – Progresso – melhoramentos materiais – economias e moralidade. Como o pedir custa pouco, o político pede tudo, até tributos bem pesados... que não pesem a ninguém.
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Os Gatos
Fialho de Almeida
Editora Ulisseia, 1986
Fialho de Almeida foi um esteta que esbanjou toda uma vida em busca de perfeição para as suas criações literárias e desperdiçou os últimos anos na amargura de não ter podido, ou sabido, dar corpo a uma obra-prima. Marcado pelo estigma da instabilidade, foi o eterno insatisfeito, consumido em inquietude e azedume, os quais desabafava em violentos sarcasmos. Mas esse «outro lado» de Fialho, revestido de bondade e delicadeza (em geral ignorado da maioria, que dele sempre retém apenas a imagem do revoltado), levaria Raul Brandão a afirmar: «se o virassem do avesso, escorria ternura».
Embora não partilhando com rigor absoluto do método de Sainte-Beuve (o critico literário do século XIX que sustentou ser impraticável dissociar a análise de toda e qualquer obra de feição literária, do indivíduo que a concebe, e dai o seu conceito taxativo «tal árvore, tal fruto»), tentaremos traçar o percurso biográfico do homem e do escritor.
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Guerristas e Antiguerristas
João Medina
Lisboa, 1986
Este ramalhete de estudos, todos eles à excepção de um só (o de Luís Alves de Fraga) – produtos do labor universitário na Faculdade de Letras de Lisboa, escritos por alunos do Mestrado em História Contemporânea da mesma casa, vem decerto acrescentar ao fenómeno da intervenção lusa na Grande Guerra conhecimentos, documentos e perspectivas de enorme interesse. Não receamos afirmar que, ao estrear-se com este punhado de artigos, a colecção dos cadernos CUO surge como passo feliz e fecundo, já que seria difícil reunir em volume estudos de tanta segurança, competência e acerto. Oxalá colecção agora encetada abra à historiografia portuguesa caminhos tão inovadores e criteriosos como os que neste volume se iniciaram.
Há coisas que, mau grado as boas intenções que pressupõem, me arrepiam.
Estava a assistir ao programa “Plano Inclinado” da SIC Notícias sem dar grande atenção ao discurso, praticamente só com um ouvido, quando, de súbito, o que se dizia me feriu o tímpano que estava virado para aquele lado.
O Provedor da Santa Casa da Misericórdia dizia que, às sextas e às segundas feiras, as crianças abrangidas pelos serviços desta instituição tinham uma alimentação reforçada devido ao intervalo de tempo que medeia a sua permanência ali. Percebe-se o que isto quer dizer: mais e mais famílias estão a cair na pobreza e, consequentemente, as deficiências alimentares aumentam gravemente e atingem o desenvolvimento físico e intelectual das crianças.
Mas, perdoem-me a crueza da imagem, esta coisa de encher a barriga dos meninos à segunda e à sexta feiras, de modo a suprir as faltas dos outros dias da semana, só me lembrou perus a serem engordados à força para a o jantar da consoada.
As boas intenções não me conseguiram libertar duma sensação de violência extrema. Então, alimentar uma criança de forma adequada, fornecendo-lhe os nutrientes de que necessita diariamente, passa por lhe encher a barriga o mais possível para ir digerindo aos poucos o que comeu, durante o fim-de-semana inteiro? Se é assim à sexta-feira, o que será à segunda, cuja ração se destina a durar setenta e duas horas?
É que o tal senhor provedor, quando interrogado sobre o processo utilizado, sorriu e afirmou que não sabia bem, mas calculava que lhes enchessem mais o prato.
Será possível que as pessoas não pensem no que estão a dizer? Eu ouvi bem: não se tratava de fornecer alimentos à família para as refeições do fim-de-semana, tratava-se de encher mais o prato num dia só.
Ia caindo das nuvens. Irá a crise não só aumentar o número de pessoas a passar fome como transformar as crianças portuguesas em ruminantes?
O menino cresceu demasiado para continuar menino, embora lhe tenha mantido a meninez. Penso ter-lhe parado o crescimento quando se tornou rapaz; não lhe dei mais idade que essa, não importava o quanto crescesse. Como era o nome dele que nunca o soube? Parece que o nome se perdeu algures pelo caminho ou, se o soube, não o lembro. O nome nem era usado, como se a falta de uso das palavras o interditasse de ter uma de si. Terá tido alguém que lhe disse Tu chamas-te isto ou aquilo. Ou não terá tido, que a mãe e o pai não foram dessas coisas. O menino da grinalda: foi assim que ficou muitos anos; houvesse nome que lhe assentasse e eu não teimaria em menino da grinalda; ou o nome não era dele, como se, ao chamá-lo, se dissesse palavra que não lhe pertencesse, uma invenção tonta de quem nada tem para fazer.”
Sessão de apresentação do livro O nome daqueles, de Paulo Melo Lopes, no dia 12 de novembro, pelas 18:30, na Casa da Cultura de Gaia (Casa Barbot – Av. da República, 590/610 – VN de Gaia).
Apresentação a cargo de Joana Matos Frias, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. ____________________________
Sobre este comportamento, Weber, sociólogo da religião, esteve bastante atento, dedicando-se ao seu estudo, com trabalho de campo em 1899, e publicação, em 1905, na Alemanha, de um livro, a que penso voltar após a análise de Lutero.
O conceito alma para os luteranos era um princípio central da sua fé, o corpo é apenas uma “gaiola” para a conter. Por isso, só a salvação de alma contava. Lutero acreditava na predestinação, influenciando os primeiros conversos.
No Século XIX, uma grande curiosidade sobre a prosperidade de luteranos e calvinistas surge na vida social. Todos os denominados protestantes (por terem protestado contra a confissão romana, levando-a a mudar no Concílio de Trento do Século XVI), enriqueciam para surpresa do resto da população que, começou de imediato, a pretender ser luterana, verificando-se, por esse motivo, uma grande passagem de cristãos romanos para luteranos.
Curioso do facto, Max Weber deu início ao seu trabalho de campo no Sul do Rio Elba. Trabalho que permitiu uma comparação de comportamentos entre protestantes e católicos. Nas conclusões, publicadas no livro A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo (1904-1905), do qual Pierre Bourdieu virá mais tarde a divulgar excertos, Max Weber observa que os operários católicos gastam todo o pouco dinheiro que ganham em festas, bebedeiras, roupas e viagens não poupando nada, vivem na eterna miséria. Por seu lado, os operários luteranos, trabalham de manhã à noite, excepto aos Domingos, poupando todo o seu dinheiro, contrariamente aos católicos, e investindo-o em maquinaria, sementes e melhor terra, com vista a uma maior produção e a uma melhor venda nos mercados. Mas se trazemos para este debate A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, considerada por muitos como a melhor obra de Max Weber, é para tentarmos compreender porque é que Freud leu Durkheim, sem nunca o citar, mas desconheceu o seu quase compatriota Weber. Um sociólogo capaz de entender o que muitos procuravam: o denominado “calling” ou vocação para ser trabalhador produtivo e assim entrar na era do capitalismo sem temor nenhum. Podemos, pois, afirmar, de acordo com Max Weber , que a ética protestante encoraja as trocas e investimentos com mais-valia. Assim, Weber, estudioso das religiões, encontra na versão protestante do cristianismo o apelativo para o investimento com mais-valia. Como anteriormente referimos, os cristãos protestantes não só poupam como investem para poupar. O motivo parece muito simples, a ideia da vocação para serem homens religiosos cujo primeiro dever é trabalhar, não para enriquecer, mas para proveito da Nação e da família nuclear e alargada.
Evidentemente que este tipo de análise não estava no modelo de inconsciente de Freud, nem no modelo de Durkheim, que soube estudar o sacrifício, o ritual e o mito, areias onde Weber não se movimentou. Aliás, Weber nunca foi lido por Marx, Freud ou Durkheim, sendo assim o criador solitário da Sociologia Alemã. O seu objectivo era a descoberta da riqueza das nações, como antes de si, em 1776 , o foi de Adam Smith, membro da confissão de Knox, da Igreja Presbiteriana, nascida da confissão Calvinista .
Freud, pai da psicanálise, nunca leu Weber, mas estudou o Talmude e outros textos religiosos para entender a mente cultural dos seus pacientes. Podemo-nos interrogar do porquê destes textos e não de outras confissões? Eu diria, tal como já o afirmei noutros livros, que a resposta é simples: no Talmude há saber antigo, saber pragmático e ciência do concreto e do abstracto. Sempre tive a ideia que este saber é a base da teoria freudiana sobre o inconsciente, após estudar os textos rabínicos e ser instruído em formas de comportamento hebreus. Em adulto, Freud rebela-se contra a sua forma de pensar e sentir, que permite usar o saber, mas sem prática. Para o ritual do Bar-Mitzva , Freud teve de estudar o Talmude e saber as leis que o governam de cor e salteada. No livro de Jiménez Fernández, a título de exemplo, na página 23 define o que é ser homem e a sua masculinidade. Na página 29 define o que é um homem e o que é uma mulher. Diz o livro de Bem Sira : “uma boa esposa é um bom presente para o marido, aposentar-se-á no seio do Deus temeroso (Sira, 26.3) Mas, repara, o que está escrito é a palavra “boa”. Uma má esposa é uma praga para o marido» «Uma esposa bela faz feliz o marido, e os seus dias duplicam-se.” (Sira 26,1; Sal. 1.1).
Os luteranos rejeitaram a predestinação já em Augsburg, em 1530, com a redacção da "confissão" efectuada pelo humanista Melanchthon.
Porém, essa é a doutrina fundamental de Lutero, e como mostramos no artigo sobre o filme, é a doutrina que ele defenderá até ao fim da sua vida. Não podia ser diferente, pois ao negar que o homem possa cooperar com a graça de Deus, nega-se que o homem possa ter méritos e portanto que possa ter liberdade de escolha entre o bem e o mal. O Sola Fidei leva necessariamente à predestinação. Com a negação da predestinação, os luteranos criaram uma aberração teológica (e lógica).
O anteriormente dito, não significa que não haja ainda hoje luteranos fiéis ao mestre que insistam na predestinação e nas demais doutrinas diabólicas do Lutero primitivo.
Actualmente, há um debate entre luteranos que acreditam ou não na predestinação. O texto de 05-04-2005, denominado: Lutero e a predestinação, diz: “Conversando com alguns protestantes vi que eles rejeitam a possibilidade de algo acontecer por acaso. (este grupo protestante com quem conversava, pois, os protestantes são desunidos em suas doutrinas) Segundo eles as coisas que acontecem em nossas vidas já foram providenciadas por Deus antes mesmo que nascêssemos, sendo assim se Deus, providenciou que eu me casasse com a Joaninha filha do Seu Rui que trabalha na venda da esquina (isto é somente exemplo), mais cedo ou mais tarde este casamento acontecerá (ainda que eu não queira), e eu terei quantos filhos Deus já tiver determinado que eu tivesse. Sendo assim eu não teria liberdade de escolher, com quem quero casar, nem quantos filhos quero ter! Como argumento me citaram a seguinte passagem bíblica: "Cada uma de minhas acções vossos olhos viram, e todas elas foram escritas em vosso livro; cada dia de minha vida foi prefixado, desde antes um só deles existisse." (Sl 138,16) Argumentei-lhes que Deus sabe o nosso futuro, mais isto não quer dizer que ele escolha o que devemos fazer ou não! Citei-lhes o exemplo do Rei Ezequias que estando doente foi avisado pelo profeta Isaías que em breve iria morrer. (Is 38,1)”.
Weber, Max, (1892) 1986 : «Enquête sur la situation des Ouvriers Agricoles a L’Est de L’Elbe. Conclusions Prospectives», publicado em Actes de la Recherche en Sciences Sociales, nº 65, Novembro de 1986, manuscrito de Weber publicado pelo director, fundador e director de la Revista citada, Pierre Bourdieu. O original foi publicado em 1892 pela primeira vez em : Schreiftent des Vereins für Socialpolitiken, tomo 55, Leipzig, Duncker und Humblot e reeditado em 1964 no texto de compilação de escritos de Max Weber por Eduard Baumgarten: Max Weber, Werk und Person em: BAUMGARTEN, EDUARD. Max Weber Werk und Person.
Um livro aproximado à compilação de trabalhos de Weber, da autoria de vários sociólogos, é: Max Weber, Textos Seleccionados, Editora Nova Cultura. 1997, São Paulo, 192 páginas, que pode ser lido em: http://www.scribd.com/doc/6618252/Max-Weber-Textos-Selecionados
“A fonte da sociologia weberiana está, em geral, localizada entre os debates metodológicos e teóricos do fim do Século XIX e começo do Século XX, e não nos problemas concretos da sociedade alemã. A análise dos motivos do comprometimento de Weber na criação da Sociedade Alemã de Sociologia, demonstram que não era prioritário nem a autonomia nem a instituição da sociologia como disciplina académica, mas sim a criação de um instrumento e de uma infra-estrutura necessários para a pesquisa dessa imensidão de problemas, mas à época foi considerado como sem objectivo prático. Este projecto sociológico está directamente ligado aos inquéritos sobre aspectos do universo rural que Weber realizou no contexto das suas pesquisas em sociologia política (Verein für Sozialpolitik). A sociologia rural, actualmente, parece ter-se esquecido da sociologia de Weber. No lado oposto, na sociologia urbana do Século XX, encontra-se filiação weberiana dentro do seu contexto.
A análise da temática urbana baseada na obra de Weber demonstrada quais os motivos e as razões da (quase) ausência da sociedade urbana contemporânea em estudos, enquanto temáticas sobre as povoações da Antiguidade, da Idade Meia e do Oriente têm passado a jogar um rol primordial (Antiquité, Moyen Age, Orient) nos inquéritos de Weber sobre as condições da emergência do capitalismo na empresa moderna”. O texto, em francês, traduzido livremente por mim para entender o inquérito mencionado, aplicado a sul do rio Elba, e por Pierre Bourdieu o ter escolhido, é: « La source de la sociologie webernienne est généralement localisée dans les débat méthodologiques et théoriques de la fin du XIXe et du début du XXe siècle et non dans les problèmes concrets de la société allemande. L’examen des motifs de l’engagement de Weber dans la création de la Société Allemande de Sociologie montre que ses objectifs prioritaires n’étaient ni l’autonomie ni l’institutionnalisation de la sociologie comme discipline académique, mais la création d’un instrument et d’une infrastructure pour mener de grandes enquêtes
« sans but pratique ». Ce projet sociologique est directement lié aux enquêtes, d’abord rurales,
que Weber a réalisées dans le cadre du Verein für Sozialpolitik, à l’exploitation politique
qu’il en a faite lui-même et à son échec pour imposer au Verein un programme et une méthodologie
D’enquêtes sans but pratique immédiat. La sociologie rurale a oublié la source rurale
de la sociologie de Weber. Par contre, dans la sociologie urbaine du XXe siècle, on peut rencontrer
Weber, Max, (1904-1905 em Alemão, nos em Archiv für Sozialwissenschft und Socialpolotik, J.V.B. Mohr, Tubinga, vols. XX e XXI) A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo encontra-se editado em castelhano pela editora Taurus, Madrid, a versão portuguesa é da Editorial Presença, 1983, traduzida por António Firmino da Costa. The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism é um livro (book) escrito por Max Weber, economista alemão (German economist) e sociólogo (sociologist), em 1904 e 1905, livro que começou por ser uma série de ensaios (essays). A edição original do livro, publicado para leitura, foi tratada por Marienne Weber nos anos 20 do século passado.
Para Weber o capitalismo (capitalism) desenvolveu-se quando os protestantes (Protestant), particularmente a ética calvinista (Calvinist ethic), influenciaram um largo número de pessoas envolvidas no trabalho da vida laica, criando e desenvolvendo as suas próprias empresas (enterprises) e, simultaneamente, a actividade comercial e a acumulação de riquezas (trade wealth) utilizadas para investimentos futuros nas suas empresas. O que Max Weber descobre é que a ética protestante foi a força por detrás de uma não planificada e coordenada acção massiva (mass action) que influenciou o desenvolvimento do capitalismo (capitalism). É uma ideia conhecida como a tese de Weber. O texto está em inglês, traduzido por mim de forma livre e com comentários no meio do texto original, guardando as palavras em língua inglesa para outras ligações na Internet. O original diz: “The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism is a book written by Max Weber, a German economist and sociologist, in 1904 and 1905 that began as a series of essays. The original edition was in German and has been released.
“Weber wrote that capitalism evolved when the Protestant (particularly Calvinist) ethic influenced large numbers of people to engage in work in the secular world, developing their own enterprises and engaging in trade and the accumulation of wealth for investment. In other words, the Protestant ethic was a force behind an unplanned and uncoordinated mass action that influenced the development of capitalism. This idea is also known as "the Weber thesis". Análise completa em: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Protestant_Ethic_and_the_Spirit_of_Capitalism
Adam Smith (provavelmente Kirkcaldy, Fife, 5 de junho de 1723 — Edimburgo, 17 de Julho de 1790) foi um economista e filósofo escocês. Teve como cenário na sua vida o atribulado século das Luzes, o século XVIII. A sua biografia em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Smith. No ano de 1776 escreveu: An inquiry into the nature and causes of the wealth of Nations, que pode ser lido em: http://www.adamsmith.org/smith/won-index.htm
O Talmude (em hebraico: תַּלְמוּד, transl. Talmud) é um registo das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico, perdendo importância apenas para a Bíblia hebraica.
O Talmude tem dois componentes: o Mixná (c. 200 da nossa era), primeiro compêndio escrito da Lei Oral judaica, e o Guemará (c. 500 da nossa era). A discussão do Mixná e dos escritos tanaíticos que frequentemente abordam outros tópicos é amplamente exposta no Tanakh.
O Mishná foi redigido pelos mestres chamados Tannaim ("tanaítas"), termo que deriva da palavra hebraica que significa "ensinar" ou "transmitir uma tradição". Os tanaítas viveram entre o século I e o III d.C. A primeira codificação é atribuída a Rabi Akivá (50 – 130), e uma segunda, a Rabi Meir (entre 130 e 160 da nossa era), ambas as versões foram escritas no actual idioma aramaico, ainda em uso no interior da Síria.
Os termos Talmud e Gemarah são utilizados frequentemente de maneiras intercambiaveis. A Guemará é a base de todos os códigos da lei rabínica e muito citada no resto da literatura rabínica; já o Talmude, também chamado frequentemente de Shas (hebraico: ש"ס) é uma abreviação em hebraico de shisha sedarim, as "seis ordens" da Mixná. História completa em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Talmud.
Originalmente, o estudo académico do judaísmo era oral. Os rabinos expunham e debatiam a lei (isto é, a Bíblia hebraica) e discutiam o Tanakh sem o benefício das obras escritas (além dos próprios livros bíblicos), embora alguns possam ter feito anotações privadas (megillot setarim), por exemplo, a respeito das decisões de cortes. A situação mudou de forma drástica, principalmente, como resultado da destruição da comunidade judaica no ano 70 da nossa era, e os consequentes distúrbios nas normas legais e sociais judaicas. À medida que os rabinos foram forçados a encarar uma nova realidade — principalmente a dum judaísmo sem um Templo (para servir como centro de estudo e ensino) e uma Judéia sem autonomia — surgiu uma enxurrada de discursos legais, e o antigo sistema de estudos oral não pôde ser mantido. Foi durante este período que o discurso rabínico passou a ser registado na escrita.[1][2] A primeira lei oral registada pode ter sido na forma dos Midrash, na qual a discussão haláquica está estruturada como comentários exegéticos sobre o Pentateuco. Uma forma alternativa, porém, organizada pelos tópicos de assuntos, em vez dos versos bíblicos, tornou-se dominante por volta do ano 200 d.C., quando o rabino Judá HaNasi redigiu a Mixná (משנה).
A Lei Oral estava longe de ser monolítica, variando enormemente entre diversas escolas. As duas mais famosas eram a Escola de Shammai e a Escola de Hillel. Em geral, todas as opiniões, mesmo as não – normativas, eram registadas no Talmude. A Mishná, também conhecida como Mixná ou Mixna[1] (em hebraico משנה, "repetição", do verbo שנה, ''shanah, "estudar e revisar") é uma das principais obras do judaísmo rabínico, e a primeira grande redacção na forma escrita da tradição oral judaica, chamada a Torá Oral. Provém de um debate entre os anos 70 e 200 da Era Comum por um grupo de sábios rabínicos conhecidos como 'Tanaim' e redigida por volta do ano 200 pelo Rabino Judá HaNasi. A razão da sua transcrição deveu-se, de acordo com o Talmude, à perseguição dos judeus pelos romanos e à passagem do tempo; este novo suporte (a escrita) trouxe a possibilidade dos detalhes das tradições orais não serem esquecidos. As tradições orais que são objecto da Mishná datam do tempo do judaísmo farisaico.[2] A Mishná não reclama ser o desenvolvimento de novas leis, mas meramente a recolecção de tradições existentes. A Mishná é considerada a primeira obra importante do judaísmo rabínico e é uma fonte central do pensamento judaico posterior. A lista dos dias de festa conhecida como Meguilat Taanit é mais antiga, mas de acordo com o Talmude já não está em vigor. Comentários rabínicos à Mishná nos três séculos seguintes à sua redacção (guardados sobretudo em aramaico) foram redigidos como a Guemará. Retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mixn%C3%A1
É-me impossível resistir ao ímpeto de falar da língua, da qual nasceu a psicanálise, com palavras usadas por Freud como conceitos psicanalíticos, o Aramaico. Freud, tendo especial pendor para idiomas, dominava o alemão, o aramaico, o inglês, o francês. Encantou-se, na adolescência, pela obra Dom Quixote, de Cervantes e aprendeu, sem mestre, a bela língua castelhana. Este capricho juvenil permitiu-lhe constatar pessoalmente o acerto da tradução das suas Obras Completas para o espanhol, registado em algumas palavras do tradutor D. Luis López Ballesteros y de Torres (Freud, 1923b). Ao usar o Talmude, escrito em Aramaico, Freud tinha a obrigação de usar a língua referida, para definir os seus conceitos. Esta afirmação do uso do aramaico para definir conceitos na sua teoria é mais do que evidente. Os textos estudados por ele, não apenas o Talmude, estavam escritos em aramaico, como a Mishnná. Paulo Roberto Medeiros, Recife, organizador dos estudos psicanalíticos de Freud e Lacan, na sua Universidade, tem um texto que define os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, denominado Conceitos fundamentais da Psicanálise Apresentação, leitura e comentários de Seminários e Textos de Jacques Lacan Os Nomes-do-Pai e Os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise, onde debate os conceitos aramaicos de Freud e Lacan, em: http://www.traco-freudiano.org/tra-instituicao/word/paulo-medeiros-4conceitos/11-06_julho_%202004.pdf
Aramaico é a designação dada aos diferentes dialectos de um idioma com alfabeto próprio e com uma história de mais de três mil anos, utilizado por povos que habitavam o Oriente Médio. Foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Daniel e Esdras, assim como do Talmude. Pertencendo à família de línguas afro-asiáticas, é classificada no subgrupo das línguas semíticas, à qual também pertencem o árabe e o hebraico.
O aramaico foi, possivelmente, a língua falada por Jesus e ainda hoje é a língua materna de algumas pequenas comunidades no Médio Oriente, especialmente no interior da Síria; a sua longevidade deve-se ao facto de ser escrito e falado pelos aldeões cristãos que durante milénios habitavam as cidades ao norte de Damasco, capital da Síria, entre elas reconhecidamente os vilarejos de Maalula e Yabrud, esse último "onde Jesus Cristo hospedou-se por 3 dias" além de outras aldeias da Mesopotâmia reconhecidamente católicas por onde Cristo passou, como Tur'Abdin no sul da Turquia, fizeram com que o aramaico chegasse intacto até aos nossos dias. No início do século passado, devido a perseguições políticas e religiosas, milhares desses cristãos fugiram para o ocidente, ainda hoje existem algumas centenas vivendo nos Estados Unidos da América, na Europa e na América do Sul.
Acrescento que o Aramaico não é apenas um língua, define actividades, sentimentos, saberes e emoções dentro da lógica das palavras. Além destas ideias, está o livro de Lucille Ritvo: A Influência de Darwin sobre Freud, Imago, 2008 comentado como: “Este livro é o primeiro a revelar o pleno impacto sobre Freud da efervescência criada pelas obras de Charles Darwin. Lucille B. Ritvo mostra como método e as ideias de Darwin desempenham papel seminal nas descobertas psicanalíticas básicas de Freud - sexualidade infantil, conflito, regressão, o significado e a função dos sintomas, a coexistência de opostos no inconsciente e a relação entre perverso e normal. Darwin fez da história um método científico à psicologia com resultados igualmente surpreendentes.
O período em que Freud cursou a escola secundária, de 1865 a 1873, coincidiu com a divulgação do trabalho de Darwin no mundo de língua alemã e a publicação alemã de A Variação de Animais e Plantas em Domesticação e a descendência do Homem. Como Freud mais tarde recordou, "as teorias de Darwin, que então eram de interesse corrente, atraíram-me fortemente, pois apresentavam esperanças de um extraordinário avanço em nossa compreensão do mundo". Ritvo afirma que foi Carl Claus, professor de zoologia de Freud na Escola Médica da Universidade de Viena, mais que seu professor de fisiologia, Ernst Brücke, como até agora se julgava, quem formou Freud nos rigores da biologia darwiniana.”
É preciso acrescentar que Freud e Darwin eram de origem judaica, apesar de Darwin ter tido instrução anglicana e ter estudado teologia anglicana em Cambridge. Darwin e Freud eram judeus. O primeiro 'somente' CONTESTOU (arre!) o criacionismo; o outro desenvolveu a teoria da psicanálise. Dois pilares, cada qual em sua ciência, do pensamento moderno. Donde, a formação em aramaico é também passivel de pensar. Porém, os conceitos e as ideias vêm do activo aramaico. Informação completa em: http://www.interney.net/blogs/gravataimerengue/2006/03/20/genios_judeus/
Quem escreveu mais sobre esta ideia, foi o analista João Leonardo Ribeiro de Morais, Professor Adjunto de Psiquiatria do Depto. de Medicina Interna do CCS/UFPB. O texto é denominado: Influências do Darwinismo na formação e na obra de Sigmund Freud, Revista Conceitos – Janeiro – Junho de 2003: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Revista+Conceitos&btnG=Pesquisa+do+Google&meta=&aq=f&oq=
Comigo, em formato de papel, tenho os textos sagrados dos hebreus: Girón Blanc, Luis Fernando, (Departamento de Estúdios Hebreos de la Universidad Complutense, Madrid), 1998: Textos escogidos del Talmud, Riopiedras, Barcelona, 205 páginas, onde se debate o matrimónio, a filiação, o estado das viúvas, a vida e a morte, orações, esmola, leis, economia, fantasia, narrações legendárias, sabedoria, medicina e casuística. Por não ser possível abordar nestas linhas todo o conteúdo do livro, duas palavras são suficientes. Como já sabemos, são livros de sabedoria antiga, cultivada e oral inicialmente, por outras palavras, fruto da Experiência (relembro, o anteriormente referido, a Mixná (c. 200 d.C.), primeiro compêndio escrito da Lei Oral judaica e o Guemará (c. 500 d.C.), a discussão da Mixná e dos escritos tanaíticos, exposta no Tanakh). É o que Lévi – Strauss denomina, a ciência do concreto (relembra-se que Freud e Lévi – Strauss foram educados na tradição judaica, donde, a leitura completa do Talmude e a sua análise fez parte da formação de ambos). A sua sabedoria advém destes textos, transformados mais tarde em Bíblia para os cristãos, mas o Talmude continua a ser uma escrita sempre renovada dos debates rabínicos, como o Torá ou comentários rabínicos ao decálogo. Esta não é uma simples frase, é o título do livro de Comentários Rabínicos ao Decálogo, que tem um primeiro título: Las alas de la Torá, escrito e comentado por Emiliano Jiménez Fernández, 1996, Editorial Desclée de Brouwer, Bilbao, Bilioteca Catecumenal, 178 páginas, também comigo em suporte de papel. Torna-se, penso eu, necessário um breve comentário sobre o Torá, o que farei de imediato, recorrendo ao meu conhecimento e a diversas ligações da internet, como por exemplo, http://pt.wikipedia.org/wiki/Tor%C3%A1. O dicionário que uso define Torá como tora (lei mosaica).
Torá (do hebraico תּוֹרָה, significando instrução, apontamento, lei) é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh (também chamados de Hamisha Humshei Torah, חמשה חומשי תורה - as cinco partes da Torá) e que constituem o texto central do judaísmo. Contém os relatos sobre a criação do mundo, da origem da humanidade, do pacto de Deus com Abraão e seus filhos, e a libertação dos filhos de Israel do Egito e sua peregrinação de quarenta anos até à terra prometida. Inclui também os mandamentos e leis que teriam sido dados a Moisés para que entregasse e ensinasse o povo de Israel. Texto completo em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tor%C3%A1.
Bar Mitzvah e Bat Mitzvah "Bar Mitzvah", significa literalmente “filho do mandamento”. "Bar" é filho em aramaico, que costumava ser a língua vernácula do povo judeu ( Jewish people.) "Mitzvah" é “mandamento”, seja em língua Hebreia ou em Aramaico. "Bat" é filha, em Hebreu e Aramaico. (A pronúncia Ashkenazic, essa variante do judaísmo mais ortodoxa, é "bas"). Tecnicamente, o conceito define ao infante que advém a idade adulta, sendo estritamente correcto referir-se a alguém que está a completar a “ idade adulta de bar ou que esta a ser um bar (ou bat) mitzav”. Porém, é mais comum que o conceito seja usado para referir que tem chegado a idade da cerimónia em si: um rapaz está a chegar a adulto e está a passar pelo ritual de bar mitzav.
De acordo com a lei judaica, as crianças não estão obrigadas a observar os mandamentos, apesar de serem encorajadas a respeitá-los, tanto quanto possível, para assim aprenderem as obrigações que vão surgir na idade adulta. Aos 13 anos, os rapazes e aos12, as raparigas, ficam obrigados a observar os mandamentos. O cerimonial de bar mitzvah define formalmente a tomada de posse dos deveres e obrigações mandados pelo decálogo, acompanhado com os direitos e deveres adquiridos como adulto maior, dentro da vida social e religiosa (religious services). Ao fazer parte de um minyan (cerimónia com um número pequeno de pessoas para celebrar partes de rituais religiosos conduzidos), adquire-se capacidade para contratar, para testemunhar em julgamentos religiosos e o direito a casar.
"Bar Mitzvah" literally means "son of the commandment." "Bar" is "son" in Aramaic, which used to be the vernacular of the Jewish people. "Mitzvah" is "commandment" in both Hebrew and Aramaic. "Bat" is daughter in Hebrew and Aramaic. (The Ashkenazic pronunciation is "bas"). Technically, the term refers to the child who is coming of age, and it is strictly correct to refer to someone as "becoming a bar (or bat) mitzvah." However, the term is more commonly used to refer to the coming of age ceremony itself, and you are more likely to hear that someone is "having a bar mitzvah."
Under Jewish Law, children are not obligated to observe the commandments; although they are encouraged to do so as much as possible to learn the obligations, they will have as adults. At the age of 13 (12 for girls), children become obligated to observe the commandments. The bar mitzvah ceremony formally marks the assumption of that obligation, along with the corresponding right to take part in leading religious services, to count in a minyan (the minimum number of people needed to perform certain parts of religious services), to form binding contracts, to testify before religious courts and to marry.
Ben Sira foi o autor do livro mãe dos deveres canónicos denominado Sirach. O nome do autor poderá ter sido Shimon (Simon), filho de Yeshua (Jesus/Joshua), filho de Eleazar, filho de Sira[1]. No texto grego, o autor chama-se "Jesus o filho de Sirach de Jerusalem." (l.27) "Jesus" é a forma Anglicana para o nome grego Ιησους, equivalente ao Hebrew Yeshua` e ao mais antigo Masoretic Hebrew Yehoshua`. Texto completo em: http://en.wikipedia.org/wiki/Ben_Sira
O texto está em castelhano, mas tomei a liberdade de o traduzir.
É bem verdade que o ranking das escolas está longe de ser perfeito, há critérios que deveriam ser tomados em conta e não são, mas também é verdade que as escolas que ficam sistematicamente nas melhoras posições são, de certeza absoluta, boas escolas. Vem isto a propósito desta notícia:
Das vinte melhores escolas em Portugal só duas são públicas. Perante este facto, a Ministra diz que "a escola pública não escolhe os alunos" e que "é uma escola aberta à sociedade, recebe todos".
Quem não gostou nada foi a Helena Matos (no Publico) que diz que é precisamente ao contrário, quem escolhe as escolas privadas são as famílias por considerarem que aí há maior exigência, e não por terem os filhos mais inteligentes.
A escola pública que emprega a corporação dos professores que se acomodam à política do sindicato, de guerra aberta, de reinvindicação permanente, é que não pratica uma docência de mérito, exigente, virada para os alunos, pelo contrário, está fechada sobre si própria, entregue às guerras permanentes entre os burocratas do ministério e os burocratas dos sindicatos.
Como se viu ainda bem recentemente, na reestruturação levada a efeito , com os mega- agrupamentos, o ministério não perguntou nada a ninguem se estava ou não de acordo, avançou e estão aí, a escola pública nada tem de aberta, não permite a livre escolha , não responde pelos maus resultados e tem um custo muito mais elevado por aluno que a escola privada.
A escola pública devia ser constituída pela escola estatal e pela escola de gestão privada( entregue aos professores que se constituíssem em grupos de gestão), as famílias escolhiam segundo os seus próprios critérios, de exigência , de proximidade, numa salutar concorrência, privilegiando o mérito e a autonomia face aos burocratas do ministério e do sindicato.
Os bons professores, como é reconhecido pelos próprios, são joguetes nas mãos do ministério e sindicatos , e sempre será assim se não houver uma maior autonomia, com a escola pública entregue a quem nela trabalha.
Em textos anteriores, vimos já que se perdeu muita coisa importante no Terramoto de 1755 – os seis hospitais da cidade, incluindo o de Todos-os-Santos, 33 palácios da grande nobreza, o Palácio Real, a Patriarcal, o Arquivo Real, a Casa da Índia, o Cais da Pedra, a Alfândega palácios, igrejas, bibliotecas, a faustosa Ópera do Tejo, inaugurada sete meses antes… Na «Gazeta de Lisboa» do dia 6 de Novembro, afirmava-se que «O dia primeiro do corrente mês ficará memorável pelos terremotos e incêndios que arruinaram uma grande parte desta cidade». Diga-se, de passagem, que a «Gazeta» nunca interrompeu a sua publicação devido ao sismo, constituindo uma importante fonte de informação sobre o que aconteceu. O que se ganhou, também sabemos: uma cidade nova, muito moderna para a época em que foi construída e, pormenor importante, edificada de acordo com um sistema anti-sísmico – a famosa estrutura flexível de madeira dos edifícios, «em gaiola». Como disse José Augusto França, a nova Lisboa saída do inspirado traço de Eugénio dos Santos, surge como uma autêntica «cidade das luzes», uma obra emblemática do espírito do iluminismo.
Dada a necessidade de uma reconstrução rápida, optou-se por uma tipologia despojada de ornatos, um estilo que resulta de uma mistura de elementos que, segundo o Professor Nelson Correia Borges, se inspira « num passado arquitectónico, recente ou longínquo, de Lisboa, numa combinação de maneirismo revivido com alguns pormenores empobrecidos do barroco e do rococó». Em todo o caso, apesar desse despojamento formal que caracteriza o «pombalino», a reconstrução deu - nos uma praça de beleza ímpar, à maneira das «praças reais» europeias – o Terreiro do Paço (uma das derrotas do Marquês, que quis crismar o largo como Praça do Comércio, nome que ainda hoje figura nas placas toponímicas).
Mas não só na arquitectura houve ganhos – o grande sismo e a destruição de Lisboa, tiveram repercussões na cultura da segunda metade do século XVIII. Numa época em que os filósofos punham em causa princípios considerados até então intocáveis, uma tal catástrofe, destruindo em minutos uma das maiores cidades da Europa, que tantas centenas de anos levara a edificar, dava que pensar. Era a insustentável fragilidade da condição humana face à incomensurável grandeza… de quê? De Deus? Da Natureza?
Diversos vultos da cultura europeia lhe dedicaram escritos. A catástrofe foi motivo para equacionar questões importantes que mexiam com a religião, com os conceitos filosóficos, com o papel atribuído ao homem no palco do mundo. As grandes interrogações que se punham, pelo menos na Europa das Luzes, poucas décadas antes da Grande Revolução de 1789, eram a prevalência (ou não) da vontade divina e a margem de manobra que o homem tinha para decidir o seu devir. Em síntese – Deus e o homem – quem decidia o quê.
Tudo isto (principalmente aqui, com a Inquisição de ouvidos espalhados por toda a parte) tinha de ser dito com cuidados funambulescos, avançando-se sobre um estreito arame de conceitos, não fosse no meio das deambulações filosóficas escapar-se alguma heresia e cair-se em cima da fogueira. como iremos ver, às vezes acontecia.
Sobre o que se escreveu, Europa fora, acerca do terramoto, os exemplos mais citados são «O Poema sobre o desastre de Lisboa», escrito em 1756 por Voltaire (1694-1778) e a consequente «Carta a Voltaire» de Jean-Jacques Rousseau (1712- 1778), os «Escritos sobre o Terramoto de Lisboa», de Immanuel Kant (1746-1781) e palavras de Goethe (1749-1832) que, dissertando sobre a catástrofe, disse "porventura em algum tempo o demónio do terror espalhou por toda a terra, com tamanha força e rapidez, o arrepio do medo". O poema de Voltaire tem como “subtítulo” ou “título alternativo” as palavras que se seguem: «Ou exame do axioma “"Tout est bien quand finit bien"». Voltaire contraria o pressuposto de que o mundo criado por Deus, está de tal maneira bem organizado que, quando ocorre um «mal necessário», a Divina Providência logo compensa os homens com um «bem» que supera esse mal. Utiliza o terramoto que destruiu Lisboa como um argumento que contraria aquele conceito optimista e conducente ao fatalismo que não deixa margem de manobra à intervenção humana. Digamos que a reflexão voltaireana introduz o determinismo como elemento a tomar em consideração.
Tornou-se óbvio desde logo que, na mira de Voltaire, estavam os postulados metafísicos de Leibniz (1646-1716) segundo os quais o nosso mundo é o melhor, pois foi o escolhido e criado por Deus. Na «Teodiceia», Leibniz atacava frontalmente todas as tentativas filosóficas para contrariar a religião. Voltaire, no poema, perguntava ironicamente como é que a bondade de Deus permitiu uma tal tragédia. Em Candide, ou l'optimisme (1759) o terramoto de Lisboa é também referido como negação desse optimismo defendido por Leibniz.
Por seu turno, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) 1756, na sua “Lettre sur la Providence” (1756), contraria a posição de Voltaire, sem contudo apoiar a teodiceia leibniziana. Segundo Rousseau, a culpa do que ocorreu em Lisboa, não seria de Deus, nem o drama terá decorrido de causa natural. Os motivos da tragédia teriam de ser procurados na corrupção da «integridade» dos homens, provocada pela degenerescência social, pela usura, por aquilo que Marx no século seguinte definiria como a vertigem da acumulação do capital. Como exemplo, Rousseau, referia o facto de em Lisboa haver cerca de vinte mil casas com seis e mesmo sete andares, o que era contrário à Razão. A cupidez, a ânsia de lucro, a corrupção da natureza humana que Deus atribuiu aos homens, eis a causa da tragédia.
Kant, por sua vez, diz nos seus «Ensaios»: «A história não regista outro exemplo de uma agitação das águas tão grande e tão extensa numa tão larga superfície da Terra». E, mais adiante, referindo-se à generalidade das pessoas: «Como o terror lhes rouba a reflexão, julgam que estas grandes desgraças são das tais que não se podem minorar por qualquer precaução e supõem que a dureza do destino só pode ser abrandada por uma submissão cega e entregam-se completamente à misericórdia ou à cólera divina».
Houve também os que não especularam e se limitaram a descrever. Um bom exemplo desse formato é o de J.R.A. Piderit (1710-1791), que diz em «Freye Betrachtung über das neuliche Erdbeben zu Lisabon» (Marburgo, 1756, citado por Isabel Barreira de Campos em «O Grande Terramoto -1755», Lisboa, Parceria, 1998): «As nossas casa tremiam como folhas das árvores, e os nossos corações como as nossas casas. Imaginai, ó vindouros, o pavor com que o ranger e o ribombar da queda dos edifícios, que ruíam em massa, nos abrasava, como um fogo, até à medula dos ossos. Aqui uma caterva de gente contorcia-se sob os escombros, nas mais cruenta agonia. Além gritos lancinantes de morte coavam através das pedras e da terra, e a ninguém era possível acudir aos desventurados que se debatiam sozinhos. Mas além um desgraçado rasgava as unhas e a carne até aos ossos, a fim de salvar a sua pobre vida de uma cova – tal, porém, para nada mais lhe valendo senão para se tornar em coveiro de si mesmo, porquanto, com suas mãos, preparava o próprio túmulo».
More than half a century after his death, Indian spiritual leader Mohandas “Mahatma” Gandhi is still revered as one of the greatest-ever champions of social justice and equality. Less well known is the way in which he used football to help spread his ideas, particularly during the early years of his political struggles in South África."
É desta forma que a revista FIFA World, do mês de Outubro, inicia um extraordinário artigo da autoria de David Ruiz, de Durban, sobre o pacifista hindu Mahatma Gandhi. Ruiz através de buscas na África do Sul acabou por descobrir a história de Gandhi neste país e da sua ligação ao futebol, no início do século passado. Pioneiro da luta anti-racial e defensor, enquanto jovem advogado, dos elementos hindus que viviam na África do Sul, veio a sofrer consequências dessa sua luta, tal como aconteceria a Mandela mais tarde. Não existem provas concretas que tenha sido jogador, mas as fotos e as informações recolhidas provam a sua ligação íntima ao futebol dessa altura, tendo inclusivamente ajudado a formar diversos clubes e a Associação Sul-Africana de Futebol Hindu. Gandhi via no futebol um grande potencial para encorajar os seus elementos ao trabalho de equipa e formou o clube "Passive Resisters" sobre os princípios e valores do espírito de equipa e do fair-play.
Maria Inês Lemos da Rocha Aguiar, nasceu no Porto em 1958. É professora de língua inglesa e alemã, foi sub-directora e directora da Administração da escola de línguas Encounter English, onde deu aulas de Português para estrangeiros. Durante um ano trabalhou em Paris. Gosta de viajar e, por isso, conhece meio mundo e deseja conhecer a outra metade. Escreve poesia. Em 2002 publicou uma colectânea de poemas, Tinta Fina. Bem-vinda Maria Aguiar. Venha de lá essa poesia!
Embrulhei os meus sonhos e convicções em caixas forradas a cetim, enterrei-os numa vala comum onde todas as utopias envelhecidas e ânsias de rio esquecidas acendem o pavio do fim, rasguei a anipnia de cada vez que para o papel remetia o hodierno, as cidades rasgadas de concreto, os sem abrigo, os sem tecto, mastiguei a exclusão amordaçada, a memória de uma pena sem glória dos poetas que conheci, que com um copo de vinho barato faziam da palavra a honra e o trato, desembrulhei madrugadas em lutos e contendas com o tempo que corria apressado nas telhas do meu telhado e rompi a poesia na magia da maturação, a metáfora do meu chão, desbravei horas bravias nas terras baldias, da excruciação e da palavra fiz a voz da solidão, na primeira pessoa!
Este é o título de um artigo de Jorge Messias, onde deparei com o seguinte parágrafo, digno de ser transcrito: “ A igreja detém a maior acumulação de riquezas de sempre. É o maior banqueiro do Universo. Possui bancos, seguradoras, instituições de crédito, redes de turismo, “paraísos fiscais”, latifúndios, minas, florestas, redes de hipermercados, hospitais, escolas, tudo quanto uma força ambiciosa possa imaginar. Está presente em todas as áreas políticas e sociais”. Acrescento eu: o digno e universal exemplo da pobreza da doutrina de Cristo!
Agrada-me pensar que o poema (o livro) que estou a escrever são vários poemas, tantos quantos os leitores que fizerem do meu texto, por um momento que seja, o seu espelho, um espelho côncavo ou convexo, nunca liso, um rio onde possam encontrar interpretações distintas e até opostas sobre o amor e a morte, o poder e o prazer, os sentidos da existência. Não sei quem disse que um poema era um fruto comido por mil bocas, um fruto intacto.
(Fragmentos de Babel seguido de Arte Poética”).
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Augusta Clara de Matos (Lisboa, 1945)
À POESIA
Poesia, toda a minha vida fingi que te ignorava Mas sempre te invejei o elo aos que não se deixam atraiçoar pela língua. Como me parecias longínqua, inacessível. Eras d’outrém, não eras minha. Tinha ciúmes, mas era incapaz de competir. E ainda sou. Mas sinto-te, sabes, não preciso de te ceder. Sinto-te com o corpo todo, por todo o lado. E sem palavras.
Só no silêncio, poesia, te consigo entender.
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Celso Emilio Ferreiro
(Celanova ,Ourense, 1912 - Vigo, 1979)
A POESIA É VERDADE
Un procura a verdade por tódolos camiños, baixo as pedras, nas raigames mais escuras das olladas, máis alá das escumas i os solpores.
Busco a verdade en ti, rexa poesía dos homes que labouran, taito real das cousas que están e son, anque ninguén as vexa. Home total, que vas e ves sin sombra polas rúas e tes a túa verdade nos curutos do mundo, no profundo da historia, na esperiencia de un dia calisquera, e non ves os paxaros nin as nubes nin as lonxíncoas maus do vento dondo que acariñan o mundo desde sempre. Investiga a verdade do teu tempo i alcontrarás a poesia.
Comemorámos hoje o centenário do nascimento de Ricardo Carvalho Calero. (Ferrol, 1910 — Compostela, 1990). Quase desconhecido em Portugal, é uma figura cimeira da intelectualidade galega do século XX, escritor e filólogo. Foi na Universidade de Santiago de Compostela, o primeiro Catedrático de Língua e Literatura Galegas.
Principal teórico da corrente reintegracionista, ou seja, dos que defendem que o galego e o português se devem voltar a unir, pois são duas formas dialectais do mesmo idioma, como defenderam Carolina Michaëlis e Manuel Rodrigues Lapa, entre outros. Porém, apesar da grande importância que a sua obra assumiu, sobretudo na última fase da sua vida, Carvalho Calero não teve nem tem em Portugal a ampla divulgação que se justificava pela importância que a sua obra assumiu na hermenêutica das origens do nosso idioma.
Dissemos que em Portugal o Professor Carvalho Calero não teve até agora a divulgação merecida. Pois na sua pátria tampouco a teve. Com a devida vénia, transcrevenos do Portal Galego da Língua uma entrevista com Alexandre Banhos que conhecemos já por um texto admirável aqui publicado há tempos - "Ou reintegracionistas ou imbecis (com humor amoroso)" e cuja publicação repetimos hoje. Eis a entrevista com Alexandre Banhos Campo.
Entrevista com Alexandre Banhos
"há gente que nom quer esse monumento, que teme o formosíssimo bronze do busto de Carvalho Calero"
PGL - No vindouro 30 de outubro prevê-se inaugurar em Compostela umha estátua em homenagem a Carvalho Calero. O projeto, impulsionado pola Fundaçom Meendinho, está a topar entraves inesperados, e precisam-se com urgência mais de 10.000 euros. Alexandre Banhos, membro da Fundaçom, aclara-nos os porquês.
PGL: Quanto tempo leva a trabalhar a Meendinho para homenagear Carvalho Calero?
Alexandre Banhos: A Fundaçom Meendinho acordou em junho de 2009 apoiar difundir e participar, em todo tipo de iniciativas que ao longo de 2010 se realizarem para homenagear a esse galego exemplar. Membros do seu padroado têm participado em quanto ato tem sido convocado por organizações da Galiza em homenagem a Carvalho Calero, do qual se pode achar informaçom no PGL. O de impulsionarmos o monumento parte de um clamor que existia na sociedade. Na Assembleia da AGAL e no seu Conselho, nos meses de março e abril de 2009 veu a tona o impulsionar no ano 2010 um monumento sobranceiro para Carvalho Calero, mas viu-se muito difícil concretizá-lo com sucesso.
Na ssembleia da Associação Pro-AGLP de fins de junho de 2009, de novo membros presentes voltárom a fazer a proposta de um monumento ao professor Ricardo Carvalho Calero em Compostela. Como no seio da AGAL, foi valorizado muito positivamente, e igualmente a maioria dos presentes achou que era um objetivo muito difícil de conseguir.
No mês de outubro do ano passado, em reuniom do padroado da Fundaçom, debateu-se se seríamos quem de impulsionar esse monumento, nom como algo da Fundaçom e sim como algo do melhor da Galiza —sem nos fecharmos a ninguém, sem pormos chatas a quem quiger colaborar—, fazendo algo que perdurar no tempo e falar positivamente às gerações futuras. Ali, depois de valorizar as dificuldades e possibilidades, decidiu-se levar o projeto para a frente.
Lançámos o concurso, do qual ficámos muito contentes com a resposta de umha notável representaçom de escultores da Galiza e Portugal, e seguimos os passos correspondentes. Assim, apresentámos o projeto a instituições, nomeadamente as universidades e entidades locais da Galiza que repetidamente reclamaram 2010 como Ano Carvalho Calero ou figeram protestos do mau trato que se dava a uma figura da sua importância, recebendo a iniciativa, muito boa acolhida.
Protótipo do monumento, ligeiramente diferente com a versom final
PGL: Que tipo de sacrifícios se têm realizado a fim de lograr o objetivo?
AB: A Fundaçom Meendinho é uma entidade séria a e a sua palavra é ouro, nom importam os sacrifícios que tenham de ser feitos —de todo tipo— para levar avante o projeto. Aliás, sabemos que a Galiza é um povo de bons e generosos que, quando acreditam nalgo, somam-se e pujam como o primeiro.
Além disso, a mim pessoalmente as tensões têm-me afetado à saúde, a nom poder dormir, e até a ser ingressado de urgências num estado de certa gravidade na primeira quinzena de setembro. Nom podo falar do que se passou com outros membros.
PGL: Que problemas está a haver para a instalação da estátua a Carvalho Calero?
AB: O Concelho de Compostela, que participou na seleçom da obra —agora mais reduzida de tamanho do que inicialmente estava nas bases do concurso— valora muito positivamente o projeto e sabe que o vai receber a cidade: umha obra do escultor José Molares, de grande qualidade, que esta vai valorizar a sua contorna e enriquecer o seu património, umha obra que está pensada para um lugar e para interagir com o público, para ser tocada.
O local escolhido inicialmente cumpre os requisitos ideais, e assim foi visto por todos. A obra, além disso, vai contribuir ao diálogo com o espaço de tal maneira que põe ainda mais em valor esse magnífico espaço que é a Alameda compostelana.
Mas há gente que nom quer esse monumento, que teme o formosíssimo bronze do busto de Carvalho Calero, como a Junta da Galiza, que através da Conselharia da Cultura negou qualquer apoio ou ajuda ao projeto.
Há pessoas de certo peso na Galiza que estám a tentar travar ajudas, e levando aos ouvidos de alguma gente umha imagem distorcida de Dom Ricardo, como se fosse uma espécie de demo com cornos. Infelizmente, gente ligada à filologia galega —muito escassa essa gente, confrontada com a maioria da filologia—, alguma até aluna do professor, primeiro catedrático da matéria na Universidade de Santiago, que nom gosta do projeto. Que problemas achárom com o busto? Eu, pessoalmente, nom alcanço a entendê-lo.
Todo isto influi, e desde o Concelho propõem um lugar alternativo perto da própria Alameda, que é excelente também, mas nom da qualidade do inicialmente proposto, nom é lugar para o busto ser tocado e sovado tal como exprime uma obra que nom vai deixar indiferente com a sua beleza. Da Fundaçom Meendinho estamos seguros de que o Concelho de Compostela, que apoia firmemente o projeto, entenderá a importância do monumento no lugar inicialmente previsto, e a sua projeçom cívica.
PGL: Existem, pois, pressões? Há interesses em ocultar qualquer tipo de homenagem a este ilustre galego?
AB: Eu ainda nom entendo por que a Real Academia Galega nom lhe dedicou o ano 2010, penso que poucas petições houvo mais numerosas e unânimes... acho que o comportamento ininteligível da instituiçom, além de nom falar muito bem dela, fala de que na Galiza há quem quer Carvalho Calero apagado. Eu nom entendo nem chego a perceber onde pode estar a causa.
Carvalho Calero era uma pessoa honesta e coerente, generosa e apartada de todo sectarismo, aberto a todos e amigo de todos, e sempre que fixo algo tivo um caráter integrador. Por mais voltas que lhe dou, nom percebo o porquê da nom colaboraçom entusiasta de muitas pessoas e instituições. A única explicaçom que podo achar e o vírus do sectarismo, tam freqüente entre nós e do qual o professor estava imaculadamente limpo.
PGL: Que opiniom merece à Meendinho a ocultaçom que está a haver por parte de instâncias oficiais o esquecimento, talvez deliberado, contra Carvalho Calero?
AB: Algo muito triste. Os povos têm que se orgulhar do melhor que produzem homens e cousas e factos, e nom fazê-lo só leva à desmemória, e a desmemória ao alzheimer social.
PGL: Voltando para a estátua, quando dinheiro resta para a poder finalizar?
AB: A Meendinho, quando começa o projeto é porque lhe saem todas as contas. Com o que nom contava era que compromissos firmes de instituições —que, aliás, elas próprias deveriam ser o motor deste tipo de iniciativas—, agora se convertam em águas de bacalhau, faltem à palavra ou ponham escusas de mau pagador. Porém, aguardamos contornar esse problemas com o entusiasmo de muitos e muitas e de outros que sabem do valor exemplar do projeto, que nom é da Meendinho, mas de todos e todas. Prefiro nom dar uma cifra se nom é completamente exata, mas ainda falta umha quantidade bem por cima dos dez mil euros.
PGL: O que podem fazer as pessoas interessadas em colaborar?
AB: As pessoas podem fazer um ingresso na conta da Meendinho.
Caixanova: 2080 0132 15 0040021179
(IBAN) ES25 2080 0132 1500 4002 1179
Recomendamos darem o nome mais o bilhete de identidade na transferência, pois em janeiro a Meendinho fará a sua declaraçom à Agência Tributária estatal, e mercê a isso as pessoas doantes terám direito a umha deduçom fiscal de 25% do achegado, conforme a Lei do Mecenato. Também temos um leilão de obras magníficas com preços muito baixos, ao qual ainda se irám integrando mais obras, e que acho de muito interesse.
O monumento vai ser inaugurado no dia 30 de outubro às onze horas, e no ato vai estar o melhorinho da Galiza e das suas instituições. Vai ser um momento muito lindo para todos e todas. Além disso, nesse mesmo dia cumpre-se 90º aniversário da revista Nós, o qual ainda faz mais importante a data. A Fundaçom Meendinho e o Concelho de Compostela vamos convidar todo o mundo ao ato, sem sectarismos, pois nós queremos que esse monumento seja de todos e todas e as palavras vam estar abertas para todas as instituições que se orgulhem com o projeto.