Quarta-feira, 6 de Julho de 2011

Literatura Americana - III, por João Machado

 

 

 

 

 

 

O Movimento Realista e Novas Direcções

 

Assinala Foerster que em 1890 nos EUA houve mais greves do que em qualquer outro ano do século. A situação social e económica continuou agitadíssima nos anos seguintes, até 1896, ano em que foi eleito Presidente o republicano Mckinley. Entretanto,  em 1898 foi anexado o Hawai. Desencadeia-se a guerra com a Espanha, para “libertar” Cuba, e depois com as Filipinas. Os EUA entram na posse de uma série de territórios além-mar (como Porto Rico e as Filipinas), mantêm protectorados sobre Cuba, Panamá e Nicarágua, intervêm no Extremo Oriente. Foerster refere que o Washington Post diz na época que “O gosto do Império está na boca do povo do mesmo modo que o gosto de sangue está na selva”. Esta frase brutal é talvez exagerada nalguns aspectos, mas sem dúvida que ajuda a explicar muito da história americana até hoje.

 

Nesta altura são muitos os aspectos novos na Literatura Americana. Ela cresce enormemente e conhece uma série de correntes e de inovações. Aparece uma literatura de ideias, em avultam HenryGeorge(1839-1897), Thorstein Veblen (1857-1929), sociólogo reputado, William James (1842-1910), psicólogo e filósofo, defensor do pragmatismo, e Henry Adams (1938-1918), historiador. O debate social tem fortes repercussões na ficção. A novela Looking Backward (1888), de Edward Bellamy, vende mais de 500.000 exemplares. Upton Sinclair (1878-1968) escreve A Selva (1906), sobre a destruição de uma família imigrante pela exploração a que estão sujeitos. A corrente naturalista ganha força, destacando-se Stephen Crane (1871-1900), com Maggie: A Girl of the Streets (1893) e The Red Badge of Courage (1895), Frank Norris (1870-1902), seguidor de Zola, que escreveu sobre a epopeia do trigo e Jack London (1876-1916), o mais famoso a nível mundial, e com enorme influência em muitos escritores. Houve também Theodore Dreiser (1871-1945), cujas obras mais famosas terão sido Sister Carrie (1900) e An American Tragedy (1925). Persiste uma corrente que alguns classificam de tradicionalista, na medida em que a integram escritores que estudam a realidade a partir de velhos valores. Incluirá (de modo talvez discutível) Edith Wharton (1862-1837), Willa Cather (1873-1947) e Sinclair Lewis (1885-1941), cuja obra inclui Main Street (1920), que terá sido classificado como “o livro mais importante da década do pós-guerra”, Babbitt (1922) e Elmer Gantry (1927), e foi o primeiro americano a vencer o Prémio Nobel de Literatura, em 1930.

 

Outro aspecto marcante é o renascimento da poesia norte-americana. Ele foi marcado pelo primeiro número de Poetry: A magazine of Verse, que apareceu em Chicago em 1912, e foi editado por Harriet Monroe. Foerster refere o poema dedicado a Chicago, Hog Butcher for the World, de Carl Sandburg (que VerbArte hoje publicou às 7.00). E dá-nos uma lista parcial de 22 livros de poesia publicados de1912 a 1917, entre cujos autores aparecem Amy Lowell (1874-1925), Ezra Pound (1885-1972), Carl Sandburg (1878-1967), Robert Frost (1874-1963) e T. S. Eliot (1888-1965).

 

A literatura norte-americana é um mundo que não cabe num pequeno post como este. A dramaturgia, o romance policial, outras correntes e especialidades, a análise do que foi a geração perdida, são questões que aqui não podemos tratar por falta de tempo e de espaço. Vamos referir apenas que escritores como James T. Farrell (1904-1979), John Steinbeck (1902-1968), John dos Passos (1896-1970) e Erskine Caldwell (1903-1987) são quatro nomes importantes de uma literatura de protesto que surge como consequência das convulsões que dilaceram nos anos 20 e 30 do século passado os EUA e o mundo.

 

Não se pode terminar sem referir Scott Fitzgerald (1896-1940), Ernest Hemingway (1899-1961) e William Faulkner (1897-1962). Os contemporâneos ficarão, tal como os temas acima referidos para outro post.

 

Scott Fitzgerald – escreveu novelas e contos, estudou em Priceton e combateu na I Guerra Mundial. A sua obra é grande, mas o expoente será The Great Gatsby (1925), que aborda o problema sucesso fácil e a qualquer preço, a partir da história de um contrabandista de álcool que quer ser aceite pela sociedade de Long Island. Outros livros seus famosos foram This Side of Paradise (1920) e Tender is the Night (1934).

 

Hemingway – a sua prosa, com um estilo muito cuidado, foi a sua marca dominante. Foi muito influenciado por Mark Twain e Stephen Crane, principalmente. É difícil escolher entre The Sun Also Rises (1926), A Farewell to Arms (1929) ou For Whom the Bell Tolls (1940). Serão os máximos da sua obra … Mas depois de The Old Man and the Sea (1952)… Prémio Nobel em 1954. Tido como o símbolo máximo dos escritores geração perdida.

 

William Faulkner – intérprete e crítico do espírito do Sul norte-americano profundo, a sua obra mais famosa será The Sound and the Fury (1929), sobre a decadência de uma família, outrora rica e famosa. Curiosamente, começa o romance partindo do olhar de um débil mental. Faulkner foi poeta, contista e escreveu uma obra muito vasta, que só relativamente tarde começou a ser reconhecida. Prémio Nobel em 1949. 

publicado por João Machado às 19:00
link | favorito
1 comentário:
De bvale a 6 de Julho de 2011
Estive a ver o teu blog e achei interessante e um possível vencedor da nova nova edição dos "Premios TvUniverso 2011"Passa no nosso blog e deixa um comentário a dizer qualquer coisa!
http://tvuniverso.blogs.sapo.pt/564174.html

Será o teu um blog vencedor???

Comentar post

.Páginas

Página inicial
Editorial

.Carta aberta de Júlio Marques Mota aos líderes parlamentares

Carta aberta

.Dia de Lisboa - 24 horas inteiramente dedicadas à cidade de Lisboa

Dia de Lisboa

.Contacte-nos

estrolabio(at)gmail.com

.últ. comentários

Transcrevi este artigo n'A Viagem dos Argonautas, ...
Sou natural duma aldeia muito perto de sta Maria d...
tudo treta...nem cristovao,nem europeu nenhum desc...
Boa tarde Marcos CruzQuantos números foram editado...
Conheci hackers profissionais além da imaginação h...
Conheci hackers profissionais além da imaginação h...
Esses grupos de CYBER GURUS ajudaram minha família...
Esses grupos de CYBER GURUS ajudaram minha família...
Eles são um conjunto sofisticado e irrestrito de h...
Esse grupo de gurus cibernéticos ajudou minha famí...

.Livros


sugestão: revista arqa #84/85

.arquivos

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

.links