Domingo, 10 de Julho de 2011

Agenda cultural extra por Rui Oliveira

 

 

 

Sugestões para os meses próximos (2ª parte)

 

 

 

   Continuemos agora com sugestões que irão desde a segunda metade de Julho ao mês de Agosto (e seguintes) e porque a arte de Talma (vulgo o teatro) domina estes primeiros tempos, iniciemos por aí a indicação das oportunidades possíveis de bons espectáculos. Assim :

 

 

No campo do teatro

 

 

 

   É ainda o Festival de Teatro de Almada que domina este período, pelo que é justo que  comecemos pela figura por ele homenageada este ano, Ferrucio Soleri, o icónico intérprete, durante mais de cinquenta anos, da figura do Arlequim de Goldoni, sob a orientação sapiente do grande encenador que foi Giorgio Strehler.

   Por tal facto, o Centro Cultural de Belém (CCB) possibilita, na Quinta 14 de Julho (às 21h no Pequeno Auditório) o regresso ao Festival após doze anos de Ferrucio Soleri interpretando Ritratti di Commedia dell’Arte (Retratos da Comedia dell’Arte) de Luigi Lunari, com a colaboração de Io Appolloni e aí ele conta a história dos seus predecessores e “… graças à sua longa experiência, sustentada numa rica e aprofundada pesquisa, recupera o significado de uma riquíssima tradição, demonstrando ao mesmo tempo a expressividade poética da grande alma teatral que vive por detrás da máscara”. 

 

 

 

    Também no Festival, a Culturgest apresenta de Quinta 14 a Sábado 16 (no seu Grande Auditório, às 21h30) a peça do The TEAM Theatre of the Emerging American MoMent intitulada Mission drift (Desvio da missão), uma criação colectiva (característica do grupo, já vencedor por 3 vezes do Fringe First do Festival de Edimburgo) encenada por Rachel Chavkin. Tema: Uma viagem de pioneiros, que atravessam os Estados Unidos de costa a costa, contada com a ajuda de explosões atómicas e lagartos bailarinos: um casal (imortal) holandês inicia a viagem em 1624 na então Nova Amesterdão e chega no presente a Las Vegas.

 

The TEAM's Mission Drift: Summer Trailer from Rachel Chavkin on Vimeo.

 

   No mesmo Festival, a Compagnie Louis Brouillard do Théâtre National de Bruxelles apresenta no Teatro Nacional D. Maria II (Sala Garrett, às 21h30 de Quinta 14 a Sábado 16 de Julho) a peça Cercles / Fictions (Círculos / Ficções), um texto e encenação de Joël Pommerat. Pela primeira vez em Portugal, Pommerat (1963-) esclarece que “… todas as personagens desta peça, com uma excepção, são verdadeiras, autênticas. Elas dizem-me directamente respeito, ou então são partes indissociáveis daquilo que eu hoje sou.  Seres vivos ou fantasmas da minha história, mesmo da história mais longínqua, e cujas acções me assombraram ou impressionaram. São instantes que quis reconstruir como se reconstitui um crime no local de um assassinato para esclarecer um enigmaAgora gostaria de pedir ao futuro espectador para esquecer tudo o que eu disse e pensar nesta peça como uma ficção comum”. Pode aqui ver-se um registo recente deste espectáculo :

 

 

   Dentro do Festival, no São Luiz Teatro Municipal (na Sala Principal às 21h de 15 a 17 de Julho) a Orquestra Metropolitana de Lisboa,

 dirigida por Cesário Costa, encontra Bruno Nogueira e Luísa Cruz (actores), sob o olhar atento de Beatriz Batarda (encenadora), no reensaio de alguns dos textos onde Karl Valentin aproveita a metáfora da orquestra – corpo social complexo, mais problemático do que parece quando visto de fora – para questionar o Mundo e as suas perplexidades. Assim surge esse concerto/recital absurdo (?) intitulado Uma Bizarra Salada a partir dos textos daquele comediante amigo de Berthold Brecht.

 

 

   Ainda no Festival, os grupos Mundo Perfeito e Dood Paard (Amsterdão) encenam no Maria Matos Teatro Municipal  na Sala Principal às 21h30 até Quarta 13 de Julho a peça The Jew a partir de The Jew of Malta de Christopher Marlowe (1564-93) com os actores Carla Maciel, Gonçalo Wadddington e Tiago Rodrigues, entre outros.

 A acção passa-se na ilha de Malta, lugar de cruzamento de culturas e religiões, onde o dinheiro acaba por imperar como língua franca. Controversa e divertida, é uma reflexão sobre o poder e o dinheiro, quase sempre nos bastidores dos “confrontos de civilizações”, e sobre a violência e a forma como o teatro nos revela essa violência.

 

 

   Ainda no Festival, no Teatro Camões às 21h de Quinta 13 de Julho, o Centre Chorégraphique National d’Orléans mostra Les corbeaux (Os Corvos) de Josef Nadj e Akosh S., interpretado pelos autores, com música do saxofonista e poli-instrumentista Akosh Szelevényi.

Esta performance do director do Centro “parte da observação paciente e minuciosa dos corvos e, em particular, do instante fugaz da transição entre o voo e a marcha … e finalmente todo o corpo de Nadj procura atingir um estado em que o seu tornar-se pássaro se confunda

com um tornar-se pincel”

 

 

   Na Comuna Teatro Pesquisa , às 21h30 e até 31 de Julho, a Produção Gato que ladra apresenta Tem o medo muitos Olhos, com texto de Luis Miguel Viterbo, encenação de Rute Rocha e interpretação de Hugo Sovelas. Entrecho : Klimp sustenta na cabeça uma leve estrutura que o torna semelhante a um peixe das profundezas, com uma luz na ponta de uma haste em arco que lhe sai da cabeça e lhe pende à frente, a dois ou três palmos, à altura dos olhos. Mas, em vez deste isco iluminado, a haste de Klimp suporta uma microcâmara, com a qual já gravou e irá continuar a gravar o seu depoimento. É um testemunho falado, o seu último testamento.

 

    No Teatro Turim, às 22h, de 14 a 25 de Julho, em co-produção com Organização,

é apresentada a peça Quem controla o Passado, controla o Futuro , um texto de Ana Ribeiro e António Duarte a partir da obra de George Orwell, com interpretação de Alexandra Viveiros, Ana Ribeiro, José Vitorino, Márcia Cardoso, Paula Só e Victor Gonçalves. Espectáculo fragmentado entre vários códigos teatrais, pretende elaborar sobre a frase do autor de 1984 e Animal Farm "Quem controla o Passado controla o futuro; Quem controla o presente controla o passado. Enquanto não tomarem consciência não se revoltarão Enquanto não se revoltarem não poderão tomar consciência. Compreendo como; não compreendo Porquê."

 

   Na Casa Conveniente, às 20 e 22h de 21 a 31 de Julho, o ciclo “Heiner Müller 2011” prossegue com Recordações de uma Revolução a partir de A Missão (1979) daquele autor, com encenação de Mónica Calle, que a interpreta com Mário Fernandes e René Vidal. Duas frases suas dominam : “… Quando os vivos não puderem lutar mais, lutarão os mortos…” e “… Enquanto os povos dormem, os generais levantam-se e quebram o jugo da liberdade…”.  

 

 

   Sugerimos, como opção final mas porventura das mais importantes, assistir à nova criação do Teatro Meridional, a companhia portuguesa a quem foi atribuído o último XII  Prémio Europa Novas Realidades Teatrais (PENRT) em 2010, galardão destinado a “ encorajar as tendências e iniciativas emergentes do teatro europeu, considerado nas suas diferentes formas, articulações e expressões… tendo em conta a totalidade do trabalho do candidato, o seu carácter inovador e a sua originalidade”. A peça estreada nas suas novas instalações (Rua do Açúcar, nº 64 Beco da Mitra, ao Poço do Bispo) a 7 de Julho, às 22h, designa-se Os Especialistas, texto que pretende “brincar seriamente com as certezas” dum tema que é a proliferação nas sociedades contemporâneas de especialistas (aqui na preparação de Comunicações Especializadas sobre Sustentabilidade Ambiental), um “estatuto … que tantas vezes possibilita a defesa de pontos de vista nem sempre claros e éticos, o que torna o exercício da democracia num fenómeno muito parecido com a ordem das ditaduras”.  A encenação é de Miguel Seabra, a dramaturgia de Natália Luiza e a interpretação de Emanuel Arada, Filipe Costa e Rui M. Silva. Permanece até 7 de Agosto.

 

 

 

 

No campo das exposições (artes plásticas, ciência, etc.)

 

 

   Há mostras de interesse muito distinto que nos levariam a graus de sugestão variável num campo onde a subjectividade (até por as não termos ainda “visto”) é porventura maior pelo que optámos por referir as potencialmente interessantes por ordem cronógica da data do seu encerramento.

 

   No Museu Nacional de História Natural (na Sala do Veado), Sofia Arez expõe até 21 de Julho cerca de quarenta pinturas sobre papel e sobre tela executadas nos dois últimos anos. Há dois sectores. No In-finito, os trabalhos sobre papel e tela são como “fragmentos da natureza, que contidos em si – delimitados por um espaço fechado – tentam uma fuga para o vazio”. Por seu lado, no sector Infinito nas sete telas em formato panorâmico e em mais cerca de trinta trabalhos sobre papel “o infinito surge como o lugar de todas as possibilidades…janelas sobre paisagens abertas que a luz da experiência faz interiores…”.

 

 

 

 

 

    No Centro Científico e Cultural de Macau (rua da Junqueira, 30 – Lisboa) termina a 31 de Julho a exposição As Cem Maiores Descobertas Arqueológicas da China no Século XX que visa dar a conhecer documentalmente, através de fotografias e textos, aqueles achados. Incluem-se colecções e locais muito diversificados, que vão desde a mais remota Pré-história (caso do celebre "Homem de Pequim", descoberto na caverna de Chukutião) até às últimas Dinastias Imperiais (Liao, Song, Xia, Yuan e Ming). É dado um relevo especial à descoberta do célebre mausoléu do primeiro Imperador da Dinastia Qin, com o seu exército de guerreiros de terracota, datados da 2ª metade do século III antes de Cristo. 

 

 

   No Museu do Oriente encerra a 7 de Agosto a exposição Manuel Vicente, Trama e Emoção, uma retrospectiva dos cinquenta anos de busca deste arquitecto “por esse ideal de prazer e emoção ou, simplesmente, do sublime que pode existir no nosso quotidiano”. A mostra é composta por uma selecção de obras, da década de 60 do século XX ao século XXI, da escala da habitação ao território, traçando uma panorâmica da sua obra. Desenhos originais, maquetas de análise, imagens e textos apresentam os projectos e os espaços edificados. Integra ainda um conjunto de filmes, realizados em Macau no início deste ano, e que propõem uma reflexão sobre a apropriação de algumas dessas obras.  

 

 

  No Museu do Chiado termina a 21 de Agosto  "The brain is deeper than the sea" (projecto ana/malhoa) 2011, a partir de Praia das Maçãs de José Malhoa (c. 1913-18)” de Ana Vidigal, o primeiro projecto de “Outros Olhares-Novos Projectos” com que o Museu Nacional de Arte Contemporânea pretende promover uma reflexão alargada sobre a sua colecção. Até Dezembro a outros três artistas nacionais de relevo (Rodrigo Oliveira, António Olaio e Xana) foi lançado o repto de realizarem trabalhos inéditos a partir de um olhar “de fora para dentro” do museu acompanhando-os de um pequeno texto. Do de Ana Vidigal extraímos : “A minha escolha não foi uma escolha de imagem, foi uma escolha de palavras. Escolhi um título. Escolhi Praia das Maçãs….O Tempo ensinou-me a ver nas palavras. Sempre soube que, se um dia trabalhasse a memória desse tempo compilado pela minha mãe, seria com esse álbum vazio de imagens. Mostrar o vazio”. 

 

   No Museu Nacional de Arte Antiga, na sua Sala do Tecto Pintado, prolonga-se até 11

 de Setembro a exposição temporária “Esplendor Holandês: O ‘Retrato de Família’ de Pieter de Grebber”, um pretexto para a divulgação pública do recente trabalho de beneficiação daquela grande pintura de Pieter de Grebber. A exposição possibilitará uma substancial renovação do conhecimento científico neste domínio, revendo autorias tradicionalmente consagradas e integrando no plano internacional obras praticamente inéditas e desconhecidas, ao mesmo tempo que projectará luz sobre o percurso específico destas obras, o gosto pela pintura holandesa em Portugal e a própria génese desse coleccionismo.

 

   No Museu Arpad Szènes-Vieira da Silva encerra a 25 de Setembro a mostra

“Gabinete de Anatomia”. Comissariada por Manuel Valente Alves, a exposição é composta por desenhos anatómicos da autoria de Vieira da Silva e de Arpad Szenes e desenhos anatómicos da colecção do Museu de Medicina, recentemente inventariados no contexto do projecto de investigação "A imagem na ciência e na arte" do Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa.
Divide-se em quatro núcleos: Anatomia do desejo - desenhos anatómicos de Arpad Szenes; Corpo fragmentado - desenhos anatómicos de Vieira da Silva; Cabeça e corpo inteiro - desenhos anatómicos do Museu de Medicina; Tronco e membros - desenhos anatómicos do Museu de Medicina. 

 

   No Museu Nacional de Arte Antiga  termina a 2 Outubro 2011 a exposição  Confrontos: Bosch e o seu Círculo, realizada em parceria com o Museu Groeninge de Bruges (Bélgica). Esta exposição coloca o Tríptico das Tentações de Santo Antão do MNAA criticamente em confronto como Tríptico do Juízo Final e o Tríptico das provações de Job, ambos da colecção do museu de Bruges, sendo a primeira vez que se juntam, em Portugal, três grandes pinturas de Bosch e do seu círculo. Debruçando-se sobre as variantes ou os traços comuns de processo criativo destes trípticos, análise também apoiada em exames laboratoriais.

 

                                              Groeninge Museum (Bruges) - Tríptico do Juizo Final


   No Museu Berardo prolonga-se até 2 de Outubro a exposição recém-inaugurada One 

after another, a few silent steps de Pedro Cabrita Reis que desde 2009 está em itinerância pela Europa, tendo já passado pela Kunsthalle de Hamburgo, na Alemanha, pelo museu Carré d'Art de Nîmes, em França, e pelo museu M de Lovaina, na Bélgica. A versão desta retrospectiva exibida em Lisboa apresenta um conjunto ampliado de trabalhos em escultura, pintura, fotografia e instalações que caracterizam o trabalho do artista, num total de trezentas peças, e ainda um conjunto de documentos pessoais inéditos que acompanhará pontualmente o percurso expositivo.   

 

   No edifício dos Museus da Politécnica  prolonga-se até 18 de Dezembro a mostra Gabinete da Politécnica – O Importantário Estetoscópico, resultado de uma expedição dirigida pelo artista Pedro Portugal aos arquivos, colecções, caves, sótãos, reservas, bibliotecas e arrecadações dos antigos Colégio dos Nobres e Escola Politécnica de Lisboa, hoje Museu de Ciência e Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa. A experiência consiste em obrigar os objectos naturais e não naturais das colecções a um diferente procedimento taxonómico e a resultados essencialmente visuais, com o objectivo de condicionar toda a história a ser contemporânea da forma como a arte contemporânea o faz. Os ossos, instrumentos, fósseis, plantas, animais naturalizados, fotografias e livros apresentados estão arrumados acientificamente. “Todos os objectos são submetidos à indução artificial da abstracção, em que o seu significado é desvitalizado. Imagina-se que assim possam ser aceites como pertencendo a uma nova ordem do conhecimento, como evidenciando outra eficácia e utilidade”, diz a apresentação.

 

 

   Dentro das Comemorações do Centenário da República “100 anos de República, 100 anos de Ciência”, o Instituto de Investigação Científica Tropical organizou uma exposição intitulada Viagens e Missões Científicas nos Trópicos - 1883-2010 no Jardim Botânico Tropical (a Belem), focando o património associado ao resultado de viagens e missões científicas, conhecido quando acessível e imaginado quando inacessível  − que encerra a 31 de Dezembro. Esta selecção das colecções históricas e científicas à guarda do IICT reflecte não só as agendas científicas marcadas pela Monarquia e pela República para os Trópicos, como ainda a investigação actual, pautada pelo cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) em países da CPLP. Estrutura-se em duas linhas discursivas: uma sobre viagens, expedições e missões científicas que tiveram lugar nos séculos XIX e XX e respectivos acervos, memórias e estudos; a outra sobre investigação interdisciplinar sobre desenvolvimento global.

 

        

 

 

No campo da dança

 

 

   Na Culturgest, a 20 de Julho (Quarta), no Pequeno Auditório às 18h, Steve Paxton, um dos fundadores do Judson Dance Theatre, fonte de criações colectivas que lançaram as raízes da dança pós-moderna, fará uma conferência/demonstração sobre as práticas por si elaboradas e que continuam a constituir matéria fundamental na organização do trabalho de corpo como o Contact Improvisation ou Material for the Spine. Um apuramento de um percurso dedicado à dança e à escrita que provêm de uma investigação continuada na escuta do movimento, da sua complexa configuração anatómica e da prática de meditação em profunda relação com a vida.

 

 

   No Teatro Tivoli, às 21h30 de 28 de Julho (Quinta), o Ballet Estatal Russo de Moscovo apresenta o Lago dos Cisnes de Pyotr Ilyich Tchaikovski, bailado em 2 actos e 4 cenas com coreografia de Marius Petipa e Lev Ivanov.

 

 

 

 

No campo da música

 

 

   No Cascais CooljazzFest 2011 há alguns eventos de muito provável popularidade mas o que sugerimos é a actuação no Sábado 23 de Julho, às 21h no Parque Palmela (auditório Fernando Lopes-Graça), de Maria Schneider dirigindo a Orquestra de Jazz de Matosinhos que, por seu turno, terá como convidados Nick Marchione (1º trompete da Village Vanguard Orchestra), o guitarrista André Fernandes e ainda João Paulo Esteves da Silva, aqui como acordeonista. É a segunda vez (antes em 2009) que esta maestrina e compositora (vencedora de dois Grammys em 2005, pelo álbum Concert In The Garden, e em 2008, por Cerulean Skies, do álbum Sky Blue) regressa a Portugal para dirigir a Orquestra de Jazz de Matosinhos. Temos grande expectativa quanto a esta prestação, que compararemos com a que lhe ouvimos há largos anos (1995) no extinto Visiones em Greenwich Village, onde actuava todas as Segundas.

   Antes, neste concerto, toca o trio do pianista Luís Barrigas, com Mário Franco (contrabaixo) e Alexandre Alves (bateria).

 

 

   Dos outros concertos do festival, relevaríamos o som da Motown de Mayer Hawthorne (7/7) (introduzido pela angolana Afrikkanitha), a revelação brasileira Céu (8/7), o cantador espanhol de flamenco Diego El Cigala (10/7), o cantor soul Charles Bradley (17/7), a conhecida brasileira Maria Rita (20/7) (antecedida dos Couple Coffee), o norte-americano soul Aloe Blacc (28/7) e o jazz britânico de Jamie Cullum (29/7) (precedido de Luísa Sobral).

 

  Ao Coliseu dos Recreios regressa a 16 de Julho (Sábado), às 22h, a recém-vencedora do Grammy 2011 na categoria New Artist Esperanza Spalding para divulgar o seu novo CD Chamber Music Society. Com a sua voz de streetwise angel e o seu contrabaixo, apoiada em Leo Genovese (piano), Richie Barshay (bateria ), Sara Caswell (violino), Jody Redhage (violoncelo), Lois Martin (viola) e Leala Cyr (Coros), a jóvem norte-americana de 26 anos irá, como lhe é usual, ultrapassar as fronteiras do jazz cruzando-o com outros géneros musicais, a que lhe sugerimos que assista.

 

 

   No Grande Auditório do CCB, às 21h de Sábado 23 de Julho, exibe-se a banda britânica Morcheeba, uma das grandes referências do chill-out e do trip hop e pop ingleses que volta a Portugal para apresentar o seu novo trabalho Blood Like Lemonade na voz inconfundível de Skye Edwards. Uma abertura do CCB a novos públicos que lhe sugerimos.   

 

 

   O Festival dos Oceanos traz à Praça do Comércio no Sábado 30 de Julho (às 21h30) a voz jóvem mas amplamente ouvida de Joss Stone, cantora de nacionalidade britânica de soul e R&B  (rhythm and blues) que virá revelar o seu álbum de Julho “LP1”

 

 

   E eis que entramos em Agosto onde o evento de abertura que obviamente lhe sugerimos é o ciclo Jazz em Agosto da Fundação Calouste Gulbenkian no seu Auditório ao Ar Livre, cujo vídeo-spot de apresentação aqui mostramos pelo seu original conteúdo sonoro :

 http://www.youtube.com/watch?v=EzJkbedPJYs

   Dos documentos de apoio retiramos a descrição sumária do ciclo :

   “A abrir esta edição do Jazz em Agosto uma das figuras emblemáticas dos últimos 50 anos de história do jazz, par de Ornette Coleman e John Coltrane: o pianista Cecil Taylor (a 5/8) que, numa aparição rara a solo, apresenta o lado intimista e multidimensional da sua obra.  

Excerto do documentário All the Notes de Christopher Felver (2006)

 

   Revisitando a história do jazz numa leitura que realça os antagonismos do género com uma lógica inquestionável, Ingrid Laubrock (a 6/8), saxofonista alemã com carreira ascensional em Londres e Nova Iorque, traz ao Jazz em Agosto o Quinteto Anti-House, constituído por músicos que se destacam individualmente e que interagem com extraordinária eficácia.

   O trompetista Wadada Leo Smith (a 7/8), um dos fundadores da AACM (Association for the Advancement of Creative Musicians, Chicago), apresenta o Noneto Organic, o mais recente da sua míriade de projectos, num contexto mais experimental mas perceptível , num concerto que será enriquecido pelas imagens em tempo real do VJ Jesse Gilbert.

 

 

   Peter Brötzmann (a 12/8), saxofonista e clarinetista considerado como farol da improvisação europeia e que celebra 70 anos em 2011, sobe ao palco com o Quarteto Hairy Bones, um novo projecto com raízes no Quarteto Die Like a Dog (presente no jazz em Agosto 2000), que conta com uma nova secção rítmica, explorando e renovando o espírito libertário do freejazz.

   Uma recente e inesperada formação sobe ao palco do Anfiteatro ao Ar Livre para apresentar mais um concerto raro: The Ex-Guitars meet Paal Nillsen-Love/Vandermark Duo (a 13/8) e que cozinham uma mistura de rock radical e improvisação jazz, com referências John Coltrane, Sonny Rollins e Albert Ayler, numa conjugação intensa e contemporânea de universos tão próximos como antagónicos.

   John Hollenbeck (a 14/8), baterista, compositor, arranjador, à cabeça da sua orquestra, herdeiro estético da Third Stream, encerra o Jazz em Agosto 2011 numa Première europeia do seu Large Ensemble, uma orquestra de 18 músicos de excepção que redefine o tradicionalismo da big band, esbatendo fronteiras com criatividade”.

   Deste elenco de qualidade inegável, a escolher sugerimos  pelo carácter irrepetível dos mesmos (até pela anciania dos músicos) os concertos de Cecil Taylor e de Wadada Leo Smith, de que seguem entrevistas esclarecedoras e amostras do seu virtuosismo técnico.

 

 Excerto do documentário Imagine the Sound de Ron Mann (1981)

 

Concerto de Wadada Leo Smith já com o Noneto Organic em 2011

 

 

Caro leitor, então até um dia !

publicado por ruideoliveira às 10:01
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