Sábado, 25 de Junho de 2011

Poema de Adão Cruz para Fotografia de José Magalhães

 

 

 

MÃOS DE HOJE QUE FORAM DE SEMPRE

 

 

Na noite que já não é noite de madrugadas perpassa em doce silêncio por entre os dedos dormentes uma brisa dolente esquecendo as mãos na paz adormecida.

 

Por entre os frágeis dedos da quietude e do silêncio perpassa agora em suave melancolia o magro regato da secura da vida arrastando em seu leito rugoso a triste canção de um tempo sem cor nem movimento.

 

O lento gesto do abrir destas mãos de tantos anos vividas cai agora em pesado silêncio por entre as malhas da sombra no impiedoso vazio das mãos cheias de nada.

 

Foi-se embora a madrugada das manhãs perdidas no tempo em que o sol sorria entre os sonhos e as mãos cantavam a força da vida com ondas do mar por entre os dedos frementes.

 

No penoso abrir e fechar de mãos deste plangente gesto do fim do dia feito canção de tão gélido silêncio apenas a saudade se aninha em negro fundo para morrer sozinha.

 

 

                                                                                              Adão Cruz

 

(poema inédito escrito especialmente para esta fotografia)

 

publicado por atributosestrolabio às 18:00
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7 comentários:
De Augusta Clara a 25 de Junho de 2011
De facto, esta fotografia merece mais e mais poemas. Imagino que o Adão deve ter ficado invejoso de ela não lhe ter calhado. Eu também, ficaria. E aqui está mais um sentido poema para o lote.
De adao cruz a 25 de Junho de 2011
Obrigado Augusta, dou-te razão.
De Luis Moreira a 25 de Junho de 2011
Sabem o que me lembra?

Um poema de que me não lembra o nome:

mãos de fada
mãos de sonho
macias a afagar

mãos que amam
mãos que sofrem
quentes a amar

...... era dito por aquele actor da TV que declamava poesia acompanhado por um pianista que não falava...há tanto tempo!

mãos que tocam
De atributosestrolabio a 26 de Junho de 2011
falas do FADO FALADO do João Villaret?
Mãos carinhosas, generosas
Que não conhecem o rancor
Mãos que o fado compreendem
e entendem sua dor
Mãos que não mentem
Quando sentem
Outras mãos para acarinhar
Mãos que brigam, que castigam
Mas que sabem perdoar
De Luis Moreira a 26 de Junho de 2011
É isso mesmo, Zé! Quando vi a tua foto lembrei-me logo desse poema.Um abraço
De Inês Aguiar a 26 de Junho de 2011
com as mãos enchemos de som o silêncio, rompemos laços, afagamos afectos, criamos a eternidade numa fotografia, num poema...
Muito, muito bonito
De adriano pacheco a 27 de Junho de 2011
Belo poema que o Adão agarrou com ambas as mãos. Parabéns

Adriano

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