(Continuação)
O derradeiro exílio -II
Quando chegou à colónia de exilados de Monastrikroe, esperava-o uma surpresa: para aqueles prisioneiros, mergulhados na cinzenta rotina de dias sempre iguais, a chegada de um membro do Comité Central era um acontecimento muito importante. mesmo excitante. Os exilados, com sacrifício, tinham-lhe arranjado boas provisões de comida poupadas das suas pobres refeições. Em vez da camarata, para ele conseguiram arranjar um quarto individual onde o camarada dirigente pudesse ler, escrever e tomar as importantes decisões. Porém o Koba entusiasta estava a dar lugar a um Estaline mais reflexivo, mais calculista. E amargurado. Não correspondeu às expectativas dos companheiros de exílio. Quando mais o cercavam de atenções e tentavam quebrar o seu isolamento e solidão, mais ele se fechava em si mesmo. Não mostrava interesse de falar com os outros. Uma desilusão.
Segundo sua filha Svetlana contou, "amava a Sibéria e sempre teve saudades do seu tempo de exílio, como se só tivesse caçado, pescado e passeado pela taiga". Não foi por desprezo que não correspondeu às atenções dos companheiros exilados. Por um lado, as relações afectivas não constituám uma parte dominante do seu carácter; na sua hierarquia de valores, os objectivos políticos estavam primeiro do que tudo; depois, precisava de solidão para reflectir sobre o futuro. Pressentia que estava sobre o limiar de uma nova época - na sua vida, na história da Rússia e na história do mundo. O futuro vinha aí...
Em Agosto de 1914, a Alemanha declarou guerra à Rússia. O povo uniu-se numa onda de fervor patriótico, diminuindo as tensões sociais e políticas. O apoio popular aos bolcheviques diminuiu e a Okrana, a polícia política do czar, aproveitou para desencadear uma vaga de prisões entre os activistas, privando o Partido de órgãos de liderança e provocando-lhe disfunções na estrutura funcional, com a cadeia clandestina de contactos quebrada em vário pontos.
No exílio, afastado dos terríveis acontecimentos da guerra, mas recebendo as notícias dos sucessivos desastres na frente de combate e da agitação social que volta a flagelar as cidades, Estaline sentia-se profundamente amargurado por estar longe do centro da acção, numa altura em que a sua presença era tão necessária.
A sua vida em Yenisei-Turjansk foi entrando na normalidade. Aos poucos foi fazendo amizades - com uma característica - com as pessoas que, como ele, provinham de famílias humildes, é afável e educado. Com os intelectuais que, perante a sua cultura autodidáctica e cheia de lacunas, o tratavam com paternalismo é agressivo, duro, intransigente. Menos culto, mas com uma intuição aguda e crítica, depressa se apercebia das fragilidades e pontos fortes de cada um: feita essa análise, atacava a fundo, humilhando, espezinhando, usando as debilidades e não hesitando em fazer valer a sua posição de membro do Comité Central. Um bom treino para o exercício do poder.
E chegamos ao ano de 1917.
(Continua)
</div>
. Ligações
. A Mesa pola Normalización Lingüística
. Biblioteca do IES Xoán Montes
. encyclo
. cnrtl dictionnaires modernes
. Le Monde
. sullarte
. Jornal de Letras, Artes e Ideias
. Ricardo Carvalho Calero - Página web comemorações do centenário
. Portal de cultura contemporânea africana
. rae
. treccani
. unesco
. Resistir
. BLOGUES
. Aventar
. DÁ FALA
. hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
. ProfBlog
. Sararau