Segunda-feira, 4 de Julho de 2011

4 de Julho e o "Quase" de se ser anti-americano - Augusta Clara

 

Ser contra o império americano e todos os malefícios que tem espalhado pelo mundo, não implica ser completamente contra tudo o que diz respeito à América, aos Estados Unidos da América. Há um “Quase”, no quase-completamente contra, que é preciso respeitar, e esse quase são os grandes vultos da sua cultura - nas artes, incluindo o cinema, na ciência e na literatura. Relativamente a esta última, George Steiner, brilhante figura de pensador da actualidade, afirmou, em entrevista recente à revista  “LER”, serem as literaturas americanas, quer a da América do Norte, quer a da América do Sul, as mais florescentes dos nossos dias, tendo mesmo ultrapassado a literatura europeia.

 

Daí que o "Jardim" tivesse decidido assinalar a data de 4 de Julho com um poema da bela obra “Folhas de Erva” (Leaves of Grass) de Walt Whitman  a fazer-nos lembrar que, se a cultura nunca nos salvou da barbárie, sem ela o mundo seria bem pior.

 

 

 

Walt Whitman  Do Oceano Que Avança, A Multidão

 

 

 

Do oceano que avança, a multidão, uma gota veio docemente até mim,

Murmurando: Amo-te, morrerei brevemente,

Fiz uma longa viagem apenas para te olhar, para te tocar,

Pois não podia morrer sem te haver olhado uma vez,

Pois receava perder-te a seguir.

 

 

Agora que nos encontrámos, nos olhámos, estamos tranquilos,

Regressa em paz para o oceano, meu amor,

Também faço parte desse oceano, meu amor, não estamos assim tão se­parados,

Olha para o grande globo, a coesão de tudo, como é perfeito!

Mas quanto a mim e a ti, ao mar irresistível que deve separar-nos,

Quanto a uma hora que nos leve em direcções opostas, nada há-de po­der levar-nos assim para sempre;

Não estejas impaciente — por um instante — e fica a saber que saúdo o ar, o oceano, a terra,

Todos os dias ao pôr-do-sol, por ti, meu amor.

 

(in Walt Whitman, Folhas de Erva (Leaves of Grass), Vol. I, Relógio d'Água) 

 

 

E quem não se lembra da cena do filme "Esplendor na Relva", de Elia Kazan, em que Natalie Wood (Deanie) lê e discute uma parte do poema de William Wordsworth "Ode: Intimations of Immortality" na aula de inglês?

 

 

publicado por Augusta Clara às 17:00
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5 comentários:
De Carlos Loures a 4 de Julho de 2011
Muito bom e acaba de uma forma perfeita, com a leitura feita por Natalie Wood. São estes expoentes de beleza e de grande inteligência que de certo modo nos dão a esperança de que um dia os Estados Unidos deixem prevalecer essa esplendorosa inteligência sobre a estupidez que desde há décadas os governa. Parabéns Augusta Clara.
De Augusta Clara a 4 de Julho de 2011
Obrigada, Carlos. Faz doer mesmo ver toda esta beleza habitar no charco daquela política.
De Augusta Clara a 4 de Julho de 2011
A quem leu literaturas "fluorescentes" peço desculpa pela gralha devida a qualquer problema no teclado. Está feita a emenda.
De Inês Aguiar a 5 de Julho de 2011
Sou uma quase anti-americana, Augusta Clara e gostei mesmo muito do teu texto. O meu abraço quentinho de parabéns.
De Augusta Clara a 5 de Julho de 2011
Os "camones" nem sabem apreciar o que têm de belo, tanto querem mandar no mundo. Obrigada

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