Júlio Marques Mota
Recentemente a fraude dos candidatos a juízes que frequentaram um curso no Centro de Estudos Judiciários (CEJ) foi uma grande caixa nos media.
Foi uma grande caixa o relato dessa notícia, a fraude, foi uma grande caixa a decisão que à volta da questão foi deliberada, a passagem de todos com dez valores, foi uma grande caixa a reacção posterior a este mesmo facto.
Quanto à decisão na altura tomada, declarou o director-adjunto desta Instituição: “O CEJ não tem o mesmo calendário de uma escola ou universidade. O ano termina em Julho e não há época de exames em Setembro. Por isso, a direcção ponderou várias alternativas: anular o teste, obrigando à sua repetição, mas tal era incomportável com a marcação de outros testes. Deixar o assunto passar sem fazer nada ou classificar a turma com 10. Foi o que fizemos”.
O mal menor dir-se-á até porque um 10 corresponde na carreira profissional a uma reprovação. Como se o problema fosse apenas esse, ou se esse é o problema e cremos que claramente não é. E vejamos então como esse é apenas o sintoma de que muita coisa no ensino está mal, muito mal mesmo, neste país virado de costas para o destino ou para o futuro da nossa juventude, o que acontece desde há vários anos e com o silêncio de muita gente. A decisão, segundo esta instituição do Governo deste nosso país, estava apenas na alternativa “Deixar o assunto passar sem fazer nada ou classificar a turma com 10”, o que mostra bem o estado das nossas instituições ao ensino ligadas. Punição exemplar, reprovação da cadeira e portanto do ano, expulsão mesmo, nada disso.
Para lá destas duas opções, a de nada fazer ou a de fingir que se fazia alguma coisa, nada mais havia nos quadros mentais daquela gente como o atestam as opções de solução consideradas como sendo as possíveis. É portanto a expressão bem clara de que neste país pela modernidade neoliberal bem marcado o que temos de fazer é não levantar ondas, é estar a favor do vento, e estar a favor do vento é fazer crer que tudo vai bem neste nosso mundo de Pangloss.
A explicação da incapacidade de acção é ainda maior quando o método de avaliação era o de perguntas de resposta múltipla. Sobre isso, segundo um relato da imprensa, Luís Eloy diz que quando assumiu funções no CEJ este era o modelo já instituído naquela cadeira. Por isso, a direcção decidiu não alterar o formato do teste a meio do ano. Para o próximo curso, já não será bem assim.
Tem sido assim e assim continuou, mas se houvesse consciência de que este não era o método correcto, porque não alterá-lo? Porque simplesmente estávamos a meio do ano? Honestamente não entendo, estávamos antes do exame e a Escola tinha o direito de impor os métodos de avaliação que considerasse mais correctos desde que não perturbasse o normal funcionamento do curso e da disciplina. E onde é que um exame final nos moldes clássicos alteraria os dados da dignidade institucional que se impunha, a estudantes e professores, até num clima de mudança, pois até houve mudança de direcção. Não convence o argumento, é claro.
Mas mais ainda estranhei que o tipo de prova realizado não ter sido alvo de críticas e de reflexão nos políticos, em responsáveis em sectores ligados à área da justiça e do ensino, nos media, na opinião pública em geral. Se um copianço individual já é grave, um copianço colectivo é então muito mais grave porque é revelador de atitudes generalizadas verdadeiramente reprováveis em termos éticos, mas é igualmente grave porque denuncia as condições em que o exame decorreu e o quadro institucional que permitiu que isto tivesse acontecido. E isto é grave, gravíssimo. Mas há aqui algo estruturalmente mais grave ainda e que estando subjacente a tudo isto deve ser frontalmente denunciado: o facto de a prova ser feita através de escolha múltipla, inadmissível como prova de exame em provas de avaliação numa licenciatura quanto mais em provas de especialidade, de pós-graduação, de mestrado ou equivalente.
Duas questões gostaria aqui de levantar. A primeira tem a ver com a punição da nota 10, uma espécie de reprovação encapotada, dir-me-ão. Aqui deixem-me contar uma história dos meus anos de estudante universitário. O director da minha Faculdade de então, e o termo de director foi agora reintroduzido pela direcção de socialista chamada que presidiu aos destinos do país durante 6 anos, o Prof. Gonçalves Proença, teria sido formado numa das mais prestigiadas Universidades portuguesas e teria tido uma nota baixa, de uma disciplina das mais importantes e selectivas ou até da licenciatura, já não sei bem, e teria assim acabado o seu curso com a condição de nunca concorrer para Coimbra. Não concorreu, não senhor, aparece por cima, aparece como Ministro, como Ministro das Corporações se a minha memória não me falha e director da mais prestigiada escola de Economia do país assim chegou depois. Verdade, mentira?
É assim a história que se contava na altura. Portanto, uma nota baixa pode não chegar como punição e muito menos num país onde o que é preciso é ser-se minimamente esperto. O resto, a falta de vergonha, e essa ficou bem patenteada, no caminho da vida a percorrer, pode chegar, embora eu tenha dúvidas se a esperteza mínima exista, pode ser suficiente para se ascender até mesmo bem alto num elevador de hierarquias sociais sob a direcção do Professor Cunha Bem Valente, o que até agora tem sido bem uma prática comum aos partidos habituados a repartir altas e baixas funções do poder.
Mas uma outra questão se levanta aqui e bem mais séria que esta se deve agora levantar. Trata-se de analisar o que significam os testes de resposta múltipla em geral e, sobretudo, em áreas como esta onde o domínio da palavra é fundamental. Todos nós hoje sabemos a dificuldade dos estudantes em verbalizarem conhecidos adquiridos e até bem sabidos, quanto mais o resto. É igualmente notório que uma grande maioria dos estudantes universitários têm uma extrema dificuldade em escrever, e eu diria mesmo que têm uma dificuldade em sequer ler, se entendermos por saber ler a capacidade de entender um qualquer texto destinado a um público cuja cultura geral esteja situada ao nível da formação média do estudante para lá dos últimos 3 anos, os anos de Bolonha.
Forçar o estudante a falar, forçá-lo hoje a explicar-se, forçá-lo a verbalizar o que sabe e mesmo até o que não sabe, forçá-lo a construir raciocínios, forçá-lo a saber questionar um texto, uma realidade que lhe seja apresentada, para se saber o que se lhe deve ensinar, é imperativo de qualquer ensino que se preze. Mas em Portugal não, pelos vistos. Abundam os testes de respostas múltipla onde, por definição, não é preciso saber escrever, falar. Dir-me-ão, exige-se pensar! É claro que não, que é impossível saber pensar se não se sabe sequer utilizaras ferramentas com que o pensamento se faz e se exprime, a língua.
Um desafio simples: já alguém tentou com seriedade aferir os conhecimentos globais de um qualquer licenciado deste país à saída da Universidade, conhecimentos específicos à licenciatura obtida, conhecimentos gerais relacionados com a cultura, com a cidadania suposta adquirida, também? Ora, num domínio onde a palavra escrita, lida, falada, questionada, é um imperativo é essa palavra que é nestas provas evacuada. Mas mesmo aqui podemos ir mais longe: nas cadeiras ditas nucleares de um qualquer curso de Direito qual é a média efectiva de alunos por turma prática? Imensos, de longe acima dos valores que tornariam essa aula algo mais do que colocar o aluno apenas a ganhara capacidade de ouvir.
A ideia que tenho é que numa qualquer Universidade em Portugal pode entrar-se mudo e sair-se calado e nalgumas delas a situação pode ser ainda bem pior, como se sabe pelos cursos em muitas universidades privadas e algumas públicas tiradas por alguns dos nossos políticos. Poderá ter-se decorado muito e muito e, no limite mas apenas no limite porque a hipótese é pouco provável, pode ter-se até boas médias quando depois os exames têm este tipo de configuração, ou seja, testes de escolha múltipla ou outro qualquer em que se limita o espaço de escrita e ou até de linhas, por exemplo.
Tudo isto faz parte dos métodos de avaliação no ensino superior de hoje. Ora, as Universidades multiplicam-se em testes de escolha múltipla, em testes e textinhos ao longo dos semestres, com eliminação sucessiva de matérias para que os estudantes não se esforcem muito e aumentam os índices de aprovações, tudo como se de miúdos do secundário se tratasse. Até as próprias aulas numa vaga de modernidade são agora, como uma expressão das novas competências que o Governo de Sócrates terá consagrado, um somatório de powers points que se espera que o estudante tenha o tempo de reescrever na sua carteira, quando não lhe são disponibilizados, constituindo isto muitas das vezes assim o único material de estudo.
E esta situação é tanto mais estranha quando não há ninguém que se vire para o seu professor e, com respeito, lhe diga que isso não é uma aula, porque uma aula nunca pode ser algo que pode ser simplesmente substituída pela leitura de powers points. O estudante tem que sentir sempre que o professor contribui para a sua formação académica e muito para além daquilo que permite um suposto material de estudo que são os power points, que podem e com melhores resultados serem lidos em casa. É este contributo, o do professor, que fica também nas diversas memórias pelo estudante aí utilizadas e é então o que resta de fundamental no saber de cada um que na aula participa.
Como nada disso acontece, então claramente, o Indignai-vos de Hessel ainda não chegou a Portugal. Colocar o estudante a ler, colocar o estudante a pensar, questioná-lo na exposição da própria aula, o que não é possível com aulas feitas a ler power points, levá-lo a ser capaz de criar, é um trabalho de verdadeiro ourives e não se compadece com os sistemas criados de que o exemplo do CEJ é apenas um exemplo, entre tantos outros.
Mas mesmo esse trabalho de ourives, de ourivesaria fina, diga-se, é hoje quase impossível dada a má qualidade de muita da matéria-prima, o saber adquirido ou a capacidade de os adquirir que a maioria dos estudantes têm à entrada do ensino superior para uma muito curta estadia pelas Universidades. Que o diga e di-lo bem o bastonário Marinho Pinto, mas que eu saiba nunca do CEJ se ouviu um protesto contra a qualidade dos alunos que aí chegam. Excepção, chega aí só a nata, os estudantes de elite? Não é crível porque mesmo essa por razões bem conhecidas é cada vez menor.
E se a minha hipótese é verdadeira, não será o que se passou um fruto directo desse clima de ignorância que as Faculdades agora produzem, ao som de uma especial partitura produzida com a reforma de Bolonha e de uma orquestra de bons instrumentos, os indicadores da avaliação do ensino superior que com a reforma de Mariano Gago muita gente anda por aí a construir e com que com o resto das Universidades se irá destruir? E se a minha hipótese é verdadeira, não será também isto que aqui está em jogo? Então, e de novo, a responsabilidade não é apenas da Instituição onde o caso de passou, a responsabilidade é também das Universidades onde cada estudante verdadeiramente se criou. E se a minha hipótese é verdadeira, lamento de novo, a responsabilidade é de todos nós que este tipo de ensino estivemos silenciosamente a consentir ao votar nos governos que o estiveram a produzir.
É tempo de procurarmos saber de quem é a responsabilidade pertença, é tempo de começarmos a pensar que ser estudante é para aprender e é isso que a cada um deles temos o direito e o dever de aferir, se quisermos evitar que dentro em breve as ruas se venham a encher não de Indignados, como em Espanha e algures e que já cá fazem muita falta, mas sim dos seus derivados, dos que à indignação não terão sequer direito porque nem para isso os estamos agora a ensinar. A estes, podemo-los classificar como os Resignados. Os comportamentos não serão nas ruas os mesmos, serão mesmo muito diferentes, como diferentes são as expressões geração à rasca e geração rasca. A diferença entre os dois tipos de gerações é da mesma intensidade que a diferença entre estas duas expressões. Se não estivermos conscientes das forças, das tensões subjacentes à sociedade portuguesa, quando estas tensões vierem à luz do dia, aí poderá então ser demasiado tarde.
Pensar e ensinar deste modo, no país em que vivo e no actual clima que se vive nas Universidades portuguesas onde o pensamento dominante é o da simplificação, é um trabalho de romanos, um trabalho muito difícil de realizar ou de suportar para quem queimado pelo tempo e pela vida já se sente cansado de contra tudo isto reclamar.
Hoje terei tido a antepenúltima prova de exame por mim escrita. Aqui a deixo, em anexo, para quem de economia que seja possa perceber, com todos os defeitos que profissionalmente tenha tido e são muitos, como é difícil suportar este universo de simplificação intelectual com que se abafa o pensamento crítico e com o qual se está a dar cabo da nossa juventude.
No conjunto de alunos que se submeteram à referida prova escrita estava um aluno estrangeiro, do Programa Erasmus suponho. Olhei e esperei, pois das aulas não o conhecia, nunca tinha ido a nenhuma e, possivelmente, português não sabia. Alguns minutos depois entregou-me a folha de exame. Uma desistência mais, entre muitas que de Erasmus tenho tido, a mostrar que, como no resto o fazem as instituições de ensino superior em Portugal, o programa Erasmus é hoje uma verdadeira ilusão, uma grande desilusão. Mais uma no ensino superior, lamento dizê-lo, porque não são asseguradas as condições de qualidade que permitam conferir a utilidade que era suposto o referido programa ter e claramente não tem, e é disso que passaremos também a falar. Esse aluno, estrangeiro, escreveu apenas o seguinte na sua prova de exame:
“
I’m sorry. I’m an Erasmus student. I couldn’t follow the lessons. I quite the exam”.
Segue-se a assinatura.
Moral deste pequeno exemplo mas sublinhe-se que deste tipo já muitos por mim passaram: os estudantes vêm ao abrigo de Erasmus ou de outros programas para dado país sem conhecimento da língua do país de destino; mais, vêm até, na maioria dos casos, com margem de manobra na escolha de disciplinas, o que é para mim um espanto. Não sabem a língua do país de destino e nem a saberão. Conhecimentos a adquirir? Pura e simplesmente impossível em muitos dos casos.
Dá-se a “volta” quando são alunos vindos do frio, vindos de Leste e que contactam os professores logo que chegam e que lhes arranjam bibliografia adaptada em inglês ou francês, mais raros estes casos, mas mesmo esta “volta” é complicada e claramente a maioria deles passa com as disciplinas “oferecidas” quando até o inglês deles é paupérrimo. Sinto uma profunda tristeza por isso e quando os encontro no princípio da disciplina obrigo, é este o termo, que colegas seus, portugueses, lhes dêem um a um o possível enquadramento estudantil, até mesmo na elaboração de trabalhos escolares.
Daqui, desta linha de silêncio que se vai alargando ainda mais e contra a qual estou a protestar, aqui vos deixo um outro exemplo. Há anos tive uma aluna francesa, que me parecia inteligente. Sozinha, na turma era a sua forma de estar. Teve uma nota de 10 ou 11 valores na minha disciplina. No semestre seguinte voltei a tê-la como aluna, numa outra disciplina onde o grau de dificuldade era equivalente. Aí impus-me e falei numa aula com a aluna presente sobre o que no meu tempo se entendia por solidariedade entre estudantes. Com os grupos a três pessoas, coloquei adicionalmente esta aluna num deles, para que os três alunos portugueses fossem os seus tutores e encarregados do seu enquadramento. No final do semestre a sua nota foi das mais altas, 16 valores. Razão: somos animais sociais, é simples. Ignorálo, como agora se faz, é que é complicado.
Sinto uma profunda tristeza quando apanho estudantes estrangeiros em situações destas, sinto mais uma vez que é andarem a gozar com a tristeza e a pobreza dos pobres. Muitos deles de Leste nem dinheiro têm para comprar livros. Não será tanto assim, dir-me-ão, mas então se não é assim como é que eles aprendem sem aulas? Dizem-me então que a solução passa por leccionar aulas em inglês ou até mesmo leccionar aulas em inglês para os alunos portugueses. É já o que se começa a querer fazer em diversas Faculdades e Institutos deste nosso país, confundindo também causa e efeito da causa. É para mim no plano pedagógico quase que criminoso pensar assim. Os nossos alunos, e todos o sabemos, basta ver um programa de televisão qualquer onde haja um concurso e estejam lá estudantes, não sabem escrever, têm dificuldade em desenvolver as ideais expostas num qualquer texto de um bom jornal e destinado a um grande público. Desta maneira, estragam-se uns e outros, nacionais e estrangeiros, mas pode-se falar de modernidade, de inovação pedagógica!
Se agora, em vez de os levarem a atingir os níveis de qualidade mínimos pensáveis para cursos superiores de qualidade ainda os pusermos a apreenderem línguas que não dominam, que não sabem sequer, diremos que alargamos ainda mais a auto-estrada em que eles já circulam a uma grande velocidade, uma média de 3 a 4 anos de velocidade por diploma e com um só destino: a ignorância como atributo. E há quem as aulas assim defenda. Impensável, para mim. O exemplo vale a pena para mostrar mais uma vez que vivemos num reino a fingir e este reino não é o domínio bem delimitado, o nosso país, de um Sócrates qualquer ou do seu homónimo, Passos Coelho, não, este reino é a União Europeia que para a juventude também ela é-lhe completamente indiferente. Porque se assim não fosse, as regras da mobilidade existiriam e seriam de alguma rigidez, impondo inclusive o estudo e conhecimento prévio da língua do país de destino.
Mais, para dados países, como os de Leste, por exemplo, a bolsa de estudos deveria ser especial levando a que no país de destino tivessem que estudar para além da língua local também o inglês que não sabem. Para se ter uma ideia da revolta que isto nos dá, imaginem o que é chegarem aqui alunos que nem inglês sabem e em que muitos deles nem dinheiro têm para comprar livros! Mas quando assim é, mesmo aqui que livros, então aconselhar? Trata-se de gente que vem do frio, gente que contrariamente à versão que vergonhosamente a Comissão Europeia vende sobre o Leste, é gente que vem com carências absolutas, é gente a quem foi imposta a democracia sem o capitalismo e como assinala Branko Milanovic num texto que o Estrolabio irá publicar, “a democracia é uma coisa boa e há razão para a celebrar, mas só se e só se esta for acompanhada e em simultâneo com o desenvolvimento económico e com rendimentos mais elevados”. Deram-lhe o direito de votar… talvez, mas pelo direito aos rendimentos, por esse, ainda continuam a aguardar.
Trata-se de gente que assim é abandonada com uma bolsa de miséria para com isso podermos falar de mobilidades europeias pela Comissão Europeia geradas! E tudo isto quando se trata de gente que a Europa verdadeiramente devia apoiar, porque serão, do lado de lá, a base das futuras elites de amanhã.
Anda por aqui muita gente, em nome de carreiras pessoais, à procura de protagonismo sem limites e a querer ser expoente da modernidade e do cosmopolitismo a defender o que não é assim defensável, o ensino das disciplinas de economia em inglês e para todos, o que só poderá ser feito à custa da ignorância dos outros e esses outros, contra quem se está a querer brincar, contra o futuro deles que se está a arruinar, as vítimas de tudo isto, são então os nossos filhos e os nossos netos também, porque os nossos também se deslocam, não o esqueçamos.
Dos testes à língua portuguesa ou inglesa, dos testes de resposta múltipla aos testes em que se exige aos estudantes que estudar é aprender a pensar, claramente sentir-me-ei, com razão ou sem ela, fora do tempo que agora se impõe a quem gosta de ensinar. E este é o meu caso, daí que em sentido inverso ao da auto-estrada que aos nossos alunos se impõe que andem a toda a velocidade a percorrer, só me resta um caminho, o de me ir embora com a mágoa de nem sequer descortinar os objectivos que com estas novas metodologias se querem alcançar. Um pouco fora do tempo e do espaço desta Universidade que amei, de que sempre muito gostei, e sendo certo que muito de mim por este caminho também deixei, resta-me optar pela via que muitos estão já a utilizar, a saída antecipada mas, um pouco com a morte na alma, esta é a causa que até há pouco tempo nunca imaginei.
De tudo isto, desta forma de estar no ensino por contraponto aos testes do CEJ aqui vos deixo, por um lado, o meu protesto por mais esta ilustração do que é o ensino e as suas instituições em Portugal, e por outro, para quem estuda Economia, aqui deixo também a penúltima prova escrita por mim construída.
Coimbra, 24 de Junho de 2011
Júlio Marques Mota
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