enviado por Julio Marques Mota
Concluímos que havia uma ruptura sistémica em termos de responsabilidade e de ética.
A integridade de nossos mercados financeiros e a confiança do público nesses mercados são essenciais para o bem-estar económico do nosso país. A solidez e a prosperidade sustentada do sistema financeiro e da nossa economia assentam nas noções de tratamento justo, de responsabilidade e de transparência. Na nossa economia, esperamos que as empresas e os indivíduos ao procurarem obter benefícios ao mesmo tempo que produzem produtos e serviços de qualidade se estejam a comportar bem.
Infelizmente, como foi o caso no passado com os booms especulativos e as recessões , testemunhamos uma erosão dos padrões de responsabilidade e de ética, erosão esta que exacerbou a crise financeira. Isto não terá sido universal, mas estas violações estenderam-se desde a base até ao nível de topo das grandes empresas. Isto não resultou apenas em significativas consequências de ordem financeira mas também em danos para a confiança dos investidores, empresas e para o público quanto ao nosso sistema financeiro.
Por exemplo, no nosso trabalho de investigação verificámos , de acordo com uma medida de referência, que a percentagem de mutuários que entraram em incumprimento com as suas hipotecas em apenas uma questão de meses depois de contrair um empréstimo quase dobrou a partir do Verão de 2006 para o final de 2007. Estes dados indicam que eles provavelmente obtiveram empréstimos sobre hipotecas que nunca tiveram a capacidade ou a intenção de pagar. O que se escreveu sobre os corretores de hipotecas a que foram pagos "prémios de rendimento crescentes" pelos credores para colocarem os mutuários com de empréstimos de maior custo para que eles obtenham as taxas maiores, que frequentemente nunca eram explicados aos mutuários.
O nosso relatório mostra a crescente incidência da fraude no mercado de hipotecas que florescia num ambiente de colapso quanto às normas nos créditos concedidos e de uma regulação frouxa. O número de casos de actividades suspeitas, denúncias de possíveis crimes financeiros liderados por bancos de depósito e pelas suas filiais relacionados com fraudes de hipotecas cresceu 20 vezes entre 1996 e 2005 e, em seguida, mais do que dobrou novamente entre 2005 e 2009. Um estudo calcula as perdas resultantes de fraudes em empréstimos hipotecários feitos entre 2005 e 2007, no astronómico montante de 112 milhares de milhões de dólares americanos.
Os credores, os mutuantes, fizeram empréstimos que sabiam que os mutuários não podia pagar e que poderiam causar enormes perdas para os investidores em títulos hipotecários. Já em Setembro de 2004, os directores executivos da Countrywide reconheceram que muitos dos empréstimos que eles tinham originado poderiam resultar em "consequências catastróficas". Menos de um ano mais tarde, eles referiram que certos empréstimos de alto risco que eles estavam a fazer poderiam resultar não apenas em execuções de hipotecas , mas também em "catástrofe financeira e de reputação" para a empresa. Mas eles não pararam.
E o nosso relatório mostra que as principais instituições financeiras da misturavam sem qualquer resultado empréstimos que estavam a comprar para empacotar e vender aos investidores. Eles sabiam que uma percentagem significativa dos empréstimos incluídos na amostra não tinham cumprido as normas de concessão de empréstimos quer as suas próprias normas quer mesmo a dos agentes financeiros que originaram os créditos..No entanto, eles venderam os títulos aos investidores. A análise da Comissão sobre muitos dos prospectos dados aos investidores mostra que esta informação fundamental não era comunicada.
Estas conclusões devem ser vistas no contexto da natureza humana e da responsabilidade individual e social. Primeiro, entender esta crise como resultado de defeitos dos mortais como a ganância e arrogância seria simplista. Foi a falha de não se ter em conta as fraquezas humanas que é relevante para esta crise.
Segundo, nós claramente consideramos que a crise foi o resultado de erros humanos, de concepções erradas e de crimes que resultaram em falhas sistémicas pelas quais o nosso país pagou bem caro. Com a leitura deste relatório ver-se-á firmas bem específicas e indivíduos actuaram de modo irresponsável . No entanto, uma crise desta grandeza, desta dimensão, não pode ser apenas o trabalho de alguns maus autores e não foi esse o caso aqui. Ao mesmo tempo, a amplitude desta crise não significa que "toda a gente é culpada"; houve muitas firmas, houve muitos indivíduos que não participaram nos excessos que geraram este desastre.
Consideramos como tendo uma responsabilidade muito especial nesta crise os nosso dirigentes públicos encarregados de proteger o nosso sistema financeiro, os nossos dirigentes afinal a quem foram confiados a direcção dos nossos organismos reguladores e ao mesmo nível consideramos também os principais Directores ou Presidentes executivos de empresas cujas falhas nos levaram à crise. Estes indivíduos procuraram e aceitaram posições de significativa responsabilidade e de significativas obrigações. Subiram ao topo, não importa e, neste caso, fomos nós que descemos. Ninguém disse "não".
Mas como uma nação, devemos também aceitar a responsabilidade por aquilo que permitimos que ocorressem. Colectivamente, mas certamente não por unanimidade, nós consentimos ou abraçámos um sistema, um conjunto de políticas e de acções que deram origem a nossa situação actual.
O nosso relatório descreve os EVENTOS e o sistema que impulsionou a nossa nação para a crise. A complexa maquinaria dos nossos mercados financeiros tem muitas engrenagens essenciais algumas das quais desempenharam um papel crucial no desenvolvimento assim como no aprofundado da crise . Aqui apresentamos as nossas conclusões sobre as componentes específicas do sistema que nós acreditamos que contribuiu significativamente para o colapso financeiro.
Conclusão 7
• Nós concluímos que o colapso nas regras de concepção dos empréstimos hipotecários e a titularização destas hipotecas foram o rastilho e a mecha que deram origem à crise e ao seu contágio .
Quando os preços da habitação caíram e os mutuários de hipotecas ficaram em situação de incumprimento , as luzes começaram a diminuir em Wall Street. Este relatório mostra a corrosão na concessão de empréstimos hipotecários e na sua titularização que assentava em hipotecas tóxicas criadas desde os bairros através de América e colocadas depois nos investidores de todo o globo.
Muitos credores em empréstimos com hipoteca colocaram a fasquia tão baixa que os credores simplesmente queriam tornar mais fáceis as qualificações para se conseguir empréstimos baseadas muitas vezes apenas na fé e muitas vezes com uma total indiferença quanto à capacidade do mutuário poder pagar. Quase um quarto de todas as hipotecas feitas no primeiro semestre de 2005 foram só de juros sobre os empréstimos. Durante o mesmo ano, 68% dos empréstimos feitos com "opção ARM" originados pela Countrywide e por Washington Mutual tinham requisitos de pouca ou nenhuma documentação.
Estas tendências não eram secretas. Com empréstimos irresponsáveis, incluindo práticas predatórias e fraudulentas, a tornarem-se a regra dominante , o Federal Reserve e outros órgãos e autoridades reguladoras ouviram advertências vindas de diversos quadrantes. No entanto, o Federal Reserve negligenciou e a sua missão "para garantir a segurança e a solidez do sistema bancário do país e do sistema financeiro e para proteger os direitos de crédito dos consumidores." O Federal Reserve não conseguiu construir o muro de protecção e antes que fosse demasiado tarde. E o Office of the Comptroller of the Currency e o Office of Thrift Supervision foram apanhados em guerras sobre a definição das áreas respectivas a deverem controlar consideraram antecipadamente que os reguladores estaduais refreavam r os abusos.
Embora muitas dessas hipotecas tivessem sido mantidas nos registos de contas dos bancos, quanto mais fosse o dinheiro que vinha dos investidores globais que pretendiam colocar o seu dinheiro nos recentes títulos colateralizados pelos valores mobiliários. Tinha-se a ideia, pelas instituições financeiras, investidores e reguladores e muito que o risco tinha sido conquistado, dominado: os investidores detinham títulos altamente cotados que eles consideravam altamente líquidos, os bancos achavam que tinham colado fora das suas contas os empréstimos de alto risco e os reguladores viam as firmas a obterem lucros e empréstimos a baixas taxas de juro. Mas em cada etapa da cadeia de titularização de hipotecas dependia-se do próximo passo em conseguir manter a procura alta .
Dos especuladores que especulavam sobre casas aos corretores de hipotecas, que arranjavam os clientes para os empréstimos , aos credores, que emitiam as hipotecas, às empresas financeiras que emitiam os títulos colateralizados em hipotecas, dos títulos (CDOs), dos CDOs ao quadrado, e dos CDOs sintéticos: não há ninguém nesta cadeia de hipotecas tóxicas que se tenha neste jogo deixado a pele, que se tenha queimado. Todos eles acreditavam que poderiam transferir os seus riscos ao mínimo sinal de alarme para o elemento seguinte da cadeia . Eles estavam errados. Quando os mutuários deixaram de fazer pagamentos sobre as suas hipotecas, as perdas, ampliadas pela utilização de produtos derivados, percorreu toda a cadeia financeira . Como se viu, essas perdas estavam concentradas sistemicamente num dado conjunto de importantes instituições financeiras .
No final, o sistema que criou milhões de hipotecas e de modo eficiente provou ser difícil desta situação sair. A sua complexidade erigiu barreiras para a modificação das hipotecas e de tal forma que assim tornou dificil que as famílias pudessem permanecer nas suas casas e criou ainda mais incerteza sobre a saúde do mercado imobiliário e das instituições financeiras.
. Ligações
. A Mesa pola Normalización Lingüística
. Biblioteca do IES Xoán Montes
. encyclo
. cnrtl dictionnaires modernes
. Le Monde
. sullarte
. Jornal de Letras, Artes e Ideias
. Ricardo Carvalho Calero - Página web comemorações do centenário
. Portal de cultura contemporânea africana
. rae
. treccani
. unesco
. Resistir
. BLOGUES
. Aventar
. DÁ FALA
. hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
. ProfBlog
. Sararau